sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cogito, ergo sun!


Quem me conhece desde muito sabe o quanto admiro o pensamento humanista de Karl Marx, gene de um tipo de socialismo não utópico, real, intervencionista e revolucionário. O mundo ainda não aprendeu com a colheita da Revolução Industrial, a qual utilizou, por seu lado, o pensamento liberal de Locke e Smith. Foi a primeira vez que a burguesia teve um substrato de filosofia política e econômica para se apoiar e realizar seu projeto de assalto ao poder para além das fábricas. Nascido em uma vertente de sonhadores de um mundo menos injusto, Marx me encanta quando, diferentemente dos Proudhoms, Sain-Simon, Orwell e Owen da vida afirma que a ele não competia entender ou explicar o mundo, mas MODIFICÁ-LO! Se a humanidade continuasse livre na velocidade do açougue das vilas operárias e do trabalho 12 horas por dia, sete dias na semana, desde DOIS ANOS DE IDADE, com chicote dos capatazes no lombo, numa neo-escravatura bem mais cruel pois o escravo ainda tinha o sonho de se libertar e ao operário restava uma vida sem perspectiva de mudança nem mesmo num processo de evolução histórica, claro que já estaria extinta. Na verdade o capitalismo nunca evoluiu em seu nascedouro. Suas práticas se modernizaram mas seu embasamento é o mesmo desde a Idade Média, quando o senhor feudal mandou seu filho para cuidar dos burgos que cresciam em suas terras, gerenciando as corporações de oficio e tratando da única coisa que sabia fazer muito bem: contar e acumular riquezas! Isso tudo continua absolutamente igual a mais de duzentos anos. Marx foi uma luz no fim do túnel. Não posso negar que foi atropelado por uma vaidade pessoal tão grande e que o levou a conceber o Marxismo como Socialismo Científico, enquanto nunca passou e jamais passará de uma linda ideologia. Não há ciência onde a ideologia está presente apesar de, em toda a ciência, existir doses de ideologia incrustadas no cientista. Me fiz entender? Se não, infelizmente não há tempo ou espaço para explicar! De qualquer maneira, essa ideologia se materializou de forma completamente adaptada às realidades dos seus aplicadores e foi, em todos os tempos, a única reação capaz de deter a universalização do capitalismo em uma velocidade terrível, à época. Ao criar, também, o determinismo histórico, Marx estava jogando com a realidade à sua volta em um determinado momento na evolução da humanidade e, por mais futurólogo que pudesse ser, sua análise ambiental externa jamais poderia lhe dar a visão do que se transformaria o mundo cerca de um século depois da exteriorização de suas idéias. Por essas colocações fatalistas ele foi ridicularizada por idiotas como Francis Fukuyama, afirmando que a História teria acabado quando caiu o muro de Berlim ou findou a União Soviética. O maior pensador da história universal, em meu conceito, fez o que não queria: interpretar o mundo, falhando nas ferramentas que concebeu para sua modificação: determinismo histórico, ditadura do proletariado e fim da estratificação social. Não tenho a menor dúvida que, em sua cabeça, o grande alemão pensava que todos os homens inconformados com as distorções brutais do capitalismo, seriam induzidos a aplicar seus pensamentos dentro da ética que HABITAVA EM SUA PRÓPRIA MENTE, nunca na ética instrumental que vicejava na mente dos outros e que levaria o mundo da esquerda a ditaduras, falta de liberdade e, o que me parece mais difícil de entender, a quimera do Partido Único que significava, inexoravelmente,  uma singularização perigosa do pensamento e à gênese da ÚNICA VERDADE, aí se equiparando aos piores momentos da direita brutal (nazi-fascismo) que tanto combatia. Nem a explicação já pasteurizada de que os meios justificam os fins, que levariam a um mundo igualitário, feliz, próspero e com oportunidades, também não se materializou. Lenine, por conjunturas passageiras, substituiu