terça-feira, 25 de março de 2014

UNA GIORNATA MOLTO PARTICOLARE!

Quem me conhece ou já leu escritos meus sobre o assunto, sabe que não dispenso qualquer simpatia pela cidade de São Paulo. Apesar de ser a Capital do Estado onde tenho inúmeros, e queridíssimos amigos como Cassio Seixas, José Biga Araripe, Da. Lucila Mori, Angélica Drska, João Mansur Jr. e muitos outros. Talvez por ter nascido quase dentro do Rio e considerando a eterna picuinha entre as cidades, não me situei bem em São Pulo, EXCETO EM DOIS DIAS muito especiais, perdidos no tempo, dos quais vou me ocupar ao longo deste artigo. Foram os dias 18 e 19 de novembro de 1971, um sábado e domingo chuvosos, friorentos e cinzentos. Tudo era melado pela insistente garoa. Desde quatro anos ia a São Paulo com meu pai. Como não temos parentes, ficávamos no então majestoso Hotel São Paulo, na Praça das Bandeiras e sua bonita vista para o Viaduto do Chá, no Vale do Anhangabaú. Casado há 11 meses e trabalhando na DODEPLAN onde era Assessor Técnico e Chefe de Gabinete, o Superintendente me indicou para participar da Semana de Direito Municipal, no Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal - CEPAM, da Secretaria do Interior do Governo do Estado de São Paulo, de 20 a 24 de novembro de 1971, oito horas por dia. Jamais voltaria a participar de um curso de tão alto nível, no assunto. Os maiores municipalistas, administrativistas e pensadores em Direito Público brasileiros desfilaram à minha frente Adilson e seu irmão Dalmo de Abreu Dallari, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, José Afonso da Silva, Geraldo Ataliba, José Cretella Junior, Celso Antônio Bandeira de Melo e outros. Qualquer advogado e estudante de Direito, no Brasil, saberá quem são esses monstros sagrados. Mas essa viagem é o que me interessa retratar. Almocei e descansei da viagem no próprio hotel que tinha um Maître que me conhecia. Cabelos Alves e anunciava pratos e vinhos em fluente francês. À tarde, fui passear no centro velho, desde a Líbero até o Largo do Paysandu. Passeei na Praça da República. Vi o programa dos inúmeros cinemas do local e fui ao Theatro Municipal ver o programa da manhã de domingo. Jantei no Dinho's Place do Largo do Arouche, um maravilhoso Baby Beef com carne argentina (picanha dei cedo e fui ao Muncipal para um programaço grátis com o concerto da Orquestra Jovem de São Paulo e bezerro natimorto, coisa de neandhertal que não faço mais há uns 40 anos). Levei o Estadão para meu quarto e, na parte dos esportes, vi que José Carlos Pacce (o Môco) e Mike Haylwood (campeão da motovelocidade que estreava na Fórmula 1) e que estavam na Surtees , iam fazer testes de pneus para a temporada de 1972, na tarde de domingo. Domingo acordei cedo e fui para o Municipal assistir o Concerto da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo executar, integralmente, a Sagração da Primavera, de Stravinsky. Não dá para esquecer a emoção. Peguei um ônibus que descia a 9 de julho, depois outra longa avenida, daí entrava na Av. Interlagos e me deixou no Autódromo. Não vou descrever o que é ouvir o som de um F1 a primeira vez, mas tremi nas bases ao ver Pacce, com chuva fina, entrar a mais de 300 na antiga Curva Um COM O PÉ EMBAIXO. Mike dava uma aliviada pois o motor gargarejava. Indicado por funcionário, passei debaixo de um viaduto e passei a tarde com Pacce, Mike, os mecânicos e John Surtees, grande corredor e agora dono da equipe. Quanta simpatia e falta de frescura. Já falava razoável e destemido inglês de Tarzan mas fiquei zapeando até suspenderem o treino. Como tinha almoçado um belo sanduba paulis, repeti a dose no jantar e fui direito ao Cine Paysandu, assistir ao primeiro filme da série Trinnity, com Terence Hill e Bud Spencer (dois nomes americanalhados de atores italianos). Na saída, sem qualquer medo ou violência, fui tomar uns  chopps no cruzamento da Ipiranga com a São João, acompanhado do melhor pastel do mundo. Voltei ao hotel já quase meia-noite, extasiado. Essa foi, disparado, a melhor viagem que fiz a SP, uma SP que não mais existe. Mike e Môco morreram pouco depois (em desastres de moto e de avião pequeno). O Hotel São Paulo faliu não muito tempo depois e virou prédio abandonado, logo ocupado por viciados e mendigos, em seus quase 20 andares. A Praça da República hoje é intrafegável. O Curso foi até sexta-feira, às 18h e retornei nesse dia 24, mesmo. Voltei em São Paulo em 1990 e já não conheci mais nada dessa que foi, uma jornada muito especial e inesquecível à pauliceia! Simples assim!

domingo, 23 de março de 2014

A IDEOLOGIA DA DITADURA!

A quartelada brasileira muito lutou para dar uma cara revolucionária a um simples golpe de estado. Assim, tinha que criar uma ideologia  que a sustentasse e Golbery do Couto e Silva assumiu o ônus de criar uma ideologia que explicasse o inexplicável. Daí passaram a usar a Escola Superior de Guerra, multiplicada em Associações de Diplomados da ESG, disseminadas em cada estado da federação, para espalhar, notadamente dentro os jovens profissionais liberais e emprenndedores de todas as matizes, uma tal de Ideologia da Segurança Nacional, como todas as ideologias, um monte de baboseiras sem sustentação científica, filosófica ou racional. Por muitos anos os militares navegaram em bilionários empréstimos regiamente fornecidos pela Banca Internacional, para mostrar ao mundo que os militares tinham trazido para o Brasil uma era de prosperidade chamada de Milagre Brasileiro. Pena que não era sustentável e nos jogou numa hiperinflação da qual nos livramos no Plano Real mas que já está de volta. Digo isto tudo só para lembrar que houve, no governo Geisel e sob a inspiração de Slveirinha, no Ministério do Exterior, um momento de lucidez necessária, empurrada pelos nefandos resultados do primeiro choque do petróleo. O Brasil, desde a Grande Guerra, se alinhava automaticamente aos Estados Unidos, no plano internacional. O que era bom para Washington, era bom para o Brasil (inicialmente no Rio e depois em Brasília). Como os árabes passaram a mandar na economia mundial, com seus petrodólares, e eram quase todos aliados da União Soviética, o Governo Geisel surpreendeu o mundo denunciando o Acordo Armado Brasil-Estados Unidos e congelando o alinhamento automático com Israel, passando a namorar árabes e palestinos, no conflito milenar. Tínhamos mais grana do nosso lado, no xadrez geo-político do oriente médio. Espantamos o mundo ocidental mas levamos alguma vantagem financeira nisso. Os militares logo chamaram a essa manobra imprescindível, à época, de Pragmatismo Responável e, pela vez primeira, pareceu aos menos avisados que, afinal, debaixo de um quepe poderia existir alguma vida inteligente. Simples asim!

AS VAGAS HUMANAS!

Pelo menos dois exemplos a História nos dá, da vitória de vagas humanas a soldo da morte heróica. No cerco de Stalingrado, Stalin fez um emocionado chamado a todas as repúblicas soviéticas a mandarem homens, todos os homens possíveis, para deter  Hitler. Kruschev capitaneou essa epopeia, conseguindo que milhões de tártaros, cazaques, eslavos, uzbeques, turcormenistãos etc., acorressem às margens do Volvo. Cada par de combatentes recebia um mosquete e cinco cartuchos. Quando um morria o outro assumia e assim por diante. Cada combatente jurava ali mesmo lealdade ao Exército Vermelho, recebia sua patente conforme suas habilidade e nível de educação formal e partia com a meta de matar, pelo menos, um alemão por dupla. Morriam cerca de três mil desses bravos por dia. Mas as vagas humanas detiveram, fizeram retroceder e contra-atacaram a maior máquina de guerra que o mundo jamais havia concebido antes. Quando caiu o Xá Reza Pahlevi, no Irã, os Estados Unidos sabiam que viria o Aiatolá Khomeini para se instalar no poder e ali seria instaurada uma grande república islâmica de inspiração xiita. Algo que movia urticária na inteligência americana. A solução rápida pensada pelos gênios do Pentágono, com a assessoria dos sábios da CIA, foi financiar e armar a ditadura sunita de Saddan Husein, que aproveitaria a balbúrdia da Guarda Revolucionária iraniana, a qual acabara de desmontar e substituir, estapafurdiamente, a máquina azeitada do Xá pró América, para tentar uma vitória rápida. Inclusive o governo americano deu sobrevida à ditadura brasileira incentivando a produção em massa de armamentos modernos, com mercado absolutamente garantido, através das estatais ENGESA e IMBEL que criaram os urutus e cascavéis da vida, mísseis convencionais de curto e médio alcance, foguetes e veículos de transporte rápido além de armas leves. Foi uma festa! E as forças iraquianas tiveram vitórias aos borbotões jogando o que parecia ser um monte de covardes, em recuo desordenado até os poços iranianos de petróleo e o Golfo Pérsico. Já se cantava vitória e Saddan aparecia na mídia americana como o mais importante aliado norte-americano do pós guerra. De repente, como vindas do nada, as imensas vagas humanas convocadas pela reencarnação de Alá (Khomeini era assim considerado, quase como um deus vivo do tipo Imperador do Japão), uma renovada Guarda Revolucionária veio desbaratando o quê encontrava pela frente, a um custo incalculável de vidas humanas, exatamente como acontecera nas bordas de Stalingrado. O resto da história você conhece. Os Estados Unidos lideraram um rapidíssimo cessar-fogo, que viraria uma paz formal, para evitar que o Iraque de maioria xiita fosse anexado aos seus irmãos iranianos. Foi a maior criação de cobra venenosa pra picar seu dono, na história recente americana. Quanto à Engesa e a Imbel, sem mercado, viram suas modernas armas se transformarem nas peças de museu que hoje compõem o arsenal de nossas Forças Armadas e quebraram. Simples assim!

