PARTE I - ELES
Às vezes flagro papos muito suspeitos sobre o "sucesso" de músicos brasileiros globais que vão preencher os Brazilian Days inventados pela Rede Globo, notoriamente com uma platéia 101% de migrantes brasileiros não nos Estados Unidos, mas em New Yor City, uma megalópole internacional que nada tem a ver com o american way of life. Em outros casos, detentores de "sucesso internacional" explodem plateias também de migrantes, adicionadas de cubanos, chicanos, portorriquenhos em Miami. Sempre vejo a verdadeira nata do americano nato, o americano médio, bem longe disso tudo. Claro que eles têm lá um mix de altísima qualidade, que assim acho que posso analisar: uma sólida origem branca, manifestada na música irlandesa que os cowboys cantavam nos filmes e da qual derivaram o country e, mais miscigenado, o rock inglês, hoje a manifestação musical mais internacionalizada e de maior sucesso em todo o mundo, expandindo para muito mais além do que o simples horizonte do público jovem, de onde ele explodiu. Uma outra fortíssima base na cultura africana, nos cânticos das lavouras do sul, da qual manifestações eternas viriam eclodir. A música soul (e sua vertente no spiritual), o blues e, já numa miscigenação ARTÍSTICA (não sociológica, antropológica ou política pois o racismo branco era muito mais arraigado lá que cá e o negro visto como uma peça exótica mas EXTERNA. Diferente do Brasil português que miscigenava MESMO), o rock como evolução "normal" do swing e boogie-woogie; além de, last but not least, as duas facetas do fantástico jazz (o jazz "puro" negro, improvisado, cantado e tocado), e o jazz misturado à influência franco-europeia, chamado dixie, cujo maior museu vivo e ativo prossegue sendo New Orleans. Finalmente, a música nascida nos guetos latino-americanos que poderiam incluir: a conga, o mambo e a rumba, vindos da Cuba "libre", o maxixe e o samba, não brasileiros, mas de Carmem Miranda e o calypso caribeano. Esse é o pano-de-fundo para darmosinício a este trabalho que ainda comportará duas partes: OS BRASILEIROS e, finalmente, NÓS JUNTOS EXISTE?
Desse fantástico panorama, evidentemente a música norte-americana lato sensu, assim como o músico de lá, formariam uma casta de qualidade quase inigualável. Certo que eles contaram e contam com um portentoso instrumento de marketing que é Hollywood, para exportar esse produto, que já tinha e tem muita qualidade intrínseca, para todos os cantos da aldeia global. A música dos grandes musicais é eterna. Os cantores, cantoras, arranjadores e compositores, de todas essas orígens, além de fazerem coisas belas possuem um padrão de qualidade superior que lhes é permitido pela força do dolar e da onipresença da economia americana no mundo (e que gera essa ubiquidade de dupla entrada: de lá para o mundo e do mundo para lá). Esse caminho de volta é o que me interessa trilhar, apesar deste trabalho em três partes ser produto, UNICAMENTE, do que guardo na minha memória, sem nenhuma pesquisa externa a qualquer outra fonte que não eu próprio. Isto dará ao resultado uma forte impregnação de meus gosto e de minha visão como passageiro dessa agonia. Sei que corro o risco de não ser lido. Não importa, pois ficará o registro eternizado em meu blog.
Como mote para a segunda parte que publicarei, sequentemente, amanhã (24 de fevereiro) e terça-feira (25 de fevereiro de 2014), é cuidar de limpar as arestas de uma possível visão eivada de envolvimento pessoal, é registrar que, como aqui, lá eles têm suas Ivetes, Cláudias Leitte, Bandas Calypso, Michel Teló e outras porcarias, corporificadas em Beyoncés, Rihanas e Justin Biebers da vida. A mim interessa verificar onde a alma brasileira conseguiu influenciar a música americana de qualidade com forte penetração no grande público, não só nos guetos. Para ver isso me acompanhe amanhã.
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