Ah a cordialidade dos povos! Muito
me interessou um artigo que li, escrito por um excelente jornalista esportivo,
ao que me parece sem vinculações clubísticas, bairrismos, interesses econômicos
escusos e submissão à rede Globo. Só essas qualidades já o credenciam como
excelente leitura. Falava ele, com muita propriedade, sobre a diferença entre a
Euro Copa, por exemplo, e a nossa Copa América. Lá eles não só se digladiam no
campo esportivo. Há ódios eternos encravados no peito daqueles povos de onde,
na verdade, vicejou a civilização ocidental. Nobres poloneses, quando iam
estudar na Rússia tzarista, eram convidados a entrar, na Universidade, por uma
porta lateral onde se lia: Entrada exclusiva para porcos e poloneses. A própria
formação da União Soviética e os chamados países satélites da Europa Oriental,
foi um vilipendio de quase um século sobre a soberania de lituanos, letões,
estonianos, bielo russos, ucranianos, georgianos, todos aqueles “quistões”,
tchecos, eslovacos, armênios, romenos, húngaros, polacos, os balcanianos
amarrados em uma única Iugoslávia que nada queria dizer exceto sete etnias
manietadas pela ditadura de Tito. Isso, por óbvio, sem falar no pangermanismo e
expansionismo nacionalista alemão que levou o mundo a duas carnificinas impensáveis.
Dinamarqueses sempre formaram a “França escandinava” enquanto Suecos passavam
fome e para lá migravam. Enfrentavam placa idêntica quando chegavam, pelo mar,
à Dinamarca: porcos e suecos pela direita. França e Inglaterra tiveram mais
tempo de guerra do que de paz. Só duas guerras famosas duraram mais de 30 e
mais de cem anos. Espanha e Portugal se detestam. Portugal sempre buscando
expandir seu território para a Espanha e esta buscando anexar aquela pontinha
da península Ibérica. Holanda e Alemanha, no futebol, repetem Brasil e
Argentina. Alemanha contra todos! Claro que, por processos educativos mais
aprofundados que os nossos; culturas como a etrusca, helênica e romana, eles
não se engolem nos gramados, com pouco sal e sem gordura. Mas a fama de
cordiais permanece conosco. O pai do Chico Buarque de Holanda, o sociólogo
Sérgio, teve uma laureada tese sobre o “brasileiro cordial”. E essa
cordialidade, além da mistura amável das etnias europeia, ameríndia e africana,
gerou este nosso povo baiano na alma. Aquele preguiçoso que não joga basquete
pois arremessa a bola na cesta e ela só cai no sábado. Nossos ascendentes
diretos portugueses adoram uma miscigenação. Um tanto diferente dos espanhóis,
o que gerou nossos gaúchos muito mais portenhos que brasileiros e, vez por
outra, amam um separatismo. Somos covardes. Não morremos nas ruas por nada e
quando enfrentamos uma Ditadura como a de 68 (aí começaram as barbaridades com
o fechamento do regime pelo AI5 dos três patetas), nos desmanchamos e
refastelamos com as Bolsas Tortura que fizeram Millor afirmar que na luta
armada não havia heroísmo e sim investimento, hoje sacadas das burras da Viúva
sem dó nem piedade. Nada fazemos contra a corrupção. Convivemos com uma
vergonhosa CPI que mais blinda que investiga. Todos sabemos que Sérgio Cabral,
Perillo e o Agnelo estão metidos até o pescoço. Partidos protegem seus membros
ainda que escandalosamente ladrões. Até transferiram o Cachoeira para Papuda
talvez para repetir os carinhos feitos em Toninho do PT e Celso Daniel ou as
ternuras perpetradas do outro lado contra Chico Mendes e a freira Dorothy.
Continuaremos cordiais diante dos desmandos que se praticam diariamente no Brasil.
A CPI vai dar em pizza como todas na época de FHC que hoje pousa de homem
sério. Lula ameaça ministros do Supremo e nada se faz. Muda-se o cálculo da
Poupança mas se mantém os altos impostos sobre todo o resto. Nascemos cordiais e morreremos cordiais. Por
isso na Copa América não se cantam os hinos bélicos (adiante meninos da pátria
que o dia de glória já chegou, da França; os berros de às aaarmas, às aaaarmas...
e contra os canhões marchar, marchar, de Portugal etc.) pois, tirando o Norte
Americano que é um poema de patriotismo, o resto não passa de operetas de
segunda, tarantelas, fados e quejandas. Umas vergonhas cordiais. Medos de botar
pra correr essas máfias que já se aprontam para assaltar os poderes municipais
nas próximas eleições. Pavor de correr para a Praça dos Três Poderes e exigir
vergonha séria. Todos são cordiais, jogam na Mega e na Tele Sena do SS, são
loucos mas pelo Timão. E se ganharem a
batalha contra aqueles caras da bombonera, pode crer que a cordialidade
aumentará, os bois bumbarão em todo nordeste e norte petistas e o carnaval
começará bem mais cedo para deleite das elites direitistas e feroz-capitalistas. Com muita cordialidade. Simples assim!
sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Bom dia para os modernismos
Ah os processos
educativos perdidos no tempo! Dias atrás li um PPT de Walcyr Carrasco sobre as
coisas que mudam com o tempo, no campo da alimentação humana, junto com seu
protesto sobre as dietas as quais foi obrigado a fazer em função do que a
ciência maldizia e depois resgatava. Isso me excitou o espírito crítico para
este artigo. Caso minha mãe fosse viva hoje, ao tempo de minha primeira
infância, estaria na cadeia por maus tratos aos filhos. Na verdade era muita porrada
mas era o que ela sabia fazer. Não tinha educação formal e criava (termo em
voga à época) a mim e a meu irmão pelos padrões da aldeia de Portugal onde
vivera seu pai. Coisa quase medieval! Contudo, há elementos que me intrigam e
vejo certas vantagens, não nas cacetadas, mas nos seus valores (de minha mãe,
claro!). Em casa não entrava refrigerante; só tomávamos sucos naturais e leite.
Gibis eram proibidos no período de aulas e permitidos nas férias escolares.
