segunda-feira, 11 de março de 2013

Os times que crescem como rabo de cavalo: para baixo!


Claro que iria falar sobre o meu Vasco, Instituição quase extinta mas, como vou me atrelar a exemplos, farei a crônica em dois pedaços, começando a de hoje me referindo aos clubes que se apequenaram em todo o país, seguindo apenas minhas memórias. Não vou ao Google, logo isto não é uma pesquisa com outro método além do meu ódio e frustração. Minha viagem começa, por óbvio, em Belém do Pará, com a gloriosa Tuna Luso Brasileira. Começou Tuna Luso Caixeiral, depois Tuna Luso Comercial e era, como muitos outros congêneres, um clube de colônia, a enorme colônia portuguesa de Belém. De glória do esporte paraense, sempre disputando com Remo e Paysandu a hegemonia no futebol, não se adaptou à realidade do profissionalismo e virou o fio na década de oitenta, ainda tendo ganho dois títulos nacionais da Taça de Prata. Seu imenso patrimônio no Bairro do Sousa está se deteriorando, sua torcida minguou e o clube hoje tem participação coadjuvante e nem mais consegue ser a terceira, quarta ou quinta força no futebol paraense. No vizinho Maranhão, o clube das quatro cores, meu Maranhão Atlético Clube, dos clássicos inesquecíveis contra o Moto (Maremoto) e Sampaio Corrêa (Samará), também está se acabando mesmo sendo o clube da preferência da família Sarney e grande parte da elite maranhense. Um outro exemplo, agora dos clubes de empresas e entidades, o Ferroviário Esporte Clube, minha paixão cearense, está desaparecendo. O velho Tubarão da Barra do Ceará consegue ainda revelar alguns talentos que são logos cooptados pelo Ceará ou pelo Fortaleza. Subindo a Recife lembro do time que me encantava nos anos 50: o América, com seu belo uniforme verde. Presenciei excursões do América a Belém com passagens exitosas em gramados paraenses.O América foi maior que o Náutico, por longos anos, até o Timbu Coroado abiscoitar o Hexa dos anos sessenta e transformar os Aflitos em força pernambucana. Mas é muito doído o exemplo do Galícia, na Bahia, clube da imensa colônia espanhola em Salvador. Quando eu era criança Galícia, Botafogo e Ipiranga dividiam com Bahia e Vitória a preferência dos soteropolitanos enquanto o Fluminense de Feira de Santana reinava solto no Sertão. De repente, ou seria devagar, eles desapareceram e viraram atração de um "Baú do Esporte" muito eventual. Em Minas, o Coelho de minha predileção, o América Mineiro com seu belíssimo uniforme Verde e Preto, clube que revelou Tostão para o mundo e disputava com o Atlético, até os anos 60, a absoluta hegemonia em Minas já que o Cruzeiro só viria crescer após a era Raul, Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Tostão e Hilton Oliveira. Também um clube de colônia, a italiana, o Cruzeiro já ameaça a superioridade do Galo se já não a tiver ultrapassado. Isso sem falar no Valeriodoce, clube da Vale do Rio Doce, sempre finalizando campeonatos entre os quatro primeiros e o Siderúrgica de Ipatinga, campeão mineiro de 1964, sob a batuta do velho ogro Yustrich. Desses nem mais se fala. Passo quase ao largo do Espírito Santo pois Desportiva e Rio Branco sumiram do mapa arrastando Santo Antônio (que lançou Fontana) e Guarapari este campeão capixaba e também sumido. Em São Paulo a Associação Atlética Portuguesa de Desportos já foi glória do esporte nacional. Antes de Pelé, o Santos nem chegava perto das glorias da Briosa do Canindé e seus craques eternos como Ipojucã, Brandãozinho, Djalma Santos, Pinga, Enéas, Marinho Peres, Dener, Felix, Badeco, Cabinho, Basílio, Zé Maria, o eterno e ainda atuante Zé Roberto, Klemer e tantos outros. Viu sua imensa torcida minguar e, num estranho processo de osmose, está arrastando sua xará da Baixada, a Portuguesa Santista do glorioso estádio Ulrico Mursa, a que fazia frente ao Santos de Pelé, protagonizando inesquecíveis Clássicos da Baixada, no Mursa ou em Vila Belmiro. Clube de enorme tradição de bairro, na Moóca, o Juventus só é, praticamente, guardado na memória, enquanto o gigantesco Palmeiras, o velho Palestra Itália, também desce no tobogã de seu desespero, alimentando uma violência estúpida de seus belicosos e "manchados" torcedores. No Rio, os clubes de Bairro, notadamente de classe média alta e da Zona Sul como o Flamengo, o Botafogo e o Fluminense (das Laranjeiras) viram surgir a força da Zona Norte no Vasco da Gama, América (da Tijuca/Andaraí), São Cristóvão e Bangu. Todos eram forças enormes. Depois os três grandes da Zona Sul e o Gigante da Colina de São Januário, viraram unanimidade nacional. Do Vasco me ocuparei amanhã, mas o América, o Bangu e o São Cristóvão, todos detentores de DEZ títulos de campeão carioca que, naquele tempo, significava praticamente um título nacional (S. Cristóvão 1926, Bangu 1933 e 1966 e América 1913, 16, 1922, 28, 1931, 36 e 1960). Todos se apequenaram, principalmente o América que já deteve, entre os anos 10 e 20, o título mais tarde abiscoitado pelo Flamengo, de "mais querido". Quando cheguei a Brasília em 1964, com seu futebol amador mantido por times de operários das grandes construtoras e apêndices da NOVACAP, ia ver o campeonato Goiano, no Estádio Olímpico Pedro Ludovico ali na Av. Paranaíba (muito tempo antes do Serra Dourada). Nesse tempo os grandes eram Vila Nova e Atlético com o Goiás já crescendo e tendo ultrapassado o Goiânia. Goiás é clube de relevância no contexto nacional e mundial, Atlético ameça uma reação mas Vila está se desmanchando enquanto do meu Goiânia nem mais ouço falar.  No Paraná, o clube de classe operária, o Ferroviário sempre foi uma força viva, juntou-se a um gigante, o Britânia e a outro clube de menor expressão, o Palestra, criando o Colorado que ganhou um título Paranaense (reforçando os outros dez títulos ganhos pelos clubes que lhe deram existência, nos anos 80). Posteriormente, o Colorado fundiu-se com o Pinheiros, em 1990, formando o atual Paraná Clube que chegou a ser, entre 1993 e 1997, penta-campeão daquele Estado, hoje disputando as séries B do Brasileiro e do Estadual. Mas é no Rio Grande do Sul onde vejo mais exemplos de grandes clubes que se desfizeram ao longo do tempo. Em 1954 seria campeão INVICTO, desbancando 44 anos seguidos de vitórias da dupla Grenal, o Grêmio Esportivo Renner, mantido pelas Lojas do mesmo nome, timaço onde despontaram o goleiro Waldir de Moraes( titular da Academia do Palmeiras nos anos 60), o zagueiro Paulistinha, comprado pelo Botafogo para brilhar no elenco de Garrincha e Didi, e Ênio Andrade, o segundo técnico a ganhar três títulos do Campeonato Nacional (1979, com o Inter, 1981, com o Grêmio e 1985, pelo Coritiba), depois de Rubens Minelli com os títulos de 1975 e 76 pelo Inter e 1977 pelo São Paulo. No meu time de botões, na sala de nossa casa na Vila MacDowell, apesar de veneração inicial pelo Flu de Castilhos, Píndaro e Pinheiro de 1951 e depois de Barbosa, Augusto e Rafanelli. Eli, Danilo e Jorge. Tesourinha, Maneca, Ipojucã, Ademir e Chico na última vitória do Expresso da Vitória em 1952, eu costumava "entrar em campo" travestido de Renner e suas glórias como Orlando, Bonzo, Ênio Rodrigues, Léo, Pedrinho, Breno Mello, Juarez e Joelcy. Era um arraso esse time mas acabou. Pouco tempo depois, o Cruzeiro de Porto Alegre, campeão gaúcho em 1929 e o primeiro clube gaúcho a excursionar à Europa, em 1953, vendia em 1969 seu Estádio da Montanha para a instalação, pasmem, do Cemitério Ecumênico João XXIII.  Sim, o mesmo cemitério que engoliu e está engolindo a grandeza de Vasco e Palmeiras. Amanhã, se Deus quiser, trato do meu Vasco, uma dor de parto que se inverte a cada vice campeonato!

domingo, 10 de março de 2013

Conselho de Velho!


Querido amigo macho. Nunca se esqueça que as mulheres são seres absolutamente singulares, verdadeiros números primos que só se dividem por elas mesmas e pela unidade. Se você teve uma transa genial ontem com UMA CERTA MULHER e quase a matou de tanto prazer, ao deitar com outra mulher, hoje, não tente repetir o que tanto agradou na transa do seu passado. Você, com certeza, estará fadado ao maior insucesso sexual da sua vida e consequente frustração: o quê fiz de errado? Quer escapar dessas situações? Vou tentar lhe dizer o truque, o qual aprendi com mais velhos que eu, quando ainda era um adolescente. Não tenha vergonha de fazer uma única pergunta: Como é que você gosta? Seguida de uma corajosa sugestão: Me ensina!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A realidade e a ficção!


