terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ser diferente é normal?


Não! Ser diferente é ser diferente e ser normal é ser normal! As diferenças atuam como as exceções que existem para se fazerem as regras. Sem exceção não há regras. Sem o conceito de diferente também não haveria o conceito de normalidade, por ser esta a referência e aquela a raridade. Em termos científicos estou explanando um conceito, quase uma lei. Em estatística existe uma curva em forma de sino, também chamada de Curva de Normalidade ou curva de Gauss. Ela significa um gráfico de distribuição normal (termo usado pela ciência estatística, logo não criado por mim nem pela mídia) de um determinado conjunto de dados. Assim, organizando-os na coordenadas cartesianas, ordenada e abscissa, a conformação da curva será tão mais normal quanto a "corcova" for menor, uma elevação muito leve em meio a duas longas retas. Quanto mais alta e estreita for a elevação (ou o sino), maior será a visibilidade das exceções e minorias em relação à regra e às maiorias, dado seu afastamento do eixo horizontal. O problema é ideologizar as coisas, tendência muito em voga, e dar juízos de valor ao que deve ser estudado apenas como juízo factual. Se, digamos, 70% da humanidade são compostos por heterossexuais, eles comporão a parte normal do gráfico e os demais 30% de homossexuais serão classificados como exceção ou diferentes. Sem julgar se isso é BOM OU RUIM. Assim como os cegos, surdos, mudos, portadores de síndrome de Down etc. e que não são a maioria da população logo eles são diferentes e o resto normal, sem juízos de valor. A grande diferença está na cabeça das pessoas que, incluídas no "sino", na "corcova" se sentem diminuídas justamente por causa disso. E quando não se sentem são levadas pelos imbecis da objetividade que ficam pagando publicidade para dizer que eles se sintam diminuídos, envergonhados e vilipendiados se não estiverem dentro da curva de normalidade. Eu sou normal por ser pobre, não ter casa própria, empresa ou banco. Sou normal por pagar aluguel, ganhar mau, me esfalfar para sobreviver e não possuir a certeza de que meu corpo morto será respeitado justamente porque não possuo nem um jazigo. Diferente seria se eu fosse um capitalista biliardário, futebolista, cantor de axé e outras merdas, além de artista "famoso". Só então eu sairia de minha normalidade e, como exceção, gravaria comerciais afirmando baboseiras tais como; SER DIFERENTE É NORMAL! Com o bolso cheio de erva, de gastar ou de fumar. Simples assim!

Eutanásia?


A mídia, como sempre, labuta em engano ao afirmar, diuturnamente, que aquela senhora que se passa por médica, no Hospital Evangélico de Curitiba, praticou eutanásia contra muitos pacientes da UTI que dirigia, sob o pretexto de "limpá-la" e obter vantagem de não identificados Planos de Doença (erroneamente chamados de Planos de Saúde), abrigando os SEUS moribundos em detrimento dos pacientes do SUS. Na verdade não se trata de eutanásia. Essa palavra decorre da união de dois radicais gregos: eu (bom, agradável) e tânatos (morte). Logo, a eutanásia é uma prática milenar voltada a aliviar o excessivo e insuportável (para os que morrem e para os que assistem) sofrimento, propiciando uma passagem indolor deste para o outro mundo. Ora a eutanásia seria praticada em doentes em coma profundo, pelo próprio médico desgastado em presenciar tanta miséria da condição humana. Em outros casos, os prórpios pacientes já sentem a ausência de resposta aos tratamentos, tão doloridos quanto a própria doença, e imploram pela "boa morte". A médica (sic) em questão está sendo acusada de homicídio doloso, quando o agente quer o resultado morte ou, pelo menos, assume o risco de produzi-lo. No primeiro caso tem-se o dolo direto (que me parece ser a hipótese dos crimes da UTI, se comprovados) e, no segundo, o dolo eventual (que também pode ter sido praticado por outros médicos e pessoal de enfermagem e auxiliares que silenciaram ao detectar o problema). Além de homicídio doloso, ainda devem ser adicionadas à acusação certas condições agravantes do crime, tais como o cometimento de tocaia, por motivo torpe e impossibilitando à vítima qualquer chance de defesa. O homicídio já é uma prática odiosa quase apanágio da raça humana já que os animais podem até matar os mesmos de suas espécies em caso de muita fome ou ameaça à sobrevivência. Mas matar por matar, dar o tiro ou a facada só para ouvir o barulho do corpo caindo no chão, isto só os humanos fazem. E o problema assume caráter mais odioso quando a motivação do homicídio reside em vantagem pecuniária ou para satisfazer paixões humanas como poder, inveja, ressentimento, ambição ou posse. Já vi coisas brutais como essa ao longo da vida. Continuo não compartilhando ou processando bem certos aspectos e direitos dos assassinos, em tese, tais como o sagrado e amplo direito de defesa que leva advogados à frente de microfones para vociferar que beltrana sempre exerceu sua medicina dentro dos melhores padrões éticos, quando existem já cerca de dezenas de depoimentos em sentido contrário, até de profissionais da área da saúde e que já deveriam ter se manifestado há tempos. As vítimas e seus parentes não são versadas em medicina e pouco podem fazer quando se tranca uma porta de UTI, assim como as dos Centros Ciirúrgicos, e lá dentro as coisas fluem de um modo eternamente protegido por um manto de silêncio e conformismo. Por outro lado, parece singular, na altura em que está a coleta de provas para arrimar o inquérito policial, aparecer o Diretor Médico do Hospital botando toda a "banca" do mundo, saindo da encolha talvez ao se sentir já não tão inseguro, e começar a defesa apaixonada da profissional já afirmando coisas do tipo "não é possível que estejam sendo assacadas tantas acusações sobre uma profissional correta em tantos anos de prática médica". Então tá! Quer dizer que ninguém pode começar a praticar crimes em função da limpeza e higidez de seu passado? Não, cara pálida, a contingência do ato criminoso pode surgir do nada, pouco ou nunca importando o currículo do criminoso, sua conduta anterior. Mesmo não sendo médico já dirigi hospital público e privado e jamais consegui qualquer informação de dentro de uma UTI ou de sala de cirurgia quando alguma suspeita de erro médico surgia. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, instrumentadores, circulantes e serventes escalados para determinado ato cirúrgico, possuem, perto da saída do Centro, um livro de atas sempre aberto para anotar intercorrências e fatos extraordinários havidos durante o ato cirúrgico. Pelos quase quatro anos que passei no ramo, sempre me intrigavam aquelas páginas permanentemente brancas, alvas e virgens como a pureza da medicina, ainda que, cá e acolá, ouvisse falar de gazes, compressas e instrumentos esquecidos dentro dos pacientes. Mas o livro continuava branquinho como a "de Neve", do conto de fadas. No fundo, a esses criminosos, chamados de suspeitos pela mídia patrulhada por um "direitismo humano" que viceja no "nosso país" há algum tempo. Me causa sempre desconforto perceber que paira no ar uma certa prática de empurrar as coisas com a barriga para caírem no esquecimento. A tragédia de Santa Maria, com seus já 239 mortos, começa a ser peneirada pela bruma intransponível do passado, mal que acomete o Brasil, país de memória excessivamente curta. Logo, logo os defensores da colega de Curitiba já estarão subindo sobre as mesas, falando cada vez mais alto e, não mais que de repente, a gente descobre, 20 anos depois, que se esqueceu da Dra. Virgínia. Santa Maria já se transforma, lenta mas inexoravelmente, em um doído retrato na parede como a Itabira de Drumond. Há quase uma cultura oficial dessa prática. Sem querer ideologizar (mas já ideologizando) sempre me vem a mente a patética figura de Lula pedindo desculpas ao povo brasileiro, diretamente de Paris, quando foi flagrado o primeiro ato do mensalão. Uns três meses e milhões de Bolsas Famílias distribuídas (misturadas a um punhado de nossas casas nossa vidas) o vento mudou, a voz engrossou e, como num passe de mágica, o mensalão já era uma invenção fantasiosa da imprensa fascista e intriga da oposição. Nos Estados Unidos da América do Norte, o povo parece ter memória mais permanente. Na verdade lá não existe o Alzheimer Social que nos aflige. Em 09 de setembro de 1971, ocorreu um imenso motim no presídio de Attica, perto de New York. A repressão foi brutal do tipo Carandiru e, ao final, 29 presidiários e dez reféns foram peneirados por centenas de policiais que subiram nos muros e mandaram bala em todo mundo. Evidente não sou uma viúva de Attica e muito menos concordo com tanta violência para conter violência. Mas um fato restou disso tudo. Até hoje não se registram motins nos presídios norte-americanos. Quando eles são pensados, imediatamente algum detento ou guarda presidiário, movido pela memória social, grita pra todo mundo ouvir: Remember Attica!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cogito, ergo sun!


