sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dicazinha do Dia

Beber para comemorar é tudo de bom quando não se mistura, a esse raro prazer, a estupidez humana. Certamente você já sabe disso mas esquece ou continua dando murro em ponta de faca. Cerveja demais empapuça e perde todo o sabor; tem fraco teor alcoólico mas, tomada em excesso, incha! Quando você perceber o primeiro sinal de que a lua está saindo do seu lugar cativo, sua cadeira parece girar ou o mundo está se movendo, pode parar imediatamente, pois, caso contrário, estará chamando o huuuuuuuugooooo daqui a pouco! Misturar bebidas é uma bomba de efeito retardado; coisas como aquele bico na cachaça de Salinas ou o gole no Stonehenge (ou seria Stonehegen?), é nitroglicerina pura, quando acompanham uma inocente cervejinha. Bebidas adocicadas ou açucaradas sobem como foguete russo em direção ao espaço sideral. As bolinhas do Champã passam da taça ao cérebro em minutos. Ressaca é desidratação pura e simples; tomar litros de água durante ou após beber pode, talvez, livrá-lo desse incômodo. Skol pra todos!

Pensamento do Dia

Pela ordem, desejo saúde, paz e dinheiro para todos. Todavia, por experiência própria, sei que isso tudo nunca vem junto. Se você estiver convivendo com esses três valores, eventualmente, saiba que você é muito feliz e nem está sabendo, talvez procurando chifre em cabeça de égua ou pelo em ovo. Afinal, nós é que sempre acabamos estragando tudo, né?

Perguntinha do Dia

Toc, toc, toc? Se você ouvir alguém falar sim, oi ou entra, é sinal que, realmente, o mundo não acabou, ainda!

Bom dia para Nosso Guia.


Não existe assunto mais atual, porém extremamente batido, do que Lula. Entrar nessa seara, geralmente, é para descer o malho indistintamente ou defender apaixonadamente, ambos os casos carentes de descortino e razão, além de sobejos em sentimentos. Esse debate, na verdade, recua no tempo, desde a formação do caldo cultural elitista no Brasil. Nosso país nasceu sob a égide das elites e da apartação econômica, política e social. Desde a colonização portuguesa, passando pela vinda da Coroa ao Brasil, primeiro e segundo impérios e até a República, fixou-se a ideia “original”, assim como o pecado, de que o dono do solo é o dono do país. Nossas instituições sociais e políticas, nosso arcabouço jurídico, nossa formação econômica, tudo sempre nos direcionou a aceitar sem debate uma elite governante (barões da cana, do ouro, do gado, do café etc.) sobre uma massa governada, absolutamente despreparada, formada primordialmente por castas e estratos que vieram se acumulando ao longo do tempo, assim expostas na cronologia: descendentes diretos e pósteros das prostitutas e degredados, população primordial nas primeiras migrações coloniais; índios escravizados e desde então tachados de preguiçosos, dada a impossibilidade analítica de identificar os enormes choques culturais com os valores exógenos, trazidos pelos colonos; negros africanos igualmente arrancados de suas raízes, também identificados como indolentes e nostálgicos, como se fosse possível conviver-se em uma terra distante e diferente, muitos dos quais pertencentes a famílias da alta nobreza tribal e agora igualados numa camada inferior de “coisa”ou “peça”, onde lhes foi roubado o sentido de humanidade; europeus e seus descendentes, vindos para fixar residência no Brasil, portugueses, franceses, holandeses; aventureiros, piratas, corsários, ladrões das coisas pública e privada, gênese distante da massa corrupta que viceja em nossos governos, DESDE ENTÃO! Num local onde não há educação, conhecimento, inovação, ciência, afinal, o poder se define pelo direito da força e não pela força do direito e assim fomos nós acostumando-nos a esse status quo de onde foram geradas as “geniais” criações da cultura genuinamente brasileira: o corporativismo, o pensamento cartorial, os quebra-galhos, o jeitinho, o “sabe com quem está falando?”, o extremamente danoso convívio com a impunidade, com o “rouba mas faz”, com as gestões patrimonialistas (tanto dos bens públicos quanto privados) onde não existe uma fronteira definida entre o meu, o teu, o nosso e o INDISPONÍVEL! Fomos sendo dominados por esse ente invisível, combustível da plutocracia, perdendo completamente a capacidade de nos irarmos contra as injustiças e, o que parece bem mais grave, não perceber sequer que elas existiam (e existem). O núcleo da elite, sua periferia, suas crias e filhotes corporificados na classe média, na verdade, dirigiram as instituições nacionais ao seu bel prazer até que os militares percebessem que tinham armas e elas, se usadas, matam! E assim viemos, desde a República Velha, passando por Vargas (um episódio fascista-caudilhista em nossa história, só para não negar os dominós que se espraiavam desde o Prata até o Caribe), o pós-guerra e seu curto surto democrático de fachada, passando pela Redentora que durou o tempo de uma maioridade até chegarmos à Nova República de triste lembrança. Já naquele tempo, o mundo capitalista passava por sérios solavancos causados, de um lado, pelas notáveis conquistas da ciência sino-soviética e, do outro, pelos choques do petróleo de 1973 e principalmente, de 1979. Para quem sabia pensar, tinha sólidas bases intelectuais, possuía um diploma universitário honesto e bem merecido, era um livre pensador ou um autodidata (essas duas classes quase em extinção nos dias de hoje), não era difícil perceber que o mundo estava diante de convulsões tão sérias, daquele tipo que trazem mudanças inusitadas, aquelas que desenham um novo presente e não conseguem traçar, pelo menos, uma estrada visível para o futuro. Todos percebiam uma coisa e muito firmemente: como estava não podia continuar. E não continuou mesmo! Atingido em seu lado mais sensível e mortal, o capitalismo, COMO SEMPRE, reagiu rápido, marca registrada de um sistema político, social e econômico sem rosto mas UNIDO! Criou o Consenso de Washington, em 1989, fincando uma estaca na parte mais vulnerável do mundo socialista: a certeza que a base da economia do capital, o petróleo, lhe faltaria e, por inanição, estaria aberto o mundo inteiro ao chamado coletivista de Marx “Operários de todo o mundo, uni-vos!”. Não foi o que aconteceu e o gigante do norte conseguiu cooptar 69 nações emergentes, plenas de riquezas naturais (aquelas que valem o que nunca conseguirá valer um pedaço de papel pintado de verde), para abrirem seus comércios à pirataria universal, sangrando-os até que voltassem à dependência da vaca de tetas então hoje não tão gordas. União Soviética, mesmo possuidora das maiores reservas petrolíferas do mundo, nos Urais, não suportou o baque e feneceu, levando consigo o ideal socialista e, com exceção da China, legando ao mundo uma onipresença capitalista que pode perdurar por mais mil anos. Globalização foi a senha que permitiu a salvação dos Estados Unidos e Europa, ainda que permaneçam em estado de quarentena. O importante disso tudo é ressaltar que a luta entre a esquerda e a direita no Brasil, cristianizou figuras combatentes heroicas como Lula, Brizola, Dirceu e Genoíno que passaram a simbolizar, a pessoas comuns como eu, por exemplo, uma esperança, uma enorme esperança de que, algum dia, assumiriam o poder e, trazendo consigo as marcas lategadas de tanta dominação inconsequente das elites, levantariam um novo archote, pelo menos uma chama diferente, mais brilhante e pura. Convivi com isso desde 1964. Vi colegas de ensino médio desaparecerem. Assisti à prisão de Honestino Monteiro Guimarães, numa tarde de terça-feira (ou quarta, já nem me lembro) e seus gritos ainda ecoam nos meus ouvidos: “colegas, colegas, reajam! Eles vão me matar!”. Como reagir contra umas vinte metralhadoras engatilhadas e em posição de tiro. O pai de Honestino era sócio do meu falecido sogro (não o chamo de ex porque nunca o considerei assim, até por não ter tido outro). Nunca mais ele foi visto. Nunca tive coragem de me filiar a uma organização clandestina mas, morando em Brasília, um dos centros pulsantes dos ideais revolucionários, convivi com a turma do PCB, PCdoB, POLOP, AP, MR-8, VAL-PALMARES e outras siglas que me excitavam a imaginação, portando estandartes imaginários de salvação da humanidade, em que pesem as profundas diferenças até ideológicas entre elas, mais sulcadas que o próprio espaço que as separava do hediondo capitalismo cruel. Acho que minha presença e até colaboração financeira com essas entidades e guerrilheiros, urbanos e rurais, que comigo estudavam e/ou trabalhavam, acabaram me premiando com meu nome incluído nas fichas do antigo SNI. Ainda assim e podendo ter forjado uma farsa que me garantisse vantagens, nunca me apropriei das benesses do Bolsa Tortura, que transformaram ideais revolucionários em polpudos e vantajosos investimentos capitalistas. Importante lembrar que era assim que meus colegas e amigos se apresentavam: não só salvadores da pátria mas de todo o resto do mundo. Me arrepiava a figura lendária de Prestes, o Cavaleiro da Esperança; ler os discursos de Lenin, acompanhar o fim da grande Marcha de Mao, me empolgar com as vitórias de Tito sobre a camarilha nazista. Me emocionava ouvir, pelo Transglobe Philco portátil, de meu pai, com oito pilhas grandes, as notícias diárias da Rádio Central de Moscou e da Agência Nova China, em português escorreito. Estudei Marx e Engels como um celerado e apaixonado jovem. Fui mais longe, buscando nos Idealistas, desde Platão, Descartes e Hegel as bases para um mundo melhor. Passeei até pelos Socialistas Utópicos tão odiados por Marx. Ninguém imagina quanto me empolguei quando Lula apareceu como candidato à Presidência. Votei nele com volúpia. Chorei as derrotas. Não dei trela à experiência desastrada de Lech Walessa, o primeiro operário a atingir a presidência de uma república pelo voto. O Sindicato Solidariedade foi apoiado inclusive pelo Papa João Paulo II como um esteio na luta contra o Comunismo Internacional, aquele mesmo que come criancinhas. Ninguém parece ter notado, depois, os desmandos advindos dessa desastrada experiência política e administrativa sindicalista de direita. Em 2002 mudei-me de Brasília para Anápolis, eu e minha mãe, fomos morar em Anápolis, na casa do meu irmão André, com o qual sempre me alinhei politicamente. Dois pôsteres de Lula, em tamanho natural, ornavam a varanda da casa, mesmo sob os protestos de minha velha mãe, apaixonada pela postura de dândi de FHC. Aliás, eu, André e a maioria do povo brasileiro como nós, criada e educada em meio a esse caldo que descrevi, já estava fatigada dos oito anos de desmando da gestão de Fernando Henrique: a absurda privataria (não a filosofia do combate ao déficit fiscal, mas o modo como foi feita), a ausência de informações, as liberdades pisoteadas, a troca de lado de um homem que mandou esquecerem o que ele tinha escrito, um colega professor que nos encheu de orgulho na primeira hora; a compra do Congresso Nacional para todas as “Reformas”; a ausência de CPIs; a definitiva “abertura de nossos portos”, agora veias e artérias, à deslavada invasão do capital internacional. Sim, todos estávamos absolutamente cansados de tantos desmandos. Nem bem tínhamos saído dos cinco anos de cofres assaltados na gestão Sarney e pisoteio da ética por Collor, agora enfrentávamos o maior roubo aos direitos adquiridos presenciados pelo Brasil. Paralização dos reajustes salariais do serviço público; estávamos, literalmente, à míngua e isso carregou nossos anseios ao pico do Everest das ilusões. Choramos juntos, de emoção explodida, eu e meu irmão, todos os pelos do corpo eriçados, quando a voz grave de Lula estrugiu: “A esperança venceu o medo!”. E nós acreditamos! Uns quinze dias depois, com o pacto de apoio às políticas neoliberais, a escolha do ministério harmonizado com a banca internacional e outras medidas desse tipo, fomos tirando os estandartes, abaixando as bandeiras, trazendo na boca um leve sabor acre de que tínhamos sido enganados. Pipocavam as notícias sobre o abandono do barco por velhos petistas, amigos de primeira hora, no caminho do PSOL de Sabá, Luciana Genro e Heloísa Helena e outras fugas estratégicas, quiçá antevendo os escândalos que viriam. O governo foi se aprofundando na mesmice da direita misturada com gastanças “sociais” de  falsa esquerda, perpetradas pelas ONG’s, OCIP’s, MST, Bolsas de todo o tipo e ornadas pela ausência de planejamento, inchaço dos gastos públicos e, principalmente, a politização de bolsões de excelência (nos quais nem FHC tivera coragem de mexer) como a Petrobrás, Eletrobrás, Embrapa, BB, CEF, IPEA, e outros campos minados, que começaram a destruir pela base uma gestão sem princípios. Daí ao descalabro do Mensalão foi um pulo. Sou um homem pobre, um sem-terra, sem emprego, quase sem esperança. Ainda nada ganho das riquezas que amealhei para os inúmeros governos aos quais servi, pois minha aposentadoria está marcada para início de janeiro de 2013. Nada ganhei da nação exceto a contrapartida financeira mensal aviltante  pelos trabalhos relevantes que a ela prestei em inúmeras passagens pelo serviço público. Não sonego tributos. Nunca roubei um centavo do meu país e jamais ingressei em esquemas de corrupção mesmo que tenham tentado me cooptar para tal, inúmeras vezes. Não tenho propriedade da terra nem sobre meu eventual túmulo. Baseado nisso, possuo isenção, estudo e conhecimento para não aceitar, com facilidade, as teses que avultam, pró e contra Lula. Sei o que as elites pretendem, mas também sei que Lula enriqueceu a seus laranjas e filhos até a última geração dos Lula da Silva. Não preciso citar fontes ao reconhecer que mensalões existem no Brasil, pelo menos a partira da aprovação de uma Constituição parlamentarista, desde 1988. A hipótese da governabilidade, em que pese seu realismo, não pode possuir o condão de justificar bandalheiras de toda a jaez. Repilo as teses de que Lula é um santo, que o Mensalão nunca existiu e, mesmo tendo existido, é justificável por ajudar a manter no poder uma esquerda que tirou milhões de brasileiros da miséria absoluta, aumentou o tamanho da classe média e ajudou os perseguidos ao redor do mundo inteiro. Lula não pode ser justificado pelo seu passado. Homem público nenhum só pode e deve possuir o passado como base invariável de defesa de sua intocabilidade histórica. O presente julga os homens públicos, TAMBÉM E PRINCIPALMENTE. O fato de Lula ter passado pouco menos de um mês numa cadeia onde foi tratado a pão de ló e, como um novo Hitler, idealizou sua luta de persecução ao poder, base de sua “kampf” de assalto aos cofres da nação, não pode explicar uma eventual impunidade atual. Se FHC praticou Mensalões, deve ser julgado e punido pela mesma Corte que expôs Lula e seus asseclas, descarnados, em praça pública. Aos que o odeiam por ter pouca cultura e não possuir o mesmo it de FHC, minha misericórdia por sua ignorância e do mesmo tamanho dos que hoje ainda colocam este último em um altar, apenas por ser culto, bonitão e bem falante. Para mim ambos são exatamente farinha do mesmo saco, vindos de classes sociais distintas, aliás, a única diferença que viceja real entre eles. Levantar a tese esdrúxula de que o Mensalão é produto da mídia direitista hidrófoba, joga na mesma cova rasa os índices de analfabetismo e a alta cultura jurídica brasileira, espelhada por uma suprema corte quase toda ela escolhida e empossada justamente por Lula e Dilma. Achismo não é ciência. Não existe opinião formada sobre quimeras: sim, o Mensalão existe e ainda está faltando punir seu genial idealizador: o ex-Presidente Lula, o Grande Irmão, salvador da pátria, Nosso Guia, o segundo e maior cavaleiro da esperança, o blefe da História. Evidente que esse julgamento e a eventual punição ocorrerão sob a égide das elites intelectualizadas do Brasil, da mesma forma que o era no tempo das Capitanias Hereditárias. Perdão, QUASE DA MESMA FORMA. Afinal, fosse naquele tempo, Lula, Dirceu, Genoíno e outros gênios da lâmpada teriam sentido o gosto da corda num cadafalso qualquer em Vila Rica. E com direito a ter seus corpos esquartejados, salgados e colocados ao longo das estradas mal cuidadas que demandam à Ilha da Fantasia de todos eles: Brasília, também a Capital da Esperança. Portanto, sinto nojo todas as vezes que separam Lula e FHC em vasilhames distintos. Asco quando vêm defender o indefensável e repugnância pela blindagem que talvez salve esses bandidos de uma punição exemplar. Tenho Direito, com D maiúsculo, a julgá-los usando meu padrão e meu exemplo. Simples assim!. 