Sei que, quando falo sobre novela, BBB ou futebol, minha cotação nas bolsas de aposta de Londres cai vertiginosamente. Mas, o quê fazer se esses também são assuntos do nosso cotidiano. Me exponho mas sei que falo sobre um assunto que interessa, e muito, à maioria silenciosa. Até porque adoro detalhes, pequenas coisas que, muitas vezes, são percebidas por poucos. Vamos lá!
Se a qualidade dos Delegados de nossa Polícia Federal, na verdade uma Instituição de escol em todo o mundo e possuindo altíssima taxa de credibilidade popular, fosse medida pelo cérebro de ameba da personagem de Giovana Antonelli, a "Delegada Heloísa", o país estaria no sal há muito tempo. Sei que a novela Salve Jorge é uma obra de ficção, no estilo folhetim, isto é, em capítulos e que repousa em uma trama que deve durar um número mínimo de meses no ar. Claro que não se pode encontrar culpados nos primeiros capítulos. Todavia, dar nome aos bois, chamar de Delegada da Polícia Federal uma lesma que não consegue prender uma enorme quadrilha que atua no quintal da sua casa, seus membros já tendo passado por suas mãos, alguns inclusive presos, convenhamos que é forçar muito a barra (não da Tijuca, onde fica o PROJAC, mas a da PF) expondo ao ridículo toda uma Instituição.
Desconfio que, por muito menos, a trama de "Lado a Lado" foi modificada. Penso que poucos devem ter notado, mas aparece uma lista de Magistrados e Promotores de Justiça, em 1910, comprados para satisfazer interesses escusos da burguesia republicana. A filha da ex-Baronesa da Boa Vista, grande interpretação da bela Patrícia Pillar como vilã-mor, estava indo entregar a lista que compunha um artigo que publicaria no fictício "Correio da República". Sofreu um atropelamento, foi encarcerada num Asilo contra sua vontade mas, quando se viu livre disso tudo, a lista continuou não dada a público e o tal processo arquivado sem prosseguimento na trama. Em meus delírios pensantes, chego a pensar que o Ministério Público Federal pode muito bem ter protestado contra esse destino dos fatos. Na verdade, coisas envolvendo Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal devem ser exploradas com cuidado em obras de ficção. São Instituições que gozam dos maiores índices de credibilidade pelo menos entre os formadores de opinião e levá-los ao ridículo ou situações vexatórias, ainda que de "mentirinha", deve ser muito bem analisado.
Já basta a garbosa arma da Cavalaria de nosso Exército Brasileiro estar sendo ridicularizada como inúmeros gigolôs equestres que passam o dia inteiro trotando na pista contígua a uma baia, enquanto o Coronel Comandante passa seu expediente inteiro tricotando boatarias e fofocas. Pelo amor de Deus!

Fátima Guedes


Procurando na mente uma frase para criar um teaser para a matéria que escrevi agora a pouco, me veio à mente a frase final da música "Onze Fitas", com letra também de Fátima Guedes. Desde que ela era uma adolescente moradora da Taquara, em Jacarepaguá em 1973, Elis, não sei como, ouviu uma composição sua. Foi atrás da menina e se encantou com tanta profundidade e beleza criativas e começou a cantá-la desde 1978, incluindo aquela joia rara em seu show e disco de 1981, Saudades do Brasil. Elis abria o show interpretando "Onze Fitas", acompanhada do maravilhoso conjunto de sons inesquecíveis liderado por César Camargo Mariano. Nossa maior cantora enlouquece no palco com estes versos que, na verdade, enlouqueceriam qualquer pessoa que preza o belo:

Por engano, vingança ou cortesia
Tava lá morto e posto, um desregrado
Onze tiros fizeram a avaria
E o morto já tava conformado
Onze tiros e não sei porque tantos
Esses tempos não tão pra ninharia
Não fosse a vez daquele um outro ia
Deus o livre morresse assassinado
Pro seu santo não era um qualquer um
Três dias num terreno abandonado
Ostentando onze fitas de Ogum
Quantas vezes se leu só nesta semana
Essa história contada assim por cima
A verdade não rima
A verdade não rima
A verdade não rima...

Junto com letras antológicas o som de Fátima é dissonante e extremamente harmonioso, como Debussy. Numa noite de 1979, estando no Rio como sempre ia a trabalho ou para visitar meus pais, adorava jantar no Castelo da Lagoa e esticar no Chico's Bar até dar a hora de ir pro Galeão pegar o "leiteiro", avião da VARIG que saía pra Brasília às 6:00h. O Chico's era reunião de todos os gênios pelos quais eu e meu violão babávamos. Luiz Eça, Luis Carlos Vinhas, Johnny Alf e as inúmeras canjas da turma que vinha dos filmes, shows e peças para se encontrar num ambiente mais reconhecível. Aí vi Fátima Guedes. Bem feiosa, nariz adunco imenso tomando metade de seu rosto, cabelo bonito e sedoso caindo em cima de um olho como a Jessica Rabbit, bem fatal, baixinha! Lá pelas tantas ela levanta e pega o microfone e começa um solfejo onde se destaca uma voz extremamente anasalada e curta. Mas começo a divisar que ela canta Cheiro de Mato e meus ouvidos, até hoje adorariam só ouvir aquele som:

Ai, ai o mato, o cheiro,o céu
O rouxinol no meio do Brasil
O Uirapuru canta pra mim
E eu sou feliz
Só por poder ser
Só por ser de manhã, manhã, manhã
Manhã, manhã
Nessa clareira o Sol
Se despe feito brincadeira
Envolve quente a todo ser vivente

Taperebá
Canela, tapinhoã, nã nã nã nã
Não faço nada
Que perturbe a doida a louca passarada
Ou iniba qualquer planta dormideira
Ou assuste as guaribas na aroeira
Em contra-ponto com pardais urbanos
Tão felizes soltos dentro dos meus planos
Mais boquiabertos que os meus vinte anos
Indóceis e livres como eu.

Quem presenciou isso, quem viveu isso com a intensidade que vivi, confesso que não consigo, tento mas não consigo, vou tentar outra vez mas vou morrer sem conseguir gostar de barulho ou baboseiras de "Matar o papai", "Ai seu te pego" "Quero tchu, quero tchá" e tantas outras composições de tantas "bandas" insones dos Chorões da vida, ou seria da morte? Aí eu peço a Deus: Pai! Matai-me enquanto sou anjo! Ou pior: Dra. Virgínia! Pode arrancar meu tubo!


Jogando pra platéia!


Em setembro, Dilma vetou artigo que determinava a isenção de PIS-Cofins e IPI sobre os alimentos da cesta básica. O artigo constava da medida provisória 563, de incentivos à inovação tecnológica e que amplia a desoneração da folha de pagamento.
Na época do veto, a presidente argumentou que a efetiva desoneração da cesta básica deveria levar em conta não só tributos federais, mas também os estaduais. Ela decidiu, então, criar um grupo de trabalho para mapear a tributação federal (IPI e PIS-Cofins) e a estadual (ICMS) sobre esses itens e para definir quais produtos compõem a cesta básica. O grupo foi comandado pelo Ministério da Fazenda.
Em fevereiro, a presidente reafirmou que o governo estudava a desoneração integral da cesta básica. “Estamos revisando quais são os produtos que integram a cesta básica, a fim de que nós possamos desonerá-los integralmente”, disse, durante entrevista para rádios do Paraná.
No final das contas sempre fica parecendo que nossa presidentA segurou a medida pra sair como coelho tirado da sua cartola pessoal em um espetáculo realizado em seu palco preferencial: a TV aberta e no Dia Internacional da Mulher, coroando sua concepção de que mulher deve mesmo ficar na cozinha cuidando de economia doméstica. Muito bem vinda essa nova renúncia fiscal. Tomara que seja acompanhada de cortes reais nas despesas correntes do governo, caso contrário causarão o pior dos mundos: falta de grana pra pagar as contas, o que quase sempre leva ao aumento da alíquota de outros tributos ou criação de novos, ou ainda, muita inflação.
Mudando de pau pra taboca mas ainda no tema das filigranas para boi dormir, o Vaticano, pela primeira vez na História, está mostrando as obras na Capela Sistina, elevação de piso, construção dos forninhos, instalação da chaminé, exibição da cédula eleitoral e outros segredos de Estado. Evidente sua velada intenção em deixar obscuro o verdadeiro assunto que deveria ser incessantemente tratado antes da escolha do novo ocupante do Trono de São Pedro: Por que Bento XVI renunciou? Isso vai continuar num limbo inatingível onde repousam, mansos e tranquilos, fatos bombásticos e inexplicáveis como: o "suicídio" de Vargas, a renúncia de Jânio, as mortes suspeitas de três membros da chamada Frente Ampla formada no exterior por quatro líderes nacionais de diferentes ideologias e colorações partidárias (João Goulart, Carlos Lacerda e JK), contra a Ditadura. Destes só Brizola parece ter tido morte morrida. Além disso temos o assassinato de John Kennedy, o corpo nunca encontrado de Danna de Teffé, o crime da mala daquela garotinha esquartejada há uns cinco anos, se existiu mesmo a Princesa Anastácia Romanov, o paradeiro de todos os desaparecidos ao tempo de nossa ditadura, as razões escondidas do suicídio de Santos Dumont e centenas de outros fatos. Se as Instituições como a Igreja aspiram representar Deus na Terra então devem apreciar a Verdade pois Deus é Verdade, pelo menos na crença que elas pregam. Então, pombas, abre aquela clausura toda, bota o Fantástico lá dentro e, antes que morra, deixem o alemão contar tintim por tintim o quê aconteceu!

sábado, 9 de março de 2013

Ciência ou Religião?