Quem me conhece desde muito sabe o quanto admiro o pensamento humanista de Karl Marx, gene de um tipo de socialismo não utópico, real, intervencionista e revolucionário. O mundo ainda não aprendeu com a colheita da Revolução Industrial, a qual utilizou, por seu lado, o pensamento liberal de Locke e Smith. Foi a primeira vez que a burguesia teve um substrato de filosofia política e econômica para se apoiar e realizar seu projeto de assalto ao poder para além das fábricas. Nascido em uma vertente de sonhadores de um mundo menos injusto, Marx me encanta quando, diferentemente dos Proudhoms, Sain-Simon, Orwell e Owen da vida afirma que a ele não competia entender ou explicar o mundo, mas MODIFICÁ-LO! Se a humanidade continuasse livre na velocidade do açougue das vilas operárias e do trabalho 12 horas por dia, sete dias na semana, desde DOIS ANOS DE IDADE, com chicote dos capatazes no lombo, numa neo-escravatura bem mais cruel pois o escravo ainda tinha o sonho de se libertar e ao operário restava uma vida sem perspectiva de mudança nem mesmo num processo de evolução histórica, claro que já estaria extinta. Na verdade o capitalismo nunca evoluiu em seu nascedouro. Suas práticas se modernizaram mas seu embasamento é o mesmo desde a Idade Média, quando o senhor feudal mandou seu filho para cuidar dos burgos que cresciam em suas terras, gerenciando as corporações de oficio e tratando da única coisa que sabia fazer muito bem: contar e acumular riquezas! Isso tudo continua absolutamente igual a mais de duzentos anos. Marx foi uma luz no fim do túnel. Não posso negar que foi atropelado por uma vaidade pessoal tão grande e que o levou a conceber o Marxismo como Socialismo Científico, enquanto nunca passou e jamais passará de uma linda ideologia. Não há ciência onde a ideologia está presente apesar de, em toda a ciência, existir doses de ideologia incrustadas no cientista. Me fiz entender? Se não, infelizmente não há tempo ou espaço para explicar! De qualquer maneira, essa ideologia se materializou de forma completamente adaptada às realidades dos seus aplicadores e foi, em todos os tempos, a única reação capaz de deter a universalização do capitalismo em uma velocidade terrível, à época. Ao criar, também, o determinismo histórico, Marx estava jogando com a realidade à sua volta em um determinado momento na evolução da humanidade e, por mais futurólogo que pudesse ser, sua análise ambiental externa jamais poderia lhe dar a visão do que se transformaria o mundo cerca de um século depois da exteriorização de suas idéias. Por essas colocações fatalistas ele foi ridicularizada por idiotas como Francis Fukuyama, afirmando que a História teria acabado quando caiu o muro de Berlim ou findou a União Soviética. O maior pensador da história universal, em meu conceito, fez o que não queria: interpretar o mundo, falhando nas ferramentas que concebeu para sua modificação: determinismo histórico, ditadura do proletariado e fim da estratificação social. Não tenho a menor dúvida que, em sua cabeça, o grande alemão pensava que todos os homens inconformados com as distorções brutais do capitalismo, seriam induzidos a aplicar seus pensamentos dentro da ética que HABITAVA EM SUA PRÓPRIA MENTE, nunca na ética instrumental que vicejava na mente dos outros e que levaria o mundo da esquerda a ditaduras, falta de liberdade e, o que me parece mais difícil de entender, a quimera do Partido Único que significava, inexoravelmente,  uma singularização perigosa do pensamento e à gênese da ÚNICA VERDADE, aí se equiparando aos piores momentos da direita brutal (nazi-fascismo) que tanto combatia. Nem a explicação já pasteurizada de que os meios justificam os fins, que levariam a um mundo igualitário, feliz, próspero e com oportunidades, também não se materializou. Lenine, por conjunturas passageiras, substituiu a ditadura do proletariado por uma ditadura da nomenklatura  do PCUS. Os seguidores e, ao mesmo tempo, difamadores e espertos adaptadores do pensamento de Marx, concederam à direita as armas para fazer o que fez e agora todos ficam esbravejando: se engoliram, se engalfinharam em diferenças semânticas enquanto a direita fazia o que sempre fez: se unia monoliticamente para aniquilá-los e criar os meios para reinar livre por mil anos. Tivesse Marx sido mais honesto consigo mesmo e facilmente teria indicado caminhos alternativos para IMPEDIR que acontecesse o que vemos hoje: a esquerda dilacerada, com dinossauros e suas ditaduras reagindo pontualmente (Cuba e Coréia do Norte) a excitar um romantismo esclerosado de que são heroicos por reagirem ao Grande Tigre Capitalista. Acordem, pelo amor de Deus, ou de Marx! A China abandonou essa retórica e navega num progresso econômico ímpar, apesar de manter a fachada socialista, só para continuar uma ditadura sanguinária na qual livra a cara dos riquíssimos socialistas de mercado, os milionários neossocialistas, enquanto a caterva da tigela de ferro, mais de um bilhão de pessoas, continua em suas práticas campesinas feudais e num operariado analfabeto e sem sonhos. Não vejo Cuba como caminho exemplar para nada. O mundo é muito mais que simplesmente distribuir um ovo por dia, garantir a alfabetização e o essencial para todos quando o homem, há muto, demonstra que só o supérfluo o faz feliz. Tenho trabalhos meus e vou publicá-los, ou melhor, colocá-los à disposição de todos os que têm paciência em me ler, escritos entre 1996 e 2001 onde exponho meu pensamento profundamente anti-neoliberalismo. Escancaro as políticas vergonhosas e elitistas dos governos criados pelo Consenso de Washington, de 1979, e que empobreceram bilhões de pessoas ao redor do mundo; patrocinaram a maior privatização das riquezas públicas de 69 países emergentes, dentre eles o Brasil. Compraram a opinião das massas e das elites através dos Tchnopols como FHC e centenas de outros janotas. Alargaram o espectro de pobreza de milhões de brasileiros aniquilando a classe média, só para ficar no nosso exemplo, merceando votos da mesma forma que os odiosos mensalões já flagrados, de uns e de outros. Penso que morro sem me fazer entender que, ao me bater contra esses espertalhões que usam a chancela da esquerda para incutir no povo a falsa ideia de uma prosperidade nascida em doações e à custa de dinheiro impresso sem lastro produtivo, NÃO ESTOU AUTOMATICAMENTE DEFENDENDO UM RETORNO AO STATUS QUO ANTE. Ambos são visionários e donos de uma verdade que não existe. Nem Marx, nem Locke, nem Smith, nem Friedman, Hobsbawn, Von Haineken, ou qualquer merda desse jaez, previu, por exemplo, um mundo como este do Facebook. Ninguém poderia prever. Logo, também ninguém poderia criar uma ideologia, economia ou política eterna, imutável, universal e que funcionasse para Deus e para o Diabo, porra! Vamos parar com essas imbecilidades de explicar a fome pela quadratura do círculo ou reinventar a roda. Planejar é prever um porto de chegada e partir para ele pela melhor rota possível, alternando paradas em locais nunca imaginados pois assim é a realidade de hoje. Mas é necessário saber o porto de destino, não interessando o quão bonito seja o discurso durante a viagem! Vamos viajar juntos. Vamos buscar esse porto mas não usando o Mapa do Almirante turco Piri Reis, feito há mais de mil anos, se temos os mapas do Google à nossa disposição. Não há por quê desenterrar dinossauros quer do lado direito ou esquerdo da estrada. Muitas vezes, como AGORA, não há mapas, não há caminhos ideais já testados, nem rotas. Há que viajar sem ficar chorando à beira do caminho, sobre a injustiça do embargo a Cuba ou as sacanagens de Hitler. Um dia isso tudo acaba e fica apenas o que o HOMEM construiu. O resto é balela!

