sábado, 23 de fevereiro de 2013

Manifesto do PUMS - Partido Universal das Mulheres Sensuais.



Como acontece todos os anos, vou dormir em meio à festa do Oscar. Poucos gostam tanto de cinema como eu, desde o desenho "Bill e Lou" que assisti em 1949, antes de fazer 3 anos, no Cine Independência em Belém do Pará, na companhia agradável de meu irmão e meu pai. Mas, na idade em que estou, certas coisas já incomodam. Ora a voz pasteurizada do José Wilker, ora a cara neutra do Rubens Ewald Filho, as trapalhadas da Maria Beltrão, que já foram da Marília Gabriela, a expressão nula do Artur Xexeo que fala como um monossílabo, ou ainda aquela tradução simultânea como quem lê uma sentença condenatória (porra, Oscar é para as elites. Quem não falar inglês coloca no Captions e seja o que Deus quiser). Mas, o fato que realmente me incomoda, são as "deusas" hollywoodianas que passeiam sua deselegância e magreza pelo palco. Sou um homem do século passado e agora pessimamente acostumado pela visão paradisíaca das mulheres paraenses. Por mim passam, vagarosa ou apressadamente, centenas de caboclas, brancas de veias azuis ou morenas quase todas com seios fartos, pernas muito grossas, bundas portentosas de dobrar o quarteirão, coxas salientes, rostos belos e marcados por angulosidades  e olhos esgazeados, asiáticos, maçãs salientes, barrigas visíveis. Coisas do outro mundo. Aí me aparecem as Angelinas Jolies da vida com pernas apalitadas, coxas à mostra em fendas enormes, da grossura dos meus braços; barrigas pra dentro; decotes na frente a mostrar peitos em desacordo com a harmonia daquelas bengalas humanas, adornadas por saboneteiras profundas onde pode se guardar uma caixa de Omo Progress; pelas costas omoplatas cobertas por pele, só muita pele. Aí não aguento e deixo que o Lorax faça efeito, dormindo profundamente, geralmente acordando só nos comentários finais onde nunca dizem quem ganhou. Todos estão percebendo que usei o Oscar para, no fundo, lançar meu manifesto em favor da libertação das mulheres sensuais, ao estilo das paraenses. Certa vez vi uma foto da Julia Roberts numa praia do Caribe, junto com um filho parido há uns dois anos, maiô de duas peças, barriga caindo por cima do cós, cara sem pintura e, pela primeira vez, aquela visão me pareceu excitante. Era uma mulher normal, não uma deusa projetada em campos de concentração, categoria que adquiriram, com ganhos, os spas atuais. Assim como Karl Marx, também detesto a fome e a miséria e lanço meu Manifesto: Mulheres de todo o mundo, uni-vos! Chega da ditadura das espinhas de bacalhau. Manem minhas saudades de Marilyn Monroe, Jane Mansfield, Norma Bengell e Sofia Loren. Quero quadrizes, ancas já no ostracismo, culotes banidos, almejo barrigas, sonho com celulites, estrias, bundas fartas e carne. Somos carnívoros e gostamos de CARNE, principalmente nos lugares certos. Me encanta muito mais me misturar com uma Fabiana Karla "in natura" do que com cem Bündchens no photoshop.Abaixo a ditadura das dietas! Morra a magreza industrializada. Salve as mulheres sensuais!

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