Bom dia, com minhas
picuinhas do cotidiano. Sei que você nasceu, vive ou, como eu, transferiu-se
para um mundo muito diferente no falar e no sentir. Nós, mais gastos, fomos
educados para respeitar o vernáculo, não falar muitas gírias e, se possível,
ler e conversar muito, especialmente com os mais velhos e sábios. Com a
tecnologia vigente isso transformou-se em quimera. De qualquer forma, deixo
aqui registrados alguns incômodos e insatisfações que, penso, muito minhas. As
vogais sempre foram a,e,i,o,u. Por que agora elas são a,ê,i,ô,u? Será
preconceito contra nordestinos que abrem o ééé ao falar? Penso que de nenhuma
maneira você deveria permitir seus filhos falarem algo como: (o)brigado,
gratuíííto, exprimentar, um óvos frito, dois ôvo, meurrrrmão, merrrrmo(?), a
multidão foram, pérolas desse gênero. Mandar “beijos no coração” me parece
biologicamente incorreto e fazer coraçãozinho com as mãos em concha tá meio
démodé, né? Colar em provas presenciais, principalmente em cursos de
pós-graduação, lembra o avestruz que esconde a cabeça num buraco na hora do
perigo. “Moda fashion” e “tendência trend” são pleonasmos, sabiam? Aliás,
consultora de moda na televisão dizendo que isso “PODE USAR” mas isso “NÃO
PODE”, me parece um imperativo inútil apenas feito para girar como um moto
perpétuo: neste verão “voltou” o tubinho; a tendência no inverno vai ser sair
nu/nua na rua. Encara? Mas é moda, pô! Moçoilas descarnadas, como prisioneiras
de Auschwitz (com todo respeito a meus amigos hebreus), não são condizentes com
as formas brasileiras: robustas, redondas, faceiras (não posso falar “gostosas”
pois é politicamente incorreto como me falou uma amiga). O império das
plásticas e lipos terminará no dia em que nossas amadas mulheres brasileiras
acreditarem que celulite, estrias, culotes, barrigas salientes, quadris (que
saudade de quadris largos) e quejandas, são o “mórrrrrrr tesão”. Claro que não
comemoro o Dia Internacional da Cultura Negra, o Dia Internacional da Mulher e
o Dia Nacional do Orgulho Gay. Mas farei isso com o maior prazer no dia em que
criarem o Dia Internacional da Cultura Branca, o Dia Internacional do Homem e o
Dia Nacional do Orgulho Hétero. Postar frases feitas no Facebook é ruíííím mas
não é rúúúúim. Como dizia Monsieur Binot, um Manto Amarelo do Himalaia, nascido
no Brasil e filho da teatróloga e radialista Yara Amaral, em música de Joyce:
bom é não fumar; beber só pelo paladar; comer de tudo que for bem natural e só
fazer muito amor, que amor não faz mal; a energia tá no ar e o resto nunca se
espera, o resto é a próxima esfera, o resto é outra encarnação. Por final,
alguém me explica por quê INICIALIZAR? Simples (ou complicado) assim!
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