Nunca entendi direito essa luta entre ciência e religião. Até porque ambos digladiam usando instrumentos do outro: a ciência pedindo fé em teorias não comprovadas empiricamente como a do Big Bang e a religião querendo que a comunidade científica aceite, sem comprovação empírica possível, que a Terra foi criada em seis dias Gregorianos. Intransigência de ambos os lados: a imensidão da fé não precisa de comprovação científica como também não existe para contestar a ciência usando as  medições desta. A Bíblia parece não ser bem entendida por ambos. Lembro apenas que o dito Primeiro Papa, pelos Católicos, S.Pedro, afirma em sua Segunda Epístola, no verso oito, do Capítulo Terceiro, que: "Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, UM DIA É COMO MIL ANOS, E MIL ANOS, COMO UM DIA". Logo, nada impede que os Dias da Criação tenham durado mil, milhares ou milhões de anos, exatamente coincidentes com o tempo que a Evolução necessitaria. Sei que isto é meter a colher em briga de marido e mulher. Não adianta! Só não vejo Deus como um ser humano nem a ciência como encarnação da verdade. Simples assim!  

É diferente ou normal?


Textualmente, na sentença condenatória do homicida Bruno, Sua Senhoria, a Juíza Presidente do Tribunal do Povo, assim se manifestou: O réu demonstra não possuir uma personalidade DENTRO DOS PADRÕES DA NORMALIDADE! Aaahhhhhhhhhhhhhhhh, quer dizer que se existem "padrões de normalidade" quer dizer que, pelo menos em tese, é possível a existência de padrões de anormalidade e que seriam estes uma diferenciação em comparação com aqueles. HUMMMMMMMMMMMM, muito bem! Será então que existindo o NORMAL então o DIFERENTE seria seu oposto? Ora, se ser diferente é normal, então o padrão de normalidade que a personalidade do assassino não tem, tudo conforme a Sentença condenatória, não seria diferente mas normal, ou seja, não sustentariam sua condenação. Mas se a Juíza usou esse padrão é certo que considerou a personalidade do meliante diferente do padrão que ela montou em sua mente. Logo, ser diferente não é normal! É só ser diferente do que é normal! Óbvio que esta brincadeira axiológica e semântica foi realizada no intuito de excitar o debate histriônico sobre uma tentativa do patrulhamento oficial do politicamente correto em tergiversar sobre a normalidade e a diferenciação. Como nas discussões científicas e filosóficas é essencial citar a metodologia , acabei de utilizar, em proveito das minha idéias, o método criado por Sócrates para dominar seus diálogos, chamado de Maiêutica, onde ele funciona como origem ou parto das idéias, levando seu interlocutor, de assertiva em assertiva, a terminar concordando com ele. A denominação (Maiêutica) vem do nome Maia, sua mãe, que era famosa parteira em Atenas. Claro que se você considera que ser diferente é mesmo normal, siga com sua convicção mas não desista de mim!

Muito estranho!


Ontem foi um dia surreal. A prova inconteste de que, o quê dá pra rir dá pra chorar. Meu irmão André fez um ano de morte e meu primogênito André, 40 anos de vida. Dá pra entender? Então canta junto comigo esses versos de Vinícius com música de Toquinho: Hay dias que no se lo que me pasa, é tudo uma cruel insensatez, aí pergunto a Deus, escuta amigo, se foi pra desfazer porque que fez!

De como é possível extrair risos entre lágrimas!


Quando a hecatombe se deu em minha vida em 1982, obviamente coroando um processo que se arrastava desde o fim de 1980, despedi meus quatro filhos e minha ex-mulher em outubro para morar em São Luís com meu sogro (nunca ex porque não tive outro), fui fechando o barraco e, em novembro daquele ano, peguei meu fiatzinho e, acompanhado de dois grandes amigos e advogados de meu escritório, ele e ela, fomos em direção à Fortaleza onde passaríamos alguns dias remontando forças para cada um seguir seu caminho. Apesar do momento angustiante, formávamos um trio tão saboroso que, muitas vezes, a tristeza se transmutava em alegria. Chegando em Fortaleza fomos para a casa da amiga dela e, até 24 de dezembro do mesmo ano, quando fui para São Luís reassumir meu posto, ficamos na maior dolce far niente! Aproveitando a greve da UFC, onde a amiga dela (e que se tornaria a maior amiga que tive em minha vida) era destacada professora, íamos à praia todos os dias, à serra de Guaramiranga passar pequenas temporadas, muito violão e cantorio quase todas as noites. Realmente foi um momento estelar em minha vida pois estava, como os répteis, trocando minha pela pela primeira vez, largando-a em um mundo que nunca mais existiria para mim. Eu era abstêmio e, com exceção de meu amigo advogado que pouco bebia, todos entornavam litros de cerveja diariamente. Hoje me impressiono com minha capacidade de passar noites em claro, tomando água mineral, tocando violão até doerem as pontas dos dedos (na verdade elas resistiam pois já se tinham formado imensos calos). Numa dessas noites, penso que era algo como quinta-feira ocorreu o drama inesperado de acabar a cerveja. Saímos todos em dois carros buscando todos os bares ainda abertos em Fortaleza aquela hora. Mesmo sendo Fortaleza uma cidade turística com uma orla de bares de boêmios, na verdade estávamos em 1982 e no nordeste. Ocorreu o pior dos mundos: não foi encontrada uma única escassa cerveja Antártica, só tinha da Brahma. Hoje, como apreciador do líquido, jamais me interessei em saber a marca sempre fiel ao princípio de que a melhor cerveja é a mais gelada, mas fiquei impressionado com o desespero da turma com o fato. Não dá, Brahma não dá! E tome procurar bares abertos em bairros mais distantes ou casas de forró e otras cositas más. Numa dessas cositas más alguém do nosso grupo identificou Amelinha sentada numa mesa cheia de amigos. Amelinha era casada com José Ramalho e, justamente naquele ano de 1982, se notabilizara cantando a música tema do Especial da Globo intitulado Lampião e Maria Bonita, na verdade uma das primeiras obras globais com padrão internacional. Os desempenhos de Nelson Xavier e Tânia Alves nos papéis título, ainda me pesam gostosamente na retina. Não me lembro do nome da música mas o refrão era cantado do Oiapoque ao Xui, da Bolívia à Ponta do Seixas: Mulher nova, bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor. Amelinha literalmente explodiu a banca, ombreando-se aos reis do nordeste que já vinham aparecendo muito na mídia como Ednardo, Fagner, Elba, Geraldinho Azevêdo, o próprio Zé Ramalho, Alceu Valença alé dos baianos (Moraes, Pepêu, Baby etc.). A verdade é que estive, acho que pela primeira vez, diante de uma celebridade global e fiquei pasmo e parvo. Ela usava aquela toca de crochê e camisolão de hippie que identificava o que eu chamava de péééééssssoal alternativo. Sabe, a tchurma da erva! Amelinha abandonou seu grupo, levou o nosso a um bar que tinha Antártica tipo véu de noiva, foi incensada como a rainha da noite e levada pra nossa casa. Lá, olha eu acompanhando Amelinha, nos poucos momentos que minha amiga advogada de Brasília deixava para ela (já que possuía uma voz linda e potentíssima). Mas era uma satisfação enorme. De repente, a famosa vai falar e todos se calam em volta par ouvir. "Tem cachaça aqui?" A dona da casa diz: Mas claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro amíguua (acentuações etílicas que ela dava aos fonemas). E mandou seu filho pegar a garrafa de Ypioca (Marca fundada por seu tio e seu pai, justamente aproveitando os canaviais da Serra de Guaramiranga). O menino foi e logo voltou com uma garrafa cheia mas já aberta e tampada com uma rolha. E todo mundo tocando e cantando em volta pois nessas horas eu puxava algo pra cantorio geral do tipo: Eu fico com a resposta das crianças, é a vida etc! Providenciado o copinho especial pra beber pinga, acessório indispensável em casa de pinguço, uns 20 minutos depois a dona da casa pergunta só pra constar pois a garrafa estava já pelo meio: Amelinha, tá boa a pinga? Ao que ela responde: Tá excelente só que não é Ypioca; tem um sabor especial e com uma ardência que eu nunca vi em cachaça. Pera lá! Só então se notou que o menino trouxera o molho de pimenta da casa. Por isso que se fala, com toda a razão, que aquilo de bêbado não tem dono meeeeeeeeeeeeeesmo. Simples assim!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Cantinho da Poesia


Fugindo do lugar comum dos poemas regados à dor de corno e avassaladoras paixões não correspondidas ou desfeitas, vou postar mais três exemplares de minha produção, tudo feito há muito tempo!

DRUILTON (ao Clube da Esquina)


Quando a esteira do passado
Passa quatro
Passa dez trens
De estanho e ferro
Em Drumond me encerro
E milito nos montes
Ainda que me encontres
No presente,
Eu me ausento de teu futuro.

Oh! Minas de Milton,
Pedregosa e altaneira
Longa de horizontes,
Viúva do sal
Alterosa e conspirante
Escócia do meu país.