Descobertos, eram sumariamente rasgados mesmo sob pedidos de piedade se
pertencessem a colegas. Cinema, só no sábado à tarde. Nossa dieta era frugal
mas rica em nutrientes e sabores: fora o arroz, feijão, macarrão, batata frita
e salada diários, tínhamos, praticamente toda a semana, peixe, camarão, filé
mignon, cozidões, bacalhau, paneladas (mocotó, bucho, coalheira, casa-de-caba,
livro), coração frito, rim no espeto, miolo a milanesa, bobó (estômago de boi),
linguiça, chouriço, paio português, feijoada e rabada, isso sem falar nas,
então permitidas, tartarugadas, tracajás, muçuãs, muito caranguejo com farofa,
ostras, lulas, polvos, mexilhões e tudo que o mar fornecia. Mamãe fazia nosso
prato com tudo, logo, não tínhamos direito de escolha. Isso serviu para algo?
Para mim, claro que sim! Hoje como e gosto até de sopa de pedras. Acordávamos
muito cedo, íamos e voltávamos a pé para o colégio. Só fui ter carro, usado,
(desculpem, hoje chama seminovo) aos 21 anos mesmo nossos pais tendo um ótimo
padrão de vida. Tínhamos horário para tudo: almoço de 12 às 13, repouso de 13
às 14; estudo diário de 14 às 16; bandalha livre na rua, de 16 às 18; lanche da
noite (em Belém, pelo menos naquele tempo, não se jantava por causa do calor.
Era sopa: caldo verde, grão de bico, cevadinha, lentilha, ervilha, creme de
feijão preto, feijão descascado, canja etc.) seguida de café com leite e pão
saído há pouco do forno da padaria Palmeira, às 18:30. 21 h era rede (o calor
sem ar condicionado nem ventilador, que fazia mal para o pulmão, dificultava
dormir em cama) e nu pois só vim colocar pijama no frio de Brasília, aos 17
anos. Acordava pontualmente às cinco horas, tudo escuro. Aprendi a ter
disciplina nos horários além de me acostumar a ter prazer em estudar. Existe
coisa melhor que isso? Você gostar dos estudos sem ser preciso lhe forçar? O
silêncio ao nos movermos era sepulcral, pois mamãe sofria de enxaquecas quase
diárias e tinha sono leve. Minha educação psicológica e politicamente incorreta
me legou isso. Existiam três empregadas
em casa (cozinheira, arrumadeira e lavadeira/passadeira) fora a índia que
cuidava de minha bisavó e morreu com mais de cem anos e a menina que vinha do
interior para ser mucama de minha mãe e também servia para iniciar os machos da
casa ainda imberbes, nas primeiras
aventuras sexuais. Tem uma, de quem me lembro com extremo carinho, que me ligou
há uns anos para me dizer que era Condessa na Itália. Casara com um nobre
Italiano milionário e tinha dois filhos. Quer dizer que me internacionalizei,
né? Mas tinha uma regra de ouro ditada por meu pai: Se emprenhar, casa! E
endossada pela minha mãe. Mesmo com esse séquito, não podíamos pedir um mísero
favor a qualquer dessas bravas empreguetes. Mesmo sentados à mesa, caso
vacilássemos e pedíssemos uma garrafa d’água da geladeira, papai vociferava
(mesmo com o carinho de sempre): - Levante-se e pegue. Empregados de nós somos
nós mesmos! Eu tinha um par de sapatos Neolite comprados na Clark (feitos para
chutar pedra e sair incólume) e um bicolor para a ir à igreja no domingo. Uma
calça boa e duas camisas também domingueiras de “Jersey”. Era gago, quase mudo,
e nunca acho que sofri “bullying”. Retornava apelidos e, se tomava porrada,
como sempre fui e sou fisicamente muito covarde, ia chorando pra meu irmão mais
velho que metia o cacete no meu agressor e o imbróglio terminava ali mesmo, sem
ir para o Jornal Nacional. Em Belém, convivia com duas primas lindas,
encantadoras, pouco mais velhas que eu, as irmãs que nunca tive. Jamais vi
qualquer delas acordar com TPM. Mesmo estando de bode ou prestes a entrar nele,
eram só sorrisos quando eu chegava na casa da minha tia para passar temporadas
(aliás, a coisa mais feliz para mim naqueles tempos); brincavam comigo de gol a
gol com bola de seringa de borracha e eu ajudava na comidinha de capim nas
panelinhas para as bonecas. Meu tempo não era preenchido com aulas de judô,
karatê, inglês ou essas malditas academias. Aprendi a falar duas línguas pelas
ruas. Curtia o malho nas aulas de educação física no colégio. Brincava de bola
no asfalto; pira maromba; garrafão; queimada e macaca. Nas festas, mesmo com
sete, oito anos, fazíamos ciranda-cirandinhas; cantávamos, com as meninas, as
modinhas de roda; chicotinho queimado e, a mais maravilhosa de todas as
brincadeiras: largo, estreito ou estreitinho, quando ganhávamos, apertos de
mão, abraços ou beijos na bochecha, rubros de vergonha e tesão infanto-juvenil.
Nem sabíamos que existia pedofilia e olha que as tentação era sempre ditada
pelos meninos mais velhos: - Pra ser macho tem de dar a bunda três vezes!.
Parece que uma certa inocência sincera pairava no ar. Meu irmão saiu de casa
para estudar em Itajubá (MG) aos 15 anos. Estive lá passando férias aos 14.
Conheci jovens-adultos, com 16 anos, a milhares de quilômetros de casa, livres
para fazer qualquer merda, mas estudando, namorando, brincando, vivendo
absolutamente felizes. Não me consta que usavam sua plenas liberdades para se
entupir de drogas, exceto um cigarro ou as cachaçadas pois ninguém era de
ferro. Todos os que conheço ainda hoje, são pessoas absolutamente felizes e
exitosas. Evidente que não faço apologias ao passado. Mas certamente não me
agrada este presente com tantas novidades que só servem para agonizar a
felicidade. Ah, ia esquecendo: não tinha a série Malhação e os pais podiam
abrir as portas de nossos quartos sem bater pois nem criança nem adolescente tinham privacidade, até para não usá-la nas
loucuras atuais. Por final, muito devo da minha formação moral aos princípios
que em mim se instalaram nas Escolas Dominicais, assim como nos Catecismos de
meus irmãos católicos. Éramos, realmente, muito felizes e não sabíamos, mesmo
tomando, algumas vezes, café com muitas porradas. Simples assim!