sábado, 15 de dezembro de 2012

Mau dia para a violência inexplicável.


Ah a violência inexplicável. Tem sido difícil entender o que está se passando nos Estados Unidos com esses constantes e brutais ataques a escolas fundamentais, high schools, universidades, parques, lanchonetes, postos de gasolina e outros locais públicos. Me lembro que esse funério modismo começou em 1º de agosto de 1966, quando 14 pessoas foram mortas e 31 feridas quando um ex-Major dos Marines, Charles Whitman, subiu na torre mais alta da Universidade do Texas, em Austin, e se serviu com a mira telescópica de um potente fuzil. Antes já havia matado sua mãe em casa a facadas. Então tinha 16 anos e me lembro que fiquei estupefato com o ocorrido, principalmente com os detalhes sobre o armamento e a incalculável quantidade de munição encontrados em sua posse, após ser morto por policiais. Desde então penso que não se passam um ano sem que enfrentemos episódios assemelhados e no mesmo país. A coisa cada vez toma aspectos mais grotescos. Quando comecei a pensar seriamente sobre o assunto, ainda o fiz sob a lógica maniqueísta sob a qual fui educado. A eterna luta do bem contra o mal. Na Carta de S. Paulo aos Romanos está bem clara a luta permanente do homem contra os principados e as potestades do ar, muito em razão da carne militar contra o espírito e o espírito contra a carne. Santo Agostinho, um ex-maniqueu declarado (Ordem da qual faziam parte os maniqueístas), só se alfabetizou aos 33 anos e logo leu justamente a Carta aos Romanos. Sua pregação, já que diferentemente de Santo Agostinho (um intelectual do Alto Clero) era um vibrante orador para as massas incultas e membro do Baixo Clero, possuía o arroubo do medo e da ira contra Satanás e os Infernos, muita vez sobrepujando o amor a Deus, criador de todas as coisas e que, teologicamente, teria gerado ou pelo menos permitido a proliferação do mal, conforme o Versículo sete, do Capítulo 45, do Livro do Profeta Isaías, que diz: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. Ora, como pelo meu finito e falho conhecimento não consigo explicar essas coisas e muito menos possuo sabedoria espiritual para entender a permanência do mal num mesmo ambiente com o Deus onipotente, abandonei de propósito essa parte da minha análise. Passei para a segunda razão mais plausível e criticada muito pela minoria espalhafatosa dos antiarmamentistas norte-americanos, corporificada na facilidade da compra legal de armamentos, constitucionalmente permitida naquela Nação. Na verdade a maioria silenciosa daquele país possui armas e, muitas vezes, muitas armas em casa. Caçam com os pais desde bem novos; praticam tiro ao alvo em zilhões de clubes especializados; desde a segunda guerra mundial já devem ter invadido uns cinquenta territórios estrangeiros. Na verdade basta ir lá, frequentar um lar americano, para se perceber a belicosidade imanente ao povo americano. Parece óbvio que a proibição de venda de armas seria tapar o sol com uma peneira de poros bem largos. Quando aqueles lunáticos decidem praticar essas asneiras não precisam usar armas específicas. Três bombas caseiras ou bananas de dinamite fariam o mesmo efeito; além disso eles têm fácil acesso a produtos e gases mortais. Em última análise, teriam esquecido o episódio da Lei Seca, aquela que proibiu o fabrico e comercialização de bebidas alcoólicas. Na verdade jamais se bebeu tanto na América. Tudo proibido excita a clandestinidade e já imaginaram a proibição de armas lícitas nos Estados Unidos a hecatombe que criaria no tráfico de armas? Quem alimentaria a indústria armamentista norte-americana, incentivadora do uso dessas máquinas mortíferas? Se eles mal conseguem resolver a proliferação de drogas ilícitas e os problemas com o terrorismo local, imagina incluir mais esse item na agenda de pavores e ilicitudes americanas. Também abandonei esse diapasão! Não me parece que a presença de armas seja causa estrutural de tamanha violência, quando muita, uma das causas conjunturais, algo como a ocasião fazer o ladrão. Passei então a perscrutar os intricados labirintos da mente humana, aqueles onde habitam os medos, pavores, taras, iras, neuras, psicoses, neuroses,  bullyings mal resolvidos e quejandas. Desconfio que fiquei ainda mais distanciado de uma resposta que apascentasse minha alma. Também por aqui e em todos os países do mundo essas coisas acontecem e, quando explodem nessas imbecilidades pragmáticas de sair abatendo criancinhas como cachorros hidrófobos, contam-se os casos: aquele na França; aquele outro na Noruega (ou terá sido Finlândia?); um outro na Alemanha, talvez dois na Inglaterra e acabou! Pouco para cotejar com as centenas de exemplos na América do Norte. Quase sem outros elementos de análise, senti que algo incomodava lá de longe; coisa do tipo do grão de ervilha colocado sob vinte colchões onde dormiria uma princesa, para ser testada, no conhecido conto de Hans Christian Andersen “A Princesa e o Grão de Ervilha”! Será que essa insanidade tem algo a ver com os valores da modernidade? Aí fui lembrando da propalada, mas evidente, degradação moral da América. Aqueles valores fundamentais (sem ser, necessariamente, fundamentalistas) que criaram esse gigante, há muito estão se esfacelando ou já esfacelados pelas posturas atuais. Lá começaram as crises na adolescência; os quartos fechados e os direitos à privacidade de meninos e meninas despreparados para a vida; a facilidade da “ficação, da banalização da perda do cabaço, de meninos e meninas; a fuga às escolas dominicais; a vergonha até dos pais irem buscar filhos na porta dos colégios; o descaso para com a moral; a proliferação do homossexualismo de ambos os sexos; a convivência promíscua com as drogas e, principalmente lá, a pior delas: o álcool! As armações ilimitadas e as malhações; as baladas, raves, hip hops, nets, redes e tudo o mais que, de uma forma ou de outra, aparta os adolescentes da vida em família, aquela que lhes transmitiria princípios, práticas, culturas e valores partilhados por todos em um ambiente sadio. A aversão a Deus e a qualquer freio de ordem ética. A cultura do imediatismo; o abandono dos pais aos lares, para a labuta diária em um mercado autofágico. A educação informal através da televisão e das babás semianalfabetas. A substituição dos brinquedos de madeira, educativos por videogames de monstros e assassinos intergalácticos e, notadamente, perseguições nos becos, vielas e nas guerras imaginárias. Os pontos contam-se pela quantidade de cadáveres deixados no chão. Exatamente como os neo-Charles Whitman fazem: mortes desenfreadas; assassinatos sem ódio; abate de inimigos que nada fizeram para merecer tal qualificação. Sei não, mas algo me diz que, aos 49 do segundo tempo, afinal estou trilhando um caminho lógico, não para explicar mas, pelo menos, para entender o que movimenta uma mente tão doentia. E, como tudo que viceja por lá se transforma em objetivo imediato aqui, temo por demais que também esse produto seja incluído em nossa cesta de importados americanos. Simples assim!

Dicazinha do Dia


Ao ler uma comunicação formal de um chefe ou colega de trabalho dizendo: Desejo receber sua ficha de informações, bem como um relatório acerca de sua atividade laboral do último tríduo. Valho-me do ensejo que esta me oferece para apresentar-lhe meus sinceros protestos de distinto apreço e elevada consideração, subscrevendo-me atenciosamente, Fulano de Tal. Saiba que ele poderia ter dito isso tudo num texto conciso, como o exemplo adiante: Solicito remeter sua ficha de informações e relatório de sua atividade nos últimos três dias. Sds, Fulano de Tal.

Pensamento do Dia


A vida ainda é um projeto bom, mesmo com tanta maldade que se pratica durante uma existência. Ainda que seja difícil acreditar nisso, há que preservar, para sempre, um humilde cravo de defunto para que cumpra sua finalidade. Enquanto houver um casamento numa igreja, com véu e grinalda; uma família com pai homem, mãe mulher e filhos; um batizado com toda a pompa e circunstância; um noivado com aliança na mão direita e, principalmente, consternação pela quebra dos laços que mantêm vivas essas tradições, a terra prosseguirá com sua finalidade!