Se te fazem forte, feliz
Na terra e no lodo,
Essa ausência do iodo
Essa distância do mar
Te dizem fraca e possuída
Estrada de um povo magro
De quem roubaram o trago
Da pinga e do sono
E o direito de sonhar.

(Belo Horizonte - MG, 1979)

CAROLINA

Dia desses
Procuro em minha volta
Um motivo.

Rodo como piorra
Subo ao terceiro céu
Desço aos infernos.

Danço um bailado diáfano
Regado a purpurina
Pra dar brilho e fantasia
À magia do momento.

Estanco no ato.
Minha filha Carolina
Me chama num canto
E eu não mais
Preciso pensar nisso.

(Brasília - DF, 1981)

O QUE RESTOU DO NOSSO AMOR.

Cuidem para que não feneçam as gaivotas.
Há que limpar dos ares
O odor dos estercos imorridos.

Cuidem para que os mendigos
Se mantenham intocados
Ao longo das ruas
Exibindo suas imundícies.

Há que preservar as idiotices
Dos governos e a
Servidão dos governados.

Cuidem para que se apague
A lembrança do verde
Na fila dos desesperados
Que herdarão a Terra.

Há que vender a imagem da morte
No seio da última família.

Cuidem para que a Besta
Reine sobre as multidões
Transtornadas do Apocalipse.

Há que rever o eclipse
Da irmã-lua
Escondendo a vergonha
De estar nua
Sob um sol gélido e impotente.

Cuidem para multiplicar museus
Que preservem um inocente
Cravo-de-defunto
Ou um copo-de-leite
Para o máximo deleite
Dos sonhos esquecidos.

Há que ser escravo
Das liberdades perdidas
Nos bordéis sem brilho.

Cuidem para que as locomotivas
Permaneçam no trilho
Esmagando um aço
Que não reclama esse peso.

Há que manter um indefeso
Em meio aos assassinos.

Cuidem pela manutenção
Dos partos naturais
E pela expulsão dos imortais
De todas as Academias.

Há que preservar as coxias
Que comandam o espetáculo da vida
Mesmo em vertiginosa descida
Nas pesquisas de opinião.

Cuidem para que a contra-mão
Se torne o correto.

Há que amar o inseto
Pois dele será o universo
E amarrar as sepulturas
Com as mais antigas ditaduras
E seus porões de medo.

Cuidem, por final, ser um
Arremedo de si mesmo
A vomitar sobre o próprio colo
O desconsolo de haver nascido.

(São Luís – MA, 1987)


Esquecimento!


Nunca dantes nesta minha vida esqueci tantas coisas por onde ando. Nem precisa me dizer as causas nem o quê fazer para minorar os devastadores efeitos. Desde maio de 2011, quando cheguei a Belém, já comprei 12 (exatamente isso, doze) guarda-chuvas. Na última semana esqueci meu cubículo aberto com as chaves na porta e essa escancarada. Quando dei conta que estava sem chaves, em absoluto pânico, fui a três lugares por onde passara até que alguém me sugeriu: vá ver se não deixou em casa? Deixei! Fui salvo pelo Jorge (não é Salve Jorge) o zelador a quem culmino de mimos e tratamento de lorde, como sempre faço notadamente com os mais humildes. Ontem a coisa saiu de controle. Fui buscar o almoço levando um garrafãozinho de cinco litros d'água e minha mochila presa às costas. Me desvencilhei de tudo para esperar a quentinha sentado vendo TV. Quando chegou o almoço Barb minha nora me chamou ao telefone e falei uns bons minutos com ela. Foi o bastante para chegar em casa e dar falta da água. Voltei esbaforido e o caixa me tranquilizou: calma professor, a água tá aqui. Lá vou eu subir meus dois lances de escada, abrir três cadeados e entrar em casa para, só então, perceber que esquecera a mochila também e, pela terceira vez, fazer todo o Caminho de Santiago do Esquecimento! Hoje pela manhã, ao tomar o café no mesmo local onde almoço, notei que não estavam na mochila minhas gotas de sucralose (adoçante que prefiro aos ofertados pela Casa) ao que a dona me falou que as tinha esquecido desde o café de ontem. Chega! Basta! Resolvi tomar uma medida drástica e fazer um check-list de decolagem. Como provavelmente vou esquecer de ver o tal rol de procedimentos e como tenho o costume, já produto de TOC senil, de bater nos meus dois bolsos traseiros para ver se as moedas e a carteirinha ainda estão lá, vou colocar um grande papelão, bem grosso e em branco, nesses bolsos. Tova vez que me retiro de qualquer lugar dou a batida, sinto o papelão e vou tentar lembrar: Check-List! Se não resolver pelo menos repito o caso da velha e famosa historinha dos velhos esquecidos que se encontraram e um falou para o outro que sua mulher o levara em um médico que lhe passou uns exercícios mentais e umas homeopatias e estava curadíssimo, não esquecendo sequer as coisas mais difíceis de lembrar. Quando seu amigo lhe perguntou o nome, telefone ou endereço do médico, ele o fitou demoradamente e respondeu com uma pergunta: como éo nome daquela flor vermelha que tem uns espinhos no talo. Aí o ainda esquecido falou: Rosa. Ao que o "lembrado" berrou: ROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSSSSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Como éo nome daquele médico que me curou de esquecimento?

Desmentidos e Notas Oficiais!


Outra piada tragicômica reside nas notas e desmentidos explicando o inexplicável das tragédias. Dois operários foram mortos ontem perto do meio-dia na região de Barcarena, próxima a Belém. Uma imensa estrutura de cerca de trinta toneladas caiu de um enorme guindaste e pulverizou os dois. Atenção para a Nota Oficial da Bunge do Brasil S/A. Algo como: A empresa comunica que, no momento do acidente, os dois operários usavam todo o equipamento de segurança, assim como tiveram todo o treinamento necessário para momentos assim e que está fornecendo à família toda a assistência necessária nessa hora tão difícil.
Cara Pálida! Se uma baita estrutura de 30 T cai em cima de dois operários nada importa o quê eles trajavam. Nem vestes pressurizadas na NASA os teria salvo, nem escafandros de titânio para suportar a temperatura em Mercúrio. Eles estavam pendurados na ponta de pilares que recebiam a estrutura içada por um guindaste instalado em uma grande balsa, tamanho era seu peso. Nem treinamento do BOPE ou das Forças Especiais americanas os teria protegido de uma tragédia dessas proporções. Todos querem APENAS ouvir se o cabo partiu e isso foi causado por excesso de peso; se foi o guindaste que entortou ou caiu sob um peso que não suportaria. Eu e a torcida do Flamengo queremos saber CAUSAS e não frases semânticas que douram a pílula e nada dizem. Exatamente como falou a mãe de um dos operários mortos, quando entrevistada na TV: eu não quero enterro de luxo, nem jazigo perpétuo e muito menos indenização. Eu quero meu filho VIVO!

Nada muda!