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Bom dia para a hipocrisia social velada
Em uns lugares mais e em outros
menos, parece ser muito difícil as pessoas, obviamente no meio social (em
contraposição, por exemplo, ao ambiente familiar ou ao própria recesso da
intimidade) exibirem comportamentos e emitirem opiniões sobre assuntos
complexos, polêmicos, não pacíficos e
“perigosos”. Há uma espécie de sentimento ubíquo, um inconsciente coletivo
óbvio (de C. Jung?), um tipo de pathos
metafisico, de Alvim Gouldner, pairando sobre a dificuldade que os seres
sociais têm de expressar em público opiniões que guardam para si mesmos ou, no
máximo, para um seletíssimo grupo de privilegiados que merecem a verdade. Por
ser uma pessoa prolixa, um professor que adora dar aulas presenciais, sem
geringonças eletrônicas, inclusive microfones, muitas vezes sinto que rompi
aquele tênue tecido onde a sinceridade, o politicamente correto e a hipocrisia
se confundem, possuem fronteiras não muito delimitadas. Percebo que há alunos,
como de resto pessoas em lares e bares, que fecham a cara e, mesmo não tendo o
desassombro de emitirem críticas no ato, passam a me tratar com certa reserva.
Penso que já estou muito velho para conviver com estas coisas e não gostaria de
deixar de me pronunciar publicamente sobre elas. Os exemplos falam melhor: você
lembra, tendo sido de classe média como fui um dia, no ensino básico (no meu
tempo chamava primário), mesmo em escolas públicas como frequentei, um certo
desconforto no ar quando raramente você tinha na sala um aluno negro? Hoje já
parece vencido esse maldito preconceito, mas cresci ouvindo minha avó dizer
coisas como: eu tenho pavor, na volta da igreja (no caso, a Assembleia de Deus,
centenário e pioneiro templo da fé pentecostal no Brasil) à noite, de cruzar
com um negro! Pano rápido! Você tem ou teve um amigo ou amiga que é (ou é pai
ou mãe de um) homossexual de ambos os sexos? Você sabia lidar bem com isso?
Você já teve próximo a si um amigo homossexual que nunca saiu do armário e teve
ou tem que fingir pra ele(a) que tem certeza que ele(a) é hétero, que não sabe
que ele é homo? Sou advogado e professor mas, em certas regiões do país, me é
proibido, nessas condições, andar de ônibus ou morar em locais humildes sob
pena de ser considerado um pária. Conviver com comportamentos sociais desviados
é terrível e já senti isso na pele. Há certas patologias que mais explodem no
ambiente social, mesmo tendo origem genética. Os vícios do jogo e do
alcoolismo, por exemplo! Dois tios meus morreram em mesas de jogo e eu nasci
com esse gene. Por anos, depois que se manifestou o prazer da adrenalina dos
cassinos clandestinos, sofri amargamente o peso dessa maldição. Muito tempo
antes da morte de minha mãe, já em Fortaleza, consegui me afastar desse
comportamento mas sei que não estou curado dele pois ele não tem cura. A
vigilância é a mesma do que a do combate ao alcoolismo: não posso “tomar o
primeiro gole” pois sei que tudo desanda e o inferno recomeça. O pior é
enfrentar a desconfiança dos que me são caros. Mas só eu sei o que fiz para me
livrar disso. Hoje parece uma tempestade que desapareceu mas sei que o preço da
liberdade é a eterna vigilância. Tenho certeza que se vacilar vou morrer mais
cedo pois, no jogo, você bebe e fuma e meu estado de enfisematoso controlado
não me permitiria isso. Tenho visto o craque Adriano e sua luta ainda inglória.
Todo mundo sabe que ele é alcoólatra e que suas frequentes “faltas” a treinos e
tratamentos nada mais são que a ressaca intransponível. Nenhum veículo de
comunicação fala do problema abertamente. Ninguém tem coragem de chama-lo de
alcoólatra com medo das retaliações judiciais. Ele mesmo admite gostar de uma
“cervejinha”. Esta era a palavra ou melhor , o sofisma usado por Sócrates (o
“Doutor” não o filósofo) desde a primeira internação na UTI, já se acabando de
cirrose. Sua mulher teve o desassombro de afirmar que, mesmo após a primeira
internação ele já acordava tomando doses enormes de vodka, vencido por um vício
tenebroso (a respeito disso penso que todos deveriam assistir ao filme com
título em português de “Vício Maldito” e em inglês de “The day of wine and
roses,” com interpretações antológicas de Jack Lemonn e Lee Remick)” Muito
gostaria que Adriano lesse este meu depoimento e não se iludisse com o silêncio
da hipocrisia social. Admitisse que é alcoólatra, frequentasse os AA e
enfrentasse seu drama com desassombro e muito, mas muito, sacrifício. Penso que
ele ainda pode voltar a ser um grande atleta. Eu detive o meu drama pessoal aos
62 anos (hoje tenho quase 65) já com enfisema, desempregado, com 107 kg, 400 mg
de glicemia em jejum, pressão de 18 por 12 e respirando à custa de citrovent e
berotec 4 vezes ao dia. Se ele me visse hoje, sobrevivendo às minhas custas e
trabalhando até nos fins de semana e feriados, 82 mg de glicemia em jejum,
pressão arterial 11 por 7, 94 kg e tendo feito uma espirometria, há dois meses,
que deu meus pulmões como normais, certamente poderia parar sua autodestruição
e voltar a ser o Imperador que tanto nos encantou nos gramados do mundo.