Perguntinha do Dia


Por que será que o jornal Asahi Chimbum, de Tókio, publicou uma preocupação das autoridades das províncias de Nagoya e, agora, de Yokohama, dando conta de uma rápida e inexplicável elevação dos índices de criminalidade nessas regiões, especialmente batimentos de carteira, descuidismos em geral, perturbação do sossego, destruição do patrimônio público, uso de becos e vielas como sanitário, além da proliferação de um dialeto inexplicável e ininteligível dentro do metrô, nos bares, hotéis e vias públicas? 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Dicazinha do Dia

 Tem certas expressões que se transformam em verdadeiros mantras e passam a ser usadas por muita gente, o tempo todo. "A nível de" é um ótimo exemplo disso. O uso dessa expressão, galicismo mal traduzido de "au niveau de", seria melhor traduzida por "em nível de", cujo uso também não se recomenda por ser pedante e empobrecer o discurso. Quando for tentado a falar algo como..."A implantação do Projeto a nível de Brasil" basta simplificar e substituir por...."A implantação do Projeto em todo o Brasil (ou no Brasil)"....

Pensamento do Dia

 Deus criou o universo; o resto é feito na China!

Perguntinha do Dia

 O que será mais difícil: dar à luz a um baby de 6 kg em parto normal ou esperar a luz chegar a fórceps nos apagões diários deste país?

Bom dia aos milagres inexplicáveis.


Tem coisas que, racionalmente, não dá para explicar. Titubeei muito antes de relatar esses fatos relacionados com sono e estradas, pois sei que pouca gente acreditará em mim. Mas não sou um contador de causos ou contista ficcional; sou um memorialista com lembrança de coisas que até eu duvido dos tantos detalhes. Em 1968 e como apaixonado por futebol, o Brasil vivia, nesse campo, uma pletora de timaços: o Santos de Pelé, o Cruzeiro de Tostão, o Internacional de Falcão e Figueiroa; o Botafogo de Gerson, Jairzinho e Paulo César Caju. Era um prato cheio! Morava em Brasília e tinha um Gordini II, beije Itapeva, ano de fabricação 1967. Era quase novo e eu amava esse carrinho. Mas amava mais o futebol. Me acostumei a viajar os 825 km que me separavam de Belo Horizonte, só para assistir Cruzeiro e Atlético e me deleitar com a genialidade de Tostão, Dirceu Lopes, Hilton Rodrigues, Raul, Natal e Piazza (tinha também Wanderley, Amauri, Buião e Ronaldo do Atlético mas que sempre perdiam). Também não deixava passar um bom clássico no Rio, com meu Vasco da Gama, me arrastando pelos 1.150 km até a Cidade Maravilhosa. O programa já estava traçado pela repetição de todos os passos: saída de Brasília, às 20 h de sexta-feira, chegando ao Rio entre 12 e 13 h de sábado. Geralmente levava um amigo comigo (Heitor, Luciano, Vladimir, Araripe etc.). Nessa viagem levei o também vascaíno Vladimir Meirelles de Almeida (hoje deve ter 65, minha idade e já estar aposentado da Câmara Federal). Ao cruzar o túnel novo já ia direto para a Farme de Amoedo, em Ipanema, para pegar o Araripe, quando estava no Rio com a família. Praia até 17 h, almoço ajantarado na casa da Tia Lucy, uma sonada até 23 h e direto pra balançar o corpo no Le Bateau. De manhã praia, almoço por lá mesmo e 14h todos ao Maracanã pra curtir a Selefogo, em que pese a raiva que ela me causava naquele tempo. Saída do Maraca às 18:30 h, jantar na rua e...tome Le Bateau de novo até às 04 da matina de segunda-feira. Saiamos direto para estrada e fosse o que Deus quisesse. Nesse dia específico chovia a cântaros e fomos até Ipanema deixar o Araripe. Só se enxergava algo com meio palmo na frente do nariz pois a chuva era daquelas violentas. Tomado o caminho do aterro, Vladimir se espichou no banco de traz apesar de meus ingentes apelos para que não dormisse, viesse bater papo comigo, justamente para evitar as cochiladas. Só ouvi o ressonar do amigo, uns trinta segundos depois. Colhi água da tromba d’idem e lavei meus olhos para evitar fechá-los. Já na Avenida Brasil flagrei uma pescada que deve ter durado uns 40”. Entrei na Dutra à direita, já na Baixada e pescando o tempo todo. Parecia que ia de olhos abertos mas, só muito tempo depois, percebi que viajei essa parte toda que estou contando, DORMINDO INTERMITENTEMENTE. Vi passar a primeira entrada de Petrópolis, logo no meio da serra; passei pela do Belvedere, tudo dormindo até que pensei: tenho que entrar na próxima se não impossível pegar a Estrada União e Indústria (também conhecida como BR-3, onde agente morre mas a gente corre também), que demandava Juiz de Fora na qual vencíamos 200 km em quatro horas. Num tempo que não posso precisar, a chuva desabando tudo em volta, vi uma placa escrita “Entrada de Três Rios a 10 km”. Exultei! Pombas já tô no caminho de Brasília. Nesse exato momento apaguei sem antes lembrar um último pensamento: Não posso entrar em Três Rios pois vou perder muito tempo. Saí de Ipanema cerca de 4:30 h. Não olhei no relógio nesse instante mas estava escuro como um breu. Aí, literalmente apaguei! Nem mais as intermitentes acordadas para não bater na traseira dos outros ou voltar para a minha mão, aconteceram de novo. Dormi o sono dos justos até........ acordar de susto com um barulho ensurdecedor que vinha da parte debaixo do carro. Dei um pulo mas o cinto de segurança (usava na estrada) me prendeu ao banco. Vladimir acordou de um salto e perguntou: o quê aconteceu? Eu disse: Não sei, acho que entramos em Três Rios por engano (isto porque estávamos trafegando em cima de paralelepípedos, daí o barulho). Lá na frente foi tomando forma uma construção bonita, grande e nós fomos aprumando o olho e nos aproximando. Eram 7:45 da manhã, a chuva cessara, o sol já estava quente e a construção foi tomando contornos e formas até pararmos junto ao meio-fio, sairmos do carro morrendo de rir. A construção agora era nítida e a placa na frente dizia: Museu Imperial de Petrópolis!!!!!! Como, não consigo entender,  passeei nos braços da morte, por cerca de três longas horas, dirigindo um carro em sono profundo e como dei uma volta de 180° em uma estrada federal sem ser esmagado, ficará sempre no imponderável. Justamente por isso decidi dividir essa loucura com aqueles que me leem. Simples assim!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Bom dia para a invasão cultural


Dia 31 de outubro passado vinha eu pela rua pensando na vida e na morte raspando minhas goiabinhas (como diria Primo Altamirando personagem de Stainslaw Ponte Preta, genial criação de Sérgio Porto), bem pra lá de Marraquesh quando, de repente, tomei um susto e tive alguma dificuldade em fixar o olhar numa leva de crianças que vinha se aproximando em sentido contrário, fazendo um alarido de bando de araras ao anoitecer. A pupila meio dilatada com meu olhar antes semicerrado, não ajudou na nitidez da imagem mas, em fração de segundos que me pareceram meio século, percebi que era uma vara de vampiros com vistosas capas pretas de cetim; bruxas da Branca de Neve, com nariz preenchido de verrugas; crâneos ensanguentados com machadinhas enfiadas até o encéfalo; assassinos da “Hora do Pânico” com aquela máscara insensível e a boca aberta meio metro em direção ao peito; muitos Jasons, inúmeros lobisomens; uma porrada de cadáveres insepultos ao estilo de Thriller, um horror! Quando a caterva passou por mim, meio tonto e sem saber o que estava se passando em minha volta, de repente me brilhou a centelha e me flagrei pensando: What a hell! What is this! Just a minute.....ho ho ho they’re enjoying the halloween! Oh my gosh! Sim, para uma invasão cultural desse jaez só pensando em inglês, idioma oficial do Brasil atual, pelo menos nos vídeo games, nos desenhos, nos mangás, nos filmes, nas músicas, em tudo. Claro que para um idioma se internacionalizar a ponto de substituir a língua original dos povos, só mesmo abrindo as artérias do cérebro e do coração, de toda uma nação, para trocar todo o sangue de nossa então rica história. Dormi naquele dia com um horrível gosto de derrota na boca e saudade, muita saudade: do boto, da boiuna, da Iara Mãe d’Água, da Mãe do Rio, da Matita Perê, do Curupira, do Caapora, do Negrinho do Pastoreio, da mula sem cabeça e de todos os mitos e lendas que povoaram de gostoso pavor minhas madrugadas infantis e insones. Fico imaginando o que vai ser deste país, quando abolirem o Português e nos obrigarem a traduzir para o inglês vulgar as obras de  Camões, Eça, Pessoa, Saramago, Vinícius, Drumond, Cacaso, Augusto dos Anjos, Machado e, principalmente, os neologismos de Rosa, do tipo: Justinhamente, Nonada, Redondoso e Grugulejou! Simples assim!

Dicazinha do Dia


 Mesmo tentado, nunca escreva, ou pior, fale o pronome o(a) mesmo(a) em substituição a ele ou ela. Fui visitar a mãe do Zeca e a mesma estava doente. Prefira o caminho mais simples: Fui visitar a mãe do Zeca e ELA estava doente. O mesmo só deve ser usado em oposição a outro. No exemplo acima, como dizia meu mestre Waldyr Viegas, é de se perguntar se o Zeca teria, por acaso, outra mãe?

Pensamento do Dia


O bem parece que ainda existe! Ontem (sábado), logo depois que acabei de almoçar (na verdade, me deliciar) na Toca do Toninho, caminhando para casa, carregando um garrafãozinho de cinco litros de água em uma mão e, na outra, a quentinha do jantar e duas garrafas de cerveja para o fim de semana, vi uma senhora de uns 80 anos descendo de um ônibus. Estava com muitas sacolas em uma das mãos e uma bengala na outra. Percebi sua dificuldade em descer do coletivo, aliada ao fato de que ninguém lhe estava socorrendo. Corri até a beira da escada, coloquei o peso que eu trazia em uma das mãos, e, na outra, as sacolas que ela portava (mais pesadas do que as que eu carregava); elevei o antebraço para ajuda-la a descer. Ela pousou a bengala no chão e desceu. O meio-fio tinha uns 25 cm de altura (um absurdo) e continuei auxiliando a anciã. Quando já estávamos na calçada perguntei-lhe aonde iria. Ela me indicou o local e percebi que era exatamente defronte a entrada de meu cortiço. Vim andando com ela vagarosamente até ela me dizer, apontando para uma porta fechada: É aqui! Exatamente em frente, como ela afirmara antes. Batemos na porta e uma mocinha veio atender. Coloquei seu peso no chão e lhe disse até avista! Ela me fitou com um olhar doce mas penetrante e falou:  Muito obrigado! Quando o senhor chegar na minha idade não tenha medo que outra pessoa vai lhe ajudar como o senhor me ajudou!

