sábado, 17 de janeiro de 2015

OS GOSTOS E OS CHEIROS DO PARÁ: ONTEM E HOJE!

Quando voltei para o Pará, com ânimo de ficar, claro que aqui cheguei com os gostos e os cheiros de minha infância. Não vim para conhecer nada mas para RECONHECÊ-LAS e REVÊ-LAS. Ledo engano! Na primeira oportunidade procurei os tabuleiros de pupunha (coisa que minha ex-mulher conceituou como a pamonha da natureza). Encontrei umas bolas de gude, pequenininhas. E não eram “filhos” como chamávamos as pequenas e sem caroço. Aquelas “tebas”, enormes, agora só moram em minha lembrança. As palmeiras de pupunhas nativas acabaram pois descobriram que seu heart of palm, mais conhecido por palmito era o melhor do mundo e a devastação foi enorme. O fruto virou um descarte rápido para não atrapalhar a produção do principal. Pupunha virou acessório. Na primeira, oportunidade que tive, corri para a Feira da Batista Campos buscando encontrar-me perambulando por lá, nas noites de sexta, pois era o comprador oficial de farinhas (d’água e seca) da casa. Sempre tive um faro para prova-las e fazia aquele montinho que voava pelo espaço e entrava em minha boca aberta sem perder um bago no chão. Cadê os uxis, os umarís e os tucumãs, esses que a gente comia com aquele mel amarelo descendo garganta abaixo e manchando a camisa. Gerava uma surra de minha mãe mas valia à pena. Ingás desaparecerem e o prazer de ficar roendo aquela coisa com gosto de água sólida foi-se com eles. Quando fui a Salinas logo tentei descer no precipício na frente do Hotel velho, de Da. Pepa, a espanhola. Estava babado por me esgueirar até o goiabal nativo e roer goiaba até passar três das com prisão de ventre. Nenhum pé de goiaba. Mas espichei a vista até onde pude pra ver as dunas onde colhíamos ajurus até o anoitecer. Nem dunas nem ajuruzeiros. Mas ainda tinha esperança no mercado do Ver-O-Peso. L[a eu tinha certeza que me encontraria de novo. Mas quando? Nenhum abiu pra contar história, nem uma ginja azedinha. Os fartos jambeiros veludo ainda se consegue no câmbio negro. Pô nem as carambolas do Museu Emílio Goeldi, festa para as cotias soltas no meio do povo. Mas não perdi a esperança, afinal ainda não tinha desbravado os bacuris, os cupuaçus e os biribás, né? As atas (pinhas, frutas-do-conde) enormes e doces como mel, nem no fim do ano que é o tempo. Ainda restam algumas mangueiras bicentenárias e anda heroicamente parindo, pois viraram patrimônio histórico tombado. Mas nenhum menino de baladeira (atiradeira, estilingue)  derrubando as mais altas e suculentas. Agora é mais fácil comprar mangas Tommy no supermercado. Os pregões desapareceram: camareeeeeeeeeeeeuuuuu (praqueles camarãozinhos de rio, cinzentos e que ficavam róseos depois do fogo), peixe, peixeeeeeeeiro (não, não existe mais o vendedor de rua, de enormes camorins, pescadas amarelas, pratiqueiras, piramutabas, gós, filhotes, tainhas ovadas..... E os caranguejeiros? Com aqueles cofos enormes tudo vivinho, fugindo pela boca. Aí eles perguntavam pra minha mãe vivo ou morto freguesa? Claro que vivo, meu filho Luiz Sérgio lava no tanque como ninguém. Eu era escalado pressas aventuras e adorava. Colocava tudo no tanque e com a vassourinha de piaçava ia pegando um por um, dobrando as patas do lado da patola que aí ele não te alcança com a menor. Tirava toda a lama e eles ficavam azuis. Vermelhos depois do fogo. Os “mortos” eam pegos pelas pernas e patas e davam uma meia quebrada e eles ficavam sem força. Mamãe não deixava, preferia mata-los com vida plena. Quando chegou meu primeiro junho apurei o ouvido pra ver os carrinhos e os gritos de : Cheiro cheiroso, pra tirar o catingoso! Ainda persistem as ervas mas o pregão só eu lembro ainda. Ah, pra encerrar nossa pimenta de cheiro nativa, ardia que amargava e cheirava a casa toda. Agora a EMBRAPA pesquisou até c conseguir um exemplar que....... não mais arde nem cheira. Parabéns. Só mais um detalhe, esse para baianos, cariocas, gaúchos, goianos, pernambucanos, mineiros e quejandas: a única cozinha brasileira é a do Pará, coisa de índio, não de africanos, porteños, portugueses, espanhóis e que tais. Ainda consigo encontrar caruru e vatapá sem dendê. Tacacá e açaí. Maniçoba, Pato no Tucupi, Caldeirada sem leite de coco só de água e todos os temperos verdes, principalmente coentro e chicória, casquinho de caranguejo, canjica e mungunzá; tapioca seca e molhada e caldo de cana. Meus cheiros e gostos que se perdem. A, proósito, cadê a bacaba? Simples assim!  