Escrevi esta crônica há uns oito meses mas, considerando o ensejo da data bem como o fato de que muitas pessoas que hoje me leem não faziam àquele tempo e, finalmente, enxertando uns poucos trechos novos, passo minha humilde contribuição a este Dia Internacional da mulher:
Ah como é bom o movimento de emancipação da mulher! Acho que vocês sabem por quê chamam o leão de rei dos animais. Além de seu tamanho, ferocidade e imponência da juba, certamente ele não é o mais feroz ou forte dos felinos. Um leão adulto mede até 3,3 m de comprimento e um metro de altura; chega até 250 kg e corre até o limite de 58 k/h. Um tigre siberiano chega a 400 kg, 4,5 m de comprimento e metro e meio de altura e certamente derrotaria o leão em uma luta caso pertencessem ao mesmo continente. O mesmo aconteceria com Rinocerontes e Elefantes. Mas persiste a dúvida: por quê o leão é chamado de rei dos animais? Outros elementos de seu currículo desautorizam o aposto. Sabe você que ele não caça pois é lento e a leoa, sua esposa, corre a 85 km/h. Ela vela por ele e, em contrapartida, ao começar a envelhecer e antes de ser despachado do bando, o macho Alfa escolhe UMA ÚNICA LEOA e vai fiel com ela até a morte. Se ele morrer antes ela nunca mais se deixa cobrir. Se ela morre primeiro ele nunca mais transa com outra leoa. Que fato intrigante! Mas tem mais coisa incrível com esse nobre do topo da realeza animal. Quando ele envelhece é expulso ou morto pelos machos mais novos. Os leões chegantes brigam entre si (3 ou 4) e o Alfa é o mais valente. Daí ele come todos os pequenos leões, filhotes ou mesmo taludinhos, das 5 ou 6 leoas do bando. Imediatamente todas as meninas entram no cio e são cobertas para parir a posteridade. Isso, na verdade, muito me intriga no leão: a noção exacerbada de proteção à família que esse felino transmite-nos. Desconhece-se, no reino animal, quem preserve tanto essa instituição tão maltratada. Cisnes são fiéis até a morte. Outras espécies possuem características de proteção à prole mas certamente nenhum outro animal possui essa noção tão presente na vida inteira, NEM O SER HUMANO. E é aí que morre o Neves! Humilhadas e anuladas através dos tempos, desde a pré-história, as mulheres vêm lutando por um lugar ao sol, reclamando igualdade plena em relação ao macho da espécie. Parece que, com algumas exceções sobre certos preconceitos de mercado, finalmente a mulher conseguiu o que queria: é maioria quantitativa no planeta; está sendo considerada profissional mais cuidadosa e humana no trato com o semelhante, aliás questão central na gestão das organizações; consegue já penetrar feudos antes instransponíveis pelo culto à masculinidade; consegue reter mais conhecimento útil que os machos e os distribui melhor e mais organizadamente, mesmo possuindo menos neurônios que eles; levou para o mercado aquele charme hoje indispensável no mundo profissional e do trabalho: afinal, quem dispensa uma maravilhosa fêmea (em qualquer sentido, físico ou psicológico) por perto para melhorar todos os astrais? Só louco ou quem não gosta do gênero. Mas tem um problema que me angustia e me acompanha ferozmente nesta análise que ouso fazer: as famílias estão sendo brutalmente atingidas pela ausência da mulher na administração do lar! Por mais que elas se desdobrem (e olha que se desdobram mesmo) cada vez fica muito mais difícil conciliar a condição de excelente profissional, ousada e ambiciosa segundo as regras do mercado e conseguir ser mãe de crianças pequenas, dialogar e distribuir carinho e atenção aos filhos quando eles mais precisam. As novelas da Globo pululam de exemplos de famílias desestruturadas; aliás, você já viu alguma família bem estruturada em qualquer novela da Globo? Cada vez mais sou tentado a imaginar que o descontrole das drogas, a violência nas escolas, o fechamento nos quartos, a proliferação desenfreada de celulares e computadores, tudo isso que desordena o princípio da família, possui um pedaço muito grande de suas raízes na ausência da mulher dos lares, repito, quando ela é mais requisitada. De certa forma distante, acompanho a vida de filha, sobrinhas, primas, outras parentes e amigas e constato o quanto é difícil lutar pela vida e desempenhar o papel que as leoas fazem em suas famílias. Tive o prazer de, mesmo descasado há anos,  ter visto que minha ex-mulher só trabalhou quando nosso último filho já tinha feito dois anos e um mês de vida. Todos foram cercados do carinho e da presença marcante que aquela então minha leoa lhes dedicava e dedica até hoje. Sem creches, essenciais mas desumanas. Com tempo para cuidar dos filhotes de leão se preparando para a dureza que se avizinhava. Evidente que jamais serei um empecilho ao andamento da vida, mas sempre me assoma uma ideia desgastante que as leoas cuidam melhor de suas famílias que as mulheres contemporâneas. Não fugirei das porradas que tomarei decerto, por essa altamente polêmica posição. Não possuo certeza mas me assomam e entopem dúvidas brutais nesse campo. Como o Canal Futura, não são minhas respostas que me ajudam e aos que me leem, SÃO AS MINHAS PERGUNTAS. Será que estou certo? Será que essas ondas de bullying, violência estúpida e desenfreada, separações e desestruturação da família, desamor e inconsequência, drogas e quejandas não serão causadas também pela ausência das leoas em volta de suas crias? Como eu gostaria de estar errado nessa minha inquietação, ainda que constate que os filhos da atualidade são educados por babás, acariciados por professoras, alimentados por atendentes de creche, comunicados com facebook e celulares. Não leem mais nada. Não se conversa. As portas dos quartos são trancadas à chave para preservar a intimidade, inviolabilidade e privacidade dos filhos da Malhação, enquanto as leoas estão disputando com os leões nichos de mercado com toda a ferocidade que lhes é peculiar. Vou morrer sem saber onde vai dar essa celeuma. Mas o problema vai piorar e quem estiver vivo verá. A propósito, existem teorias que dizem que os leões são considerados reis pela potência de seus urros. Um pastor evangélico amigo meu que morou na África do Sul, foi àquelas Reservas de Vida Selvagem e constatou, segundo informes dos guias e por observação participante, que o urro de um macho adulto chega a 351 Kb (não sei quanto isso dá em decibéis) e é o mais grandioso e aterrador dos sons emitidos por qualquer animal na natureza. Pode ser ouvido a nove km de distância e, num raio menor, o chão treme com num pequeno terremoto. Rugem ao anoitecer para avisar a todos os outros animais que o território está ocupado. Nós, pobres machos acuados de hoje, rugimos como leões na quaresma: miiaaaaaaaaaaauuuuuuuuuu! Mulheres de todo mundo, certamente não é hora de comemorar dias internacionais ou nacionais. Acho que grupos que se sentem marginalizados como mulheres, negros, homossexuais e assemelhados, no fundo alargam o fosso que os separa dos “grupos dominantes”. A comemoração apequena e leva o assunto para o perigoso campo do comércio, notadamente de flores, e da galhofa, especialmente no caso das Paradas Gay. Comemorar datas representativas, em casos tais, é se mostrar e declarar inferior; um grito solto de cada “minoria” ou tribo incomodada e de pífios resultados práticos. Essas comemorações inclusive inspiram melodramas do tipo “todo o dia é dia internacional das mulheres”. Mentira! Não é não! Sempre disse e repito, enquanto os “contrários” não se sentirem incomodados, surfam na comemoração inconsequente de dias representativos. Esperem os homens se sentirem acuados, o mesmo os brancos e os héteros, instituindo os dias deles, para poder justificar a festa. Mulher é, na verdade, mãe, líder, lutadora, base de sustentação da civilização humana e precisa do reconhecimento do mundo dobre essas condições. Jamais esse respeito virá em um dia que amanhã se transforma em outro: o Day After da festa e toda sua ressaca paralisante Simples assim!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Pra morrer basta estar vivo!



Ontem, antes de entrar no chuveiro frio (aqui não uso chuveiro elétrico), tinha acabado de escovar os dentes, a língua e encher a boca de enxaguante bucal sem álcool, como sempre faço. Ao entrar na água ela deu uma súbita descarga muito fria, tomei um susto, engoli e aspirei pela traqueia toda aquela porcaria. A ardência no esôfago foi terrível mas não tanto quanto a imensa dificuldade de respirar com a traqueia obstruída por um produto perigos. Ia morrer olhando para minha imagem no espelho. Como já me aconteceram alguns engasgos, me acalmei e tratei primeiro de liberar o ar, respirando sempre pelas narinas (pela boca piora a situação apesar de ser a tendência, no desespero da ocasião). Entrou só um fio. Aí bati fortemente com as costas na parede e senti o líquido se mover para fora da traqueia. Repeti algumas vezes e consegui respirar. Provoquei um rápido jato de vômito e saiu muito daquele líquido. Isso tudo deve ter levado 20 segundos. A calma é fundamental nessas horas. Quanto ao fim da história, bem, estou narrando-a logo..................

quarta-feira, 6 de março de 2013

Mazelas venezuelanas!