Silenciar sobre os porres é se destruir muito jovem. Ninguém que hoje cala
sobre sua situação, vai ajuda-lo amanhã. Como aconteceu com o “Doutor”. Como
seria bom que pudéssemos explanar livremente nossas opiniões e análises sem
medo de ser tachado de preconceituoso. Simples assim!
terça-feira, 19 de junho de 2012
Bom dia para os casamentos longos e felizes
Bom
dia, mesmo pisando em terreno pantanoso. A Ciência reconhece como o ancestral
mais direto do homo sapiens, um
hominídeo, bípede e ereto chamado Australopthecus
Ghari que viveu na África entre 4 e 5 milhões de anos atrás, no período do
Plioceno. Cultura de almanaque?
Não! Interessa saber que eles não
falavam, praticavam o escambo e, o que é mais emblemático, viviam sob o sistema
de matriarcado senil, isto é, mandava a mulher mais velha do grupo. Já nas
cavernas, o gênero homo formava
grupos de cerca de sete machos, mais que o dobro de fêmeas e crianças
sobreviventes. Os velhos, como eu, quando apresentavam evidente fraqueza física
eram sacrificados. As mulheres, desde o climatério levavam tacape na cabeça.
Interessante que homens caçavam e mulheres cuidavam da prole comum. Sexo
grupal, ninguém era de ninguém, até, ao que parece, uma mulher mais esperta
(sempre as mulheres) conseguiu relacionar três variáveis: o fim do cio, a
primeira transa depois disso e a situação da lua nesse dia. Rudimentarmente
conseguiu, penso que após três gestações, verificar as formas da lua que
levavam da suspensão do sangramento até o parto. Imagino a surpresa do cara, ao
chegar em “casa” e encontrar uma fêmea segurando um bebê lindo, mais para
chimpanzé do que gente, dizendo: UUUUUHHHHHAAAAA MUUUUUU FIIIIIIIAAAAA. Que
quer dizer: Toma que o filho é teu! Ato contínuo, após tomar uma surra, foi
trazendo o melhor filé, o mais gostoso e quentinho sangue de mamute, a maçã mais
brilhosa e ganhou o primeiro marido apaixonado. A família só se solidificou como
célula básica da sociedade e instituição cívico-ético-religiosa quando a Igreja
decidiu proibir o casamento entre parentes até a sétima geração (sobrinhos à
moda da Bretanha) instituindo a monogamia. Apesar dos seres humanos serem,
umbilicalmente, poligâmicos como seus ancestrais cavernosos, a verdade parece
ser que casamentos por amor e longevos fazem bem à vida mental e física das
pessoas; basta ir às praças do interior, às ruas de Copacabana, aos almoços de
domingo no Braz abraçando o espaguete da mama, para se certificar de quão bela
é uma união duradoura. Quem a tem, preserve-a! Quem não, busque-a antes da
velhice solitária. Vejam Tarcísio e Glória, Glorinha Pires e Orlando Moraes,
Tony Ramos e Lidiane. “Celebridades” que têm valores mais profundos que a
efêmera paixão e que “seguram” a união até que a morte os separe. Venturosos
anos futuros para Araripe e Biga, Cássio e Zê, Luiz e Jussara, Alair e Rachel
(onde quer que estejam, certamente estarão juntos), Cláudio e Teté, André e
Esther e tantos outros que conseguiram vencer as nuvens passageiras das
efêmeras paixões que nada são além disso mesmo: efêmeras, pueris, idiotas e
imbecis, simples assi
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Bomk dia para as picuinhas do cotidiano
Bom dia, com minhas
picuinhas do cotidiano. Sei que você nasceu, vive ou, como eu, transferiu-se
para um mundo muito diferente no falar e no sentir. Nós, mais gastos, fomos
educados para respeitar o vernáculo, não falar muitas gírias e, se possível,
ler e conversar muito, especialmente com os mais velhos e sábios. Com a
tecnologia vigente isso transformou-se em quimera. De qualquer forma, deixo
aqui registrados alguns incômodos e insatisfações que, penso, muito minhas. As
vogais sempre foram a,e,i,o,u. Por que agora elas são a,ê,i,ô,u? Será
preconceito contra nordestinos que abrem o ééé ao falar? Penso que de nenhuma
maneira você deveria permitir seus filhos falarem algo como: (o)brigado,
gratuíííto, exprimentar, um óvos frito, dois ôvo, meurrrrmão, merrrrmo(?), a
multidão foram, pérolas desse gênero. Mandar “beijos no coração” me parece
biologicamente incorreto e fazer coraçãozinho com as mãos em concha tá meio
démodé, né? Colar em provas presenciais, principalmente em cursos de
pós-graduação, lembra o avestruz que esconde a cabeça num buraco na hora do
perigo. “Moda fashion” e “tendência trend” são pleonasmos, sabiam? Aliás,
consultora de moda na televisão dizendo que isso “PODE USAR” mas isso “NÃO
PODE”, me parece um imperativo inútil apenas feito para girar como um moto
perpétuo: neste verão “voltou” o tubinho; a tendência no inverno vai ser sair
nu/nua na rua. Encara? Mas é moda, pô! Moçoilas descarnadas, como prisioneiras
de Auschwitz (com todo respeito a meus amigos hebreus), não são condizentes com
as formas brasileiras: robustas, redondas, faceiras (não posso falar “gostosas”
pois é politicamente incorreto como me falou uma amiga). O império das
plásticas e lipos terminará no dia em que nossas amadas mulheres brasileiras
acreditarem que celulite, estrias, culotes, barrigas salientes, quadris (que
saudade de quadris largos) e quejandas, são o “mórrrrrrr tesão”. Claro que não
comemoro o Dia Internacional da Cultura Negra, o Dia Internacional da Mulher e
o Dia Nacional do Orgulho Gay. Mas farei isso com o maior prazer no dia em que
criarem o Dia Internacional da Cultura Branca, o Dia Internacional do Homem e o
Dia Nacional do Orgulho Hétero. Postar frases feitas no Facebook é ruíííím mas
não é rúúúúim. Como dizia Monsieur Binot, um Manto Amarelo do Himalaia, nascido
no Brasil e filho da teatróloga e radialista Yara Amaral, em música de Joyce:
bom é não fumar; beber só pelo paladar; comer de tudo que for bem natural e só
fazer muito amor, que amor não faz mal; a energia tá no ar e o resto nunca se
espera, o resto é a próxima esfera, o resto é outra encarnação. Por final,
alguém me explica por quê INICIALIZAR? Simples (ou complicado) assim!
