sábado, 9 de fevereiro de 2013
Pela enésima vez bato na tecla de que já estamos vivendo um processo quase irreversível de espiral inflacionária. As grandes conquistas do povo brasileiro no final do século passado, a estabilidade econômica e o domínio de um processo histórico de inflação, estão indo pelo ralo. Talvez as novas gerações não se apercebam do insidioso momento até porque não o viveram em plenitude. Não têm a menor ideia do que foi difícil para domarmos uma cultura inflacionária enraizada no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Foi penoso mas delicioso nos acostumarmos com a ideia de que um produto poderia ficar nas prateleiras custando o mesmo preço por anos. Como esse é um problema percebido no bolso de todos mas entendido pela mente de poucos, os aumentos meramente especulativos e já com o processo odioso de inclusão de expectativas de inflação futura, já estão sendo praticados pelos supermercados à solta. Cheguei em Belém em 2011. Em outubro desse ano comprava uma latinha de cerveja Kaiser (por ser a mais barata) custava 1,00 real na loja de conveniência do posto da esquina, com bandeira Texaco. No carnaval de 2012 esse preço passou para 1,50 (imensos 50% de acréscimo, absolutamente sem base em qualquer reajuste de insumos). Por ocasião do Círio de Nazaré, em outubro de 2012 meu produto-exemplo passou a custar 1,70 (13,33% a mais). Ontem, às vésperas do Carnaval, já me venderam a 2,00 (17,64% DE LAPADA). Em cerca de 16 meses esse produto teve um acréscimo de exatos 100% isto numa economia que, no mesmo período, mal passou de 1% de crescimento. Produção estagnada ou em declínio; números da economia artificialmente mantidos pela renúncia fiscal e explosivo, inflacionariamente falando, incremento do consumo e que cria um falso ar de progresso; expansão monetária sem a devida contrapartida no aumento de produção e produtividade; despesas correntes no setor público saindo pelo ladrão, em sentido figurado e REAL. Já vimos esse filme antes. Agora só falta recriar os planos econômicos e iniciar um histriônico processo de congelamento de preços como fez a Argentina. Minha cerveja aumenta em épocas de circo e, mesmo se faltar o pão, o preço não vai baixar. O povo está sendo enganado por um ilusório desconto no valor da energia e que já foi engolido antes de chegar às contas de luz residenciais; também por um represamento no aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens nas principais capitais brasileiras. Repito, com terror, todos nós que sabemos pensar e analisar já vimos essa película e conhecemos seu final. Engraçado que os empregados, aqueles mesmo que ganham mal e serão os mais penalizados, ficam putos quando reclamamos, pelo menos isto acontece aqui em Belém do Pará. Parece que estamos falando mal de suas famílias. Desgraçados ignorantes que mal sabem que a parte mais dura da conta vai ser paga por eles. Eu consigo até conviver com Mensalão, Renan Calheiros, defesas apaixonadas dessa camarilha petista. Meu rabo aceita de volta isso tudo mas, pelo amor de Deus, vamos fazer alguma coisa contra a volta desse terrível imposto. Estou com vontade de aprontar um simples cartaz em cartolina e me postar nas imediações do posto levantando-o enquanto tiver forças: Não compre nesta loja de conveniência. Ela aumenta seus preços de forma especulativa e contribui para a volta da inflação. O que vocês acham de fazer o mesmo. Afinal, por algo parecido, os famintos de Paris fizeram a Revolução Francesa e os esfomeados da Rússia, a Revolução Comunista.Complexo assim!
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