sábado, 2 de março de 2013

Tem que tirar a bunda do afogado, de dentro do oceano!


Tenho consciência de que sou um chato de galochas de aço quando impinimo (bom esse vocábulo paraense que voltei a usar) com um assunto. Sou repetitivo mas não tautológico. Procuro sempre ver novas nuanças, sombras escondidas quando repiso algum comentário. Também tenho consciência de que criticar, derrubar e esculhambar é infinitamente mais fácil que levantar, construir e mostrar saídas viáveis. A bola da vez é o governo petista, desde Lula. Minhas porradas, certamente, já podem estar desgastadas e, o que parece pior, espraiadas em um esgoto comum de críticas, umas fundadas em seriedade e o resto em simples xingamentos opinativos baseados em muito achismo e pouca realidade, ou melhor, quase nenhuma ciência. O brasileiro que teima em não enxergar feitos portentosos do governo, nos últimos dez anos, seguramente está laborando em equívoco. Os grandes investimentos sociais na verdade carreiam um montão de dinheiro mas dirigido a, pelo menos, saciar a fome de milhões de compatriotas quando antes eram canalizados, à larga, para os Bancos e PROER da vida. Discordo da crítica petista sobre a privatização mas concordo com a denúncia da PRIVATARIA. Se o Brasil não tivesse promovido aquele ajuste fiscal dolorosíssimo e às custas do patrimônio público amealhado em décadas de muito esforço, certamente seriamos hoje uma nação quebrada, pelo menos sob o ponto de vista da banca internacional , dentro da cartilha imposta no Acordo de Bretton Woods e que criou o FMI, o Banco Mundial e influenciou a criação do Clube de Paris. O Brasil não poderia prosseguir bancando negócios de filões riquíssimos, mas tocados com monumental ineficiência. Difícil imaginar a Vale, a Petrobrás e as outras dezenas de qualquercoisabrás sendo administradas por funcionários públicos despreparados. Privatizar era e é, a solução. O que parece estar esquecido é que grandes conglomerados internacionais adquiriram esse patrimônio com o financiamento do BNDES com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Isto é, os gênios de antanho financiaram as multinacionais para criarem desemprego em real, aqui no Brasil, e ao mesmo tempo engordarem seus empregos em dólar, alhures em terras distantes e ricas, pelo menos naqueles tempos. Hoje o PT sente a necessidade de privatizar e está privatizando portos, aeroportos, estradas e toda a falida infraestrutura nacional pois ela é imprescindível a manter um crescimento real e sustentável. Sem ela o Brasil não cresce, pouco importando a taxa desse crescimento. E veja-se que não falo em desenvolvimento que é um crescimento sustentável com distribuição de renda e serviços públicos que elevem o padrão de vida de toda a população. Claro que o PT está fazendo uma parte importante do desenvolvimento na parte da distribuição de renda. Nunca dantes, neste país, houve uma luta importante contra a miséria e a fome. Essa conquista não se pode negar. Contudo, a ausência de infraestrutura e de contrapartidas por parte dos milhões de assistidos, levam a um resultado social portentoso mas economicamente pífio. Justamente o oposto do almejado pelos governos anteriores: crescimento aceitável e equilíbrio invejável mas em cima de fome e miséria da maioria. Também não se pode negar que crises internacionais sempre existiram, umas mais outras menos profundas. O que de importante se pode creditar ao PT, onde se lê, por óbvio, Lula e Dilma, é que o país sempre buscou sair dessas crises POR BAIXO, penalizando a massa miserável, tributando a imensa classe média (mantenedora de nosso mercado interno) e premiando as elites. Desde Lula o país inaugurou a SAÍDA POR CIMA, dando prevalência a incrementar o consumo através da exoneração fiscal, além do aumento de ingressos pelo enriquecimento indireto e, principalmente, a facilitação do crédito e a injeção de renda real para os miseráveis e que passaram a compor uma nova classe média baixíssima. Se nunca mencionei essas conquistas penso que foi por ter me enredado em tanta corrupção mantida e incrementada por esses dois governos do PT. Me lembram, essas conquistas, do caso daquele inventor da máquina para salvar afogados. Foi testá-la no Arpoador em dia de domingo de verão quarenta graus. Ao primeiro sinal de afogamento, o salvador da pátria veio, enfiou um tubo traqueia a dentro, da vítima, e mandou ver bombeando a água por uma pera. Dez minutos de muita água puxada e um garotinho falou: moço, se o senhor não tirar a bunda do cara de dentro d'água vai bombear o oceano atlântico inteirinho. Assim faz o atual governo. Incha uma nova classe média pelas Bolsas e renúncias fiscais que fortalecem o consumo mas esquece de tirar as imensas bundas de dentro dos mares: ineficiência na