Bom dia para os idosos
Bom dia, para os idosos, como eu.
Nasci em 1947. Quando tinha uns sete anos (1954) comecei a tomar conhecimento
da finitude da vida e fiz meus cálculos. Os mais interessantes eram saber
quantos anos eu teria na virada do século XXI, 2000/2001. Dava entre 53 e 54
anos. Pensava então: claro que estarei morto nesse tempo! Nos anos 50 partiram,
de uma penada só, meus avós maternos com 64 e 67 anos. Meu avô paterno, de
Manaus, já tinha ido no dia em que completou 50 anos. Meus dois tios mais
queridos foram aos 44 e aos 51 (em 1963 e 1971, respectivamente). Isso tudo,
somado ao fato de morar em uma cidade com esgotos a céu aberto e num dos
Estados mais pobres da Federação, além da cultura vigente, me faziam imaginar
que a velhice começava por volta de 40 anos. Minha mente começou a se preparar
para meu envelhecimento físico muito cedo. Além disso, meus conhecimentos em
História me diziam que o passado realmente condenava. A expectativa de vida de
um ser humano, ao nascer era, no Paleolítico, de 19 anos; no Neolítico, 22; em
4.000 a.C., 25; entre os séculos XV e XVIII, 30; entre 1750 e 1950, 55; entre
1950 e 1993, 80 anos e, a projeção para o final deste século é que tenhamos, em
média, uma vida de 115 anos. Claro que esses números valem para o sítio
exemplar da História que é a Europa Ocidental (Cotrim, 1996). No Brasil, por
volta do meu tempo de vida, segundo dados de 2003, do IBGE, em 1900 os
brasileiros tinham uma expectativa, ao nascer, de viver 33,7 anos em 1900; 43,2
em 1950; 71,3 em 2003; 75,3 em 2025 (se eu viver até lá, terei 77/78). Claro
que a questão que busco analisar não é meramente estatística. Idosos têm sido
vistos já como um problema, notadamente na visão de mercado capitalista voraz,
pois gerariam déficits enormes e quebra das Previdências ao redor do mundo. Em
todos os países “sob ataque especulativo”, a primeira coisa a se fazer é cortar
aposentadorias ou, o que me parece evidente e necessário, atrasar o inícios
desses benefícios que, no Brasil, sempre foram marcados para muito cedo. Há
gente aposentada entre 40 e 50 anos. Evidente que é válido que nós, idosos, já
contribuímos com nossa parte do sacrifício para manter gerações futuras. Ocorre
que, na verdade, as condições de sobrevida estão melhorando e ESTAMOS VIVENDO
MAIS QUE O DESEJADO.....pelos outros! Confirmadas as projeções estatísticas (e
nesse campo elas tendem sempre a acertar), em 2015 (logo daqui a três anos),
seremos 15% da população mundial ou, pasmem, UM BILHÃO DE PESSOAS! No Brasil,
que possui seus dados próprios, nossos números saltaram de 2 milhões, em 1950,
para seis em 75, 14,5 em 2.000. Porra, isso significa que, a cada ano, 650.000
NOVOS SEXAGENÁRIOS são incorporados à população geral. O problema que aqui
trato diz respeito a que somos consumidores, comemos, vestimos, ainda nos
divertimos mas escasseiam as oportunidades de trabalho para nossa faixa etária.
O Brasil, o país das idiotas cotas segregacionais para negros, pardos e índios;
outras justificáveis para portadores de deficiências, não respeita os seus
velhos. Não precisamos de cotas só de um mínimo de respeito e inteligência no
trato da questão. Apesar de eu possuir um razoável currículo de 69 páginas no
Sistema Lattes, do CNPq, com exatos 45 anos de experiência em trabalhos
diversos, três graduações e um mestrado na Universidade de Brasília, sou
seguidamente humilhado em minha terra, Belém do Pará, onde parece que
professores velhos, os mais procurados nas nações desenvolvidas, por seus
conhecimentos e vasta experiência, simbolizam restolho do “mercado” e incapazes
de competir com os mais jovens e INEXPERIENTES, como fui um dia. Claro que não
vou desistir, até por uma questão “simples” de sobrevivência, mas sinto que
chegará o dia em que as forças, ainda abundantes em mim, poderão começar a
faltar e, aí sim, temo passar à categoria de peso morto. Bom seria continuar no
Mercado até porque prossigo contribuindo para a Previdência e pagando tributos
Até lá, gostaria de dividir com meus poucos e mui eventuais leitores, uma velha
frase dita por um professor meu, ainda do antigo Ginasial, que foi chamado de
velho por um jovem colega: Filho, minha velhice é definitiva mas sua juventude
é passageira. Simples assim!
sábado, 16 de junho de 2012
Para as profecias
Bom dia, sem complexo de profeta.