Manifesto do PUMS - Partido Universal das Mulheres Sensuais.



Como acontece todos os anos, vou dormir em meio à festa do Oscar. Poucos gostam tanto de cinema como eu, desde o desenho "Bill e Lou" que assisti em 1949, antes de fazer 3 anos, no Cine Independência em Belém do Pará, na companhia agradável de meu irmão e meu pai. Mas, na idade em que estou, certas coisas já incomodam. Ora a voz pasteurizada do José Wilker, ora a cara neutra do Rubens Ewald Filho, as trapalhadas da Maria Beltrão, que já foram da Marília Gabriela, a expressão nula do Artur Xexeo que fala como um monossílabo, ou ainda aquela tradução simultânea como quem lê uma sentença condenatória (porra, Oscar é para as elites. Quem não falar inglês coloca no Captions e seja o que Deus quiser). Mas, o fato que realmente me incomoda, são as "deusas" hollywoodianas que passeiam sua deselegância e magreza pelo palco. Sou um homem do século passado e agora pessimamente acostumado pela visão paradisíaca das mulheres paraenses. Por mim passam, vagarosa ou apressadamente, centenas de caboclas, brancas de veias azuis ou morenas quase todas com seios fartos, pernas muito grossas, bundas portentosas de dobrar o quarteirão, coxas salientes, rostos belos e marcados por angulosidades  e olhos esgazeados, asiáticos, maçãs salientes, barrigas visíveis. Coisas do outro mundo. Aí me aparecem as Angelinas Jolies da vida com pernas apalitadas, coxas à mostra em fendas enormes, da grossura dos meus braços; barrigas pra dentro; decotes na frente a mostrar peitos em desacordo com a harmonia daquelas bengalas humanas, adornadas por saboneteiras profundas onde pode se guardar uma caixa de Omo Progress; pelas costas omoplatas cobertas por pele, só muita pele. Aí não aguento e deixo que o Lorax faça efeito, dormindo profundamente, geralmente acordando só nos comentários finais onde nunca dizem quem ganhou. Todos estão percebendo que usei o Oscar para, no fundo, lançar meu manifesto em favor da libertação das mulheres sensuais, ao estilo das paraenses. Certa vez vi uma foto da Julia Roberts numa praia do Caribe, junto com um filho parido há uns dois anos, maiô de duas peças, barriga caindo por cima do cós, cara sem pintura e, pela primeira vez, aquela visão me pareceu excitante. Era uma mulher normal, não uma deusa projetada em campos de concentração, categoria que adquiriram, com ganhos, os spas atuais. Assim como Karl Marx, também detesto a fome e a miséria e lanço meu Manifesto: Mulheres de todo o mundo, uni-vos! Chega da ditadura das espinhas de bacalhau. Manem minhas saudades de Marilyn Monroe, Jane Mansfield, Norma Bengell e Sofia Loren. Quero quadrizes, ancas já no ostracismo, culotes banidos, almejo barrigas, sonho com celulites, estrias, bundas fartas e carne. Somos carnívoros e gostamos de CARNE, principalmente nos lugares certos. Me encanta muito mais me misturar com uma Fabiana Karla "in natura" do que com cem Bündchens no photoshop.Abaixo a ditadura das dietas! Morra a magreza industrializada. Salve as mulheres sensuais!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Coisas realmente importantes!


Coisas realmente importantes!