Perguntinha do Dia


 Já que não existe outro assunto na TV aberta brasileira me diga lá, irmão: o fim do mundo será mesmo dia 21 ou quando o Corinthians perder no Mundial de Clubes?

sábado, 8 de dezembro de 2012

Bom dia ao ex-Ministro Mantega


Ah as mazelas do poder. Tenho escrito por demais, ultimamente, sobre assuntos relacionados com a política econômica atualmente em vigor no país. Essa insistência seria enfadonha se não fosse coisa pior. Estou vendo o Brasil se aproximar, perigosamente, de uma trajetória nítida de estagflação, o pior dos males detectados pela atual Teoria Econômica. Esse monstro apresenta dois lados: o que aparenta ser o mais fácil de intervir e que é a recessão econômica, agravada por um processo já instalado de inflação. Por trás disso tudo surge a figura de Guido Mantega, nosso Ministro da Fazenda, capitaneando uma nau em calmaria, ou seja, não consegue sair do lugar, não tem vento para movimentá-la mas, mesmo que houvesse, nunca se saberia se a levaria a um porto seguro pois, para quem não conhece seu destino, nenhum vento será favorável. FHC passou os dois últimos anos de seu governo em vertiginosa queda, também ocasionada por uma conjuntura internacional absolutamente desfavorável e que durou do ano 2000 até a metade do primeiro ano do Governo Lula. Todos se lembram do propalado “espetáculo do crescimento a partir de setembro de 2002” e que se mostrou uma piada de mau gosto. A marolinha profetizada pelo Nosso Guia, na verdade, consubstanciava a maior crise internacional de ausência de crédito, diminuição drástica do comércio internacional, recessão por toda a comunidade europeia,  além da redução do crescimento antes vertiginosos de Índia e China. Enquanto isso nosso estimado Mantega, há dez anos, segura a peteca virtual de um crescimento que nunca vem. Suas previsões mandrakeanas já começam a perturbar a comunidade econômica internacional, a ponto do The Economist ter sugerido sua saída do cargo. Não era preciso tanto. Mantega está sob processo de fritura desde a assunção ao poder, da Presidenta. Ela pode até parecer meia turrona, briguenta, machona mas, certamente, nunca foi nem nunca será burra. Tem dado ao “profeta” da Fazenda todas as chances possíveis, a corda imaginável com a qual ele está se enforcando. Algo me diz que o atual Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, há muito está engordando o olho pelo cargo. Desde os tempos de Lula que Mantega engendrou uma saída inteligente para a crise, mas muito conjuntural: a renúncia fiscal. Evidente que ela só poderia dar certo em um país que detona a classe produtiva, os assalariados, aposentados e quejandos, com a maior carga tributária do mundo. Só então a gentalha percebe que se pode diminuir IPI de muitos produtos da cesta de consumo da classe média. Da mesma forma é possível abater 20% do valor bruto das contas de luz e outras medidas. Para um país que arrecada algo em torno de três trilhões de reais anuais só com tributos, uma renúncia com data marcada tende a atingir seus efeitos e empurrar o consumo. Mas essas medidas não podem se eternizar por várias razões. Elas não têm o poder de dar ao país a infraestrutura necessária para suportar um período de crescimento real, além de estimularem um consumo exagerado criando bolsas artificiais e inflacionárias. O tal do custo Brasil existe mesmo e não adianta esses remedinhos caseiros para diminuí-lo. Quando a América do Norte entrou em depressão profunda, nos anos 30, Roossevelt chamou Lord Keynes para dar um jeito na locomotiva do mundo, então fazendo água. Ele determinou, imediatamente, a abertura dos cofres de Fort Knox, não para incentivar a compra de carros ou produtos da linha branca; ele criou um processo inflacionário dirigido e usou a grana toda para construir e reforçar a imensa infraestrutura que ainda segura aquele país até os dias de hoje. Estradas de ferro, de rodagem, eclusas e vias internas navegáveis; indústrias de base, muita construção civil, portos modernizados, silos, armazéns, estradas vicinais enfim, preparou a nação americana para ter um invejável parque de sustentação no momento em que o crescimento normal da economia precisasse dessas obras e a inflação pré-fabricada fosse engolida pelo desenvolvimento (não apenas crescimento) e suas benesses, enquanto a economia avançava rumo ao pleno emprego. Tudo o que NÃO É FEITO NO BRASIL! Evidente que a repetição dessas medidas,  sempre conjunturais,  não criam uma estrutura duradoura que incentive o empresário a investir em sua planta. Sem altas taxas de investimento não há economia que resista e, muito menos, Ministro da Fazenda que se eternize no cargo. Dilma deve saber que, ou pelo menos deveria, que essas miragens que Mantega empurra goela abaixo do povo, mas também do Governo, não seriam sustentáveis nem ao menos factíveis. Se a Índia cresce a altíssimas taxas, é porque, logo após a morte de Gandhi e já sob o comando de Nehru, gastou toda a arrecadação do país para mandar seus jovens para a Inglaterra, onde se formou a maior plêiade de Mestres, Doutores e Pós-doutores que se tem notícia na história recente do mundo. Essa catervinha apenas criou clusters de desenvolvimento do CONHECIMENTO e a Índia, hoje, detém mais know-how em ciência da computação que o Japão. Se a China cresce a níveis espantosos, é porque lá não tem PT, CUT, Sindicatos nem CLT encarecendo os produtos. O custo da mão de obra é simbólico, quase zero. Pelo menos 30% de toda a mão-de-obra chinesa não é contratada; dela fazem parte os enormes contingentes de presos políticos que trabalham em troca de comida, pouso e uniformes listados. Além disso, a política fiscal desses países é subvalorizar artificialmente as moedas nacionais frente ao dólar, fato que lhes permite inundar o mundo com quinquilharias que lhes rendem trilhões de Yuanes, Rúpias o cacete a quatro! Enquanto isso, no Brasil, tudo é  sucateado e mais caro; não há infraestrutura. Nossas Universidades têm pífia produção de saber, com raríssimas exceções. Como podemos crescer se o alicerce do crescimento é podre? Mas aí vem o mágico de Oz e fica jogando para um mercado saturado de merdas desse tipo, previsões de crescimento de 4,5, 6 ou 8 por cento, quando todos sabem que chegaremos rateando a UM POR CENTO este ano. Nosso centro de meta inflacionária é de 4,5% enquanto já atingimos 5,08. Mas aí tem a banda com dois pontos percentuais acima, só para prosseguir salvando burocratas inconsequentes como o Mantega. Não acredito que Dilma não perceba que não vamos resistir à passagem desta década com nossa infraestrutura mambembe e capenga. Tirar Mantega é questão de tempo. Geralmente já está pronta a velha Reforma Administrativa que, neste país, apenas significa troca de nomes no primeiro escalão. Porra, você pode colocar o Margarena, o Crime de Leche, ou o Iogurtom no lugar do Mantega que nada vai mudar estruturalmente. Poderíamos começar a sair da draga pelas reformas que ainda faltam: Fiscal, na Educação, Política e outras básicas para tornar o país competitivo. Mudar a mentalidade do múnus público para o serviço ao invés de “servir-se” dele. Até hoje não entendo porque o Lula manteve o sistema de câmbio flutuante, atendendo aos ditames do mercado, estandarte da era FHC, para funcionar em um país onde nãos se consegue deter a corrupção generalizada e melhorar nossa segurança, especialmente de fronteiras para evitar o fluxo de entrada de contrabandos. Sempre armas e drogas serão a pior coisa do mundo, mas não as púnicas. A sangria causada pela inundação de nossos mercados pelos produtos pirateados parece ser a base de quase todos os desmandos. Os Shoppings de produtos chineses a céu aberto; a benevolência com o Paraguai; a postura de país líder da América Latina e das neo-colônias africanas, parecem fazer o gosto da neo-esquerda mas arrebenta com muita coisa aqui dentro. Será que todo o brasileiro, principalmente o que está morrendo de fome e sede nos desertos nacionais, sabe o quanto gastamos para mantermos países como São Tomé e Príncipe, Açores, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau? Bem mais grana do que as verbas destinadas a deter essas desgraças climáticas brasileiras. Mas, enquanto isso, posamos de Nova Cuba a exportar uma revolução quixotesca aos menos favorecidos. Se Mantega for, já vai tarde. Quem entrar em seu lugar, também já entra tarde e, certamente, não tem a chave dos milagres que a Presidenta imagina depender dos outros. Depende de você, também, minha gata! Simples assim!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dicazinha do Dia

Se puder, jamais use linguagem categorizada pois ninguém é obrigado a entender os jargões de sua tribo ou profissão. Coisas do tipo: veio a óbito (morrer), a viatura (automóvel ou carro), data venia (pedindo licença para discordar), os meliantes (bandidos), os mesmos (eles), instrumento de levantamento de dados (questionário), meio circulante (grana), decúbito dorsal (de bruços), flato (pum, para os conservadores e peido, para os liberais), via (rua) e otras cositas más. Prefira simplificar!

Pensamento do Dia

Quando você quiser mandar pensamentos positivos, boas vibrações, energias fantásticas, muita luz, axé, saúde, tudo de bom, beijos no coração, sai dessa, levanta a cabeça, sacode a poeira, dá volta por cima, vai fundo meurrrrrrrmão, saravah, fica com Deus, fica em paz, SINTETIZE e SINONIMIZE: Substitua tudo por: Jesus Cristo procê, cara!

Perguntinha do Dia


O que faz um jovem na periferia de São Paulo, às 11 da noite, tomando uma cervejinha no bar da esquina?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Também bom dia para os ídolos nacionais.