No dia em que mataram Kennedy, 22 de novembro de 1963, eu acabara de fazer 16
anos e sofri um desmaio inexplicável, no Colégio. Como eu morava só com meu avô
e uma empregada, pois meus pais se mudaram para Capanema, no interior do Pará,
onde meu pai foi gerenciar a primeira indústria pesada do Estado (uma fábrica
de cimento), eles decidiram me mudar, em janeiro de 1964, para a casa de um
casal de tios muito amados por mim: Celestino e Idalina. Ele, hoje morto e ela,
com a graça de Deus, ainda a curto em Belém aos 92 anos. Tia Lili, como a
chamamos com muito carinho, ajudava na renda da família, além de costurar muito
bem, fazendo almoço para uns poucos comerciários, bancários e funcionários que
trabalhavam perto da casa. Sempre muito curioso, aproximei-me de um jovem
engenheiro agrônomo que contava histórias da China Continental, onde fora
estudar por ser egresso de uma família comunista de carteirinha. Esqueci o nome
do narrador de histórias mas uma delas me intriga até hoje. Disse-me ele que,
viajando às expensas da Polop, movimento operário de cunho Maoísta, conseguia
conversar com os trabalhadores e camponeses chineses daquela época, enfim,
entrava no espírito do povo. Certo dia, visitando uma escola primária na zona
rural, percebeu que as crianças estavam estudando PORTUGUÊS. Intrigado,
perguntou a razão, sendo informado pelo Comissário do Partido que, no último
Congresso do PCC, o Grande Timoneiro discursara informando que, a partir
daquela data a língua portuguesa seria ensinada nas escolas fundamentais pois a
China disputaria a hegemonia do mundo, no final do século XX, com o Brasil. Mao
foi um líder sanguinário de uma ditadura fechadíssima e em um país de mais de
um bilhão de habitantes, que servira de quintal do mundo sendo dominado,
seguidamente, por Portugueses, Espanhóis, Ingleses e Japoneses. Mas, confesso
que sua previsão, à época, me soou como uma piada de mau gosto. Mas o camarada
Mao era visionário e percebeu as possibilidades de países gigantescos, como a
própria China, a Rússia, a Índia, o Brasil e os Estados Unidos, notadamente com
potencial populacional incalculável, tomariam a dianteira do mundo pela força
de suas riquezas naturais e não por papel pintado de verde. A China é a 2ª e o
Brasil a 7ª economia do mundo, caminhando para a 5ª posição. Mao não acertou a
mosca pois pensava que a corrupção aqui seria combatida como lá: processos
sumaríssimos e um tiro na nuca. Aí errou o velho camarada! Simples assim!
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Para o Economês e a ganância alemã
Bom dia, com
algum economês. Quando eu era criança ouvia os adultos dizerem: vamos para
Portugal semana que vem e depois iremos para a Europa! Estavam certos pois, no
pós guerra, Portugal, Espanha, Grécia, Turquia, os demais países menores
envolvidos no conflito e todo o leste europeu eram subdesenvolvidos
meeeeeeeeesmo! Precisaram de injeções maciças de milhões de dólares, através do
Plano Marshall elaborado e todo financiado pelos Norte-Americanos que saíram do
conflito como a maior potência econômica mundial. Tirando Itália e Alemanha que
logo aderiram, mesmo na porrada, à democracia, os outros viviam sob ditaduras
sanguinárias (Stalinista no Leste, Salazar e Franco na P. Ibérica além dos
generais Gregos e Turcos). Com a crescente onda de unificação Europeia (MCE e
outras iniciativas) que culminaram na União Europeia e adoção do Euro pela
maioria dos países daquela então rica parte do mundo, Governos como o Português, Espanhol, Turco e Grego (a
Turquia com algum atraso por ser de maioria muçulmana) receberam bilhões de
dólares do Fundo Europeu numa tentativa de equalizar economias tão distintas.
Houve farra na gastança, desvios, politicagens e, só para ficar no exemplo dos
patrícios e espanhóis, eles tomaram conta de parte da telefonia móvel na
América do Sul e, especialmente os espanhóis, saíram a comprar bancos como
bananas na feira. Deu no que deu! Essa farra fiscal durou até os Estados Unidos
fazerem água em 2008, estourando um déficit público impagável e o Consenso de
Washington foi desmascarado como iniciativa para fazer os países periféricos
(BRIC, notadamente) sangrarem divisas para rolagem da dívida dos ricos. O
Sistema Financeiro Internacional começou a dar sinais de falência quando o
dinheiro do mundo passou para o capital especulativo estancando o
desenvolvimento imprescindível das economias; o desemprego pôs a nu os
astronômicos salários de bancários (Diretores, claro) como também das horas
operárias absurdas cobradas de empresas fazendo downsizing e reengenharia; a estagflação mostrou sua cara e o mundo
acordou sabendo, como já disse antes, que riqueza não é papel pintado de verde
mas mercado interno forte, produção, pouca especulação e convívio com taxas de
inflação aceitáveis como proposto por Lord Keynes, no New Deal. Percebeu-se que o “MERCADO” não tem endereço nem CNPJ e
que, pra ganhar dinheiro, há que dar duro e não repassar para imigrantes
famintos todos os “trabalhos de graxa” que ninguém mais quer fazer. Se você
joga na Bolsa saiba que, quando um país desses “quebra” quem paga é o povo e
vai estourar nos seus ativos. Ela é democrática nos ganhos e socialista nas
perdas. A estrutura financeira do mundo desabou. Temos que ser um dos novos
exemplos emblemáticos: baixar impostos da produção e consumo, continuar com o
melhor meio rural do mundo e trabalhar a tecnologia, a educação e a saúde. O resto a gente tira de
letra, com meio mundo quebrando em volta. Temos que liderar um novo Sistema.
Apenas para não deixar cair no esquecimento, é bom lembrar que essa nova Dama
de Ferro (neo-Margerth Thatcher), no caso, de aço inoxidável por ser alemã,
dona Angela Merkel, a que mais vocifera pra arrebentar com países europeus periféricos
como Grécia, Portugal e Espanha, exigindo-lhes que percam a capacidade de
gestão de sua dívidas para um comitê presidido pelo Banco Central Alemão,
parece esquecer que esses três países participaram do grupo de economias europeias
que perdoaram dívidas de guerra alemãs, vindas dos dois conflitos mundiais,
além de emprestar muitos dólares de suas reservas, A FUNDO PERDIDO. Já dizia
minha bisavó Cunhã: bocado comido, bocado esquecido! Simples assim!
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Bom dia simples assim!: Bom dia simples assim: Para as Organizações Humana...