De vez em sempre vejo queridas parentes, conhecidas, colegas e amigas protestando contra os descuidos quanto ao respeito às suas condições de mulheres, partícipes em pé de igualdade, das agruras da vida contemporânea. Muitas vezes concordo desde meu útero. Outras nem tanto. Me espanta certo descuido quanto a fatos notórios de desrespeito à condição feminina e que passam despercebidos. Por exemplo, não tenho visto qualquer protesto contra uma odiosa publicidade da Ford veiculada na TV aberta brasileira. Três rapazes passeiam em um carro e se referem a um provável baile do carnaval recém findo ou a alguma balada à fantasia. Um diz: Lembram do anjinho? Aí aparece uma menina feiosa; aí ele fala: PEGUEI!!!! Todos riem e o do banco do carona pergunta: Lembram do diabinho? Aparece outra feiosa na fantasia em questão e nosso bravo comedor também afirma: PEGUEI! Finalmente os dois perguntam ao motorista: Não pegaste ninguém? E ele responde com a última indagação: Lembram do dragão. Só então aparece um "dragão" de costas e que se vira pra mostrar a exuberância de Isis Valverde e ele se jacta, perante a cara estupefata dos outros dois: PEEEGUEEEEI! No fundo ouve-se a gostosona da Globo falando alguma merda em off! Decididamente, em 65 anos de vida, me orgulho de nunca haver PEGO (particípio passado imperfeito) ou PEGADO (particípio passado perfeito) qualquer mulher. Quando muito amei demais algumas poucas! Respeito, por favor, mais respeito e, se possível, muito respeito e, numa hipótese improvável, todo o respeito! Claro que não prego a censura, nunca, jamais. Mas, se eu fosse mulher, nunca mais compraria um carro da Ford. Simples assim!

Afinal!

Não parece difícil perceber que 80% do faturamento da Central Globo de Esportes apoia-se em um tripé formado pelo Corinthians, o Flamengo e os outros três "grandes" de São Paulo. Há muito, com a exceção do Fluminense da Unimed, os gigantes cariocas Botafogo e Vasco crescem como rabo de cavalo: para baixo! Digo isso com isenção pois sou vascaíno e há muito tempo mais do que sofredor. Meu coração esportivo não mais bate, só apanha! Pois bem, quando saiu a primeira notícia da morte do garoto de Oruro, na Bolívia, a Globo chegou a afirmar, em três noticiários, que a polícia boliviana ALEGAVA que o sinalizador teria saído de onde estava a torcida do Corinthians, num tom de evidente tentativa de livrar a pele de seus grandes chamarizes de patrocínio. De repente, a polícia de Oruro, que poderia parecer, pelo preconceito normal contra os povos de marcante origem indígena (Aymaras, Incas, Chibchas, Cachinauás, Guaranys e tantas outras etnias), que se poderia empurrar com a barriga o imbróglio. Pois a Bolívia surpreendeu a Globo e já prendeu doze suspeitos e já está processando criminalmente dois que portavam em suas mochilas sinalizadores iguais e possivelmente estavam já "entregues" pelus cumpanheiru manu! Mesmo assim os dez também já foram indiciados como co-autores de assassinato. A torcida boliviana ecoou em todo o mundo o grito de asesinos e não "entrou na pilha" da diretoria do Corinthians que deixou as Tribunas como se tivesse sido ameaçada, coisa que JAMAIS ACONTECEU. Não adiantou o choro de jacaré de Edu Gaspar e Tite e, muito menos, o luto de sete dias decretado pela Diretoria, ação meramente semântica em casos tais. Nada resolve! A Conmebol atochou esses bandidos proibindo a presença das quadrilhas organizadas do Clube, em todos os jogos da Libertadores. Claro que a Globo já está meio desesperada com o que poderá resultar dessa medida e, no pior dos mundos, uma saída antecipada dos Campeões do Mundo, da liça de combate, reduzindo terrivelmente os ganhos já previstos em seu orçamento para este ano. O desespero já está posto em meio às hostes da Vênus Platinada e das hordas desses asesinos, assim muito bem denominados pelos bolivianos. O tom já mudou e Diretoria do bando já anuncia que vai recorrer. Aí secam todas as lágrimas pois o poder maior do dinheiro se alevanta. Podem saber que a poderosa mídia global já está, a esta hora, literalmente no campo de jogo pra livrar a cara da bandidagem e dane-se o garoto, já comento capim pela raiz. A menos que Evo Morales entre na questão e use o prestígio enorme que tem junto à camarilha petista, o mesmo que lhe permitiu invadir, impunemente, uma propriedade brasileira usando os tanques de seu exército. Quem viver verá! O próximo round já está previsto.

Será El Cid?

Em 10 de julho de 1099, morria um dos mais emblemáticos heróis feudais da España: Rodrigo Díaz de Vivar, conhecido como El Cid (O Chefe, na língua dos Mouros, algo como Duce em Italiano ou Führer em Alemão), Campeador (Cavaleiro dos Campos). Figura entre o real e o lendário, teria morrido em seus aposentos, de ferimentos sofridos durante uma das batalhas no cerco de Valência. Sua esposa, Jimena, teria autorizado que seu corpo, ainda quente, fosse amarrado em seu cavalo e solto à frente do exército. Como a notícia de sua morte já se espalhara entre os invasores mouros, consta que um pavor teria tomado conta deles e afinal foram expulsos em direção ao Mediterrâneo. Os chefiava o General Tarik, tendo por comandante de operações o General Musa e que narrou esta história. Tarik ficava sentado sobre uma pedra num estreito na entrada do Mediterrâneo, contando seus comandados. Eles, olhavam para cima e começaram a chamar aquela pedra de Djebal Tarik (a montanha de Tarik, daí Gibraltar). Mas eu só contei a historinha para amenizar o final cômico se não fosse fatídico: há similitudes entre o Cid e Chávez entrando na Venezuela "sobre seus próprios pés"?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mais ou más explicações?

Sempre buscamos MAIS explicações nunca MÁS explicações. Sei não, mas esse caso envolvendo um assessor do Ministro Gilberto Carvalho que teria ido à Embaixada cubana para pegar um visto de entrada na Ilha Heroica está me cheirando mal. Desde quando membros destacados do governo do maior aliado de Cuba no mundo atual, precisa de visto para entrar lá? Depois aparece um DVD e participação numa obscura reunião para "tratar" da recepção à blogueira Yoani Sánchez em sua estada no Brasil. Aí vêm os desmentidos. Primeiro que o cara só foi lá buscar o visto. Depois que o DVD se materializou em sua pasta. Num terceiro comunicado afirma-se oficialmente que assistiu de relance à reunião. Como é dura a verdade e mais terrível ainda maquiar uma mentira para obter foros de realidade. Lembram do caso da agenda no tempo de Ministério da Nossa Guia? Só Goebbels conseguia explicar o inexplicável. Mas, como ele já está morto há mais de meio século, a tendência é imitar os criminosos que são presos em flagrante como aquele pego no beco escuro, em meio à madrugada, segurando seu membro preparado para a guerra em uma das mãos: Teje preso, grita o policial: praticando indecências na rua seu meliante!. Eu não Dotô, tó só fazendo xixi! E essa mulher nua com o rabo pra cima aí embaixo? Pô Dotô, muito obrigado, se o sinhô não avisa eu ia mijar em cima dela!

Dólares contra Yoani.