quarta-feira, 19 de março de 2014

AS TRÊS FACES DE UM CAMALEÃO!

A Rússia é imperialista desde o ventre de sua mãe, não fosse ela chamada a mãe-Rússia por seus nacionais. Em breve cronologia, esse espírito começou a ser materializado por Pedro I, O Grande, conquistando a Polônia, a Finlândia, a Livônia, a Estônia, mantendo forte influência militar sobre a Suécia e a Prússia. Só foi detido ppelos Turcos (em Azov). Foi fixado em definitivo pela Teuto-russa Catarina II, A Grande, que fez um estrago chegando ao Mar do Japão. Era tão forte o expansionismo Russo que só ele pode deter o hiupérimperialismo nipônico que foi surrado pelas Rúsias e foi brigar na China e Indochina. Com o advento do Socialismo, esse expansionismo conheceu seu apogeu com a criação da União Soviética a qual anexou dezenas de nações eslavas e outras asiáticas e que nada tinham de eslavas: os "quistões". A Ucrânia entrou nessa, mas, desde cedo, já servia como celeiro da Rússia, tendo capitaneado os dois episódios de terra arrasada, queimando tudo o que seria comestível, nas eras napoleônicas e nazista. Kruschev, num enorme porre de vodka (situação vivida por 101% dos russos adultos), fez uma gracinha, em 1954, devolvendo a península da Criméia para a Ucrânia, mas uma Ucrânia anexada, sem perceber que ali estava Sebastopol, a maior base naval soviética, situada no Mar Negro. Com o esfacelamento da URSS e a trasnsição da glasnost de Gorbachev a Yeltsin, obviamente que o imperialismo nunca morreu na alma russa, notadamente quando Mr. KGB assumiu um poder só comparável aos tzares e dirigentes soviéticos. Putin nunca engoliu a localização estratégica da Ucrânia, como um punhal fincado no coração de acesso a Moscou, notadamente depois que essa República pasou a convulcionar-se, desde os anos 90, com golpes e envenenamentos de Chefes de Estado que pelo menos não eram hostís a Moscou. A Ucrânia, detentora das maiores reservas de gas natural, ferro e alimentos (trigo e batata principalmente) de toda a Europa, passou a ser óbvio risco à liberdade de movimento de Putin e sua política pendular de atração dos vizinhos. Nada melhos do que usar a Criméia para ter o pretexto de retomar aquilo tudo. A Criméia e formada por 60% de russos PUROS, 27% de ucranianos eslavos (misturados) e 13% de tártaros crimeianos (nômades desde Kublai Khan), sempre se sentiu russa. O plebiscito não precisaria de tropas russas para ter um resultado favorável de 97% pois os crimeianos são russos. Ponto e fato! As tropas vêm garantir que a Europa e os Estados Unidos não venham se meter em Sebastopol, notadamente. Com manobras de miulhares de soldados, tanques e aviões ao longo de sua fronteira, a Ucrânia me parece inerme diante da influência Putiniana e tudo é uma questão de tempo. Logo, o expansionismo é um fato! A posição estratégica da Ucrânia, com seus imensos recursos naturais é um fato! A anexação da Criméia é um fato! Resta saber quanto tempo a Ucrânia resistirá à pressão da Rússia até sucumbir via parlamentos comprados e plebiscitos sob baioneta. Uma coisa é certa: Europa e USA ficarão berrando pela inoperante ONU, porque ninguém tem colhões para enfrentar o portentoso arsenal ruso, o maior individualmente considerando, do mundo. Termino dando um pequeno exemplo: o pequeno Uruguai (nossa Criméia no sonho ou pesadelo) seria formado por 60% de brasileiros, lá há mais de um século e meio de aculturação e miscigenação, 27% de argentinos e 13% de uruguaios natos. O Brasil imperialista vai lá e domina estratgicamente a República Oriental e realiza um plebiscito pra saber que nacionalidade os "uruguaios" gostariam de ter. Quem ganharia? Simples assim!

sábado, 15 de março de 2014

NAPOLEÃO: UM GÊNIO DE QUASE TUDO!

 Napoleão Bonaparte foi um gênio da humanidade e isto é inquestionável. Num tempo em que as guerras eram envoltas em uma estúpida aura de romantismo, ele introduziu inúmeras novidades , notadamente no campo da estratégia. Enquanto os principais exércitos do final do século XVIII e início do XIX, moviam-se, em marcha quase forçada, a quatro quilômetros por hora, Napoleão movia os seus a IMPENSÁVEIS sete quilômetros por hora, fazendo com que os estrategistas ingleses, austríacos, alemães (prussianos), belgas e italianos sempre calculassem mal onde estaria sua infantaria, artilharia, cavalaria e o importante apoio logístico em batalha, com a reposição de materiais imediata. Demoraram muito a perceber isso. O Imperador tinhas uma invulgar capacidade de delegar atribuições e cobrar resultados. Dividiu seus exércitos em cinco corpos TREINADOS EM TUDO (podiam substituir qualquer outra força em dificuldade), entregando seus comandos a os que chamava de Marechais de França, jovens e muito bem treinados: Cambonne, Grouchy, Ponsonby, Bernadotte e o mais famoso e mais jovem, Michel Ney, com 29 anos. Mantinham cursos abertos de atualização em estratégia e, quando entravam em batalha, todos sabiam exatamente o quê fazer dadas os ensaios exaustivos e o repasse de ordens. Assim, Napoleção conseguia anular a vantagem quantitativa de sempre enfrentar exércitos bem mais numerosos. Outra condição importantísima era seu carisma o qual ele sabia excepcionalmente conduzir para atingir resultados práticos. Na noite de véspera de cada batalha, pedia o nome e a localização de cerca de vinte soldados mais rasteiros e os visitava na própria barraca de campanha, invariavelmente levando vinho e broa para uma conversa de dez minutos. Imagine o quê faziam, pela França, aqueles homens assim turbinados. A derrota da batalha final de Waterloo claro que se deveu a inúeros fatores mas o principal foi que Napoleão inaugurou uma tática nova e que parece não ter sido bem entendida pelos Marechais que, por adoração ao ídolo, não pediram detalhes. A novidade consistiu em manter um corpo de 24 mil homens, sobre o comando de Ney, na retaguarda do campo da batalha geral mas sem envolver-se em escaramuças. Ney passou o dia inteiro deslocando-se de campo a campo sem se envolver com uma reserva portentosa daquela. Quando, já ao final da tarde, foi mandado entrar no conflito, tomou posições fundamentais ao inimigo e praticamente garantiria a mais fantástica vitória do Imperador se não tivesse cometido um erro fatal: no fragor do canhonaço, fumaça para todo o lado, divisou grande parte do exército de Wellington, atacado no centro por bombardeio incessante de 72 grandes peças de artilharia, RECUANDO e assim decidiu, conforme a ética da guerra na época, não dar uma carga final de seus hussardos (cavalarianos) enquanto Wellington estava na verdade desesperadamente contra atacando e surpreendendo Ney. Napoleão também se notabilizou como grande estadista e reformador, daí a introdução da mais portentosa legislação que foi o Código de Napoleão. Megalômano e brutal, notadamente com suas esposas e inimigos, morreu só em Santa Helena um ponto perdido no meio do Atlântico Sul, longe da glória que tanto preservava. Simples assim!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