PARA ANDRÉ DA COSTA NUNES FILHO
Quando aconteceu uma hecatombe em minha vida, com a perda de todos os nossos bens, minhas famílias (nuclear e consanguínea) entraram em diáspora. André, meu irmão, foi para Manaus. Eu e minha família (mulher e quatro filhos) fomos para São Luís do Maranhão. Meus pais saíram da Miguel Lemos com Atlântica, em Copa, e foram dar costados em Valparaíso I, no entorno de Brasília. Os desdobramentos disso, no final de 1982, foram terríveis em todos os sentidos. Muito pranto e ranger de dentes, não só pelo que se perdeu, mas pela impossibilidade material de refazê-lo e a dificuldade de enfrentar tudo de novo, já perto dos 40. Regularmente nos comunicávamos, chorávamos nossas dores comuns mas seguíamos em frente. O primeiro grande alento que nos surgiu foi quando soube que meu irmão, André Barros, estava trabalhando para o André da Costa Nunes Filho, irmão do Anfrísio, casado com nossa prima Venise, e estava se deslocando para Itaituba, oeste do Pará, no Tapajós, abaixo de Santarém. Ele me explicou que estava indo agenciar a Filial da TABA (Transportes Aéreos da Bacia Amazônica) cuja representação pertencia a ANDRÉ NUNES, o inesquecível tipo que preenche a motivação desta crônica. Depois de meu irmão tentar pintá-lo como um gênio incomparável dos negócios, tive a ventura de, num deslocamento casual do meu irmão para me visitar em São Luís, afinal, conhecer André Nunes. Estava no Hotel Villa Rica, um dos dois five stars da cidade. Fomos jantar juntos e vi, pela vez primeira, aquela figura extremamente morena, bronzeado como o Júlio Iglezias e portando dois faróis azuis, de fazer inveja à Elizabeth Taylor. Fiquei fascinado de como esse empreendedor, misto de índio, caboclo e europeu sergipano, discorria sobre estratégias, planejamentos, ações, coisas das quais só ouviria falar, com a mesma profundidade, quando fiz meu Mestrado em Administração, na Universidade de Brasília, em 2001. Sua retórica era de Platão; seus gestos de um prima ballerina do Royal Ballet; sua argumentação mayêutica (socrática) destruía em segundos ideias contrárias; suas colocações rolavam soltas mas com peso de um Caterpillar. Cedo percebi que para ele não existiam mini ou midi, só mega e que se tratava de um grande visionário, do porte de outros conhecidos da História como Onassis, Howard Hughes, Akio Morita ou Ted Turner e fascinado, me senti abandonado quando, horas depois ele partiu. Depois, André Nunes montou uma fantástica obra de sonho chamada SQUEMA: uma prestadora de serviços de limpeza e desinfecção de fichas telefônicas em praticamente todo o Brasil e lá levou o André Barros para São Paulo, Florianópolis, Brasília e sei lá quantas outras capitais. Meu irmão vivia no ar e quando baixava ao solo e o André Nunes aparecia, o Barros me dizia: acabou meu trabalho; André me chama no Hotel, para os relatórios, mas tudo regado a Balla 12 e tudo para. Não tinha putaria, não pintavam mulheres nem sacanagens comuns entre dois machos brasileiros fora da sede. Os assuntos eram futuro, estratégia, vantagens competitivas além dos dois elementos principais: beber até chamar Jesus de Genésio e conceber uma Organização futurística que açambarcasse inúmeros ramos de negócio, numa organicidade quase impossível num tempo sem computadores. Mas não para o André Nunes. Confesso que babei de inveja por todo o tempo que o sabia tão perto e não poderia trabalhar para ele pois já estava remontando minha vida no Maranhão. Perdi seu contato por volta de 1988/89. Agora, em maio de 2011, chego vencido e vendido de volta a Belém do Pará, quando nosso sobrinho comum, Luiz Cláudio Nunes me dá em mãos duas obras literárias: A Batalha do Riozinho do Anfrísio e Diário de um velho comunista! Muito abalado e doente fui sorvendo em goles gulosos aquelas duas obras-primas, até acaba-las e mandar um mail ao André, o Nunes, expressando minha incomparável admiração pela qualidade literária das obras, felicidade do argumento e estilo de escrita de roteiro cinematográfico de Quentin Tarantino: começo pelo fim, meio pelo começo, fim pelo meio. Abismado, foi o único adjetivo que encontrei. Na insana luta pela sobrevivência acabei por deixar esse monstro sagrado pelo caminho. Agora ele me volta, duro mas terno, exatamente como o Che, floreando e iluminando o resto do meu caminho. É Restaurateur do Terra do Meio, fantástico empreendimento gastronômico-amazônico no Sítio do Uriboca, pedaço virgem da floresta quase dentro de Belém. Já era ambientalista sem o saber. Não quero rasgar seda; não sou cabotino e nem busco elogios vãos, assim como estou abrindo o único espaço que uso para crônicas, meu blog, para homenagear essa figura. Só queria que todos soubessem que se não existisse este, a natureza teria inventado um clone e, para mim, resta o consolo que sempre anima minhas esperanças: que bom que ainda estou dividindo um mesmo tempo de vida e um mesmo planeta com André Nunes da Costa Filho! Simples Assim!
terça-feira, 5 de junho de 2012
Bom dia simples assim: Para as Organizações Humanas
Bom-dia, com muita ciência da administração. Certa vez um aluno meu da UnB me perguntou se eu aceitaria dirigir a NASA em Houston e respondi, sem pestanejar, que sim! E, ato contínuo, expliquei que todas as organizações têm algo em comum: um idioma para entendimento das comunicações internas e externas (no caso, o inglês que eu falo razoavelmente) e SERES HUMANOS decidindo as coisas. Todas as organizações possuem esse traço comum, não interessando que sejam uma quitanda ou uma enorme burocracia como a Coca-Cola, a Microsoft ou mesmo o Pentágono. Você não precisa entender de foguetes, naves espaciais ou coisas assim para dirigir a NASA, seus assessores científicos farão isso, do mesmo jeito que médicos quase sempre são péssimos ministros da saúde, advogados maus ministros da justiça e engenheiros sofríveis ministros dos transporte. Em que pese toda a tecnologia disponível no mundo, para aumentar a eficiência organizacional, a eficácia sempre dependerá das decisões tomadas pelas pessoas organizacionais e essas têm personalidades distintas, como verdadeiras digitais psicológicas, almejam coisas diferentes, agem de forma personalíssima, pouco cooperam, muito competem e, quase sempre, alimentam conflitos terríveis. Criamos essas reuniões de pessoas para realizar objetivos impossíveis de alcançar pelo ser humano solitário e, hoje, abdicamos do direito de ser felizes dentro delas. A sanha Hedonista e capitalista do máximo gozo com o mínimo sofrimento tomou conta de todos os donos de organizações, públicas ou privadas, em todo o mundo. Pena que, sem elas, muito da nossa felicidade de consumo, serviços e diversão não poderia ser alcançada. Se você está numa agora, saiba que, ao acordar dois pensamentos virão à sua mente: Oba! Vou trabalhar hoje, que bom! Ou, Porra! Tô indo praquela merda sofrer como sempre. Na primeira hipótese curta até acabar o casamento; na segunda, divórcio na hora mas sempre fiel ao princípio do papagaio: jamais tirar a patinha de um galho antes de estar com o bico noutro. Ah! Ia esquecendo: se você não mais suporta aquele(a) pé-no-saco que lhe aporrinha 28 horas por dia, no seu serviço, saiba que o do seu próximo emprego, será MUITO PIOR. Simples assim!