Acordei com o barulho dos deputados do PT e da base governista, gritando e agitando várias notas de dólares com as mãos para cima. Como estava ainda meio sonolento juro que pensei que estava sonhando que eles tinham, afinal, tirado a dinheirama das meias, cuecas e outros cantinhos recônditos dos esconderijos vestimentais e estavam se entregando na porta de alguma Delegacia de Polícia de Brasília. Aí, de repente, caí na real: protestavam, dentro dos corredores da ratoeira, contra a presença daquele monstro estarrecedor, aquela figura apocalíptica, o maior risco à estabilidade da democracia brasileira, em outras palavras, a blogueira cubana Yoani Sánchez! Que susto!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Cotas. Até quando meu Deus!


Hehehehehehehe, meu amigo, não me cutuque na ponta do fígado como está fazendo. Como um professor universitário muito consciente do que fez e ainda poderá fazer, esse sistema é, no mínimo, rocambolesco. Você se esforça por dar aulas substantivas, ou seja, aquelas em que se foge o máximo possível das soluções de algibeira, dos modismos, mantras, gurus e curandeiros de toda a ordem que buscam adjetivar o saber. Notadamente nos cursos de humanidades, ensinar essas práticas salvadoras faz com que o aluno, ao se formar, saiba de tudo das novidades na praça lançadas durante os seus quatro ou cinco anos de graduação; ocorre que, no momento seguinte, já estará desatualizado. Existe uma Teoria Científica subjacente ao ensino e estudos das ciências sociais e que deve ser respeitada como alicerce de todo o novo saber. Isso não é feito pois procura-se pasteurizar, padronizar e empacotar o saber, preparando-se os alunos para um mercado mutante. Meanwhile, poucos estão inseridos no custoso contexto de aprender a saber, compreender, digerir, analisar, sintetizar e, só então partir para um abraço. Tiro desse rol, por óbvio, as universidades públicas federais. Nesse diapasão temos que considerar a aculturação e os processos de educação formal e informal dos alunos, desde a primeira infância, criando uma espécie de caldo cultural adrede adquirido. O que falta, infelizmente e por situações odiosas das quais tenho ciência e não se resolvem sem o sacrifício de três ou quatro gerações, é um nivelamento, mesmo por baixo, desde a aprendizagem dos primeiros sons, fonemas, números, letras, palavras, frases e assim por diante. Quando você, após hercúleo esforço de docentes e discentes, consegue uma padrão mínimo ou nível básico de compreensão substantivada, lhe enfiam, goela abaixo, 50% do tamanho da turma formados por novos alunos absolutamente despreparados para acompanhar até o ritmo que você tentava negociar com os antigos. Aí se instala uma terrível "Escolha de Sofia": paro com a evolução normal já negociada com a turma preexistente ou mantenho as coisas como estavam e passo a praticar, com os "cotados" o temível pacto da mediocridade (eu finjo que ensino e vocês fingem que aprendem?)? Não há solução eficiente. Tudo se resolve no campo da politicagem eleitoreira e de uma estúpida ideologização da educação. Se você pretende dar uma solução séria ao problema educacional brasileiro, faça como a Coréia do Sul e comece pela alfabetização, alimentando as crianças, mantendo-as pelos menos oito horas diárias no ambiente escolar e, então, nivelando todos quer sejam os coreanos negros, pardos ou mesmo os índios coreanos. Depois da base feita, faça como a Índia pós-Ghandi que mandou TODOS os formados pelas poucas universidades indianas, para fazer pós-graduação (Lato e Stricto Sensu, Doutorado e Pós-Doutorado). Só então você estará em condições de equalizar o problema EM TODOS OS SEUS NÍVEIS além de alavancar um desenvolvimento realmente sustentável, no fundo a melhor resultante do processo educacional. Basta ver que a Índia, hoje, possui a maior quantidade de doutores em todo o mundo e conseguiu desenvolver o maior cluster em Tecnologia e Ciência da Informação e da Computação, passando inclusive o Vale do Silício na Califórnia. Enquanto isso, a Coréia do Sul ostenta níveis de excelência educacional e padrão de vida do povo (índice IHS e outros parâmetros melhores ainda) comparáveis à Escandinávia. Mas no Brasil as coisas se fazem por quilos, no caso por toneladas, justamente para comprovar nosso complexo de commoditie. Em suma, a corrupção não deixa as verbas chegarem às pontas dos sistemas que necessitam delas como camelos não entijolados há mais de noventa dias perdidos no Saara; não existe planejamento exceto para um universo de QUINZE MINUTOS, isto é, o tempo necessário pra se dar bem numa jogada mensaleira, por exemplo; não se resolve a questão levantada pela necessidade de cotistas, de forma estrutural, daí restando um círculo vicioso que explode na cara dos mais necessitados. Não existem soluções milagrosas do tipo sopa de pedra para os famintos. Sem dinheiro não se chega a lugar nenhum, da mesma forma que um navio que desconhece seu destino final, sabendo apenas a primeira escalada em um portinho escondido no meio de nada. Assim como as Bolsas apenas resultam em números fantasiosos de extinção da pobreza, já que ninguém fala sobre os milhões que já regrediram pela falta de políticas públicas de sustentação dos avanços ou ainda contrapartidas sérias dos beneficiados; dessa mesma forma as cotas, com brilhantes exceções de pessoas que se fizeram na vida com um portentoso sacrifício individual, a exemplo do Ministro Joaquim Barbosa, levarão milhões de negros, mulatos, índios e outras "minorias" a um limbo de incompetência, portando um lustroso diploma na mão, e que não os levará, nem o Brasil, a nenhum lugar de destaque. Na Coréia do Sul o ensino está socializado e a profissão de professor, desde os de alfabetização até dos PHZ's (já passaram por D, E, F etc.), têm um PISO salarial de 12.000,00 DÓLARES. Isso é criar uma solução para um país dividido e destroçado no início da década de 50, por uma guerra civil devastadora e utilizada pelas grandes potências como marketing de suas benesses. Eu lamento muito isso tudo, principalmente porque, gosto de repetir, vejo que a solução está na vontade de gerações futuras, bem distantes do tempo de minha própria história!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ufa, foi por um triz!!!!!!!