OS U.S.A. E A MÚSICA BRASILEIRA: UM PAPO REAL - PARTE III

PARTE III - EXISTE UM NÓS NESSA HISTÓRIA?
Encerrando a trilogia sobre assunto que me fascina há anos, tento descortinar o panorama atual sobre o momento da música brasileira nos States. Já falei sobre o engodo de shows de Dia do Brasil, mostrados pela Rede Globo com multidões de brasileiros, nunca de americanos. Será que hoje temos uma penetração de nossa música perante o grande público norte-americano? Se nos referirmos ao público jovem e aos amantes do rock em geral, acho que nunca ouviram falar do Brasil e nem sabem, olhando o Mapa Mundi, onde fica a América Latina. Contudo, se expandirmos nosso campo aos amantes do jazz, música latina em geral e remanescentes da Bossa-Nova e outros artistas que ganharam especial notoriedade até nos circuitos eruditos, principalmente se estamos falando de Jobim, Eumir Deodato, Milton Nascimento, Ivan Lins e Caetano Veloso, tende a haver luz no fim do tunel. As grandes escolas norte-americanas de música, como Berkley, Boston e muitas em Nova Iorque, possuem disciplinas específicas sobre o fenômeno musical brasileiro, especialmente a capacidade que tem o Brasil de, há décadas, possuir, dentro da sua pauta de exportações, um item sempre em alta, corporificado em sua cultura e cultura musical. Se você examinar essa produção massificada de cultura brasileira extra-muros, ela não só atinge o mercado norte-americano mas, principalmente, o japonês e europeu. A presença de grandes músicos brasileiros, que se mudaram para lá ou ainda têm o seu domicílio aqui, como Dori Caymmi, Edu Lobo, o próprio Sérgio Mendes (com seu recente casamento de muito sucesso com a música techno) e Menescal têm um mercado muito grande por lá, não só em bares alternativos, musicais, filmes e desenhos animados, mas o fonográfico especificamente. A presença do grande baixista brasileiro Luizão Maia (da banda de Cesar Camargo Mariano que sempre acompanhou Elis, incluindo aí também o guitarrista Natham Marques) se faz real como ídolo de grandes baixistas de bandas de sucesso no mercado norte-americano. Clint e seu filho Kile Eastwood são ligados umbilicalmente ao violonista Laurindo de Almeida (da segunda leva), que executa o Claudia's Theme do fabuloso Os Imperdoáveis (de autoria de Clint) como também participa da execução do tema musical de Gran Torino, composto por Kile. Maia Rita tem um público fiel no circuito off-Boroadway, em muitos barzinhos onde é muito requisitada. Há um grande movimento, em muitas High Scholl americanas, especialmente as novaiorquinas, para incluir o samba, especialmente os ritmos mais ligados ao samba e toda a sua entourage instrumental, nos curricula escolares em música. Especialmente na Escola Frederick Douglass onde cerca de 40 alunos formaram uma bateria de escola de samba que se apresenta no circuito comercial. Madaleine Perroux mantém jam sessions de jazz e Bossa-Nova que trazem dezenas de artistas de lá. A canadense Diana Krall tem, como percussionista de sua banda permanente, o brasileiro Paulinho Dacosta a quem já nos referimos em outra parte, mantendo-se fiel à colocação de, pelo menos, um suceso brasileiro em seus albuns. Burt Bachrach, com mais de 80 anos, compôs seus grandes sucessos, junto com a orquestra Tijuana Brass, de Herb Alpert, no ritmo da Bossa-Nova. Vem todos os anos se reciclar no Brasil. Em suma, parece evidente que existe uma maior penetração da música popular brasileira, em partes específicas do grande público Norte-Americano, contudo, no fundo, para a grande massa, o Brasil e suas coisas, notadamente culturais, prossegue sendo um gigante exótico que tangencia a realidade americana. Simples assim!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

OS U.S.A. E A MÚSICA BRASILEIRA: UM PAPO REAL (Numa Trilogia)!

PARTE II - OS BRASILEIROS
A ida da música brasileira para os Estados Unidos se deu em levas, vagas. A primeira grande onda dessas foi Carmem Miranda, nos anos 30, e o Bando da Lua, espécie de regional que a acompanhava. Carmem também tinha uma grande entouage em sua volta, que incluía também sua irmã mais nova Aurora Miranda. Carmem, muito mais do que se fala e pensa, foi a artista brasileira (apesar de nascida em Portugal) de maior sucesso em toda a história desse casamento. Conhecida como Brazilian Bombshell, Carmem se transformou em astro de primeira grandeza em Hollywood, conseguindo papéis importantes e até protagonismos em filmes nos quais ela era a principal atração. Claro que os americanos estilizaram-na como ela poderia ser vendida com êxito: uma cucaracha ridícula, que sambava com as mãos e com um chapéu cheio de frutas tropicais onde se destacavam, claramente, as bananas. Evidente que, para você entender essa questão Carmem Miranda tem que saber que, para todo o americano médio, pelo menos até os anos 60-80, tudo o que se movia ao sul do Rio Grande, era nada mais que uma barata e sua qualidade era vista como exotismo. Carmem abriu o caminho, já pelo final dos anos 40 e início dos 50, para a ida de excelentes instrumentistas como os violonistas Bola Sete e Laurindo de Almeida, muto requisitados até antes de suas mortes. Essa segunda vaga consolidou-se com a ida dos astros do filme Orfeu Negro, de um poema musicado de Vinícius de Moraes, com a atriz-cantora negra americana Marpessa Dawn (belíssima), no papel de Eurídice, e Breno Silveira (belíssimo também), como Orfeu. O diretor era o francês Marcel Camous e, na verdade, foi o lançamento de um novo Brasil (1954), onde internalizou-se a idéia de que o Brasil poderia produzir algo de qualidade além de futebol, café, mulatas e carnaval. O texto de Vinícius e a música de Tom Jobin, cenários de Oscar Nyemeyer, foram muito bem recebidos nos círculos culturais dos Estados Unidos. Foi o primeiro encontro de músicos, cantores e produtores americanos com o samba de raiz, os alvores da bossa-nova e grandes intérpretes, músicos e a música de Jobin. Essa segunda leva se encerra com a ida de Luis Bonfá, com sua magnífica Manhã de Carnaval que se transforma no maior sucesso internacional pela Billboard e Cashbox, revistas norte-americanas especializadas em vendagem de discos e pesquisas de sucessos. Sua mulher e que interpretara a música, Maria Elena Toledo, é divinizada mesmo. Ainda há menções que dizem que Manhã de Carnaval teria se ombreado â Garota de Ipanema como tendo caido no gosto americano. Isso abriu a terceira leva, talvez a mais importante de todas, que foi a Bossa-Nova. Desde o show do Carnegie Hall, em 21 de novembro de 1962, os grandes músicos americanos do jazz ou das grandes orquestras, além do circuito alternativo, começou, na realidade, a grande invasão brasileira nos Estados Unidos. Capitaneados por Tom e João Gilberto, com a batida de violão que introduziu uma sincopada de jazz no samba, também apareceram Carlinhos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes (e o conjunto Bossa Jazz) e, tão importante quanto, os maravilhosos ritmistas brasileiros. Sérgio Mendes, já na vaga dos que fugiram da ditaduras junto com Oscar Castro Neves, teve a grande sacada de trazer duas cantoras americanas (Lany Hall e Karen Phillip) para cantar os sucessos de Burt Bucharach, em inglês, e Jorge Ben, em péssimo português, mas colou. Nesse momento, arranjadores internacionais como o teuto-americano Klaus Ogermann, o argentino-americano Lallo Schifrin e Quincy Jones já estavam extasiados pela capacidade do músico brasileiro em produzir uma música dentro de um ritmo que ninguém conseguia imitar. Isso levou a grandes músicos e intépretes americanos a usar arranjos e gravar sucessos da música, principalmente, de Tom Jobim. Stan Getz, Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, George Benson, Tonny Bennett, Pat Houston e dezenas de outros de grande valor artístico e popular, abrem realmente as portas de um público RESTRITO a bolsões do gosto americano, para grandes músicos brasileiros, ocasionando fatos como: Eumir Deodato, com a gravação bossa-novista de Also Sprach Zaratustra, vende CINCO MILHÕES de albuns, sob a batuta do grande produtor Creed Taylor que abriria portas a muitos outros. Os fenômenos ritmistas como Dom Um Romão, Airto Moreira ( e sua mulher, por ele transformada na cantora Flora Purin), Dom Salvador, Paulinho Dacosta mudam para lá e são escolhidos por 11 em cada 10 discos de feras do jazz. Flora, instigada por Airto, passa a usar sua voz como se fosse um instrumento e cria uma nova saída para as intérpretes de jaz, ganhando, pela Billboard, o título de melhor cantora de jazz DO MUNDO, não só dos Estados Unidos, seguidamente, de 1974 a 77, e isto é algo muito sério.Milton Nascimento, Ivan Lins, Roberto Carlos, Leny Andrade e dezenas de sucessos brasileiros passam a gravar em Los Angeles e New York, atrás da qualidade superior dos equipamentos deles. Amanhã, se Deus quiser, vamos ver o panorama de hoje e se há realmente uma influência brasileira na maravilhosa e criativa música americana, sempre o rock de fora.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

OS U.S.A. E A MÚSICA BRASILEIRA: UM PAPO REAL (Numa Trilogia)!