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Bom dia simples assim!: Para os comunicados oficiais!
Bom dia simples assim!: Cansei: Cansei de escrever minhas crônicas idiotas no Face e ser lido só por esforçados filhos, sobrinhos e alguns poucos amigos que me restaram, to...
Bom dia simples assim!: Cansei
Bom dia, também para os comunicados oficiais. Você já reparou nos comunicados oficiais no Brasil, quer públicos ou privados? Um vigilante mata a tiros um rapaz que acompanhava sua mulher que estava na fila do crediário de uma conhecida loja de departamentos ou hipermercado, para pagar uma prestação: o advogado da empresa de vigilância declara em rede nacional de tv que o homicida era muito bem preparado para exercer suas funções e tinha todos os cursos possíveis ofertados no mercado para ser o melhor vigilante do mundo. Porra, imagina se não tivesse! O Bom Dia Brasil de hoje mostrou o gado-gente paulistano entrando num vagão do Metrô num verdadeiro estouro de boiada. Nem os trens para Auschwitz e Treblinka iam tão cheios e desconfortáveis e nem os guardas das SS e Agentes da Gestapo tratavam judeus, ciganos, armênios, homossexuais, epiléticos, aleijados, cegos, surdos e mudos tão mal. Instado pela repórter a dar uma explicação o porta-voz do Metrô disse que, nos horários de pico, Londres, Nova Iorque, Tóquio e Paris SÃO A MESMA COISA (claro que o nariz cresceu três metros)! Nem com nariz de Pinochio conseguiria mentir mais e arrematou: e vamos colocar 173 novos trens em uso até.....2015!?!?! Meu deus, e até lá? A filha do Roriz é flagrada metendo a mão em muuuuita grana pública desviada, ao vivo e à cores. O Congresso Nacional não a cassou porque a prova tinha sido obtida de forma fraudulenta; isto é, o filminho de terror era verdadeiro mas faltou uma filigrana processual para que a dita cuja saísse da vida pública pela porta dos fundos e ela ainda continua lá. Marcone e Agnelo, governadores do PSDB e do PT podem ser chamados pra compor o picadeiro. Sérgio Cabral, do PMDB, NÃO PODE pois o partido forma a maior legenda no Congresso dentro da Base ALIADA! Aí pode fazer parte da gangue e nada sofrer. Porta-vozes dos dois outros partidos correm aos microfones e afirmam que NÃO EXISTE ACORDO PARA BLINDAR NINGUÉM. Um Ministro de nossa Suprema Corte afirma, com presunção de veracidade juris et de jure (tipo palavra de Papa com o dogma da infalibilidade), que o bandido do ex-presidente, membro de uma gangue, tentou suborna-lo moralmente prometendo blindagem na CPI das Cataratas; ouvido, Lula esbraveja que é mentira, do mesmo jeito que pediu desculpas ao povo brasileiro, direto de Paris, quando o mensalão foi descoberto. Depois foi dizer que isso era uma mutretagem para desestabilizar seu governo. Pessoas morrem na porta de Hospitais particulares e o médico porta-voz afirma que nunca foi negado atendimento e que foram realizadas todas as medidas de sustentação e estabilização do pobre diabo. Por que então ele morreu? Falta água nas cisternas do brabo sertão da seca. O Exército fica mais de mês sem pagar os caminhões-pipa. Aparece o Capitão, em Mulungú de não sei quantas e afirma solene: ainda estamos licitando os caminhões! O mesmo que dizer, estamos fazendo cera enquanto morre gente e bicho. Todo mundo é pego com a boca na botija, roubando galinha, e o advogado afirma que seu cliente nega a participação no delito. Caem três prédios no centro do Rio por causa de uma super obra que destruiu pilares e sobrecarregou lajes: o dono da obra afirma que ele cumpria fielmente o Código de Posturas e a Convenção do Condomínio. Acabaram de morrer trocentas mulheres em cirurgias plásticas feitas por um açougueiro qualquer; o Presidente do CRM local afirma: vamos apurar eventuais irregularidades e, se comprovadas, vamos aplicar as punições que vão da advertência verbal até o registro ou cassação da Carteira do CRM. Cacete, eventuais irregularidades com 10 mulheres mortas? Advertência verbal? O CNJ tá descobrindo a ponta do Iceberg: alguns Juízes bem corruptos. Todos estão sendo exemplarmente punidos com aposentadoria compulsória levando para casa vencimentos e vantagens integrais dos Cargos. O Flamengo passa meses sem pagar Ronaldinho Gaúcho. Ele reclama na Justiça, obtém Liminar pela robustez de suas provas. A Presidenta Patrícia vai para as câmeras e avisa que o Clube será implacável na defesa de seus direitos: quê direitos, pombas? De receber o serviço e não pagar por ele! Por favor, passem a prestar atenção nos desmentidos e nos comunicados oficiais e verão que, muito em breve, falar a verdade vai dar cadeia “neste país”, se possível com voz bem rouca. Ou, melhor ainda, usem a tese de meu falecido pai que enganava muito minha falecida mãe e eu lhe perguntei um dia: e se ela lhe flagrar num motel, deitado nu com uma mulher? Aí ele me respondeu: Nego tudo! Nego até a Polícia desconfiar que não sou eu que está lá; a mulher também; tua mãe ter certeza que não era eu e, finalmente, até eu duvidar que era eu mesmo. Simples assim!
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