a ditadura do proletariado por uma ditadura da nomenklatura  do PCUS. Os seguidores e, ao mesmo tempo, difamadores e espertos adaptadores do pensamento de Marx, concederam à direita as armas para fazer o que fez e agora todos ficam esbravejando: se engoliram, se engalfinharam em diferenças semânticas enquanto a direita fazia o que sempre fez: se unia monoliticamente para aniquilá-los e criar os meios para reinar livre por mil anos. Tivesse Marx sido mais honesto consigo mesmo e facilmente teria indicado caminhos alternativos para IMPEDIR que acontecesse o que vemos hoje: a esquerda dilacerada, com dinossauros e suas ditaduras reagindo pontualmente (Cuba e Coréia do Norte) a excitar um romantismo esclerosado de que são heroicos por reagirem ao Grande Tigre Capitalista. Acordem, pelo amor de Deus, ou de Marx! A China abandonou essa retórica e navega num progresso econômico ímpar, apesar de manter a fachada socialista, só para continuar uma ditadura sanguinária na qual livra a cara dos riquíssimos socialistas de mercado, os milionários neossocialistas, enquanto a caterva da tigela de ferro, mais de um bilhão de pessoas, continua em suas práticas campesinas feudais e num operariado analfabeto e sem sonhos. Não vejo Cuba como caminho exemplar para nada. O mundo é muito mais que simplesmente distribuir um ovo por dia, garantir a alfabetização e o essencial para todos quando o homem, há muto, demonstra que só o supérfluo o faz feliz. Tenho trabalhos meus e vou publicá-los, ou melhor, colocá-los à disposição de todos os que têm paciência em me ler, escritos entre 1996 e 2001 onde exponho meu pensamento profundamente anti-neoliberalismo. Escancaro as políticas vergonhosas e elitistas dos governos criados pelo Consenso de Washington, de 1979, e que empobreceram bilhões de pessoas ao redor do mundo; patrocinaram a maior privatização das riquezas públicas de 69 países emergentes, dentre eles o Brasil. Compraram a opinião das massas e das elites através dos Tchnopols como FHC e centenas de outros janotas. Alargaram o espectro de pobreza de milhões de brasileiros aniquilando a classe média, só para ficar no nosso exemplo, merceando votos da mesma forma que os odiosos mensalões já flagrados, de uns e de outros. Penso que morro sem me fazer entender que, ao me bater contra esses espertalhões que usam a chancela da esquerda para incutir no povo a falsa ideia de uma prosperidade nascida em doações e à custa de dinheiro impresso sem lastro produtivo, NÃO ESTOU AUTOMATICAMENTE DEFENDENDO UM RETORNO AO STATUS QUO ANTE. Ambos são visionários e donos de uma verdade que não existe. Nem Marx, nem Locke, nem Smith, nem Friedman, Hobsbawn, Von Haineken, ou qualquer merda desse jaez, previu, por exemplo, um mundo como este do Facebook. Ninguém poderia prever. Logo, também ninguém poderia criar uma ideologia, economia ou política eterna, imutável, universal e que funcionasse para Deus e para o Diabo, porra! Vamos parar com essas imbecilidades de explicar a fome pela quadratura do círculo ou reinventar a roda. Planejar é prever um porto de chegada e partir para ele pela melhor rota possível, alternando paradas em locais nunca imaginados pois assim é a realidade de hoje. Mas é necessário saber o porto de destino, não interessando o quão bonito seja o discurso durante a viagem! Vamos viajar juntos. Vamos buscar esse porto mas não usando o Mapa do Almirante turco Piri Reis, feito há mais de mil anos, se temos os mapas do Google à nossa disposição. Não há por quê desenterrar dinossauros quer do lado direito ou esquerdo da estrada. Muitas vezes, como AGORA, não há mapas, não há caminhos ideais já testados, nem rotas. Há que viajar sem ficar chorando à beira do caminho, sobre a injustiça do embargo a Cuba ou as sacanagens de Hitler. Um dia isso tudo acaba e fica apenas o que o HOMEM construiu. O resto é balela!

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