PARTE I - ELES
Às vezes flagro papos muito suspeitos sobre o "sucesso" de músicos brasileiros globais que vão preencher os Brazilian Days inventados pela Rede Globo, notoriamente com uma platéia 101% de migrantes brasileiros não nos Estados Unidos, mas em New Yor City, uma megalópole internacional que nada tem a ver com o american way of life. Em outros casos, detentores de "sucesso internacional" explodem plateias também de migrantes, adicionadas de cubanos, chicanos, portorriquenhos em Miami. Sempre vejo a verdadeira nata do  americano nato, o americano médio, bem longe disso tudo. Claro que eles têm lá um mix de altísima qualidade, que assim acho que posso analisar: uma sólida origem branca, manifestada na música irlandesa que os cowboys cantavam nos filmes e da qual derivaram o country e, mais miscigenado, o rock inglês, hoje a manifestação musical mais internacionalizada e de maior sucesso em todo o mundo, expandindo para muito mais além do que o simples horizonte do público jovem, de onde ele explodiu. Uma outra fortíssima base na cultura africana, nos cânticos das lavouras do sul, da qual manifestações eternas viriam eclodir. A música soul (e sua vertente no spiritual), o blues e, já numa miscigenação ARTÍSTICA (não sociológica, antropológica ou política pois o racismo branco era muito mais arraigado lá que cá e o negro visto como uma peça exótica mas EXTERNA. Diferente do Brasil português que miscigenava MESMO), o rock como evolução "normal" do swing e boogie-woogie; além de, last but not least, as duas facetas do fantástico jazz (o jazz "puro" negro, improvisado, cantado e tocado), e o jazz misturado à influência franco-europeia, chamado dixie, cujo maior museu vivo e ativo prossegue sendo New Orleans. Finalmente, a música nascida nos guetos latino-americanos que poderiam incluir: a conga, o mambo e a rumba, vindos da Cuba "libre", o maxixe e o samba, não brasileiros, mas de Carmem Miranda e o calypso caribeano. Esse é o pano-de-fundo para darmosinício a este trabalho que ainda comportará duas partes: OS BRASILEIROS e, finalmente, NÓS JUNTOS EXISTE?
Desse fantástico panorama, evidentemente a música norte-americana lato sensu, assim como o músico de lá, formariam uma casta de qualidade quase inigualável. Certo que eles contaram e contam com um portentoso instrumento de marketing que é Hollywood, para exportar esse produto, que já tinha e tem muita qualidade intrínseca, para todos os cantos da aldeia global. A música dos grandes musicais é eterna. Os cantores, cantoras, arranjadores e compositores, de todas essas orígens, além de fazerem coisas belas possuem um padrão de qualidade superior que lhes é permitido pela força do dolar e da onipresença da economia americana no mundo (e que gera essa ubiquidade de dupla entrada: de lá para o mundo e do mundo para lá). Esse caminho de volta é o que me interessa trilhar, apesar deste trabalho em três partes ser produto, UNICAMENTE, do que guardo na minha memória, sem nenhuma pesquisa externa a qualquer outra fonte que não eu próprio. Isto dará ao resultado uma forte impregnação de meus gosto e de minha visão como passageiro dessa agonia. Sei que corro o risco de não ser lido. Não importa, pois ficará o registro eternizado em meu blog.
Como mote para a segunda parte que publicarei, sequentemente, amanhã (24 de fevereiro) e terça-feira (25 de fevereiro de 2014), é cuidar de limpar as arestas de uma possível visão eivada de envolvimento pessoal, é registrar que, como aqui, lá eles têm suas Ivetes, Cláudias Leitte, Bandas Calypso, Michel Teló e outras porcarias, corporificadas em Beyoncés, Rihanas e Justin Biebers da vida. A mim interessa verificar onde a alma brasileira conseguiu influenciar a música americana de qualidade  com forte penetração no grande público, não só nos guetos. Para ver isso me acompanhe amanhã.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Carta Aberta a meu Mestre André Costa nunes

Muitas vezes “acusado” de ser ateu e de introduzir a duvida a respeito de Deus, Albert Einstein elaborou e seguiu um pensamento religioso complexo e profundo, entendendo que a religião e a ciência eram complementares.

Gilberto Schoereder
Quando se pretende falar da relação entre Albert Einstein e a religião, é inevitável lembrar uma de suas frases mais famosas: “A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega”. Isso seria mais do que suficiente para se perceber que o cientista tinha uma relação especial com a religião. Alguns biógrafos de Einstein (1879-1955) chegaram a defender a noção de que essa relação ocorreu basicamente em sua infância, mas essa idéia já não é mais aceita. Uma das pesquisas mais profundas desse relacionamento entre ciência e religião na vida e obra de Einstein está no livro Einstein e a Religião, de Max Jammer, professor de Física e colega de Einstein em Princeton.

O interesse popular no cientista alemão se mantém, mesmo 50 anos após sua morte e num momento em que muitas de suas teorias vêm sendo questionadas. Einstein continua sendo uma das figuras mais conhecidas do planeta e, certamente, o nome que a maioria das pessoas imediatamente associa à ciência.

Jammer cita outra frase importante de Einstein, numa entrevista concedida ao escritor James Murphy e ao matemático John William Navin Sullivan (1886-1937), em 1930. “Todas as especulações mais refinadas no campo da ciência”, disse Einstein, “provêm de um profundo sentimento religioso; sem esse sentimento, elas seriam infrutíferas”.

Assim, percebe-se claramente a opinião do cientista de que a ciência e a religião eram complementares. No entanto, é preciso entender exatamente o que ele queria dizer com isso.

Os avôs e o pai de Albert eram judeus, mas ele não foi criado seguindo à risca as tradições judaicas. Segundo Jammer, tudo indica que seus pais não eram dogmáticos e sequer freqüentavam os serviços religiosos na sinagoga. Aos seis anos, ele entrou para uma escola pública católica, e teve aulas de religião – católica, bem entendido. Diz-se que só então seus pais resolveram lhe ensinar os princípios do judaísmo, para contrabalançar contrabalançar os ensinamentos católicos.



O SENTIMENTO RELIGIOSO SURGIU CEDO EM EINSTEIN, e ele chamou essa fase de sua infância de “paraíso religioso”, mas existem dúvidas quanto a como ele teria se desenvolvido. Quando os pais resolveram que ele devia conhecer o judaísmo, contrataram um parente distante para ensiná-lo e, segundo Maja, irmã de Albert, foi esse parente que despertou nele o sentimento religioso. Já Alexander Moszkowski, que escreveu a primeira biografia de Einstein, em 1920, afirmou, baseado em conversas pessoais com o cientista, que esse sentimento foi despertado após seu maior contato com a natureza, depois que a família se mudou de Ulm para Munique. O mesmo biógrafo também disse que a música desempenhou papel importante nesse sentimento religioso de Albert.

Apesar da biografia ter sido baseada em conversas pessoais, em 1949, o próprio Einstein escreveu, em Notas Autobiográficas, que sua religiosidade tinha se baseado tanto num sentimento de depressão e desespero quanto no reconhecimento da futilidade da rivalidade humana na luta pela vida. A religião trazia algum alívio, segundo ele disse, mas Jammer parece acreditar que essa idéia de Einstein foi formada posteriormente, uma projeção de suas idéias maduras para sua juventude.

Um fato importante ocorre aos 12 anos de idade, época em que deveria realizar o bar mitzvah, a confirmação judaica, que Einstein se recusou a realizar. Jammer entende que isso se deve à característica da personalidade de Einstein, de demonstrar independência com relação à autoridade e à tradição. Essas noções começaram a se desenvolver, ao que tudo indica, quando sua família recebeu um estudante judeu pobre, Max Talmud, dez anos mais velho do que Einstein. Os dois se tornaram grandes amigos, e foi através de Max que Einstein conheceu os textos a respeito de ciência, geometria, matemática, e a Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant.

Segundo o próprio cientista escreveu posteriormente, ele percebeu, através dos livros científicos, que muitas das histórias da Bíblia não podiam ser verdade e que os jovens são intencionalmente enganados pelo Estado com mentiras. “Dessa experiência”, ele escreveu em Notas Autobiográficas, “nasceu minha desconfiança de todo e qualquer tipo de autoridade, uma atitude cética para com as convicções que vicejavam em qualquer meio social especifico. Essa atitude nunca mais me abandonou, embora, mais tarde, graças a um discernimento melhor das ligações causais, tenha perdido parte de sua contundência original”.