O que sempre nos foi passado como coisa de ficção científica, agora mostra sua verdadeira cara: existe a possibilidade de sermos extintos, como os dinossauros, por um baita corpo celeste que colida com nosso garboso e azul planetinha. A ciência, infelizmente, é vista como o campo da busca da verdade. Ora, meus amigos, a essência da verdade jamais existiu nem existirá. Os fatos são percebidos por mentes diferentes. Também são insuflados de valores, nossos valores, e todos os juízos factuais transformam-se em juízos éticos. Logo, a ciência é, no fundo, a melhor explicação, a mais lógica sobre todos os fenômenos em geral, ou cada um em particular. Nunca a humanidade deu saltos tão gigantescos como no pós guerra, justamente pelo avanço da ciência e da tecnologia. Fazemos coisas que eram ficção há 24 horas e hoje podem estar nos balcões de consumo até do pobre continente africano. Mas, ninguém se iluda, dois pontos importantes há a observar: o uso que fazemos desse cabedal de conhecimento NÃO É DIRECIONADO POR MOTIVAÇÕES ÉTICAS. Por outro lado, o que antes era universalmente aceito como uma Teoria, nunca pode ser considerado eterno, imutável e universal. Nossas percepções mudam, até impulsionadas pela própria ciência. Gosto sempre de lembrar os dois mil anos no qual a Teoria Geocêntrica foi aceita por todas as comunidades intelectualizadas da época, até por imposição da Igreja. A Teoria Heliocêntrica, um verdadeiro oposto a essa "verdade" veio fazê-la ruir e, hoje penso, estará ela certa? Cacete, estamos todos quietos em casa, os astrônomos e os imensos telescópios, até postados longe da terra, perscrutando o Cosmos infinito (ou quase), sempre nos tranquilizaram sobre a quase impossibilidade de sermos atingidos por um corpo celeste. Como a astronomia possui linguagem matemática ela tem que adentrar na estatística, dentro da Teoria dos Limites (que tendem mas nunca chegam), e aceitar que existem POSSIBILIDADES nunca CERTEZAS de que esse fato jamais se sucederá. Sempre fomos tranquilizados quanto a isto; existe uma chance em um quatrilhão de eventos, que tragam um puta cometa pra destruir nosso planeta; só nunca inverteram a ordem da frase para dizer que TEMOS UMA CHANCE REAL, AINDA QUE REMOTA, de sermos arrebentados por um corpo celeste. Ou ainda, coisa parecida, que um pequeno desses corpos, que se agiganta nos estragos, venha a cair não nas estepes russas mas no meio de Manhattan, dizimando milhões de pessoas. Porra, o fragmento que caiu na Rússia, absolutamente despercebido pelos nossos múltiplos e potentíssimos meios de percepção de altíssima tecnologia, trouxe uns pipocozinhos  equivalentes só a TRINTA BOMBAS ATÔMICAS JOGADAS EM HIROSHIMA. Uns estalinhos de nada! Ninguém falou antes. Ninguém avisou. Temos escudos protetores de armas, geringonças fantasmagóricas do Guerra nas Estrelas do Reagan, mas incapazes de perceber uma caixa de sapatos ou melhor, vamos combinar, um fusquinha que, de repente, assume condição apocalíptica. E olha que um troço do tamanho de meio campo de futebol passou raspando por nós, no mesmo dia, em sentido contrário. Os caras viajam algo como 30.000 km/h. Já imaginaram se essas duas coisinhas se chocam a 10.000 km de altitude em cima da Terra. Acaba tudo, meu amigo! E agora não estamos usando a malfadada, malsinada e mal amada Teoria da Conspiração. Estou lidando com fatos, my friend. Escapamos por pouco. E sempre somos levados a pensar que, pela terrivelmente tranquilizadora estatística, esse fato só se repetirá daqui a três bilhões de anos. Duvido muito. Mas, mesmo que assim seja, nesse tempo ainda provavelmente terão parentes nossos por aqui, ou não? Sei lá! Só sei que a ciência caminha pela refutação das teorias e que, de vez em sempre, trás uma nova "verdade" em substituição a outra. Assim a ciência avança como tijolos numa parede em uma construção inacabável. Sei não, mas se eu fosse dos governos que dirigem a NASA, a Agência Espacial da Rússia ou da China, mandava chamar esses espiões do Cosmos e enfiava metas fatais na cara deles, do tipo: me remonta uma teoria séria sobre essa porcaria, se não mando todo mundo pra rua e deixo nosso futuro ao que parece ser o que ele sempre foi: pura obra do acaso ou plano de Deus! Né?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Aleijado

Realmente não entendo por que coisas acontecem em meu cotidiano com uma carga emocional fora dos padrões. Costumo, imediatamente, passar essas impressões para o papel antes que algum esquecimento de memória recente volte a me atingir. Vezes há em que fico pensando que meus poucos e eventuais leitores chegam a desconfiar se essas coisas realmente sucederam comigo. Esteja certo que, perto de encerrar a ópera, jamais usaria tamanha insensatez de mentir com emoção e descaramento; pisotear o sentimento de meus amigos, colegas e companheiros de jornada só para, muito eventualmente, ser admirado por dois ou três. Minha toca fica a cerca de cem metros do pequeno escritório onde trabalho, aqui nessa morna, morena e gostosa Belém do Pará. Faço o percurso diário com alguma rapidez e, geralmente, ando de cabeça abaixada, quase sempre contando pra mim mesmo as desventuras de meu ocaso, tentando multiplicar meus caraminguás e, principalmente, descobrindo a quem venderei o almoço pra comprar a janta. Isso é uma preocupação filosófica de monta. Ademais, é só na necessidade que o ser humano cresce. Parece masoquismo mas é só pintar uma dificuldade maior que a de ontem para aquela, com justificativa,veia poética, romântica e apaixonada surgir do nada. Pois estava eu com minhas elucubrações quando me chamou a atenção um som como passos fortes que vinha em minha direção, no sentido contrário da calçada. Levantei a cabeça e divisei, a uns dez metros, a figura de um aleijado (desculpem mas não cultuo a falsidade do politicamente correto e costumo chamar as coisas pelo nome que conheço, sem metaforizar ou sinonimizar). Ele era muito baixo sem ser anão; tinha as pernas pequenas e me pareceram disformes em baixio do arremedo de calça comprida. Deviam ter uns trinta centímetros. Ele se apoiava em duas muletas de metal, bem na frente do corpo, depois jogava as duas pernas e assim por diante, parecendo um canguru. Se deslocava com uma enorme rapidez para a dificuldade enfrentada, me lembrando um vira-lata que passa pelas ruas trotando rápido como se fosse a uma reunião de negócios. Claro que o homem não me lembrou o cachorro, mas sua rapidez de caminhar. Quando estava a uns quatro metros dei um bom dia como faço a todos os passantes mesmo desconhecidos. Sou fiel à lição de meu avô português de aldeia e que dizia ser indispensável dar-se um bom dia a todas as pessoas com as quais não se tenha dormido no mesmo quarto. Sempre mando esse cumprimento com algum recato pois aqui na minha terra tenho levado muitas omissões de resposta. Confesso que também temi que o homem pensasse que a comiseração me havia movido e eu estaria cumprindo com a minha boa ação para ganhar o dia como bom cristão. Que ledo engano! O homem me devolveu um bom dia com centenas de decibéis acima do meu, acrescido de um sorriso cativante e que expôs, a quem quisesse ver, duas fileiras muito brancas e bem cuidadas de dentes obviamente naturais. Evidente que o primeiro sentimento que me apossou foi a enorme vergonha de estar passeando de braços dados com minha autopiedade. Depois me assomou uma enorme esperança de que ainda vale à pena viver e acreditar nessa porra de humanidade. Aquele ser, marcado desde a nascença por uma dificuldade natural que triplica todas as demais adquiridas, passou como um vento morno de renovação de minhas esperanças ainda que desgastadas. Ao encerrar este texto ainda me martela docemente nos ouvidos aquele som dos seus passos: tum, tum. tum, tum.......cada vez mais sumindo no horizonte de minha consciência enquanto alimentava minha alma como um renovo vindo não sei de quê. Muito obrigado, meu amigo aleijado no físico e o mais saudável de todos, no espírito.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Comer cavalo ou comer merda?