infraestrutura, ausência de investimentos, aumento de gastos públicos, assunção de riscos no equilíbrio fiscal, já descontrolado processo inflacionário e, last but not least, crise nos mercados compradores internacionais. Mas a crise já nos foi benéfica. Lula passou quase seus oito anos de mandato surfando numa alta colossal no preço de nossas commodities e usou a dinheirama bem e mal. Bem para tirar a fome do povo, em ação inédita no Brasil; mal por pouco ter feito para que saíssemos dessa dependência, em nosso comércio exterior, de produtos quase sem valor agregado, valendo só o seu próprio peso. Fundo Soberano, aumento inusitado de divisas, final do fantasma da dívida externa. Isso não é pouca coisa mas fruto de uma visão ainda míope, desfocada, com horizonte muito próximo. Houvéssemos utilizado essa onda de progresso, despreocupados com taxas de crescimento mas envolvidos com efetiva construção de uma infraestrutura que combalisse o custo Brasil, teríamos um desenvolvimento sustentável em pleno andamento, comemorando, aí sim, taxas admiráveis de crescimento como as da China e Índia que já estão fazendo esse dever de casa há muito. Se o PT não tivesse medo de usar conquistas dos militares e do PSDB, se procurasse tirar o que de útil o neoliberalismo nos legou, sem gritarias e histerismos ideológicos e ontem o Ministro Mantega não teria que mentir ao povo, como ao próprio governo, culpando a crise internacional pelo nosso ridículo crescimento. Tivesse Lula, a seu tempo e Dilma desde o início, cuidado da Petrobrás sem usá-la como quintal de empregos da militância; investido na Vale para criar indústrias periféricas que gerassem valor agregado aos nossos minérios. Se tivessem deixado a EMBRAPA em paz, livre da qualificação como curral de empregos de pelegos. Se tivessem desonerado de tributos a PRODUÇÃO, tanto quanto fizeram com o consumo..... Deus era tão fácil, equivalente a tomar biscoito de criança a grito, no meio da praça! Mas prosseguiram com a política correta na base de saciar a fome dos miseráveis, mas tão carcomida de ideologia que não os deixa enxergar um palmo adiante da razão mais reles: não basta dar o peixe, porra! Tem que ensinar o povo a pescar pois é dele, nele e para ele que se produzem as riquezas de um país. Não sou eu que digo mas Kuan Tzú há milênios. Desde Vargas, com as conquistas do operariado, nunca dantes tanto se fez no Brasil pela massa esfomeada. E Vargas dirigiu suas ações aos operários, uma classe de baixa renda mas pequena à época, enquanto os governos petistas o fizeram em direção ao povo. Agora vêm que não era bastante, do mesmo jeito que não foi bastante para FHC equilibrar as contas e manter milhões passando fome. Na via inversa, é fundamental tirar a fome mas, sem equilibrar as contas, a fome voltará, com absoluta certeza, pelas asas da inflação, filhote espúrio e incontrolável da irresponsabilidade fiscal. Mantega prometeu cinco por cento de crescimento no ano passado, quando a crise era a mesma, colhendo 0,9%. Já prometeu de três a quatro por cento para este ano, desde de antemão sabendo que essa meta permanece inalcançável pela impossibilidade de criar infraestrutura em um ano. Ele sabe que está mentido. Aliás, há muito ele mente descaradamente e Dilma, o governo e todos nós damos de ombros. Sempre digo que a história é um romance que aconteceu e se repete. Este filme fui vivido pela América no início dos anos 30. Saíram de uma depressão profunda tomando remédios amargos mas plantando hortas onde pudessem nascer as boas verduras que manteriam a saúde da nação em alta, por muito tempo. Usaram dinheiro inflacionado para construir uma gigantesca infraestrutura que preparasse o país para suportar e alavancar um crescimento cinco vezes maior do que aquele que precisavam. Essa infraestrutura perdurou até o início dos anos 2.000. Agora eles estão padecendo pelo descuido no trato com DÍVIDA PÚBLICA, a mesma que já assume proporções apocalípticas por nossas plagas. Eles ainda podem sair por cima; para nós as chances já diminuem pois, em poucos anos, não teremos mais estradas, portos, aeroportos, vias vicinais, silos, armazéns, indústria de bens de capital. Somando isso ao desempenho inexistente na saúde e na educação, formamos o pano de fundo para a catástrofe e aos beneficiários das Bolsas restará o nada: nada pra comer, nada pra fazer! Sim! Era necessário fazer este reconhecimento público das conquistas do PT, mas finalizando pelo final: depois de tanta luta, de uns e de outros, Mantega afirma que continuamos como bosta n'água, dependentes de "crises" que vicejam em países ESSENCIAIS como Portugal, Espanha, Grécia, Turquia, Islândia, Cazaquistão e assemelhados. O fim do mundo é logo ali. Basta a China quebrar! 

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