ESSA POSTURA TAMBÉM SE EVIDENCIA NO FATO de que a primeira esposa de Einstein, Mileva Maric, pertencia à Igreja Ortodoxa grega. Os pais de ambos foram contrários ao casamento, mas eles não pareceram se importar com isso.

Max Jammer escreveu que toda essa situação poderia corroborar a tese de que a ciência e a religião são opostos irreconciliáveis, mas Einstein nunca concebeu essa relação como uma antítese, vendo os dois como complementares, como já ficou demonstrado nas frases citadas anteriormente.

O que aparentemente é uma contradição – uma vez que Einstein desaprovou a educação religiosa de seus filhos, considerando-a “contrária a todo o pensamento científico” – explica-se pelo entendimento correto de como Einstein usava os termos “religião” e “religioso”. Por exemplo, na expressão “ensino da religião”, ele via a instrução fornecida de acordo com a tradição de um credo; já na expressão “ciência sem religião”, o termo se referia ao sentimento de uma devoção inspirada, avessa aos dogmas. Em outras palavras, Einstein se referia ao sentimento religioso próprio da pessoa, sem intermediários, sem o poder da instituição e dos dogmas.

Jammer também levanta outra questão importante para se entender o pensamento de Einstein com relação à religião e Deus, e que está ligado à sua admiração pelo filósofo Baruch (posteriormente Benedictus) Espinosa (1632-1677), que negou a concepção judaico-cristã de um Deus pessoal, mas tinha a crença na existência de uma inteligência superior que se revela na harmonia e na beleza da natureza. Jammer explica que Einstein, como Espinosa, “negava a existência de um Deus pessoal, construído com base no ideal de um super-homem, como diríamos hoje”.

Numa oportunidade em que lhe pediram para definir Deus, Einstein disse: “Não sou ateu, e não creio que possa me chamar panteísta. Estamos na situação de uma criancinha que entra em uma imensa biblioteca, repleta de livros em muitas línguas. A criança sabe que alguém deve ter escrito aqueles livros, mas não sabe como. Não compreende as línguas em que foram escritos. Tem uma pálida suspeita de que a disposição dos livros obedece a uma ordem misteriosa, mas não sabe qual ela é. Essa, ao que me parece, é a atitude até mesmo do mais inteligente dos seres humanos diante de Deus. Vemos o Universo, maravilhosamente disposto e obedecendo a certas leis, mas temos apenas uma pálida compreensão delas. Nossa mente limitada capta a força misteriosa que move as constelações. Sou fascinado pelo panteísmo de Espinosa, mas admiro ainda mais sua contribuição para o pensamento moderno, por ele ter sido o primeiro filósofo a lidar com a alma e o corpo como uma coisa só, e não como duas coisas separadas”.



MAIS OU MENOS NA MESMA ÉPOCA em que falava sobre sua crença em Deus, Einstein também era acusado de ser um ateu, especialmente numa discussão provocada pelo cardeal O’Connell, arcebispo de Boston, ao advertir os membros do Clube Católico Americano da Nova Inglaterra a não lerem nada sobre a Teoria da Relatividade, uma vez que ela era “uma especulação confusa, que produz a dúvida universal sobre Deus e Sua criação (...) e encobre a assustadora aparição do ateísmo”.

O rabino Herbert S. Goldstein, da Sinagoga Institucional de Nova York, reagiu enviando um telegrama a Einstein pedindo que ele respondesse à simples pergunta: “O senhor acredita em Deus?” A resposta foi: “Acredito no Deus de Espinosa, que se revela na harmonia ordeira daquilo que existe, e não num Deus que se interesse pelo destino e pelos atos dos seres humanos”. Em última análise, pode se dizer que é uma resposta e um ponto de vista que se aproxima bastante de muitas posturas religiosas ou espiritualistas da chamada Nova Era, com um abandono do Deus pessoal.

Max Jammer alerta para o fato de que Einstein sempre estabeleceu uma distinção nítida entre sua descrença num Deus pessoal, de um lado, e o ateísmo, de outro. Num texto em que comentava um livro que negava a existência de Deus, Einstein disse: “Nós, seguidores de Espinosa, vemos nosso Deus na maravilhosa ordem e submissão às leis de tudo o que existe, e também na alma disso, tal como se revela nos seres humanos e nos animais. Saber se a crença em um Deus pessoal deve ser contestada é outra questão. Freud endossou essa visão em seu livro mais recente. Pessoalmente, eu nunca empreenderia tal tarefa, pois essa crença me parece preferível à falta de qualquer visão transcendental da vida. Pergunto-me se algum dia se poderá entregar à maioria da humanidade, com sucesso, um meio mais sublime de satisfazer suas necessidades metafísicas”.

Fica mais do que claro que Einstein não era e nem tinha qualquer apreço pelo ateísmo. Como Jammer destaca, ele não questionava a utilidade da educação religiosa, mas se opunha a ela – como no caso de seus filhos – “quando desconfiava que o principal objetivo era ensinar cerimônias religiosas ou ritos formais, em vez de desenvolver valores éticos”.



O PRIMEIRO ENSAIO DE EINSTEIN A RESPEITO DA RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO data do final de 1930, ainda que se diga que seu interesse no assunto já vinha da década de 20. Sua postura contra todo tipo de dogmatismo religioso pode ser verificada mais uma vez na sua recusa em utilizar o termo “teologia”, entendendo que sua abordagem da religião diferia muito da dos teólogos profissionais, especialmente daqueles para quem “a teologia é detentora da verdade e a filosofia está em busca da verdade”.

A maioria de seus textos sobre religião surgiram no período entre 1930 e 1941, e diz Jammer que seu interesse em escrever sobre o tema cresceu devido a duas entrevistas. A primeira, no início de 1930, dada a J. Murphy e J.W.N. Sullivan, já citada no início da matéria. A segunda entrevista foi com o poeta e filósofo místico hindu Rabindranath Tagore (1861-1941), Prêmio Nobel de Literatura em 1913.

Aparentemente, Einstein ficou um pouco decepcionado com a conversa com Tagore, e resolveu escrever o ensaio chamado Aquilo em que Acredito, que despertou a ira dos nazistas. Um dos trechos diz: “A mais bela experiência que podemos ter é a do mistério. Ele é a emoção fundamental que se acha no berço da verdadeira arte e da verdadeira ciência. Quem não sabe disso e já não consegue surpreender-se, já não sabe maravilhar-se, está praticamente morto e tem os olhos embotados. Foi a experiência do mistério – ainda que mesclada com a do medo – que gerou a religião. Saber da existência de algo em que não podemos penetra, perceber uma razão mais profunda e a mais radiante beleza, que só nos são acessíveis à mente em suas formas mais primitivas, esse saber e essa emoção constituem a verdadeira religiosidade; nesse sentido, e apenas nele, sou um homem profundamente religioso. Não consigo conceber um Deus que premie e castigue suas criaturas, ou que tenha uma vontade semelhante à que experimentamos em nós”.



QUANDO ESCREVEU O ENSAIO RELIGIÃO E CIÊNCIA para a New York Times Magazine, em 1930, Einstein elaborou a idéia de três estágios do desenvolvimento da religião. O primeiro estágio, ele chamou de “religião do medo”. Pensando em quais teriam sido as necessidades e os sentimentos que levaram ao pensamento e à fé religiosa, entendeu que, para o homem primitivo foi, antes de tudo, o medo, seja da fome, dos animais, das doenças ou da morte. A mente humana, disse, criou seres imaginários de cuja vontade dependiam a vida ou a morte do indivíduo e da sociedade. E, para aplacar esses seres, os humanos lhes ofereciam súplicas e sacrifícios, formas primitivas de oração e rituais religiosos.

Ele não aceitava a idéia da religião se originando pela revelação, segundo a qual Deus dá a conhecer Sua realidade aos homens; isso exclui a aparição a Moisés e acontecimentos como o nascimento, vida e morte de Jesus Cristo, ou ainda as palavras de um anjo, como diz o Alcorão. Jammer diz ainda que a idéia da religião surgindo do medo não é de Einstein, ainda que provavelmente ele não tenha lido os autores que falaram disso antes dele.

O segundo estágio, ele escreveu, foi a “concepção social ou moral de Deus”, decorrente do “desejo de orientação, amor e apoio”. É o Deus que premia e castiga, ao qual ele já havia se referido anteriormente. Einstein via no Antigo e no Novo Testamentos uma ilustração admirável dessa transição de uma religião do medo para a religião da moral, ainda ligada a uma concepção antropomórfica de Deus.