Em 1963, ainda morando em Belém, convivi cerca de dois meses com uma família venezuelana que visitava Belém para conhecer os parentes de sua mãe, membro de conhecida família paraense. Pai e mãe ficaram na Venezuela e, aos poucos, fui descobrindo algo mais sobre aquela família. O pai era o maior acionista e presidente do Banco del Caribe. Os três filhos que vieram ao Brasil (o mais velho ficou na Venezuela) eram jovens na faixa de 15 a 20 anos e algumas coisas me chamavam a atenção. Eram muito refinados, demais até para que eu me sentisse à vontade perto deles. Não alardeavam riqueza mas se percebia que pertenciam à alta elite financeira daquele país a contar de detalhes incomuns, pelo menos aos meus olhos, mas que eram absolutamente corriqueiros em seu dia a dia. As fotos dos Mercedes e BMW's da família me impressionaram, porém não mais que o imenso palácio que residiam em meio a uma "quinta" encravada numa espécie de colina da qual se tinha bela vista do Mar do Caribe. Quando queriam comentar coisas em off falavam em inglês e muito rápido. Todos foram educados nos Estados Unidos, desde o High School até a Universidade em mais de um nível. O patriarca veio a Belém passar uns três dias e foi incensado como personalidade internacional que efetivamente o era. Depois do retorno deles a Caracas, só tive notícia do "velho" através já do Jornal Nacional noticiando seu sequestro, já nos anos 70, por grupo guerrilheiro local, tendo sido libertado após o pagamento de resgate nunca confirmado mas especulado como sendo de mais de um milhão de dólares, montante que era enorme fortuna à época. O que mais eu estranhava era o completo desconhecimento deles sobre as coisas de seu país. Praticamente muito pouco ou nada sabiam sobre a Venezuela, ante minha insistência em especular sobre a vida, costumes e o povo venezuelano, em minha imensa curiosidade que instiga jovens de 15 anos de idade como eu. Mostravam-se profundamente arraigados à cultura norte-americana como se houvessem nascido, além de aculturados, educados e socializados no gigante do norte. Quanto à Venezuela, demonstravam uma certa ignorância exceto quanto à História e, principalmente, admiração pelos feitos libertários de Simón Bolivar contudo, somente sob um ângulo de patriotismo xenófobo. Lembro que falavam da participação do Mariscal nas guerras de independência do Peru, Bolívia (a quem emprestou o nome ao país), Colômbia, Equador e Panamá. Também citavam seu jovem seguidor o Mariscal Sucre, morto aos 35 anos. Tinham veneração pelos dois. Esse foi o contato que tive com a Venezuela, fora dos meus estudos em História oficial da América Latina, especialmente Hispânica. Poucos anos depois, para ser mais específico, em 1965, já morando em Brasília com meu irmão André, hospedamos em nosso apartamento o jovem Hugo Arango Hernandez (ou seria Fernandes?). Era um jovem Colombiano de Medellin, filho de um renomado advogado de Classe Média Alta casado com a prima do então presidente Carlos Lleras Restrepo. Tinha tudo para seguir a carreira do pai mas, ao terminar com muito destaque o Curso de Direito, foi-lhe oferecido escolher o quê fazer em comemoração ao evento. Decidiu pedir ao pai algum dinheiro, juntou roupas e outros produtos de primeira necessidade e decidiu passar um ano viajando pela América Latina, misturando-se ao povo e conhecendo a realidade in locco. Eu vinha de Belém, garoto de 17 anos completamente alienado da política. Foi nesse querido "antro" que tive minhas primeiras lições de vida vindas de meu irmão André (então agnóstico e Marxista teórico), meu irmão por escolha José Araripe (ateu e de esquerda), Xavier (agnóstico e livre-pensador com tendências de centro direita); só eu era cristão, protestante, pentecostal e disciplinbado na Assembleia de Deus de Belém, a Igreja-Mãe. Mas me encantava mesmo, num período onde as aulas ainda não tinham começado, enxergar a América Latina pelos olhos de Hugo. Foi dele que ouvi, há tantos anos, que 1/3 do território colombiano já não eram dominados pelo Estado, dividido entre três facções guerrilheiras entre as quais as FARC eram a mais importante e que, com efeito, dominariam as demais em pouco tempo. Sua descrição da guerrilha na selva boliviana era um filme de aventuras reais, para mim. A viagem pelo Chile nos vagões da Transandina me levava ao paroxismo das emoções de um livro de realismo fantástico. Sua passagem pelo Paraguai, incluindo a Província do Chaco, era como rever aulas de História, só que não a Oficial. Foi aí que entendi a covardia da Triple Entente contra um pequeno país de povo heroico, a humilhação que lhes foi imposta por D. Pedro II, o ódio e ressentimento contra os brasileiros e a consideração do nosso país como imperialista frente aos Guaranis. Foi Hugo que me falou da existência dos Montoneros argentinos e Tupamaros uruguaios. Mas, o que mais me interessa agora, é lembrar sua descrição sobre a Venezuela. Até aquele dia de extensa aula, a única visão que tinha de nosso grande  vizinho ao norte, eram cartões postais de centenas de postos de petróleo espalhados pela Baía de Maracaibo e fotos de praças bem cuidadas e com estátuas equestres de Bolívar e Sucre. Foi Hugo que me relatou o drama do povo venezuelano, espalhado por imensas favelas miseráveis no entorno de Caracas; uma cruel distribuição de renda que apenas permitia a existência de duas classes sócio-econômicas: riquíssimos, como nosso banqueiro acima e absolutamente miseráveis, todo o resto. Não havia classe média, produção, nada! A Venezuela era um apêndice dos Estados Unidos da América, como se fosse um Porto Rico ou um Havaí só que produzindo petróleo a rodo, barato e TODO exportado para os americanos, via das suas companhias petrolíferas que dominavam o mercado em um oligopólio monolítico. Hugo foi meu mentor e professor de Marxismo Humanitário, aquele que mantém o espírito crítico, não esbraveja pelo fanatismo nem comemora a "união das classes operária e campesina" com Whiskey escocês nos happy hours acompanhando a tchurma do PPS. Quando Chávez assumiu o poder, em 1998, fui tendo notícias do quê ele estava fazendo pelas massas miseráveis da Venezuela. Praticamente acabou com a miséria, sempre com programas de aumento nominativo de renda, como se faz no Brasil. Nacionalizou o que pode e empurrou as elites para seu devido lugar. Evidente que qualquer pessoa que teve saciada sua fome e aumentado seus horizontes, não se preocupou em saber o quê estava sendo feito para perenizar essas medidas. Aí Chávez, como todos os caudilhos da neo-esquerda, fez o que todos fazem: trocou as bolas, assumiu poderes ditatoriais e não exercitou qualquer planejamento para enfrentar o futuro. Castro, Stalin, Mao e todos os grandes líderes da esquerda pragmática, a seus tempos, foram diminuindo injustiças sociais seculares, garantindo um mínimo de dignidade humana à população antes desassistida, com boa educação, saúde pública e um mínimo padrão alimentício acima da linha da fome. As ações de Lula, Morales, Correia e Chávez, na América Latina, procuraram militar nesse sentido mas sempre tentados pela mosca azul do poder incontrolável e do pensamento único que leva, e levou a todos, a ditaduras muitas vezes sanguinárias, anulação dos contrários, eternização no poder, castração das liberdades de pensamento e de ir e vir. Em nome do pão, do ovo, do hospital e da boa escola, retiraram do povo o direito de sonhar com algo mais, sempre achando que o que vem depois do essencial é sempre a praga capitalista. O homem que morreu há algum temps e foi só ontem declarado oficialmente morto, teve tudo (a força do povo a seu lado) para construir um paraíso na Venezuela. Mas, como seus companheiros de socialismo bolivariano e caboclo, trocou tudo isso por um projeto pessoal de assalto e escalada ao poder a todo custo. Chávez deixa uma Venezuela incerta, sem parque industrial, importando tudo o que consume, desde alimentos pois não há agricultura nem pecuária, com uma hiperinflação já instalada, ou seja, jogou no lixo todo o humanismo que conquistou, encantado com o canto de Penélope, inebriante e embriagador, do poder a todo custo, do poder pelo poder. Como se viu, não era imortal e a incerteza paira sobre o futuro do país. Nu fundo, o Comandante não preparou a sua sucessão, como o fizeram Lula e os Castro e parecem pouco fazer Morales, Correia e Christina Kirschner. Pois é justamente nessas horas que a direita se ajeita na poltrona, dá o bote e vai tudo por água abaixo. Simples assim!

terça-feira, 5 de março de 2013

JC e Ché: similitudes e diferenças!




Ché Guevara tinha uma quedinha por Jesus Cristo, pelo menos na aparência física. Gostava de manter aquela aura de deus, um sorriso enigmático como uma Gioconda das Revoluções. Assim como Jesus foi um visionário e megalomaníaco ao enfrentar um poder imenso, mais ou menos o Império Romano à época de Cristo. Como Jesus, foi para a selva boliviana cumprir seu destino heroico enquanto o judeu foi para o deserto encontrar-se com sua predestinação. Como Jesus assumiu Ché o espantoso risco de morrer em grande sofrimento, pelo ideal que considerava o mais importante da história do universo. Todavia, enquanto Jesus suportava o mais agonizante e humilhante tipo de morte, a morte de cruz, mesmo sendo filho do Deus Vivo, obediente, resignado a seu terrível final, lançando, enquanto tinha um fio de vida, sua mensagem de salvação e perdão que se mantêm atuais até a consumação dos séculos, o Ché, mesmo sabendo de suas fraquezas humanas agravadas pela asma e bronquite crônicas, aceitou ir para a floresta respirar ares de 100% de teor úmido mas queria ser herói. Ao se deparar com a iminente e última viagem, distanciou-se de Jesus ao afirmar, a seus algozes, claudicante e amedrontado: Sou Ché Guevara e valho muito mais vivo do que morto.!Seguiram-se as balas e o silêncio. O Outro, o Imitado, voltou à vida!

Manchetes do Meio-Dia!


1) O Porta-Voz do governo venezuelano, finalmente admite que o corpo do Presidente Chávez sofreu uma nova infecção respiratória muito grave!

2) Pressionado pelo seu Advogado de defesa, ex-goleiro Bruno finalmente revela o destino de Elisa Samúdio: está há anos residindo por livre e espontânea vontade numa boate de prostitutas traficadas, em Istambul, passando férias regulares em uma caverna desabitada na Capadócia!

3) Advogado de defesa da Médica Dra. Virginia Soares de Souza, Intensivista da UTI do Hospital em Curitiba, insiste em que a ausência de conhecimentos médicos por parte do Ministério Público tem induzido a Polícia e a Justiça em erro. Informa, ainda, que a Intensivista, como o próprio nome diz, pode também ser treinada para INTENSIFICAR a morte de moribundos do SUS, favorecendo moribundos dos Planos de Doença, bem mais endinheirados e que este fato apenas é uma medida de profilaxia tanatológica!

4) No Jornal "O Liberal", 1ª Edição, da TV Liberal, Afiliada da TV Globo em Belém, um repórter, após a apresentação da "Cabeça da Matéria" pela âncora do tele-noticioso, comentando a tentativa de homicídio contra um Professor de um grande Centro de Ensino Supletivo, assim se manifestou: O Professor Fulano foi vítimas de um assalto feito em seu gabinete de trabalho. Aqui está chegando o Delegado da Polícia Civil responsável pelo caso: Doutor! Existe uma câmera de televisão na sala mas sabemos que ela estava desligada ou sem funcionar. Será que se estivesse funcionando ajudaria alguma coisa nas investigações? Se eu fosse o Delegado, mandaria esse imbecil, pelo menos, à merda. Mas o policial foi polido e disse apenas um lacônico CLARO! Ao fechar a matéria, o clarividente repórter afirmou que o assaltante DISPAROU SEIS DISPAROS na vítima, à queima roupa, mas só três acertaram........ Meu comentário: Desde que a Globo conseguiu dispensar os Diplomas de Jornalista e Radialista para o exercício da profissão, visando permitir a gênios do microfone como Falcão, Arnaldo, Wright, Gaciba, Junior, Casagrande, Caio Ribeiro pudessem atuar sem o imprescindível preparo profissional e reserva de marcado aos profissionais que ralam suas bundas quatro anos numa Faculdade de Comunicações, ´pode tudo, né? Com a palavra o Organismo Profissional da Classe!