Ah os ídolos nacionais. O Brasil sempre foi um país formador de ídolos no mercado interno. Isto se explica, ao menos parcialmente, pela anemia histórica na formação de vultos de importância universal.  Quatro argentinos, três mexicanos, mais  Chile, Peru,  Colômbia e até Costa Rica já possuem ou possuíram personalidades ganhadores do Prêmio Nobel enquanto nós continuamos penando atrás da láurea, da qual passamos perto não fosse o veto dos governos militares à escolha, praticamente certa, de D. Helder Câmara para o Nobel da Paz. Cacete, Menachem Begin, guerrilheiro sanguinário o ganhou e da Paz. Saramago, gênio puro, mas português, levou-o no bico. Mas nós continuamos na seca e isso nos ofende. Até para escolher um Santo brasileiro, sendo nosso país a segunda maior população católica do mundo, perdendo apenas para as Filipinas, pastamos séculos: Anchieta, mesmo português de nascimento, não ganhou a indicação por haver puxado para baixo os ombros de um supliciado que padecia na forca sem conseguir morrer. Até o Peru, nos anos 60, conseguiu emplacar um tal de São João DE PORRES que a gozação brasileira elevou à categoria de padroeiro da ressaca. Frei Galvão veio aos 49 do segundo tempo. Nelson Rodrigues sempre dizia de nosso complexo de cachorro vira-lata, fato que nos fez elevar Santos-Dumont à categoria de herói nacional quando ele, desde muito jovem, estudou e morou na França. Nos esgoelamos por Maria Esther Bueno, uma quase inglesa que só fez nascer em São Paulo. Na música tinha Gardel e Libertad Lamarque, realmente gênios dos Hermanos. Tivemos que criar um Gardel brasileiro, com cabelo glostorado e dividido ao meio e que também veio a morrer tragicamente em um desastre bem menos glamoroso que o Uruguaio criado entre Paris e Buenos Aires;  enquanto este se espatifou em um avião na pista de Medellin, nosso Chico Viola virou pasta na traseira de um caminhão verdureiro na Rio-São Paulo. Nossa (nascida em Portugal) Carmem Miranda foi a primeira que arrebentou a boca do balão mas em Hollywood. Só veio ser enterrada aqui. Eder Jofre, vamos combinar, foi o primeiro brasileiro “quase” puro a nos dar glórias internacionais. O quase se deve ao fato de que era filho do argentino José Aristides Jofre, o Kid Jofre, também seu  técnico e sua mãe Angelina era da família de boxeadores oriundi como Ralph Zumbano. De propósito não estou mencionando os ídolos do futebol, tendo o maior de todos, Pelé, à frente, justamente porque esse era o único ramo no qual na verdade nos destacamos sempre. O que realmente me motivou a escrever este artigo foi uma comparação que me caiu no colo assistindo um programa de televisão. De ressaltar que ela não foi mote do programa, eu é que comecei a engendrar, na mente, esses fatos que marcaram a vida ativa no esporte, desses dois ídolos nacionais incomparáveis, levando-me a cotejá-los não sei bem por qual razão: Ayrton Senna e Guga! A princípio, pode parecer ao menos avisado que essa comparação não passa de uma grande idiotice de minha parte, considerando que as glórias de Ayrton parecem superar em muito as de Kuerten. Mas isso é uma conclusão, pelo menos, precipitada. Ayrton notabilizou-se em um esporte no qual o Brasil já se destacava. Abstraindo os feitos de grandes corredores do passado como Chico Landi, Luizinho Pereira Bueno, Bird Clemente, Wilson Fittipaldi, Wilsinho Fittipaldi, Christian Heinz (primo do clã Fittipaldi e que morreu quando liderava Le Mans), Piero e Lula Gancia, Mario Filizolla, José Carlos Pacce (o Moco), Alex Dias Ribeiro e Jean Louis (filho da jornalista Yvonne Jean d’O Correio Braziliense) até chegarmos ao quase adolescente Emerson Fittipaldi, que aos 19/20 anos já dava show nas 12 Horas de Brasília (depois Mil Quilômetros de Brasília), buzinando uma pequena Alfa Romeo ou um Renault “Rabo-Quente” de quatro cv, quando ultrapassava seus atônitos concorrentes. Emerson, na verdade, abriu o caminho mais difícil de ganhar lá fora, sentado num F1 da Lotus, cedido por Colin Chapman para correr no lugar do campeão “post-mortem” , o austríaco Jochen Rindt, que morrera em Monza um mês antes. Era quatro de outubro de 1970, domingo chuvoso em Brasília, quando, a bordo do que ele mesmo chamou, de um “enorme caixão negro com frisos dourados, atopetado de gasolina”, Emerson resgatou o orgulho nacional e venceu em um esporte então inusitado, algo muito distante pra ser verdadeiro. O que estou tentando dizer é que, com o caminho aberto com muito sangue, suor e lágrimas por Fittipaldi e trilhado com muita competência depois por Piquet, Ayrton, na verdade, consumou o que dele se esperava: nos entregar o segundo tricampeonato da categoria. Naquela época, ganhar os GP’s era tão corriqueiro, que já sentávamos à frente da TV com toda a parafernália pronta, não para assistir uma corrida, mas para nos emocionar com Ayrton. Disso nasceu sua dimensão etérea de maior ídolo nacional, quase um super-homem e que pensava, exatamente, como o brasileiro médio, para quem segundo e último lugar era a mesma coisa, ainda que Emerson e Piquet lhe tivessem legado o exemplo que o fato de pontuar também trazia campeonatos. Mas Ayrton disputava, talvez consigo mesmo ou com adversários quixotescamente imaginários, para ganhar sempre, ousar sempre, arriscar tudo em milésimos de segundo, gana que lhe trouxe a morte prematura e desnudou a humanidade do ídolo; sua parte fraca e irracional: morreu porque não admitia nada menos que a glória suprema! Já Guga, indo pela mesma trilha de ética e comportamento pessoal irrepreensível, brilhou em um esporte também de elite, mas no qual o Brasil só tivera dois escassos ídolos; Edson Mandarino, educado na Espanha e que só falava espanhol e Tomas Koch, que sempre ficou na periferia do sucesso idílico. Guga veio do nada e, como num piscar de olhos, nos jogou dentro de uma quadra de tênis, esquecida desde os anos 60, para quem tem idade para tal, com os feitos de Maria Esther. O protótipo do bom garoto, órfão de pai, vida difícil, ele consegue arrebatar nem um, nem dois mas TRÊS Grand Slam; se transforma no rei de Paris. Passa por cima de todos os adversários, atingindo a glória maior de ganhar o Masters de Lisboa de 2000, onde dissecou tudo o que havia de invencível no tênis mundial, permanecendo impensáveis 43 semanas no topo do ranking (11 meses). De repente, mal acostumada pelos riscos mal calculados sempre assumidos por Ayrton, a torcida brasileira assiste o Guga se dobrar a uma dor física, aquela que nada significa para quem não a está sentido. Confesso que, junto com a massa, cheguei a pensar algo do tipo: mas esse cara???? Logo agora, pô! Mas, a verdade é que nesse momento e parafraseando a carta testamento de Vargas, Guga deixa as quadras e passa para a História, assumindo a dimensão humana dos heróis do panteão brasileiro. Sente o perigo da crescente dor, não calcula mal a velocidade da claudicante Williams perante a Bennetton mais veloz de Schumacher, não rasga a Rascasse em perigo e muito menos enfrenta a Tamburello numa velocidade excessiva. Sai de cena, para mim, como o mais humano de todos os maiores ídolos nacionais. Simples, garotão, rato de praia, queimadão de sol, cabeleira ondulante ao vento, gemido parecendo importado do prazer na cama e imortalizado como marca sempiterna, nunca se escondendo da crítica nem querendo passar uma imagem de semideus mas, acima de tudo, VIVO, como gostaríamos que Ayrton também estivesse. Simples assim!

Bom dia para os meandres da saudade

Ah o quê a saudade faz com a gente! Dia desses o Frederico Luiz, de Imperatriz, foi mexer com espaços e cantos recônditos de minhas memórias. Pra quê! Peguei a nave e, memorialista em excelência como sou, comecei a vaguear pelos anos 90 (especialmente final de 1990 e os anos inteiros de 94 e 95) quando vivi em Imperatriz, no Maranhão. Certamente muita coisa mudou desde então. Na vida vertiginosa de hoje, algo em torno de 20 anos não passa de um relâmpago mas, de qualquer forma, vou viajar por esses personagens, todos com existência e nomes reais. Aos que não lembrei o nome, desde já me penitencio e declaro que isso nada tem a ver com a importância que todos tiveram em minha caminhada, desde então. Aos que eventualmente já tiverem partido, choro em silêncio por eles. Me dirijo aos que convivi, nos anos decerto mais felizes que tive em minha vida. Minha história com Imperatriz começa em 1961 quando fui passar as férias de julho, junto com meu primo Cláudio Cativo, mandados pelo meu pai, Alair Barros, então Chefe de Tráfego da RODOBRAS, empresa pública criada por JK para construir a estrada Belém-Brasília. Imperatriz era a Rua das Mangueiras, a Pensão da Silas com o mineirão Pedro Paulo a tiracolo (tive saudoso contato com seus filhos Cássia Karla e Junior, anos depois), a Farmácia Nogueira, o velho campo de aviação, a sede da RODOBRAS com o rádio operado pelo Araújo (pelo qual falava com papai de três em três dias) e o majestoso Tocantins cheio de “pentas” usadas por nós para as pescarias diárias e passeios a goiaise (como se dizia então). Voltei lá em 1984 já como Gerente do Consórcio Rodobens e, na Alô Brasil Diesel, montei nossa subgerência de Imperatriz com o Apolônio. Fiz grande amizade com o Jurandir Teixeira e muitos vendedores como o Neres e outros que não lembro o nome, inclusive um canhoto que cantava e tocava um violão brabo, Beatles, Rolling Stones, Queen e assemelhados. Fiz um passeio de Barco de 23 h até Marabá para apoiar uma representação da Alô  Brasil, sempre com meu pai junto. Voltei no final de 1990 para assumir a então TV Alvorada (hoje Difusora de Imperatriz), retornando para dirigir o conglomerado em São Luís  até dezembro de 1993 quando voltei para a Imperosa e lá fiquei até vir definitivamente para Brasília em fevereiro de 1996. Não vou mal ocupar este espaço para proselitismo de algumas coisas que fiz de interessante na TV de Imperatriz, até porque o querido Marcelo Rodrigues me chamava de língua de pau quando falava algo a respeito. Se menciono alguns Programas é para ligar o fato aos participantes.  O que desejo mesmo é saber das PESSOAS. Elas são as reais protagonistas de toda a História. Tive notícia da morte de Luis Brasília e isso muito me doeu. Em minha tese de Mestrado, na Universidade de Brasília, dedico-a também ao Luís, chamando-o de “um ET que pousou nas terras do Maranhão e lá permanece camuflado até hoje”. Claro que esse hoje, hoje é ontem! Mantenho contatos quase regulares com Demerval Moreno (que me deu o Personagens do Dia), Jânio Arley (criador do genial e então inédito Bandeira Dois) e Maria Spindola (esta, apesar de nascida em Magalhães de Almeida,  mais ludovicense de costume. A melhor apresentadora de telejornais que já vi em minha vida). Frederico Luiz surgiu pelo Face. Agora passo a listar minhas saudades, sem ordens (alfabética, cronológica ou de importância. Vale o nome quando aparece): Conor Farias, João Victor (acho que Nascimento, Diretor Comercial da Difusora) e a Lia (Diretora Financeira); Raimundo Cabeludo, Jurivê Macedo e Roberto Macedo (este, quando dirigia o Grupo Mirante de Comunicação, em São Luís, me recebeu por uma semana, para me explicar o básico na TV. Para mim o básico era o básico MESMO pois, quando lá cheguei, pensava que ilha de edição era um piso alto com água por todos os lados). Maria Leônia, muito querida e que me honrou com meu primeiro programa local: (Encontro com  Leônia, “um passeio semanal com as personalidades do Tocantins”, pois naquele tempo ainda não existia o Estado). Neneca Mota Mello, que gracinha de criatura. Clélio Silveira que criou conosco, dirigiu e apresentou o caótico “O Rádio na TV” de tanto sucesso. Nunca esqueço da Agência Três! Neném Bragança, quanta “natureza” em tanto talento, assim como Celim Galhães, Carlinhos Veloz, Erasmo Dibel e sua Adriana, minha dentista e ex-mulher do Paulo, também Diretor (Administrativo) da Difusora. Já estava lá quando Roberto Reggae partiu para a melhor estando em Redenção, no desastre estúpido de avião. Antes fora, na estrada, seu querido companheiro cujo nome agora me falta e que era talvez o principal locutor de cidade. Reggae chegou no meu gabinete, da Difusora, junto com um grupo de gênios que foi defenestrado da Mirante de Imperatriz, devido a incitação de uma greve que acabou gerando a demissão de Marcelo Rodrigues do Cargo de Diretor de Jornalismo, da Difusora, então Alvorada. Numa manhã de sábado, além do Reggae vieram Adalberto Franklin, Otair Moreyra, Jânio Arley, João Bosco Brito e Demerval Moreno. Grupo de gênios criadores do Alvorada Rural e outros programas de enorme expressão. Meu querido Sheik do Top Vídeo; minhas repórteres imbatíveis Silvanete Gomes, Mara Santos, Luzia Souza e a quarta que, infelizmente, agora não consigo recordar o nome mas ela sabe que não terá sido por menor importância: mera falha de uma cabeça a caminho de 66!  Coutinho, genial câmera man depois produtor de sucesso. Da. Zenira e Dr. Fiquene; Hildom Marques; Romildo Fachinni de churrascadas memoráveis mesmo depois de fechar aquele sonho de boate na estrada, onde a pista de dança era um ring de boxe. Jussara e seu marido, então Delegado da Polícia Federal na cidade. Minha queridíssima Shirley inesquecível locutora da FM Mirante. Quanta voz e sensibilidade num corpinho tão pequeno. Tinha um rosto parecidíssimo com a Julia Roberts. Amim (ou seria Amir?) Zahloud daquela genial padaria da Getúlio Vargas; Maykel e sua concorrente morena que apresentava seu programa aos sábados de tarde, na TV Record local (também esqueci o nome; lembro também de sua mãe sempre lhe acompanhando e atenta a todos os detalhes da carreira da filha, parecendo muito mãe de miss). Outros amados e importantíssimos que não consigo recordar o nome: o criador, produtor e apresentador do programa da madrugada (acho que Bastidores da Noite) recheado de entrevistas com GLBTS e shows de streeptease com damas da noite recém chegadas do Pará e de Goiás. Meu querido baixinho (Roberto?????) que chegou revolucionando o telejornalismo da TV. O dono do hotel que me hospedava e que ficava entre a Getúlio Vargas e a Dorgival; o pessoal daquele sensacional restaurante de carne de sol (acompanhada de macaxeira frita, farofa molhada, baião de dois e manteiga de garrafa); o Gerente do Ponto Frio do Calçadão e tantos outros. Como gostaria de saber como está cada um deles, apesar disso em nada amenizar minha nostalgia. Simples assim! 

Dicazinha do Dia

Uma coisinha bem difícil parece ser escrever certo os numerais em um texto apesar de existirem regras, notadamente informais, cristalizadas pelo uso costumeiro em jornais e revistas brasileiras: De um a dez mais cem e mil, escreve-se por extenso. Acima de dez usam-se algarismos. Exemplos: Houve cinco voos programados, mas só três tripulações. Embarcaram 43 passageiros. Para mil horas de voo houve cem de manutenção. Quando na frase ocorrerem tanto numerais abaixo como acima de dez, usam-se algarismos: Havia 5 tripulantes e 28 passageiros. Algarismos romanos estão em evidente declínio. A NBR 6.024, item 3.1, da ABNT, não os recomenda. Os jornais praticamente os aboliram. Ainda são usados – pelo costume, na indicação de séculos e números dinásticos: Século XXI, dom Pedro I, papa João Paulo II.