-          5ª macrotendência: O problema da fome.

Conforme KURZ (1998: 3), há um padrão bem simples para poder avaliar a verdadeira qualidade de uma época: o panorama da alimentação, onde uma cultura revela a sua capacidade mais elementar de satisfazer suas necessidades. Em todas as sociedades anteriores as pessoas teriam vivido de cascas emboloradas de pão, à beira da fome constante; apenas a miraculosa economia de mercado teria solucionado o problema da provisão de alimentos em abundância e de ótima qualidade. Esse quadro faz pouco da realidade, pois exatamente o contrário é verdadeiro.
É certo que a civilização moderna elevou a produtividade agropecuária para além de todos os limites imagináveis, não menos verdade é que submeteu a uma alimentação miserável ou mesmo aos tormentos da fome um número de pessoas sem precedentes, tanto em termos absolutos quanto em relativos. A economia de mercado está mais uma vez – após a experiência liberal da era moderna – disposta a agravar dramaticamente, no final do século 20, a contenção de alimentos e abandonar à míngua, de forma constante ou temporária, quase 6 bilhões de pessoas.
A melhora da provisão mundial de alimentos, nos anos 60 e 70, foi passageira; desde os anos 80 a fome e a desnutrição se expandem. E não somente o continente africano fornece imagens aterradoras de crianças em pele e osso e de lactentes que sugam em vão os seios descarnados de suas mães. O mundo do mercado acostumou-se com essas cenas, que agora já deixaram de nos chocar. Mas o fantasma da fome reaparece onde parecia estar banido para sempre.
Mineiros e suas famílias da região da Ucrânia ou da Sibéria, aposentados de Moscou, crianças de rua em todo o leste europeu passam tanta fome quanto boa parte da população da América Latina e sul da Ásia. Segundo um relatório do UNICEF, a cada ano morrem mais de 7 milhões de crianças, vítimas da subnutrição. E o maior modelo de sucesso neoliberal consiste na universalização da cozinha dos pobres.
A fome regressou até mesmo nos centros industriais do Ocidente. Ainda que pelo menos um membro da família tenha emprego, 30 milhões de norte-americanos encontram-se hoje, em decorrência dos literais salários de fome, numa situação precária de alimentação; dentre eles, 26 milhões dependem mensalmente de refeições públicas ou doações privadas, mais de 4 milhões de adultos passam fome de modo esporádico ou diário, 11 milhões de crianças estão subnutridas e em quase 1 milhão de lares não há, muitas vezes, o que comer durante dias, dados estes fornecidos pelo Ministério da Agricultura dos EUA ou de organizações beneficentes como a Second Harvest.
O pretenso capitalismo social alemão também permite, segundo dados confiáveis da Associação Alemã para a Defesa da Criança, que as famílias pobres vejam aumentar cada vez mais o índice de mortalidade ou doenças em seus filhos, graças à alimentação deficiente. Alguns professores de bairros com alta incidência de desemprego relatam que, ao final do mês, não é raro que crianças da pré-escola desmaiem por falta de comida, já que os pais não lhes podem pagar o café da manhã ou o almoço. Em muitas escolas, tornou-se comum estudantes famintos mendigarem pão a seus colegas mais remediados.
Todas essas atrocidades não remontam ao fato de uma taxa de natalidade muito elevada ter conduzido a um excesso de população que, com as atuais possibilidades técnicas, é incapaz de ser alimentada e deve de algum modo ser neutralizada, conforme o prognóstico de Malthus, já mencionado em outra parte deste ensaio. Ao contrário, do século 18 até hoje as forças produtivas cresceram com velocidade infinitamente maior do que a população mundial. Caso se tratasse da potência produtiva, o dobro da população atual poderia ser facilmente alimentada com folga e abundância. O limite social da produção e da distribuição de alimentos não é determinado por rendimentos agrícolas insuficientes em relação ao contingente populacional, mas pela forma econômica do moderno sistema produtor de mercadorias.
A lógica da rentabilidade empresarial exige uma restrição irracional de recursos, que vem à luz de forma mais drástica no plano elementar da alimentação. Em princípio, as pessoas só têm acesso aos alimento com a ressalva de que a sua força de trabalho seja usada de forma rentável. Se não preencher esse requisito, no caso da produtividade muito alta tornar supérflua sua força de trabalho, elas são mantidas a rações de fome, apesar de a capacidade de produção de alimentos ter crescido.
Decisiva não é a necessidade vital, mas o maior preço a ser alcançado. O caráter absurdo desse requisito fica bem claro na produção agrária, pois nela o resultado não depende só de quanto capital foi investido. Uma super colheita, antes recebida com júbilo, para o cálculo empresarial do agribusiness ela representa uma fatalidade, pois, com o excedente, os preços são reduzidos, fazendo parte do cotidiano dos negócios mercantis, em caso de colheitas recordes, queimar em massa produtos agrícolas ou desnaturá-los por meio de processos industriais – óleo de soja, rações para animais, etc. – enquanto bem ao lado as pessoas morrem de fome.
A mesma racionalidade empresarial acarreta não apenas a fome em massa, mas também degrada a qualidade dos alimentos em níveis incrivelmente baixos. Nem a cultura da embalagem é capaz de nos iludir, com todo o seu colorido e sua higiene superficial. A lógica da redução de custos faz com que a indústria alimentícia retire ingredientes básicos de seus produtos externamente tão vistosos, a fim de torná-los rentáveis. Fast food e comidas instantâneas simulam uma qualidade que não possuem. Um pacote de sopa de galinha da empresa alemã Knorr, com rendimento de quatro pratos, contém somente 2 gramas de galinha desidratada, em bolotinhas.
Dessa maneira, produz-se uma sensação permanente de fome, que enseja o consumo de mais alimentos com baixo teor de proteínas. O resultado são pessoas doentes, inchadas, que não vivem melhor do que os esfomeados, além do incentivo à indústria dos complementos alimentares na forma de vitaminas, minerais, etc., que deveriam estar contidos numa alimentação balanceada.
As grandes empresas de produtos alimentícios fazem de tudo para maximizar os lucros e iludir os consumidores, criando produtos e gerando resultados que podem ser facilmente elencados:

