sábado, 30 de junho de 2012

Bom dia para a cordialidade do povo brasileiro


Ah a cordialidade dos povos! Muito me interessou um artigo que li, escrito por um excelente jornalista esportivo, ao que me parece sem vinculações clubísticas, bairrismos, interesses econômicos escusos e submissão à rede Globo. Só essas qualidades já o credenciam como excelente leitura. Falava ele, com muita propriedade, sobre a diferença entre a Euro Copa, por exemplo, e a nossa Copa América. Lá eles não só se digladiam no campo esportivo. Há ódios eternos encravados no peito daqueles povos de onde, na verdade, vicejou a civilização ocidental. Nobres poloneses, quando iam estudar na Rússia tzarista, eram convidados a entrar, na Universidade, por uma porta lateral onde se lia: Entrada exclusiva para porcos e poloneses. A própria formação da União Soviética e os chamados países satélites da Europa Oriental, foi um vilipendio de quase um século sobre a soberania de lituanos, letões, estonianos, bielo russos, ucranianos, georgianos, todos aqueles “quistões”, tchecos, eslovacos, armênios, romenos, húngaros, polacos, os balcanianos amarrados em uma única Iugoslávia que nada queria dizer exceto sete etnias manietadas pela ditadura de Tito. Isso, por óbvio, sem falar no pangermanismo e expansionismo nacionalista alemão que levou o mundo a duas carnificinas impensáveis. Dinamarqueses sempre formaram a “França escandinava” enquanto Suecos passavam fome e para lá migravam. Enfrentavam placa idêntica quando chegavam, pelo mar, à Dinamarca: porcos e suecos pela direita. França e Inglaterra tiveram mais tempo de guerra do que de paz. Só duas guerras famosas duraram mais de 30 e mais de cem anos. Espanha e Portugal se detestam. Portugal sempre buscando expandir seu território para a Espanha e esta buscando anexar aquela pontinha da península Ibérica. Holanda e Alemanha, no futebol, repetem Brasil e Argentina. Alemanha contra todos! Claro que, por processos educativos mais aprofundados que os nossos; culturas como a etrusca, helênica e romana, eles não se engolem nos gramados, com pouco sal e sem gordura. Mas a fama de cordiais permanece conosco. O pai do Chico Buarque de Holanda, o sociólogo Sérgio, teve uma laureada tese sobre o “brasileiro cordial”. E essa cordialidade, além da mistura amável das etnias europeia, ameríndia e africana, gerou este nosso povo baiano na alma. Aquele preguiçoso que não joga basquete pois arremessa a bola na cesta e ela só cai no sábado. Nossos ascendentes diretos portugueses adoram uma miscigenação. Um tanto diferente dos espanhóis, o que gerou nossos gaúchos muito mais portenhos que brasileiros e, vez por outra, amam um separatismo. Somos covardes. Não morremos nas ruas por nada e quando enfrentamos uma Ditadura como a de 68 (aí começaram as barbaridades com o fechamento do regime pelo AI5 dos três patetas), nos desmanchamos e refastelamos com as Bolsas Tortura que fizeram Millor afirmar que na luta armada não havia heroísmo e sim investimento, hoje sacadas das burras da Viúva sem dó nem piedade. Nada fazemos contra a corrupção. Convivemos com uma vergonhosa CPI que mais blinda que investiga. Todos sabemos que Sérgio Cabral, Perillo e o Agnelo estão metidos até o pescoço. Partidos protegem seus membros ainda que escandalosamente ladrões. Até transferiram o Cachoeira para Papuda talvez para repetir os carinhos feitos em Toninho do PT e Celso Daniel ou as ternuras perpetradas do outro lado contra Chico Mendes e a freira Dorothy. Continuaremos cordiais diante dos desmandos que se praticam diariamente no Brasil. A CPI vai dar em pizza como todas na época de FHC que hoje pousa de homem sério. Lula ameaça ministros do Supremo e nada se faz. Muda-se o cálculo da Poupança mas se mantém os altos impostos sobre todo o resto.  Nascemos cordiais e morreremos cordiais. Por isso na Copa América não se cantam os hinos bélicos (adiante meninos da pátria que o dia de glória já chegou, da França; os berros de às aaarmas, às aaaarmas... e contra os canhões marchar, marchar, de Portugal etc.) pois, tirando o Norte Americano que é um poema de patriotismo, o resto não passa de operetas de segunda, tarantelas, fados e quejandas. Umas vergonhas cordiais. Medos de botar pra correr essas máfias que já se aprontam para assaltar os poderes municipais nas próximas eleições. Pavor de correr para a Praça dos Três Poderes e exigir vergonha séria. Todos são cordiais, jogam na Mega e na Tele Sena do SS, são loucos mas  pelo Timão. E se ganharem a batalha contra aqueles caras da bombonera, pode crer que a cordialidade aumentará, os bois bumbarão em todo nordeste e norte petistas e o carnaval começará bem mais cedo para deleite das elites direitistas e feroz-capitalistas. Com muita cordialidade. Simples assim! 

4 comentários:

  1. Prezado Luiz Sergio,
    Parabéns pelo texto. Seu blog é uma referência para boa leitura.
    Concordo com a idéia do texto. Creio que essa conveniente cordialidade nos foi imposta desde a formação do que somos como povo. Um povo de segunda classe, como deseja a própria formação da expressão “brasileiro”. Por que não brasilês? Quando lemos outras palavras formadas com o mesmo sufixo entendemos a razão: trambiqueiro, zombeteiro, chiqueiro, baderneiro, maconheiro, futriqueiro, fofoqueiro, biscateiro, punheteiro, puteiro, arruaceiro, bicheiro, xavequeiro, aventureiro, bisbilhoteiro, bagaceiro, trapaceiro, cangaceiro, farofeiro, galhofeiro, gazeteiro, bicheiro, cascateiro, e por aí vai. Somos tudo isso, afinal somos brasileiros.

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    1. Geraldo, mesmo que sintamos, às vezes, que estamos pregando para as areias e camelos vadios no deserto, o importante é falar. Jamais pensei que existisse um escasso BRASILÊS que me honrasse com tanto incentivo. Estou postando crônicas diárias e daqui a pouco estarei pondo outra. Saber que sou lido por um formador de opinião e lúcido, como você, já terá justificado minha decisão de criar um blog para exprimir minhas perenes insatisfações. Muito obrigado!

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  2. O Brasileiro é aquele cara que mente e acredita na própria mentira.

    Uma vez disseram que éramos cordiais, fidalgos, bacanas e corteses...e o pior é que acreditamos e vamos acreditando nesse lenga-lenga falacioso até hoje!

    Somos um bando de filhas da puta, isso sim.

    Simples assim.

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  3. E o cidadão citado em seu texto é o Márcio dos Anjos.

    Em que pese estar com um blog no GloboEsporte.com, sua letra é das melhores hoje no jornalismo esportivo.

    Sem frescuras, sem o insuportável politicamente correto.

    A conferir

    http://globoesporte.globo.com/platb/marvio-dos-anjos/

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