O terceiro estágio Einstein chamou de “sentimento religioso cósmico” e, segundo explicou, é um conceito muito difícil de elucidar para as pessoas que não têm esse sentimento, uma vez que ele não comporta qualquer concepção antropomórfica de Deus. Ele disse que “os gênios religiosos de todas as épocas distinguiram-se por esse tipo de sentimento religioso, que não conhece nenhum dogma e nenhum Deus concebido à imagem do homem; não pode haver uma Igreja cujos ensinamentos centrais se baseiem nele. Assim, é entre os hereges de todas as eras que vamos encontrar homens que estiveram repletos desse tipo mais elevado de sentimento religioso, e que, em muito casos, forma encarados por seus contemporâneos ora como ateus, ora como santos. Vistos por esse prisma, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Espinosa assemelham-se muito”.



APESAR DE TANTAS DEMONSTRAÇÕES DE QUE NÃO ERA ATEU, mas que via a religiosidade de uma forma particular, até recentemente Einstein era citado como um ateu. Numa conversa como príncipe Hubertus de Löwenstein, disse que o que realmente o aborrecia era que as pessoas que não acreditam em Deus viviam citando-o para corroborar suas idéias. Jammer cita um livro popular sobre a vida do cientista, publicado em 1998, em que surge a frase “ele (Einstein) foi ateu a vida inteira”, apesar de uma citação de Einstein no mesmo livro contradizer essa afirmação: “O Divino se revela no mundo físico”.

O maior problema parece ser mesmo a dificuldade das demais religiões em aceitar uma religião na qual as instituições e os dogmas perdem os sentido. Elas não aceitam essa situação, como não podem aceitar um homem que diz que “se você ora a Deus e Lhe pede algum beneficio, não é um homem religioso”.

Einstein não desrespeitava as religiões estabelecidas, mas apenas não concordava com elas. Jammer diz que ele venerava os fundadores das grandes religiões, e isso pode ser visto numa mensagem que enviou à Conferencia Nacional de Cristãos e Judeus, em 1947. “Se os fieis das religiões atuais”, escreveu Einstein, “tentassem sinceramente pensar e agir segundo o espírito dos fundadores dessas religiões, não existiria nenhuma hostilidade de base religiosa entre os seguidores dos diferentes credos. Até os conflitos no âmbito da religião seriam denunciados como insignificantes”.

Hoje em dia, muitos religiosos dizem exatamente isso, tendo em vista a situação explosiva em que p mundo se encontra, em grande parte devido a conflitos religiosos. Na religião de Einstein, os conflitos seriam impossíveis de existir.

(Extraído da revista Sexto Sentido 52, páginas 24-30)
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

EUZÉBIO E EU!

Sim, por mais estranho que possa parecer, eu tenho uma história pessoal com Euzébio, que acaba de falecer aos 71. Logo que meu avô (Antonio André Victorão) chegou a Belém, na passagem do Século XIX para o XX, encantou-se com as cores do Remo pois detestou as do Paysandu que lhe lembravam seu arqui-inimigo, o Futebol Clube do Porto, pois era torcedor fanático do Sporting. Atleta e remador do Remo (poderia até ter cantado o glorioso hino: Atletas azulinos somos nós.....) e sendo destacado membro da colônia portuguêsa, logo foi chamado para fundar a Tuna Luso Caixeiral (mais tarde Tuna Luso Comercial e, finalmente, Tuna Luso Brasileira), sendo um dos 50 sócios fundadores e doadores de, cada um, 5 contos de reis para a compra do imenso terreno no Souza. Tudo registrado. Em 1958 a Tuna havia sido campeã enfiando 4 x 0 no meu sofrido Papão, penso que invicta, pois possuía um dos melhores times do norte-nordeste onde pontuavam o goleiro Dodó, o meio-de-campo: Satiro, Acapú e Muniz e um ataque arrasador onde flanavam Leoni, Teixeirinha, Estanislau, China e Juvenil. Uma máquina de jogar bola. O Esrtádio da Tuna, então, era maior que a Curuzu e o Evandro Almeida juntos e os empreendedores portugêses, para coroar com chave de ouro aquele ano mágico, construíram quatro moderníssimas torres de iluminação e importaram dezenas de refletores de luz fria algo, pelos anos 50, impensável por aqui. Para comemorarem a inauguração da iluminação mandaram buscar, nada mais nada menos, que o poderoso Sport Clube Lisboa e Benfica, tricampeão português e que tinha a base do time que se sagraria campeão europeu em 1962 e  terceiro lugar na Copa do Mundo de 1966, obviamente roubado pelas arbitragens que já tinham escolhido a Inglaterra para ser campeão na frente da Rainha. Numa quarta-feira à noite KK (como chamávamos meu avô) chegou com cinco convites para usarmos CADEIRAS DE PISTAS, que eram cadeiras comuns colocadas na beira do campo, entre o alambrado e a linha de lateral. Nada mais havia de chique do que ver o jogo oficialmente dentro do campo. O jogo foi no fim de julho e não choveu. Eu tinha 10 anos, meu irmão 13 e fomos abismados assistir algo impensável, mesmo porque o Brasil acabara de ser campeão mundial na Suécia.  O Benfica era uma máquina onde despontavam o histórico goleiro Costa Pereira, Coluna e Mateus, no meio, e na frente já jogava o ponta-esquerda Simões. Os times vieram beirando o gramado e ficaram bem perto de nós. Eu babava. Mas aí, passam os reservas em direção ao banco. Passam jovens como José Augusto, Torres (imenso), Hilário, Vicente, Morais (todos seriam nossos carrascos em 1966). De repente KK vira-se para o papai e diz: Alair,  visses esse crioulinho de cambitos (pernas finas), baixo e muito forte que pasou em meio aos reservas? Ele chama Euzébio, só tem 16 anos mas se fala que será o Pelé da Europa. Dizem maravilhas dele. Vi aquele mulato bem baixo e bem forte, andando devagar, mãos coladas ao peito como se sentisse um frio inexistente, conversando com os colegas. O jogo foi duríssimo (2 x 2) e Oto Glória (técnico brasileiro do Benfica) não quiz arriscar pondo o pretinho em campo. Aquela seria a última chance que tive na vida de ver jogar, tão perto de mim, essa glória do futebol e de Portugal, mesmo sendo moçambicano. Monstro sagrado comparável a Pelé, Maradona, Di Stefano, Tostão e Messi! Adeus!

ALGO SOBRE A VERDADE!

Geralmente busca-se a verdade em nossa vida. Penso que é uma busca inútil pois poucas verdades serão absolutas. Tento explicar! Emitimos juízos de fato sobre o que percebemos pelos nossos cinco sentidos físicos e então pensamos: não há como tergiversar sobre isso! Há sim! O som alto ou baixo, apesar de factual é, na verdade, valorativo pois depende da acuidade de cada ouvido. Parece que a cor cinza, ou o preto ou o branco são unanimidades, contudo, há vários tons de cinza; o branco pode ser gelo, pálido, neve e outros tons e até o preto, a negação da cor ou a reunião de todas elas, também admite nuanças. Desnecessário juntar mais exemplos. Os outros juízos que emitimos são valorativos e dependem de escolhas pessoais. Nesse campo dificilmente encontraremos unanimidades pois o feio bonito me parece. Existe uma área, um pouco nebulosa, sobre o sentido da verdade e que consiste na produção do conhecimento em seus vários aspectos: religioso, ideológico, científico e filosófico. Aí mesmo as verdades são falíveis. Para um religioso cristão a verdade está contida na Bíblia, concebida como a Palavra de Deus. Jesus Cristo, Filho de Deus, afirma categórico "eu sou o caminho, A VERDADE e a vida" e completa, conhecereis A VERDADE e ela vos libertará. Mas que verdade? Para o Muçulmano a verdade será o que está escrito no Alcorão, palavra de Alá, transmitida a seu único profeta Maomé (Mohamed); para o judaísmo a verdade está explícita no Torah e nas menagens proféticas, assim por diante. O conhecimento filosófico é o reino máximo da racionalidade e cada filósofo, desde os jainistas, sofistas, idealistas e realistas, reivindica a única verdade para suas filosofias. Nas ideologias esse problema do relativismo da verdade assume contornos bem nítidos já que cada uma delas não admitide refutação e tudo o que se diz ou faz, em nome de tal ideologia, quando não é seguido ou respeitado por todos, assume foros de mentira vantajosa, cabotinismo ou demagogia. Estamos passando por um obscuro tempo de patrulhamento sobre toda a forma de pensamento e ação no sentido contrário à ideologia que se quer impor no Brasil e sabemos o que acontece com os desviantes. Parece claro que vamos encontrar, na ciência, um porto seguro para nossa verdade. Ledo engano! O conhecimento científico é o único refutável e que só evolui não pelas adesões mas pelas negações das teorias vigentes e apresentação de novas. Até as chamadas lei científicas, axiomas ensinados como eternos, imutáveis e universais, não são isso. Desde a mais tenra idade aprendemos que a "água ferve a 100º C", contudo essa verdade é relativizada pelo que a própria ciência criou, tomando-a de empréstimo à filosofia, e que se chama LICENÇA EPISTEMOLÓGICA. O direito de criar posturas que expliquem e justifiquem a lei. Aquela velha conhecida só é lei quando são reproduzidas as "condições normais de temperatura e pressão", que só foram conseguidas em laboratório. Na natureza elas se modificam conforme a altura na qual se situa o experimentador. No topo de uma montanha, certamente a 85 a 90º C se dará a ebulição enquanto na base de um profundo vale ou depressão, isso ocorrerá somente entre 115 e 120º C. Logo, nossa tão querida e ansiada verdade é uma quimera apenas alcançável em minúsculos lapsos de tempo. Um valor que se apresenta a cada um a quem mostra sua face. Para toda a humanidade e o tempo todo, creio que a verdade absoluta não existe. E você, que sempre se achou dono dela, pode ser que esteja certo, mas em seu pequeno mundo. E que venham as refutações. Simples assim!

domingo, 5 de janeiro de 2014

SE O BRASIL FOSSE A CORÉIA DO SUL!