Pensamento do Dia


Pensamento do Dia: Acho que muitas coisas que os homens fazem machucam indevida e desnecessariamente as mulheres, nem incluindo aí a estúpida, covarde e desigual agressão física. Mas decerto penso que nada deixa uma fêmea tão perplexa do que as perguntas mais idiotas que o macho criou em sua caminhada sobre a terra: foi bom? Gostou? Quantos homens você teve antes de mim?AAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRGGGGGGGHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! Que nojo!

Perguntinha do Dia


Perguntinha do Dia: Se você soubesse o quanto soam ofensivas estas duas frases criadas por algum gênio da comunicação adolescente, certamente jamais as usaria: Qual foi a parte que você não entendeu? Quer que eu desenhe?

domingo, 2 de dezembro de 2012

Bom dia para a banalização da corrupção


Ah a banalização da corrupção no Brasil! Todo mundo sabe, ou devia saber, que a corrupção é um prato frio que muitos concorrem no seu consumo; os que não participam são de dupla índole: os que estão loucos para entrar no festim do demônio e os que, como nós, apenas esperneamos contra sua sobrevivência tão firme. A História relata a convivência do ser humano com a corrupção desde priscas eras. Todos os grandes impérios da antiguidade desmoronaram vítimas desse mal que parece eterno. Os Persas nomeavam Sátrapas, governantes locais das terras conquistadas mas o gigante desmoronou carcomido pelos desvios e desmandos desses burocratas de antanho. Alexandre conquistou praticamente o mundo conhecido e adotava outra prática mas que também pereceu diante da impossibilidade do alcance do controle: matava o rei dos territórios dominados e casava com a rainha. Ia matando e casando e deixando governantes locais que transfeririam o poder aos filhos gerados dessas uniões. Morreu cedo e a coisa também desandou. Não havia um território romano onde o sol estivesse posto. Ao ocidente, oriente, sul e norte, sempre haveria uma terra romana banhada pela luz do dia. Era tão imenso esse domínio que dividiram as terras sob o domínio de Roma e sob a administração de Constantinopla. Ainda assim foi sendo corroído por dentro em um processo de séculos mas que chegou ao desiderato de todos: falência múltipla dos órgãos componentes daquele corpo já morto. Assim também feneceram os grandes impérios mercantilistas de Espanha, Portugal e Inglaterra. Pensar que a combalida economia britânica já teve sob seu mando direto algo como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e outras terras subsaarianas, Índia e China. Mas um dia tudo sucumbiu e não pensem que também a corrupção não terá ajudado nesse processo. Portugal perdeu o Brasil que dividira em algo hediondo chamado de Capitanias Hereditárias, em outras palavras, uma divisão de todo nosso imenso território entre os nobres corruptos da Corte, por critérios absolutamente cartoriais. A própria colonização ibérica foi maculada sempre por favoritismos, auxílios do poder público, subsídios e outras benesses que terminaram por gerar, em solo brasileiro, a maldita cultura do quebra-galho, do jeitinho, práticas que fazem com que os brasileiros ainda pensem, em esmagadora maioria, que não existe fronteira entre o público e o privado. Tudo pertenceria a um fundo mútuo para bancar o sonho de “se dar bem” ao assumir o “ônus” de gerir a Res Publica. Essa atitude patrimonialista, familiar, corporativista que presidia o Império, prosseguiu intocada na República, nada mais que um grito de VIVA onde nada foi modificado na cultura da responsabilidade fiscal, do respeito aos orçamentos e outras práticas nitidamente divisórias do público e do particular. O povo brasileiro, ainda hoje e por sua incultura de base, pensa que governo tem dinheiro e riquezas, que os cargos públicos realmente dirigem-se a locupletar uma casta à qual não pertence. Na sua mente, o brasileiro comum, cordial, inocente e útil, não percebe que honestidade deve ser tida como obrigação basilar jamais como vantagem competitiva no discurso político. Imaginar que, ao assumir o múnus público, não se pode ter condescendência com quem “rouba mas faz”. Todos são guindados apenas para fazer e servir, nunca para roubar. Essa convivência absolutamente perniciosa torna-se um monstro silencioso que, quase nunca, toca a nós formadores de opinião, para o fato de estarmos falando para um imenso deserto. Imaginamos que nossos blogs e as redes sociais estão chegando às filas de desempregados, aos encostados no INSS, aos que não votam, não sabem ler, àqueles que leem eventualmente o que escrevemos mas não sabem interpretar uma linha de nossas intenções, por formarem filas com milhões de outros analfabetos funcionais. Não adianta nos esgoelarmos para que compreendam que nossa educação, nossa saúde, nosso saneamento, nossa infraestrutura e nossa segurança vão mal não porque faltem verbas pois elas existem à saciedade. Deveriam perceber, se cultos a esse ponto inatingível, que elas, as verbas, se perdem nos meandres dos canos do sistema. Não chegam, jamais, a encher 1/3 da caixa de contenção e distribuição, apodrecendo nas mãos incautas dos espertos da república brasileira. Acabamos de descobrir mais um poço sem fundo e de uma hediondez inenarrável. Passando por entre os vasos sanguíneos e linfáticos do alto poder republicano, centenas, ou melhor, milhares de ladrões estão engolindo, diuturnamente, o soro e as ambulâncias de nossos hospitais; os armamentos e treinamentos de nossas polícias e forças armadas; os materiais que construiriam nossas fossas sépticas, casas populares, refariam nossas estradas e se distribuiriam em imensos caminhos de ferro por toda a nação; equipariam as escolas , pagariam melhor os professores, enfim, transformariam nosso eterno país do futuro em uma grandeza presente e vibrante. Por muito menos que isso presidentes e reis caíram e foram destronados; ratos levaram bala na nunca na China; governante norte-americano sofreu impeachment; dirigentes de países totalitários foram suicidados; muitos seres humanos imprescindíveis foram à luta sofrendo tortura e morrendo nos porões do medo. Se pelo menos pudéssemos inocular vergonha na nossa cara, sequer sairíamos às ruas em sinal de luto por viver num país com dirigentes tão corruptos e que nada explicam por suas práticas. Instado a explanar sua participação, já sendo investigada,  na operação Porto Seguro da PF, o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Negri saiu-se com uma pérola inesquecível: Importante esclarecer que as investigações sobre minha não comprovada participação na Operação Porto Seguro, nada têm a ver com minhas atividades à frente da Federação Paulista de Futebol ou do meu escritório profissional de advocacia!?!?!? Faltou acrescentar: dentro da toca dos ratos, ninguém é de ferro, né? Simples assim!

Dicazinha do Dia


 DicazinhContinuando com as palavras inúteis ou de sentido dúbio, perceba, antes de dizer ou escrever, o quê está na verdade expressando: Por que toda investigação dever ser rigorosa? Faz supor que investigações não rigorosas sejam a regra. Quanto vale uma grande maioria? Se é maioria não importa o tamanho. O que significa uma região densamente povoada? Nada! Se não se conhece quantos são os habitantes e qual a densidade populacional. O resultado das operações melhorou substancialmente em relação ao ano anterior. Substancialmente é um juízo valorativo pessoal, como também razoavelmente. Sem dados de apoio não significam nada. Urgência urgentíssima explica como ser mais urgente do que a urgência já implícita na palavra? O que é urgente já é urgente. Essas serão as prioridades para a empresa este ano. Prioridade é a qualidade do que está em primeiro lugar (do latim prior, primeiro), logo, só há uma prioridade de cada vez. Vamos realizar esse objetivo. Realizar tem sentido de concretude, de coisa real, de algo material. Objetivo é um ponto no futuro que, quando muito, se alcança. A medida proporcionou prejuízos à organização. Proporcionar tem conotação de coisa boa, a favor – pró. A medida não propicia prejuízos, mas causou prejuízos. O aeroporto é dotado de instalações obsoletas. Parece sadismo. Dotado vem de doar, dote. Quem iria doar uma coisa ruim? Logo, o aeroporto possui instalações obsoletas.


Pensamento do Dia


 É muito bom ser cigarra pra cantar durante o inverno, mas é imprescindível ser formiga pra não dançar no verão!!!

                      

Perguntinha do Dia

 O quê realmente se discute na questão dos roialties do pré-sal: a defesa do pacto federativo ou o aumento do butim pra crescer a cota na divisão do bolo da viúva?


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Dicazinha do Dia


 Antes de falar ou escrever a palavra EXISTENTE, examine o contexto em que vai utilizá-la. A regra é clara! Se você usar o inverso e lhe parecer impossível ou ridículo, não use a expressão. Explico! Ao escrever ou falar algo do tipo "examinando a bibliografia existente" tente imaginar se é possível examinar a "bibliografia inexistente". Aí não escreva a redundância, apenas utilizando "examinando a bibliografia". Certo?


Pensamento do Dia


Pensamento do Dia: Antes de unir umbilicalmente sua vida a alguém, com quem vai compartilhar prazeres e DORES com gosto de eternidade na boca, é prudente verificar os índices de separação geral e, especificamente, na sua família e na dela!


Perguntinha do Dia


 Porquê temos que nos sujeitar a vassouras, tábuas de engomar, saco de ossos bulímicos, bacalhaus anoréxicos ou prisioneiras de campo de concentração nazista como padrão para as modelos e manequins brasileiras? Pergunto e sonho: Já imaginaram uma mulher com as coxas e joelhos da Paola Oliveira, cintura e ancas da Paula Fernandes, bunda da Juliana Paes, pescoço e colo da Luana Piovani, seios da Cléo Pires, rosto miscigenado entre  Patrícia Pillar, Maitê Proença e Bruna Lombardi, sorriso da Dira Paes, cor da Camila Pitanga, altura da Bianca Bin, gargalhada da Fafá de Belém, brejeirice da Fernanda Vasconcelos,  graça incomparável da Fabiana Karla, o porte da Nathalia Dill, o penetrante olhar de Nathália do Valle,. o vesguinho orgásmico da Lucélia Santos e o sexy appeal de Malu Madder?  Pensa que isso não existe? Então saia AGORA, na rua, em qualquer cidade brasileira, no litoral ou no interior, e verá passar umas TRINTA dessas, por minuto! Ah, ia esquecendo de incluir um componente fundamental na formação de minha deusa ideal: A DENTADURA DE GISELLE BÜNDCHEN!!!!!!!!


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Bom dia para golpistas e golpeados