Solução brasileira!


Ouvi de manhã que nosso governo está mandando, só este ano, 100.000 brasileiros para estudarem no exterior. Ouricei-me pois sempre fui um defensor intransigente do aperfeiçoamento e incremento à criação de cientistas no estado da arte da ciência e da tecnologia universais. Essa política ajudou a alavancar o desenvolvimento da Coréia do Sul e o crescimento da Índia. Muitos deles vão doutorar-se em prestigiadas universidades. Cheguei a babar, nunca de inveja, mas de respeitosa admiração pelos que vão e, se Deus quiser, voltarão. Sei de nossas mazelas na educação fundamental e básica, mas uma coisa não pode excluir a outra. Ocorre que há um problema terrível: o nível do inglês falado pelos candidatos não é condizente com o solicitado pelas escolas. Aí criamos mais uma solução à brasileira: ao invés de promovermos imersões de muitos meses, preparatórias, a CAPES deu um corte na nota mínima exigida, para 6,5, ou seja, 65% da expectativa que as universidades estrangeiras têm de nossa fluência no idioma universal. Nessas horas, aí sim, nutro uma imensa inveja das populações de países como Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia e outros menos votados: foram colonizados pela Inglaterra. O quê significa isso? Suas crianças são alfabetizadas em Inglês enquanto as nossas o são em Português, idioma usado, na Guerra do Pacífico, como código secreto, tão conhecido que era! Simples assim!

A disputa pela disputa!


Espírito de emulação significa incentivar um sentimento que incute a tentar igualar-se a outrem ou superá-lo em mérito. As Olimpíadas amadoras eram nada mais além disso. Sempre me pareceu meio estúpido por em liça medieval concorrentes pelo desempenho em alguma arte ou produto da estética. O "famoso" Oscar nada mais é que tentar criar um pensamento único ou da maioria sobre o desempenho de algum criador ou artista, obviamente sobre a performance dos demais não premiados. Pelos discursos insanos percebe-se que o ego dos vitoriosos é içado aos picos do Himalaia (pouco mais de 8.000 metros, no Everest) e o dos "derrotados" empurrados para as Fossas Marianas, no Pacífico e perto das Filipinas, a assombrosos 1.034 metros de profundidade. Sim, os vencidos afundam bem mais fundo do que se alçam os vencedores. É um verdadeiro estrago por, em muitas vezes, alguns minutos de extrema fama. O quê pensar quando os indicados são CRIANÇAS? Inimaginável o que pode acontecer na mente de um ser de sete ou nove anos de idade, disputando com mais três ou quatro "adversários", verdadeiros inimigos a serem cruelmente batidos. Em Hollywood a história nos passa um cenário meio nebuloso para os astros infantis. Jackie Coogan, o genial menino do antológico The Kid (O Garoto, 1921), de Charles Chaplin, teve apagada travessia adulta no meio do Cinema, terminando por personificar o Uncle Fester no seriado de televisão, A Família Adamms. Shirley Temple, nascida em 1928, foi a maior estrela mirim de todos os tempos, durante a década de 30, tendo inclusive protagonizado um fenomenal duo de canto e dança com Fred Astaire. Adorada na América e em todo o mundo, dela se aguardava uma carreira adulta esfuziante. Não conseguiu, como todos, passar de criança de cachos dourados a atriz adulta, aposentando-se em 1950, aos 22 anos, para se dedicar, depois, à carreira de Congressista (Republicana) da qual foi apeada após um câncer de mama que a levou para o ostracismo total. Brandon de Wilde, nascido em 1942, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua maravilhosa interpretação do garotinho louro do considerado maior Western de todos os tempos (Os Brutos Também Amam, Shane no original, de 1953, de George Stevens). Contracenou com monstros sagrados como Alan Ladd, Van Heflin, Jean Arthur e Jack Palance, aos dez anos de idade. Para não ser a exceção da regra não se firmou no Cinema, em sua fase adulta, parou no seriado de TV Jamie até morrer, aos 30 anos, de acidente de carro morando em Denver, Colorado, muito afastado da fama e do glamour. Macaulay Culkin, astro do Esqueceram de Mim (do um até o 220), nascido em 1980, multimiliardário, enganado pelo pai e pela mãe, preso aos 24 anos em Oklahoma City por posse de 17.3g de maconha e de duas substâncias controladas, chamadas Alprazolam e Clonazepam, alcoólatra desde os 16, literalmente sumiu do mapa. Claro que estou tentando criar, mesmo com alguns exemplos, apesar de profundamente emblemáticos, uma série estatística que, no caso, assume foros de constatação. Deu 100%. Não conheço uma escassa exceção. Mas, como sou um prolixo incontrolável, falei isso tudo só pra chegar no fato gerador de meu artigo: domingo, no Faustão, foram distribuídos os prêmios de "Maior Tudo" da TV brasileira, pois eles só vêm o próprio umbigo. Uma categoria me chamou muito a atenção: Melhor Artista Mirim (ator ou atriz). Os indicados eram aquela menina que fez o papel da Rita (Nina) ainda morando no lixão; a gordinha que também foi excelente como filha do Tufão e o menininho que faz o filho daquela múmia paralítica que exercita o papel de Morena na atual novela das nove. A câmara cortou para os três enquanto aguardavam o anúncio e estavam todos lívidos, com evidente ataque de sudorese aguda, trêmulos como decidissem suas vidas. Anunciada a vitória da "Ritinha" a menina veio em choro convulsivo, soluçando alto, absolutamente descontrolada, como se houvesse ganho o Prêmio Nobel da Vida. Faustão, com sua proverbial genialidade, cumulou a menina de incentivos sentimentalistas de almanaque e apelos baratos, justamente para que ela arrebentasse de tanto chorar e a claque explodisse nos aplausos combinados. Os outros dois indicados estavam parvos, paralisados como num raio aplicado por Flash Gordon, sentindo o amargo gosto da derrota definitiva. Fiquei imaginando quantas avenidas estavam sendo abertas, para sempre e indeléveis, na mente e no coração daquelas crianças, encaminhadas na vida para vencer, jamais para serem felizes. O mal está feito e, provavelmente, vencedora e derrotados apenas acrescentarão exemplos na alquimia dos artistas mirins que viram nada ao crescerem. Que o diga a Bruna Marquezine, genial intérprete da Salete que chorava oceanos aos sete aninhos em Mulheres Apaixonadas e hoje já está completamente envolvida pelo craque: dorme e acorda com o Neymar!

As perguntas que nunca querem calar!


Tenho sempre me martelando uma perguntinha que insiste em não calar: Por quê usar nos milhares de games que se criam diuturnamente no mundo, personagens e ambientes de guerra, morte e destruição? Por quê fornecer bônus à quantidade de inimigos mortos, cabeças rolando ou sangue derramado? Não seria possível criar jogos eletrônicos com o objetivo de achar uma flor silvestre raríssima ou encontrar e salvar animais em extinção? Quem sabe vôos de balão para identificar prendas em meio aos mais importantes parques ecológicos ao redor do mundo? Evidente que não sou idiota pois sei a resposta só não a manifesto pra não ser alvo da brutal indústria da morte: armas, guerrilhas e guerras! Se o malandro soubesse como é fácil ser honesto, seria honesto só por malandragem. A disseminação, entre as crianças, de uma cultura ecológica e preservacionista, desde cedo, quando as mentes ainda são tábulas rasas e prontas a receber (boas ou más) informações e construir valores (éticos ou desonestos), obviamente criaria gerações virtuosas e isso não interessa ao stablishment. Parece uma ideia recorrente que também me assalta: toda a vês que passo na frente das dezenas de academias em meu cotidiano urbano, ouvindo batidas de ferro, gemidos e muito suor espalhado, imagino como seria bom que instalassem, nos subsolos, acumuladores e baterias para armazenar a energia elétrica proveniente de tanto esforço, ligadas a transformadores nos postes de eletricidade. Pelo menos 10% da energia pública das hidro e termo elétricas seria economizada. Além disso, haveria uma razão além da busca da boa estética, para tanto esforço dispendido!

segunda-feira, 4 de março de 2013

Cantinho da Poesia


Não sou nem nunca fui poeta. Mas o brasileiro sempre se acha um pouco médico, técnico de futebol e poeta. Dentro desse diapasão cheguei a escrever um livro, obviamente não publicado como quase todos os meus "livros", do qual resolvi, de quando em vez, pinçar alguma coisa no ramo. Se levar muita paulada, peço perdão antecipado. Se alguém gostar, de vez em quando vou soltar mais alguma coisa, de três em três. São três poemas de tema amor. com algum cuidado de rima e ritmo, bem na contra-mão da poesia contemporânea. O quê fazer?