A Coréia do Sul foi um país criado, em 1945, de uma briga entre irmãos. Natureza inóspita, pouquíssimos recursos naturais, bacia hidrográfica pobre, muito pouca água potável, clima duro, montanhas escarpadas. Se compararmos esse país com o Brasil ,na ápoca chegava a parecer piada, num exercício simples de futurologia, apostar nela contra o Brasil todas as fichas na virada do século XX para o XXI, exatos 45 anos depois. Um nada em tempo histórico. No entanto a Coréia do Sul é a 13a. economia do mundo, SEM MAQUIAGENS e enquanto o Brasil de hoje está mortificado por perder pontos em uma agência de risco de investimentos a Coréia do Sul continua batendo recordes sobre recordes em sua situação de país que gerou a maior revolução na educação no mundo inteiro e cada vez mais se aproxima de um país de primeiro mundo, sem pobreza e miséria, numa posição de quase vanguarda nas pesquisas sobre as últimas tecnologias e descobertas científicas. Continuamos sendoum país portentosamente mais rico mas patinamos nesses 45 anos enquanto a Coréia do Sul, bom quanto a ele, melhor dirão as estatísticas internacionais da ONU, FMI e OCDE. Pincei, num excelente artigo, o que vai escrito em seguida. Não é leitura melhor para um domingo pois pode aumentar sua tendência a sentir náuseas. O artigo é de novembro de 2011 mas o câmbio é corrigido para hoje!

O salto sul-coreano de um país agrário para líder em pesquisa e tecnologia atende pelo nome educação. 

O foco veio da necessidade das indústrias na formação de recursos humanos e na valorização do professor. Em 20 anos, o salário saltou de US$ 200 (R$-420,00)) para US$ 5 mil (R$-12.000,00) ao mês, ao câmbio de 05 de janeiro de 2014. O cearense Soleiman Dias trabalha há 11 anos como professor em Seul e destaca que há, neste momento, uma nova transformação: 

- Hoje, o foco é formar um aluno mais criativo. 

O ensino fundamental tem nove anos. Nos seis primeiros, é obrigatório. Para universalizar a educação de qualidade, os conteúdos chegam a todos os cantos do país por uma rede de TV. 

A avaliação de professores é uma realidade nas escolas coreanas. 
São turmas pequenas, de no máximo 35 alunos, constantemente subdivididas para aulas de diferentes disciplinas. Uma das fixações, o ensino da língua inglesa, ocupa sete horas semanais e é feito em turmas com 10 alunos. São 16 professores de países onde o inglês é a língua principal. 

Estudar é uma disputa. Um dos pontos da cultura do país é ser o primeiro e estar sempre entre os melhores. Além do inglês, os estudantes tem duas horas de Educação Musical por semana. As salas são equipadas com pianos. 

A competição, saudada por alguns, é vista por outros como pressão sobre as crianças. ]

As escolas garantem que o ensino se baseia em fazer com que os alunos tenham suas próprias opiniões e as expressem. Uma das metas é formar líderes. Esta é também a filosofia que impulsionou o país...

A educação, como se pode ver, sempre vai fazer toda a diferença.
VEJA COMO A RECEITA É SIMPLES! Claro que sem corrupção!
1. Concentrar os recursos públicos no ensino fundamental – e não na universidade – enquanto a qualidade nesse nível for sofrível
2. Premiar os melhores alunos com bolsas e aulas extras para que desenvolvam seu talento
3. Racionalizar os recursos para dar melhores salários aos professores
4. Investir em pólos universitários voltados para a área tecnológica
5. Atrair o dinheiro das empresas para a universidade, produzindo pesquisa afinada com as demandas do mercado
6. Estudar mais. Os brasileiros dedicam cinco horas por dia aos estudos, menos da metade do tempo dos coreanos
7. Incentivar os pais a se tornarem assíduos participantes nos estudos dos filhos

Fontes: Valor Econômico, Uniemp e Educarparacrescer.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A ORGANIZAÇÃO DO FUTURO!

           Não existe assunto que mais excite a mente dos estudiosos em Administração e em Teoria Organizacional do que tentar descobrir para onde se encaminharão as teorizações sobre o papel e as estruturas organizacionais no novo milênio. Abstraindo os trabalhos meramente ideológicos e modistas, que visam conceber receitas infalíveis e engordar a conta bancária dos chamados gurus da administração, constata-se muita perplexidade entre estudiosos e pesquisadores sérios sobre os destinos desses agrupamentos humanos nos próximos anos.

Parece haver dicotomias fundamentais que dificultam a compreensão do tema. De um lado a questão da racionalidade necessária à produção em massa dos bens  e serviços que trazem felicidade e conforto à sociedade, pugnando com a despersonalização daqueles que os produzem e ofertam, num ambiente onde o prazer na realização do trabalho é relegado a um plano secundário. Parece que   compatibilizar esses valores é um problema ainda insolúvel nos dias atuais.

Também a questão de como gerenciar a criatividade e a inventividade no    interior das organizações ainda patina entre posições contrárias, ambas amparadas em teorias e pesquisas com resultados paradoxais, mas nem por isso menos científicos. Pinchot III afirma que a submissão dos escravos dos Faraós foi      suficiente para construir as monumentais pirâmides do Platô de Gizeh. Robert Johnson, fundador da Johnson & Johnson – uma empresa atuante no mercado há muitos anos, o que comprova sua efetividade – por seu turno anunciou que nada mais atiça a criatividade humana do que saber que se vai ser enforcado logo ao amanhecer.

Uma interpretação simplista dessas contradições aponta para o binômio  liberdade comportamental e flexibilidade estrutural, de um lado, versus planejamento e controle (leia-se: burocracia) do outro. Em suma, até que ponto o indivíduo organizacional deve trabalhar em uma estrutura horizontalizada e flexível, com as comunicações fluindo em todas as direções e sentidos na organização, tomando parte ativa no processo decisório e livre para manifestar sua criatividade pessoal em prol dela ou deve se restringir à perseguição obsessiva dos objetivos organizacionais, cumprindo regras formalizadas e eficientes que dirigem seu papel e suas funções? A resposta a essa pergunta ainda não foi pacificada pela teoria e pesquisas.

Há exemplos de sucessos e disfunções para ambos os lados. Um gerente de um banco nos EUA deixava os clientes do lado de fora da agência, tiritando de frio em um inverno rigoroso, tendo à mão um cronômetro para abrir as portas somente na exata hora constante nos Manuais. Uma cliente desse mesmo banco teve seu cartão de saque engolido pelo caixa eletrônico, no exato momento em que deveria se dirigir ao aeroporto de La Guardia (em Nova Iorque) para empreender uma importante viagem de negócios. Telefonou ao banco e um simples funcionário providenciou os 200 dólares de que ela precisava, pagando o taxi de seu bolso e resolvendo depois o problema do saque.

Na produção do Windows NT, Gates permitiu que os cientistas da computação trabalhassem livremente na crença de que não poderia intervir no processo criativo de suas mentes privilegiadas. Quase um ano depois e 150 milhões de dólares já queimados na empreitada, contratou David Cutler, seu amigo pessoal e um burocrata convicto, para gerenciar o projeto. Cutler introduziu uma técnica de trabalho que ele chamou de comer sua própria comida de cachorro, e que consistia em determinar que partes novas do programa só poderiam ser escritas usando as partes que já haviam sido escritas até então, i. e., era como se, de repente, a única forma de as pessoas poderem escrever novos capítulos de uma novela fosse recortando e colando palavras de capítulos anteriores já escritos. Em dois meses o Windows NT estava no mercado!