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O NOME DA ROSA

Se você não sabe ou nunca aconteceu com você, saiba que as crianças amam o amor romântico. Se apaixonam e sofrem de chorar a ausência, sentir falta, ainda que seja tudo platônico. Quando mudei de casa e fui morar, aliás, fomos morar, eu e minha pequena família, numa ampla casa de dois andares, estilo modernóide mas, para mim, um sonho. O que havia de melhor era o Grupo Escolar Vilhena Alves, bem na esquina, onde fui fazer meu terceiro ano primário (perdoem mas nunca soube fazer a correspondência com o equivalente atual) e tinha oito anos. Nunca tinha estudado em colégios pois minha mãe gostava da Bebê, uma professora que me alfabetizou em casa, aos cinco anos e me ensinou o currículo oficial até o segundo ano. Assim, aos oito anos fui à minha primeira sala de aula. Logo que a vi, senti uma coisa muito estranha, um desacerto inexplicável que jamais sentira antes, o coração disparou e eu fiquei como se só ela existisse no mundo, naquela hora. Era Lygia minha professora. Consigo lembrar do seu corpo e do seu rosto como se ela estivesse na minha frente, agora. Extremamente branca, de sapatos baixos de cor preta e saia e blaser pequeno azul quase marinho e blusa branca por dentro da saia e com a gola cobrindo a do blazer. Cada dia a mais que passava eu sentia esse sentimento tomar conta de mim. Era um sofrimento atroz na hora de ir embora, quando a "campa" (sino em Belém) batia , inversamente, o sol voltava a brilhar quando eu a via. Acho que durante o ano letivo de 1955 ela nunca me chamou pelo nome (exceto na chamada, ao fim da aula) e eu poucas vezes, ou nenhuma, me dirigi a ela. Era muito gago e temia que ela descobrisse minha paixão na entonação tremida e claudicante de minha voz. De muito chorar à noite, de saudade,  ao dormir, baixinho pra meu irmão não perceber, o amor doeu mais do que o necessário e passei a viver de novo. De repente, olhei com outros olhos para Rosália, colega de onze anos que já tinha peitinho e dividia a carteira comigo. Rosália me cobria de mimos e não ria da minha gagueira. Falava rindo, fazia a ponta de meu lápis com gilette, pois eu não tinha a menor habilidade pra isso. De repente minha mãe achou que eu não estava progredindo e me tirou do Grupo e me fez ir para o quarto ano da escolinha da Professora Eugênia, uma casa de residência transformada em escola, com os quartos servindo de salas de aula. Perdi Lygia e Rosália. Duríssimo golpe! Mal eu sabia o que estava por vir. Já sentindo os alvores da puberdade, fiquei na sala do quarto ano, que tinha mesa grande e bancos corridos. Professora Olga, filha da dona era duríssima e batia nos nossos braços com uma régua de 40 cm que brandia por qualquer coisa. 11:30h começavam as chamadas, desde o primeiro ano e as crianças iam saindo. Um dia tive prova e a Profa. nos prendeu além da hora. Deu para ouvir a chamada da quinta série e, ao ouvir um nme, para mim apaixonante, de Nina Rosa, desabei quando ela passou. Era diáfana. Cabelos presos em rabo-de-cavalo, saia muito curta para os padrões da época e que me forneceu a primeira ereção de minha vida, mesmo que eu não tivesse a mínima ideia do que estava me acontecendo. Essa menina acabou comigo mas eu era muito feliz pois, doravante, ficava fazendo cera na porta até ela passar, na ponta dos pés com meia soquete (a única que usava em toda a escola). Seus cabelos eram entre o castanho claro e o louro. Nariz arrebitado e olhos esgazeados, claro que sem pintura. Me arrebatou até o dia em que passei mal e o veredito foi brutal: Hepatita A. Me tiraram de perto dela e, quando pensei que tinha melhorado, veio uma Hepatite B, seguida de insuficiência hepática. Fiquei bem mal. Me tiraram da escola e me mandaram pro Rio de Janeiro, pra fazer superalimentação e controle com melhores médicos, na casa de minha Tia Lucy em Copacabana. Sem que ninguém percebesse, fiquei desesperadamenrte longe de Nina Rosa e, enquanto o Douglas C-47, da FAB, de nº 2063, decolava eu senti que jamais veria Nina Rosa. Assim perdi-a no tempo e no espaço mas ficou na minha memória. Ficaram, aliás: Lygia, Rosália e a principal, o nome da rosa! Simples assim!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Alô queridos amigos e amigas do Face. Muito gostaria que entendessem que essa minha decisão não é fruto de qualquer estrelismo. Apenas fiquei magoado demais com um ser humano que sempre reputei como dos mais especiais que havia conhecido em minha passagem neste Planeta, obviamente muito londe de meu ídolo máximo Iesu Nazarenus Rex Iodeorum! Logo, aqui, em que pese o compartilhamento no Face, me sinto no meu espaço. Aqui posso tomar as porradas que todos quiserem me dar e acolher assuntos que eu tenho que pisar em ovos quando estou no Face (ainda que poste nele, via blog. Escrever livremente meus palavrões, porra, que ninguém é de ferro. Elogiar, paparicar, amar quem eu quiser, ou tacar o pau em quem achar que devo pois estou no meu espaço e os incomodados que se mudem. Vocês todos que postaram tanto amor por mim só posso dizer que, partindo de vocês, EU JÁ SABIA!