Ah os estelionatários e seus golpes. No início dos anos 50, quando eu tinha uns cinco anos de idade, via meus pais rirem muito sobre um tal de “Filipeta”. Como meu pai me falava quase tudo o que eu perguntava, e ele sabia responder claro, indaguei-lhe sobre a tal filipeta e ele me explicou que tinha sido um golpe aplicado no comércio do Rio de Janeiro, por um Coronel da FAB chamado Luiz Felipe de Oliveira, que montou um belo escritório na Rua México e, com sua beleza, porte avantajado e vestes de dândi, pedia dinheiro alto consignado nos Bancos, comprava carros e eletrodomésticos a prazo e os revendia à vista, por preços abaixo do mercado. Obviamente que essa corrente ia quebrar um dia mas, vejam só, logo uma belezura enganada pelo galã que, inclusive, tinha passeado bem por sua alcova, denunciou-o à polícia que o prendeu já com malas cheias de dinheiro e passagem para Nova Iorque. O Coronel ia se escafeder no dia em que foi engaiolado. Estranhamente foi logo julgado, condenado e pegou acho que 15 anos de xilindró, morrendo por lá mesmo. O importante é saber que esse golpe ficou por muitos anos no imaginário popular. Recordo ainda que, seguindo o raciocínio, meu pai aproveitou para chamar meu irmão e dar-nos uma aula completa dos golpes conhecidos na época (e que são aplicados ainda hoje). O conto do vigário remonta ao longínquo século XVII quando dois vigários disputavam o direito de abrigar uma imagem de Nossa Senhora entre as capelas do Pilar e da Conceição, das quais eram párocos, decidindo soltar um burro no meio do caminho, e guardar a imagem na igrejinha para a qual o burro se encaminhasse. Ele foi para a do Pilar mas, descobriu-se depois, o burro já lhe pertencia e, como todos sabem, burro só toma o caminho de casa. Sinônimo de estelionato e esperteza contra os incautos, desde aquele tempo, o conto do vigário ficou nominando as histórias de heranças fabulosas, quase sempre deixadas por vigários sem herdeiros, pedindo-se dinheiro adiantado para custas e despesas. Exatamente como se faz no Século XXI. O conto do paco exige dois meliantes e geralmente uma grande fila de Banco. Um é o fila que leva um pacote enorme de dinheiro (na verdade papel cortado tendo uma cédula de verdade em cima, geralmente com um selo de um banco e ligas fechando-o e o deixa cair no chão; o outro é o grupo que pega a “grana” e esconde-a do fila e daí se desenrola a trama que termina com o incauto deixando suas economias nas mãos do grupo, torcendo as mãos para contar logo sua “fortuna”. O conto do bilhete premiado segue os mesmos caminhos do anterior, só que o paco (pacote de “dinheiro”) é substituído por um bilhete premiado, claro que em sorteio bem anterior. Essas variantes foram se aperfeiçoando até chegar ao “boa noite cinderela” e toda a pletora de vigarices contemporâneas com o uso da internet, celulares, programas de tv e dezenas de outras falcatruas. Evidente que meu objetivo, neste artigo, não é o de contar a história dos contos ou explicar como escapar deles. Meu desejo é constatar um fato que me assusta: cada vez um número maior de pessoas de boa escolaridade, idosos com muita experiência de vida, gente até do ramo financeiro, são vítimas frequentemente relatadas em todos os noticiários da TV. Minha mãe era uma mulher que se pode chamar de esperta. Boa de conta e excepcional para ganhar dinheiro em negócios, Rapidez de raciocínio e muita lucidez em analisar fria e velozmente uma situação, essa mulher caiu em um Conto do Bilhete Premiado, em 1990, na fila do Banco do Brasil do Valparaízo I, cidade dormitório de Brasília, onde morava com meu pai. Verificou o conto, felizmente, a tempo de alertar um policial que estava no Banco e que correu atrás e prendeu os vigaristas, com todo o dinheiro, em um Supermercado perto. Quando ela chegou em casa, meu pai ria muito e ela tentava explicar o inexplicável: COMO uma pessoa tão lúcida e que dava aulas dos meios de escape dessas espertezas caíra, justamente aos 67 anos, numa trama tão simples. Quando ela se afastou da discussão meu pai me segredou o que me pareceu a única resposta plausível: Filho, as pessoas caem nesses contos pois SEMPRE ACHAM QUE SÃO MAIS ESPERTAS QUE OS BANDIDOS E, NA VERDADE, ELAS É QUE ESTÃO DANDO O GOLPE NELES E AÍ QUE MORA O PERIGO!!!! Meu sábio pai, quanta saudade! Hoje, mesmo com a evolução fantástica da tecnologia aplicada nos golpes, sempre existe um componente quase pétreo em todos (ou na maioria) deles: algum dinheiro adiantado na esperança de ganhar uma fortuna em troca! Eu fico olhando as centenas de vítimas, falando de costas, com a cena sombreada, a voz modificada mas sempre declarando o valor que perderam e que vai de 50,00 a 20.000,00 reais. Nessas horas, não vou mentir nem esconder meus sentimentos. A figura de meu pai dizendo aquelas palavras sempre fica pairando por perto enquanto eu, invariavelmente, penso em voz alta: GUUEEEEEEENNNTA, filho da puta, vai aplicar golpe nos outros, vai! Simples assim!

Pensamento do Dia


 Não interessa a profundidade do poço nem a formação dos terrenos que vão surgindo na perfuração, seja arenosa, pantanosa, pedregosa, dificultosa ou enganosa. A única certeza é que, em certo dia, a água vai começar a brilhar lá no fundo e tudo será limpo afinal!


Perguntinha do Dia


A quem interessa impedir a atividade de investigação criminal sempre tão bem realizada pelo Ministério Público? Palpites, favor encaminhá-los para o www.bomdiasimplesassim.blogspot.com.br e certamente, juntos, encontraremos a resposta.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Bom dia para a inflação.


Costumava, quando estava abonado, comprar duas latinhas de Schin em uma loja de conveniências aqui perto de casa, aos domingos, ao preço de dois reais cada. Há três semanas entrei, peguei as latinhas e entreguei à Caixa os quatro reais quando ela me falou: Aumentou para 2,60. Evidente que aquela simpática mocinha não estava tendo a menor compreensão de que seus patrões, de uma penada, haviam reajustado o preço das latinhas de Schin em absurdos TRINTA POR CENTO, isso sem qualquer evento econômico que justificasse tão enorme alteração, do tipo aumento de custos ou da demanda. Imediatamente optei pela saída de praxe para os bens de procura elástica: encontrar substitutos. Daí encontrei a Cerpa Draft por 1,50 e acabei feliz por escapar daquele reajuste inconsequente, afinal, a melhor cerveja é sempre a mais gelada. Todavia me quedei por perto vendo o comportamento de meus colegas consumidores, evidentemente bem mais apaniguados que eu. Pasmem, todos compravam as suas marcas de preferência, todas reajustadas bem acima de qualquer perspectiva de alta inflacionária. Ninguém reclamou, todos ingressando em vistosos e reluzentes carros do ano e dane-se o mundo. Acendeu a luz amarela na minha cabeça e comecei a verificar, em minhas circunstâncias, a repetição do fenômeno. No supermercado TODOS os produtos haviam sido reajustados. Os de menor valor com maiores altas pois o brasileiro é inerte (e inerme) a aumentos em centavos. Conversei com as pessoas em meu redor e quase todas não reclamavam, fieis ao princípio de que “só subiu alguns centavos”, mesmo que o acréscimo tenha superado os cinquenta por cento. De repente, acordei para verificar os preços no self service e verifiquei que, no primeiro semestre, o quilo passou de 19 para 25 reais, ou seja, um reajuste de 32% de uma só penada. Hoje acendeu a luz vermelha quando, assistindo a uma matéria no jornal televisivo matutino, vi meus conterrâneos já comprando sofregamente enfeites de Natal e uma senhora falou: Não vou levar nada pois está muito mais caro; ano passado paguei 47,00 pelo pacote todo e hoje está saindo por cerca de 80,00, digo eu, exatos 70% de aumento. Meu espanto foi maior ainda quando alguém do DIEESE local foi ouvido e afirmou que aquele aumento se devia à alta do dólar e (ouçam bem) à inflação. Pela primeira vez ouvi um técnico usar a inflação como causa de aumento da.....inflação. Me tirem o tubo! Percebi que a conquista mais sensacional das últimas décadas e conseguida ainda nos anos 90 estava indo pelo ralo: a volta da cultura inflacionária! O Plano Real, sem ser panaceia ou mágica, ao inocular o remédio das URVs, na verdade conseguiu fulminar essa malévola cultura que nos permitia conviver com o fenômeno sócio-econômico mais hediondo com o qual nos envolvíamos e que era a hiperinflação. Como o PT encontrou uma casa bem arrumada no campo da disciplina fiscal e orçamentária, com metas de superávit primário bem altas, ao perceber que isso trazia efeitos colaterais impopulares veio, ao longo do governo Lula e prosseguindo na administração da Dilma, aumentando estupidamente os gastos públicos, reduzindo os percentuais do superávit e a taxa SELIC, todas essas medidas possuindo altos teores de nitroglicerina inflacionária, aquecendo perigosamente o consumo, notadamente de produtos importados. A taxa de investimento é pífia, a indústria regride e a economia só se mantém ainda operante através de renúncias fiscais direcionadas, além da política de preços irreal no campo dos combustíveis, desatrelada dos valores internacionais mas fulminando perigosamente o valor das estatais ou mistas de energia. Todas elas medidas conjunturais enquanto a estrutura econômica do país mergulha em um evidente processo inflacionário tão mais perigoso quanto menor é a sensibilidade popular à alta de preços, na verdade, apenas uma das consequências do dragão. Inflação é um problema grave e de múltiplas causas. As mais conhecidas, pela Teoria Econômica, são a explosão do consumo sem consequente incremento da produção, gerando emissão de moeda que fica solta no mercado, retornando a ciranda da especulação financeira e a inchação (ou inflación) do meio circulante. Outra causa inflacionária bem estudada é a alta de custos incidentes sobre os insumos, muitas vezes especulativa, como no caso da cerveja, onde, certamente, nenhum item da cesta de seus insumos produtivos terá merecido uma subida de 30%. Existem ainda outras razões sempre especulativas para o retorno da inflação, sendo uma delas a chamada economia gregoriana muito entranhada na caixa preta do consumidor, aquela onde os acréscimos de preço vêm acompanhando datas importantes, daí o nome de gregoriana (ou do calendário gregoriano). Natal, ano novo, carnaval, época do Círio aqui no Pará e, principalmente, a passagem do ano: aqui no Brasil há um costume que nem o Plano Real conseguiu destruir por inteiro: a síndrome de aumentarem os preços no primeiro dia de janeiro. O fenômeno da Copa do Mundo no Brasil em 2014 e da Olimpíada no Rio de Janeiro, em 2016, já colocou os preços nas cidades-sede em patamares dos quais jamais serão derrubados. É um absurdo o quê, por exemplo, se está pagando pelos serviços na cidade do Rio de Janeiro: manicuras, cabeleireiros, cinemas, teatros, hotéis, alimentação, lazer em geral etc. O que me apavora não são as altas em si mas, principalmente, a insensibilidade dos governantes e dos governados, a falta de reação diante desse fenômeno acachapantemente destrutivo. Às vezes me manifesto, mesmo educadamente, protestando com quem posso: proprietários de negócios mais humildes, caixas, atendentes e até gerentes. Noto que eles, muito ao contrário de ecoar meu desespero, demonstram profundo enfado do tipo: lá vem aquele velho chato reclamar dos preços! Mal sabem eles que a corda, nesse e em todos os casos, vai sempre romper do lado deles, das classes menos favorecidas, as maiores vítimas de um fenômeno que lhes rouba o poder aquisitivo do salário a cada hora que passa. Só não vou silenciar e gostaria que todos entendessem que o boicote e a troca de estabelecimento ou produtos, ainda é o último baluarte efetivo nessa luta. Simples assim!

Pensamento do Dia


 Duas versões de um mesmo desgoverno: enquanto uma caterva de ladrões refinados gerados no seio da alta rapioca governamental se apropria de incontáveis milhões dos contribuintes espalhando favorecimentos em meio ao vale das riquezas do Brasil, no sudeste, a Senhora PRESIDENTA sanciona uma lei que determina que TODO O CASO COMPROVADO DE CÂNCER, SEJA OBRIGATORIAMENTE INICIADO O TRATAMENTO PELO SUS.....................em até SESSENTA DIAS. Sem comentários!?!?!?!


Perguntinha do Dia.


 O quê será que tem debaixo daquele turbante do Carlinhos Brown?

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Bom dia para as empregadas domésticas.

Ah as empregadas domésticas. Se a Dep. Benedita da Silva pretendia ajudar a operosa e honrada classe das empregadas domésticas, jogou um obus no pé. Na verdade ela está colaborando para reverter o quadro de quase normalidade institucional da profissão, ensejando uma corrida desenfreada à informalidade, colaborando para um enorme desemprego na área e, finalmente, salvando a classe das diaristas pois dois dias semanais de faxina não configuram vínculo trabalhista. O Brasil continua sendo um país onde se imagina que problemas sociais e econômicos se resolvem com leis. Não é assim. Eles são solucionados com efetivas políticas públicas e ACULTURAÇÃO delas em anos de práticas exitosas. Ademais, as famílias que figuram como empregadoras das domésticas não se podem equiparar às empresas e pagar os mesmos direitos sociais, simplesmente porque são grupos sociais que não visam lucro em seus objetivos primários; não geram renda só pelo fato de serem famílias. Sua função econômica é exteriorizada nos mercados (de fatores e de trabalho) em que cada membro participa com seu esforço pessoal. Não há como uma família pagar, por exemplo, um salário mínimo para uma doméstica e, de obrigações sociais mais que dobrar esse valor. Não existe uma contrapartida que incentive a prática definida em lei; um substancial desconto no Imposto de Renda; isenção em outros tributos sociais além de outras formas indiretas de enriquecimento ou compensação. Nosso país continua tendo a maior carga tributária do mundo e nada faz para reverter o índice de maior sonegador que a acompanha. Se você reduz alíquotas de impostos, aumenta a base da tributação e, via de consequência, diminui o índice de sonegação e quadruplica a arrecadação. Impor às classes menos favorecidas, justamente as que mais empregam domésticas, desde a média até a base da pirâmide sócio-econômica, não só deixa de contribuir para a melhoria da classe assim como destrói o que já existe de bom: a massa de empregos. Não faz muito tempo e adotaram uma medida sensacional que foi a inclusão de pequeníssimos profissionais liberais (pipoqueiros, manicuras, cabeleireiros, doceiras etc.) no mercado formal, mediante o pagamento de uma taxa anual de R$-50,00 estendendo a eles todos os benefícios da Previdência Social (aposentadoria, auxílio-doença e salário enfermidade, por exemplo). Essa é uma decisão inteligente e que, certamente, atraiu TODOS para formalidade e ainda contribuiu para o ingresso de muitos desempregados, ora nos cursos de formação profissional ora diretamente nessas ocupações. Ouso enxergar na atitude da Deputada Benedita uma evidente ação demagógica, dedicada às comemorações do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Luto muito com minha consciência para afastar essa análise de que não seja uma questão de má-fé cínica mas de simples obtusidade córnea, considerando o estrago que já havia sido feito na operosa classe, com a simples extensão de direitos fundamentais trabalhistas como 13º salário, férias e FGTS, este opcional. Agora que essa poeira já se assentava vem outra paulada e em momento de crise internacional. Certamente haveria outras maneiras de comemorar os dias de valorização da etnia afro-brasileira. Ainda há tempo de consertar tudo, cara Benedita. Simples assim!