FADO DA VOLTA (UM SONHO IMPOSSÍVEL)

Quando acordei ontem
Te vi ao meu lado
E cantavas um fado
Alegre e sereno
Negação do próprio som
Que nasce triste e ameno
Nas terras d’além-mar.

Na euforia dessa volta
Meu sonho se encurta
E se solta,
Amando em tom maior.

Mas, dissonante desperto
E do lado, o fado estreito,
Não és tu é meu peito
Que insiste em respirar.

ABORTO

Por esta vez inusitada
Cada lágrima que descia
Meu rosto abaixo
Era um pedaço que eu paria
Do amor sem dizer nada.

Colhia fragmentos de alma
Que não mais habitam
Essa morada.

Que pena o não poder
Reter em minhas entranhas
Um ser diferente
Que pulsa ao sabor
De montanhas nunca dantes escaladas.

E se comigo chora
Esse momento inarredável
Mais reclamo o aborto inexplicável
Que explode de dentro p’ra fora
Arrastando o alento que inda agora
Se fazia certo em minha estrada.

De repente vem o tempo
E estanca a hemorragia
Ensinando ao sangue
O caminho de volta ao coração
E de antemão me preparo
P’ra sangrar novamente
Até quedar inerme
Esperando um primeiro verme
A livrar o mundo
Do meu enfado.

Mas enquanto se passa
Esse tormento
Decerto que o vento
Não pára de soprar
E então o corpo se endireita
E a alma espreita
Um jeito de ressuscitar.

Se rasga o ventre da terra
E por dentro dos destroços
Renasce um fogo sem remorsos
De arriscar-se a morrer de novo.

Esse é o sentido da vida,
O âmago deflorado do sofrimento :
Não importa a dor do sentimento
Mas há que resguardar
As cinzas deste parto, 
Os restos corroídos desse incesto
Que alimentou o inverno inacabado.

Assim, dessa maneira inglória, 
muito pouco gloriosa,
Eu e tu seremos história
Resgatando do peito fatigado
Uma vontade de amar bem teimosa.

E amanhã quando a neblina
Avançar sobre os meus caminhos
Não diga eu
Que por medo de espinhos
Jamais colhi uma rosa.

SÓ PRANTO


Em meio às teias da noite
Quando desce a cortina e o espetáculo se faz
No ambiente do coração e da mente,
Sendo o público presente
Nada mais que a própria alma,
Tu vens e me perguntas por quê choro ?

Choro de alegria
Pelo fato de estar contigo.

Choro de tristeza
Pelo caráter finito do tempo.

Choro de surpresa
Pela dádiva inesperada.

Choro de emoção
Pelo espanto presente
No amar de novo.

Choro de aflição
Pela impossibilidade de mudar
O caminho que ele terá.

Choro de ambição
Ansiando que ele seja
Mais do que será.

Choro de fingimento
Para que penses
Que não choro por ti.

Choro com sinceridade
Por minha incompetência
Em saber as regras do jogo.

Choro de prazer
Ao constatar que vou sentir
Tudo de novo.

Choro de medo
Do caminho que volto a trilhar.

Choro de dor
Pelo sangue que verterei
Na jornada.
Choro pelo calor
Que amornará meus sonhos.

Choro pelo frio
Que grassa nos momentos
Em que se quebra a ternura.

Choro pela doçura
Que decerto envolverá
Meus carinhos.

Choro pela servidão
Inerente à paixão.

Choro pela escravidão
Macia que de ti virá.

Choro de alarde
Anunciando toda tarde
Que te amo outra vez.

Choro de sede
Pela antevisão de teus gemidos.

Choro de fome
Que não sacia meus pruridos.

Choro pela luz
Que de mim brota
E se encontra com a tua
No infinito.

Choro pela escuridão
Que abrigará nossos sentidos.

Choro pela razão
Que pode perturbar esse sono.

Choro pelo passado
Que nos conduziu a estar
Ao alcance de um olhar.

Choro pelo futuro
Pleno de esperança
Mas sempre tão vadio.

Choro por teus olhos
Oceanos não pacíficos.

Choro por tua beleza
Uma nave que passeia
Por galáxias desconhecidas.

Choro de desejo
O que não exige
Maiores explicações.

Choro pela alma
Que se debate em meio
Ao trauma dessa nova era.

Choro de gratidão
Pelo dia em que te conheci.

Choro como um bicho
Fiel ao capricho 
Que tudo permite.

Choro pela quadratura do círculo
Que garante minha insanidade.

Choro pela pedra filosofal
Que dá sentido
Tanto ao bem quanto ao mal.

Choro de vergonha
Desse medo que me assoma.

Choro de inveja
Dos que arriscam sem petiscar.

Choro de saudade
Da vida que sempre
Sonhei em levar.

Choro de pena
Pela vida que
Consigo levar.

Choro de incômodo
Pela covardia
Que tanto atrasa.

Choro de desassombro
Com a coragem
Que vezes me projeta.

Choro pela sabedoria
Dos insensatos.

Choro pela estupidez
Dos sábios da Terra.

Choro pela canção
Que te vai eternizar.

Choro por meu coração
Que há muito não bate,
Só apanha.

Choro pela sorte
Que passa intermitente
E quase me faz feliz.

Choro pelo azar
Do qual nada se diz
Mas está sempre por perto.

Choro pela morte
Escandaloso silêncio
Dos sentidos.

Choro pela eternidade
Tão querida se fosse em teus braços.

Choro pelo traço
Fino dos teus lábios.

Choro pelos contornos
Lógicos do teu corpo.

Choro pelos adornos
Que tanto te embelezam.

Choro pelos braços
Com os quais me sustentarás.

Choro por Deus
Que nos criou.

Choro pelo demônio
Que nos ensinou.

Choro pelo sangue
Que reaprende o
Caminho de volta ao coração.

Choro pelo filme
Pelo qual vou te lembrar.

Choro pela sanção
Gloriosa de quem ama.

Choro pelo romance
Que até hoje reclama
Sua real posição.

Choro como um traste
Condição que permeia
Minha existência.

Choro pelo desastre
Que me rouba a paciência.

Choro pela última ceia
Que toda noite terei contigo.

Choro pelo amigo
Que nunca quiz ser.

Choro pelo amante
Que assim pôde nascer.

Choro pela revolução
Da qual participarei.

Choro pela traição
Pela qual me fiz teu rei.

Choro pela paz
Extrema dos cemitérios.

Choro pelos mistérios
Acima de qualquer suspeita.

Choro pela mão
Que afaga e apedreja.

Choro pelo senão
Que passeará entre nós.

Choro pela foz
Dos rios que escondem
Seus afogados.

Choro pelo sermão
Que não convence os derrotados.

Choro pela vitória
Inglória da ingratidão.

Choro pela escória
Dos que não precisam perdão.

Choro pela glória
Dos que amaram em vão.

Choro pela insensatez
Que me fez assim
Tão descuidado.

Choro pelo enamorado
Sob a lua sempre crescente.

Choro pela história
Que te fez ausente.

Choro pelo som
Que vem das catedrais.

Choro pelo Tom 
Que se foi p’ra nunca mais.

Choro pelo presente
Que não existe.

Choro pelo tormento
Inerente a quem insiste.

Choro pela ausência
De ter o que prantear.

Choro pelo alimento
Que nos manterá despertos.

Choro pelas pendências
Que explicam esse
Tempo incerto.

Choro pelos juízos
Que de nós farão.

Choro de solidão
Em meio ao universo.

Choro pelo verso
Que escreveram por mim.

Choro como um querubim
Vagando pelo céu.

Choro pelo anel
Escrito com nome errado.

Choro pelo enfado
Companheiro velho de guerra.

Choro pela Terra
E seu destino duvidoso.

Choro pelo pecado
Que faremos tão grandioso.

Choro pelo perdão
A um juiz penitente.

Choro pelo pente
Que sempre arranja teus cabelos.

Choro pelos pelos
Que já me faltam
Nos lugares certos
E os que crescem
Nos sítios errados
E com muito zelo.

Choro pelos ministros
De todas as crenças.

Choro pelos templos
Onde Deus sequer passa perto.

Choro pelo incesto
Nascido de mal com o mundo.

Choro pelo vagabundo
Que foi escolhido rei.

Choro pelo pinheiro
Que não cresceu
Da semente que plantei.

Choro pelos dias
Que escondem 
Tão bem suas coxias.

Choro pelas noites
Com seus incessantes açoites.

Choro pelos anjos
Que cabem na ponta 
De uma agulha.

Choro pelo pulha
Que morre encostado
Em barranco.

Choro pelos santos
Expulsos da Igreja.

Choro pela chuva
Que o solo viceja.

Choro pelas águas
Que orvalharão nossas faces.

Choro pelo velho
Habitante em casa nova.

Choro pela cova
Da qual renasceremos.

Choro pelo sol
Para onde iremos.

Choro pelas cruzes
Que executam os justos.

Choro pelos sustos
Que me darás a cada instante.

Choro pelos loucos
Quebrando a lua com pedras.

Choro pelo passante
Que nem sabe que existimos.

Choro pelos sinos
Que por ti dobram sempre.

E se mais motivos houvesse
Choraria pela relva que cresce
Sem ordem nem progresso.

Choraria pelo sucesso
Que jamais aparece.

Afinal, choraria por amar
O sabor acre da lágrima ou, quem sabe, só porque
Gosto muito de chorar.