a -  camarões rosáceos congelados, não passam de carne de peixe de segunda, tingida com colorante e comprimida em forma de camarões;
b -  na Itália, é comum encontrar-se material cancerígeno no macarrão, proveniente das embalagens;
c -   nos transportes de alimentos com exigência de temperatura de 7ºC, foi constatada a temperatura de 25ºC e a não lavagem dos compartimentos depois de desembarcados os produtos;
d -  a metade dos frangos comprados na União Européia está infectada por bactérias, quintuplicando os casos de salmonelose na Alemanha, entre 1985 e 1992;
e -  a doença da vaca louca surgiu com a pulverização da forragem do gado com restos de ovelhas contaminadas;
f -    diminui a variedade de sabores pois a distribuição continental e transcontinental permite um espectro diminuto de produtos básicos segundo as normas de acondicionamento, deixando de lado, como supérfluos, milhares de frutas e legumes e centenas de espécies de animais comestíveis;
g -  a cerveja pode conter cascos de animais pulverizados e o chocolate, sangue desidratado;
h -  com os sabores sintéticos os produtos têm custo muito menor do que usando frutas verdadeiras, biomassas desnaturadas e insípidas são injetadas com substâncias aromáticas, daí resultando uma estrutura molecular correspondente a sabor de galinha quase idêntica ao de morango;
i -    no Japão, cientistas criaram um hambúrguer – toalete que contém como ingredientes papel higiênico e excrementos, submetidos a uma temperatura extremamente elevada e acrescidos de proteínas de soja, obtendo como produto um granulado que há de servir como substituto para a carne.
Tudo isso é economia de mercado. Mas tudo é relativo, retrucaria a ideologia pós-moderna. E por que o homem capitalista não seria privado também de seu paladar? Em teste numa escola alemã, as crianças foram incapazes de identificar o sabor  “amargo”. Os administradores modernos, maiores incentivadores da criação do hábito de comer andando (food on the run) e comer no carro (food on the ride) ingerem substâncias que um camponês da Idade Média não daria sequer aos porcos.
A macrotendência óbvia que se desenha para as próximas décadas é a de que os pobres continuarão a passar fome por não terem dinheiro e os ricos prosseguirão pagando pelo direito de passar fome.


Salve Cissa!

Nunca tive oportunidade de expressar minha enorme admiração por Cissa Guimarães. Suportou a maior dor que um ser humano pode aguentar (enterrar um filho jovem e saudável e ainda sendo mãe) com uma altivez que passa sinceridade pelos poros. Diferente da contenção pública dos nobres europeus, Cissa consegue navegar pela tristeza de uma forma doce. Não se descabelou, como sói acontecer em casos tais; ao contrário, fechou-se na dor mas sem jamais se negar para a serenidade. Cultuou a forma mais dura de expressão de um sofrimento e que é a lágrima, grossa e pesada, descendo face abaixo, sem, gritos e desesperos tão comuns nessas horas - o chororô de Gil. Seus protestos, até por serem comedidos mas firmes e contundentes tal um grito silencioso, valem por mil berros. Nunca a vi ao vivo. Não a conheço e provavelmente nunca nos veremos ou trocaremos uma palavra sequer. Até talvez por isso eu esteja deixando minha gratidão aqui expressa. Sim, gratidão em nome dos que partem diuturnamente, tombados nessa guerra sem quartel em que se transformou o trânsito de veículos no Brasil. Salve Cissa!

Filosofia barata

Não sei por que tenho estado muito sensível para escrever frases de filosofia de botequim. Vai mais essa que, na hipótese de ninguém a ter lido, inventei agora:
Paixões são essenciais para o sonho. O amor romântico e duradouro é o combustível da eternidade!
Pela enésima vez bato na tecla de que já estamos vivendo um processo quase irreversível de espiral inflacionária. As grandes conquistas do povo brasileiro no final do século passado, a estabilidade econômica e o domínio de um processo histórico de inflação, estão indo pelo ralo. Talvez as novas gerações não se apercebam do insidioso momento até porque não o viveram em plenitude. Não têm a menor ideia do que foi difícil para domarmos uma cultura inflacionária enraizada no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Foi penoso mas delicioso nos acostumarmos com a ideia de que um produto poderia ficar nas prateleiras custando o mesmo preço por anos. Como esse é um problema percebido no bolso de todos mas entendido pela mente de poucos, os aumentos meramente especulativos e já com o processo odioso de inclusão de expectativas de inflação futura, já estão sendo praticados pelos supermercados à solta. Cheguei em Belém em 2011. Em outubro desse ano comprava uma latinha de cerveja Kaiser (por ser a mais barata) custava 1,00 real na loja de conveniência do posto da esquina, com bandeira Texaco. No carnaval de 2012 esse preço passou para 1,50 (imensos 50% de acréscimo, absolutamente sem base em qualquer reajuste de insumos). Por ocasião do Círio de Nazaré, em outubro de 2012 meu produto-exemplo passou a custar 1,70 (13,33% a mais). Ontem, às vésperas do Carnaval, já me venderam a 2,00 (17,64% DE LAPADA). Em cerca de 16 meses esse produto teve um acréscimo de exatos 100% isto numa economia que, no mesmo período, mal passou de 1% de crescimento. Produção estagnada ou em declínio; números da economia artificialmente mantidos pela renúncia fiscal e explosivo, inflacionariamente falando, incremento do consumo e que cria um falso ar de progresso; expansão monetária sem a devida contrapartida no aumento de produção e produtividade; despesas correntes no setor público saindo pelo ladrão, em sentido figurado e REAL. Já vimos esse filme antes. Agora só falta recriar os planos econômicos e iniciar um histriônico processo de congelamento de preços como fez a Argentina. Minha cerveja aumenta em épocas de circo e, mesmo se faltar o pão, o preço não vai baixar. O povo está sendo enganado por um ilusório desconto no valor da energia e que já foi engolido antes de chegar às contas de luz residenciais; também por um represamento no aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens nas principais capitais brasileiras. Repito, com terror, todos nós que sabemos pensar e analisar já vimos essa película e conhecemos seu final. Engraçado que os empregados, aqueles mesmo que ganham mal e serão os mais penalizados, ficam putos quando reclamamos, pelo menos isto acontece aqui em Belém do Pará. Parece que estamos falando mal de suas famílias. Desgraçados ignorantes que mal sabem que a parte mais dura da conta vai ser paga por eles. Eu consigo até conviver com Mensalão, Renan Calheiros, defesas apaixonadas dessa camarilha petista. Meu rabo aceita de volta isso tudo mas, pelo amor de Deus, vamos fazer alguma coisa contra a volta desse terrível imposto. Estou com vontade de aprontar um simples cartaz em cartolina e me postar nas imediações do posto levantando-o enquanto tiver forças: Não compre nesta loja de conveniência. Ela aumenta seus preços de forma especulativa e contribui para a volta da inflação. O que vocês acham de fazer o mesmo. Afinal, por algo parecido, os famintos de Paris fizeram a Revolução Francesa e os esfomeados da Rússia, a Revolução Comunista.Complexo assim!