A história do Projeto Manhattan – criação da bomba atômica americana – tende a ser uma repetição do caso acima. Enquanto o projeto foi gerenciado por     Oppenheimer – o maior físico nuclear do mundo, à época – meses se passaram             e bilhões de dólares gastos sem nenhum resultado concreto. Só quando Truman colocou à frente do empreendimento um o Gen. Groves, seu amigo e veterano da     primeira guerra mundial, excelente comandante de tropa, a bomba foi construída     através da aplicação de rígido planejamento operacional, com prazos fatais a serem  cumpridos.

Existe uma terceira via defendendo a tese de que não seria a imposição de    planejamentos e controle inflexíveis que moveria a criatividade desses cientistas mas a resposta positiva ao desafio, fenômeno que motivaria seres humanos a irem além das fronteiras do imaginável.

Em qualquer dessas alternativas, há histórias de sucessos e fracassos. Talvez a única conclusão plausível seja a de que não há conclusões plausíveis. Com efeito, essas situações ocorreram e ocorrem em um paradigma em mutação   constante e o problema, na verdade não se situa no microcosmo de uma análise   realizada sob padrões que de tão conhecidos já se encontram desgastados e      impedem ao analista uma visualização macrocósmica do futuro.

Pode-se estar discutindo um assunto usando ferramentas inadequadas e,       pela leitura acostumada do paradigma vigente, apontando soluções que somente      se materializarão em um novo paradigma, difícil de divisar por sua invisibilidade        e proximidade.

Em última análise, uma verdade tende a se destacar: é papel preponderante dos Administradores pesquisar prospectivamente esse futuro incerto e fornecer as pistas para uma solução conciliatória: ser racional e feliz, atendendo aos reclamos da sociedade moderna sem perder de vista o trabalho como realização máxima do ser humano, ao mesmo tempo que se preserva a eficiência e a produtividade.
*Sérgio Barros é Professor do  ADM, Mestre em Administração pela UnB e orientador de diversos trabalhos da AD&M Consultoria Jr.



Carta a um casal de alunos!

Em 05 de dezembro de 2000, dois alunos meus se casaram e eram muito participativos e queridos e me mandaram um convite personalizado. Em resposta fiz a carta abaixo que guardei e comaprtilho com o Face mais de 12 anos depoisÇ

Sérgio e Flávia:

Na vida de um professor, quando este encara a profissão como um sacerdócio, alguns eventos tornam-se muito marcantes. Nenhum deles o é tanto quanto a lembrança dos alunos excepcionais, aqueles que ultrapassam a geografia da sala de aula e se instalam na história da vida do pretenso mestre.

Vocês se tornaram, em um momento particularmente difícil de minha vida, em marcantes exemplos desse evento, dando-me apoio e carinho além dos papéis normalmente exercidos por um aluno comum. Nunca a relação é de amizade, pois o mundo é grande e todos partem para suas missões. Mas a remuneração permanece, marcando as fronteiras de um pedaço de meu coração loteado que passa a lhes pertencer, por lídimo direito de conquista.

Agora, quando ambos iniciam uma etapa tão maravilhosa quanto difícil, que é a vida em comum, cuja realização máxima é a formação de uma nova família, pouco tenho a lhes dar em troca do muito que recebi dos dois. Experiências não se transferem. Conselhos são mais válidos para quem os dá do que para os que os recebem. Cada ser é um indivíduo, inigualável, inimitável, divisível por si próprio e pela unidade, como os números primos.

Resta então a esperança de que compreendam os componentes insondáveis e personalíssimos de um casamento, cultuando, acima de tudo, a mútua renúncia e o sentimento da igualdade; o apoio de um ao outro, pois a vida é um projeto complexo e complicado na individualidade quanto mais na dualidade.

O amor é argamassa de tudo, mas não é o bastante. Amizade e respeito devem ser cultuados até o ponto em que surja a dependência entre vocês. Ai aparece no horizonte a visão de um futuro distante, de mãos dadas, envelhecendo gloriosamente juntos.

A felicidade não existe como um fato perene, mas é viável moldá-la a uma condição possível de momentos mais felizes do que infelizes. A paz surge no arrefecimento da paixão e a liberdade transforma-se em um sentimento compartilhado, não mais individual.

Só podemos dar o que possuímos. Feliz ou infelizmente este é o melhor presente de casamento que lhes posso entregar.



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

BRINCANDO COM O UNIVERSO

Agora não é mais mera estística mas já deve ser tratado pela matemática e outras ciências exatas. Isto significa que saiu da perspectiva de possibilidade para ser uma certeza. Não mais se pode especular SE um corpo celeste poderá se chocar com a Terra mas QUANDO isto vai acontecer. Como o tempo cósmico não possui medida que caiba em nosso raciocínio objetivo, tanto é possível que ele já esteja no nosso caminho desde o Big Bang ou ainda ontem foi disparado, levando miríades de anos-luz para aqui chegar. Já não interessa aos cientistas calcular quantos serão mortos no choque mas, voltando à estatística, qual a possibilidade dele consubstanciar um evento de extinção total de vida na Terra ou, quem sabe, completa explosão de nosso planeta. A ciência comprova cerca de 100 a 200 desses eventos, no passado remoto ou recente, em tempo histórico. Uns maiores como talvez o que extingui os dinossauros há 65 milhões de anos, o meteoro da Sibéria no século XIX que devastou imensas quantidades de florestas intocadas e provavelmente gerando o buraco mais profundo detectado na superfície do planta e que teria se transformado no mar ou lago de Baikal, ou simplesmente nosso Bendegó, meteorito do Bendegó caído no sertão baiano e exposto no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista desde 1888, sendo hoje considerado o 16º maior corpo celeste que se chocou com a Terra. A grande preocupação que se tem, na comunidade científica no estado-da-arte, é a chance de deter esses monstrengos antes de chegar aqui. As teorias são das mais simples como explodí-los com artefatos atômicos antes de ingressarem na nossa atmosfera às mais remotamente reais como a que passaremos a expor em seguida. Na verdade essa teoria já é científica e, portanto, baseda em dados reais analisados em supercomputadores mas, como todo o arcabou científico, pode e deve ser refutada no caminho de descobir-se sempre algo mais palpável e plausível. A coisa é gigantesca e parte de pesquisas já em andamento sobre a possibilidade do universo ser, ele todo, um ser vivo, formado por partículas, da mais improvável como a matéria escura que gera os vácuos intergaláticos, passando pelos buracos negros e chegando aos suborganismos, órgáos e células que seriam, no macrocosmo, as galáxias, nebulosas, planetas, estrelas, cometas, meteoros, meteoritos e outras partículas em suspensão cósmica, tudo partindo do bóson de Higgs, equivalente ao elétron no microcosmo humano. Conhecendo-se como pulsa o ritmo da vida nesse organismo, como se comunicar com ele, poder-se-ia pensar em "dialogar" com ele e desviar qualquer câncer espacial configurado nessas células invasoras em sítios que não lhe são peculiares nem rotas normais. Duas coisas me chamam profundamente a atenção. Essa teoria já existe disseminada no planeta em escritos arcanos dos Keri-Hebs, sacerdotes egípcios que teriam seuas ascendentes na Lemúria e Atlântida, assim também chamada de Continente Perdido de Mu. Tive acesso a muitos desses escritos depositados no Museu Egípcio Rosa-Cruz, no Parque Rosa-Cruz, em San josé da California. Pois esses sacerdotes geraram uma teoria à qual chamaram de Adão Cadmo onde o universo inteiro seria exprimido por um gigantesco homem com todas essas características. A segunda é este escrito milenar recolhido da Kabala Mística: (...) O texto yetzirátião eco descritivo de Kether, como todos os dizeres da Sepher Yetzirah, é uma sentença oculta. Afirma ele que Kether se chama Inteligência Oculta, a os diversos títulos conferidos a Kether na literatura cabalística confirmam essa denominação. Kether é o Segredo dos Segredos, a Altura Inescrutável, a Cabeça Que Não É. Temos aqui novamente a confirmaçáo da idéia de que a coroa está acima da cabeça do Homem Celestial, o Adão Cadmo; o ser puro está atrás de toda manifestação, a não é por ela absorvido, sendo antes a causa de sua emanação ou manifestação (...). Realmente não gostaria nem gosto de misturar ciência e religião pois empobreço meu discurso. Mas sempre me incomoda, e muito, quando encontro uma teoria científica tão avançada cruzada por escrito tão antigo. Apesar de serem conhecimentos produzidos de forma antagônica, um na razão e experimentação, quase-exato e refutável, que é a ciência, o outro é inspiracional e definitivo posto que gerado pela fé irrefutável pela razão. De qualquer forma, a ciência prossegue caminhando alargando as fronteiras que cada vez mais descortinam o homem para si mesmo. O quê ela encontrará no fim do caminho (se existe um), nem o cientista, nem o filósofo ou o religioso podem afirmar com certeza sua natureza e composição. Incerteza, caos, renascimento ou destruição? Simples assim!