Pensamento do Dia


 Bem que o Galvão Bueno poderia narrar as coisas em silêncio!


Perguntinha do Dia


 Se o Programa se destina a encontrar a melhor cantora ou cantor brasileiro dos últimos tempos, por que ele se chama The Voice Brazil?


domingo, 25 de novembro de 2012

Bom dia para os Algonquinos


 Algonquinos eram indígenas milenares que habitavam o nordeste da América do Norte, viviam em uma sociedade anômica onde dar uma ordem representava a maior ofensa por quem a recebia. Não tinham chefes nem pagés. Sua estrutura social era baseada em territórios de caça. originando-se daí o fenômeno das nações ecléticas diferentes dos clãs tribais com estrutura familiar. Viviam em uma uma região inóspita e gelada, entre o Círculo Polar Ártico e a Ilha de Manhattan onde  havia seis meses de gelo (outono e inverno) e seis de caça (primavera e verão) . No período de caça abundante (guanacos, bisões, alces e caribus) só abatiam o extremamente necessário à sua sobrevivência e dos estoques para congelar no período frio, deixando os excedentes intocados para gerar sua futura sobrevivência assim como a manutenção do ecossistema em equilíbrio com outros predadores, como os ursos e jaguares. Decidiam tudo em conselhos. Ocupavam grandes territórios e ninguém entende por que nunca se interessaram em ocupar terras férteis e mais quentes ao sul. Não praticavam a agricultura. Não possuíam escrita mas tinham uma língua extremamente desenvolvida, para os padrões europeus do século XVI. Seu tronco étnico está extinto restando alguns sobreviventes miscigenados. O último registro é uma foto no território canadense, em 1906. Praticavam um estranho ritual para entronizar os adolescentes machos na vida adulta. Separavam os garotos para uma área afastada e especial, onde eram enjaulados e tomavam uma substância chamada Wyssocan (o som parece Whiskey, né?), um alucinógeno cem vezes mais forte que o LSD, para que perdessem a memória de todos os fatos da infância para poderem ingressar na vida adulta. Quando alguns demonstravam ainda recordar coisas da infância tomavam novas doses e, muitas vezes, apagavam completamente a memória ou desaprendiam de falar. Por que será que eles queriam zerar fatos de uma época tão feliz? Talvez para não criar sonhos e expectativas impossíveis de concretizar na realidade. Na verdade é brutal, mas os sonhos geram as ânsias (de poder, força, comando e conquista). Não me aprofundo nisso pois nunca entendi a razão que movia esses povos a agirem desta ou daquela maneira, mas uma coisa eu sei: sua perfeita vida harmônica foi dizimada pelo estilo de vida europeu com suas regras e burocracias. E hoje penso no que estavam imaginando os Algonquinos quando rezavam a seu Deus uno e desconhecido: Pai, homem de cima, nós te agradecemos
por nos permitires viver nesta terra. Que nossos pensamentos e orações possam chegar até sua morada, no céu. Que a fumaça dos nossos cachimbos suba a ti.Ó Senhor, que reinas acima das montanhas, das árvores e das águas, nós te agradecemos por todas as coisas que nos deste: os frutos, a caça, o peixe, a gordura do urso. Foste bom para nós, estamos contentes contigo. Nós te agradecemos por sermos numerosos e podermos nos reunir para te invocar. Quanta diferença entre o quê pediam os Algonquinos a seu Deus e o que se pede a Deus nos dias de hoje. Simples assim!

Pensamento do Dia


Ah! Se os policiais da ROTA soubessem a merda que estavam jogando no ventilador quando fuzilaram sem julgamento, aqueles seis criminosos que "julgavam" um colega pela prática de estupro!!!!!!!!!!!!!!


Perguntinha do Dia


Se vc fosse professor universitário, o quê faria com os alunos "cotistas ou cotados" que invadissem metade da sua sala de aula: deteria o avanço da complexidade dos assuntos até então tratados para permitir uma mui difícil equiparação OU dividiria a sala em dois mundos, justamente coroando a segregação que o sistema pretende evitar?


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bom dia eterno para a questão indígena.


Assisti hoje, no jornal matutino da tv, uma cena que me espantou: um grupo alentado de índios invadiu a Prefeitura de Santa Luzia do Pará, entrou pelo gabinete do Prefeito, arrancando-o da mesa aos safanões, jogando-o contra a parede e ameaçando-o com arcos retesados e bicos de flecha a centímetros de seu corpo. Logo imaginei que se tratava de mais uma questão ligada ao centenário problema ligado às terras indígenas. Qual não foi minha surpresa ao ser informado de que os silvícolas ali estavam para protestar contra o afastamento do antigo Prefeito, por decisão da Câmara Municipal, empossando seu Presidente, em substituição. O Prefeito afastado pertence ao PT, que tem o apoio dos “povos da floresta”. Isso mexe com tantos fatos e ideias, que comportariam um livro inteiro, bem mais que um artigo. Tentando resumir, a questão indígena, no Brasil, tem sido resolvida ao sabor dos ventos. Retirou-se a responsabilidade jurídica, dando-lhes uma posição híbrida de relativamente incapazes mas esqueceram que isto também os torna relativamente capazes. Entregar esse problema aos desejos de governos ditos de esquerda significa romantiza-lo. Me parece muito pouco viável, em estrutura sócio-econômica absolutamente capitalista, tratar os índios  como cidadãos intocáveis e acima do mercado. Manter sua proteção como se fossem menores de idade, erige a figura do Estado-Babá a qual, aliás, já proliferam nas diversas “Bolsas” que se dá à plebe. Sempre a humanidade transitou com muita dificuldade ao examinar suas questões fundamentais, de maneira enviesada, de banda. Com algumas exceções, os países do Novo Mundo, África, Oceania e parte da Ásia foram colonizados pelos Europeus e optaram por duas saídas, entre duas viáveis: puxar os índios para formas protegidas de economias de mercado ou foram substituindo a cultura e os princípios coloniais, aos poucos ou abruptamente, como no Haiti, pelo comando dos detentores originais do domínio dobre a nação. No primeiro grupo encontram-se, por exemplo, Canadá, México, Estados Unidos e Austrália que abertamente segregaram suas populações indígenas e tutelaram sua sobrevivência, ora com evidente vantagem, ora largando-as a seus próprios destinos. No segundo grupo estão os países da América Central, a Bolívia e, mesmo politicamente sob o jugo de elites mas compondo maiorias populacionais étnicas, o Peru, o Equador e o Paraguai. Deixado de lado de propósito, o Brasil sempre tratou a questão indígena de forma capenga. No litoral dizimou ou aculturou desde cedo, importantes nações como os Gês, Tapuias e Aimorés. Contudo, ao interiorizar o progresso, pela ação das Entradas, Bandeiras e do Mal. Rondon e seus seguidores, culminou por invadir grandes territórios indígenas, carreando um simulacro civilizatório mais representado por elementos alienígenas como as doenças e endemias até então desconhecidas e que mataram enormes contingentes dessas populações. O próprio nome da Autarquia que originou as políticas indigenistas, no Brasil, explica o problema: Serviço de PROTEÇÃO ao Índio. Enquanto eles eram constitucionalmente transformados em bebês, esqueceram que manter crianças sadias, bem escolarizadas e alimentadas custa caro e o descaso veio se chegando. Ao perceberem que estavam sob a égide de um perigoso hibridismo, os índios passaram a desenvolver a esperteza de seus colonizadores, tentando tirar vantagem de sua condição jurídica de tutelados ao mesmo tempo em que desenvolveram importantes aspectos capitalistas e de mercado em seus territórios, como os pedágios, o extrativismo mineral, a abertura para neo-colonizadores muito bem equipados (como as Missões cristãs) e outras medidas de seus evidentes interesses. Em outras palavras, começaram a fazer uso comercial de suas figuras exóticas enquanto deixavam-se explorar por bem azeitadas máquinas de madeireiros, garimpeiros e até políticos interesseiros. Os militares, com suas políticas ufanistas tipo “Brasil ame-o ou deixe-o”, incentivaram a exploração sistemática e extrativista da Amazônia (Jari, Transamazônica, agrovilas e outras besteiras da espécie) mas permitiram a criação de verdadeiras nações, assim mesmo denominadas, como a imensa Reserva Yanomami, uma Holanda encravada no Brasil, onde não é permitida a entrada de brasileiros não índios, exceto com a permissão das autoridades locais. Impressionante como se comenta tudo a respeito da questão indígena mas NADA se fala ou ouve acerca dessa Reserva. Inclusive chegou a povoar a net o boato (ou fato?) de que os Yanomamis pleiteariam sua independência junto à ONU, baseados nos conceitos de direito internacional sobre os significados de nação e soberania dos povos. Existem, na verdade, muitos aspectos não muito bem explicados no trato dessa questão, contudo, me parece claro que não é possível seguir uma política indigenista a cada governo ou orientação política dominante no país. Evidente que deixar os índios à sua própria sorte em uma economia de mercado como a nossa, é comprovada prática de genocídio. Efetivar políticas públicas eficazes, para o setor e que pareceria ser uma solução inteligente, termina na anemia de verbas, notadamente escorridas no grande ralo da corrupção como também na incapacidade de nossos governos em planejar para um futuro superior a quinze minutos. Romanticamente retornar o caminho para o domínio indígena não é viável pela presença de pouca população remanescente; além disso o exemplo boliviano tende a não ser o melhor a ser seguido. Usar a hipocrisia atual de criar cotas para indígenas, iguala a questão por cima, em um patamar que certamente eles só alcançarão daqui a cinco gerações. Parece certo que não se pode cobrar, de mim ou de você, um débito histórico que é rolado e enrolado a mais de cinco séculos. Tampouco tende a ser civilizado assistir a índios invadir uma Prefeitura de interior a quase matar o Prefeito. Ainda que haja razões práticas pendentes e que, em princípio justifiquem essa atitude, os índios não podem ser incapazes de sofrer perdas e plenamente capazes para auferir ganhos. Inclusive no fato mencionado, a aproximação da PM ante a agressão foi bem diferente da saraivada de balas que matou sete meliantes em São Paulo e causou a carnificina atual que se busca varrer para baixo do tapete. É muito difícil, mas há que escolher uma política indigenista responsável e não paternalista e seguir com ela, alterando a rota conforme a realidade exija, com objetivos claros e metas quantificadas no tempo.  É isto ou teremos que conviver com índios, daqui a pouco, invadindo prédios públicos e privados, matando gente e ficando por isso mesmo. Duro é conviver com enormes terras produtíveis “retornadas” a seus domínios enquanto o Brasil, na Europa, pousa de salvador da pátria. Que pátria, cara pálida? Ou assumimos nosso capitalismo ou permaneceremos no limbo de um socialismo inexistente, na prática, onde índios, sem-terra, sem-teto e quejandos, estão se transformado em cidadãos de uma classe superior, acima do bem e do mal. Simples assim!