domingo, 25 de novembro de 2012

Bom dia para os Algonquinos


 Algonquinos eram indígenas milenares que habitavam o nordeste da América do Norte, viviam em uma sociedade anômica onde dar uma ordem representava a maior ofensa por quem a recebia. Não tinham chefes nem pagés. Sua estrutura social era baseada em territórios de caça. originando-se daí o fenômeno das nações ecléticas diferentes dos clãs tribais com estrutura familiar. Viviam em uma uma região inóspita e gelada, entre o Círculo Polar Ártico e a Ilha de Manhattan onde  havia seis meses de gelo (outono e inverno) e seis de caça (primavera e verão) . No período de caça abundante (guanacos, bisões, alces e caribus) só abatiam o extremamente necessário à sua sobrevivência e dos estoques para congelar no período frio, deixando os excedentes intocados para gerar sua futura sobrevivência assim como a manutenção do ecossistema em equilíbrio com outros predadores, como os ursos e jaguares. Decidiam tudo em conselhos. Ocupavam grandes territórios e ninguém entende por que nunca se interessaram em ocupar terras férteis e mais quentes ao sul. Não praticavam a agricultura. Não possuíam escrita mas tinham uma língua extremamente desenvolvida, para os padrões europeus do século XVI. Seu tronco étnico está extinto restando alguns sobreviventes miscigenados. O último registro é uma foto no território canadense, em 1906. Praticavam um estranho ritual para entronizar os adolescentes machos na vida adulta. Separavam os garotos para uma área afastada e especial, onde eram enjaulados e tomavam uma substância chamada Wyssocan (o som parece Whiskey, né?), um alucinógeno cem vezes mais forte que o LSD, para que perdessem a memória de todos os fatos da infância para poderem ingressar na vida adulta. Quando alguns demonstravam ainda recordar coisas da infância tomavam novas doses e, muitas vezes, apagavam completamente a memória ou desaprendiam de falar. Por que será que eles queriam zerar fatos de uma época tão feliz? Talvez para não criar sonhos e expectativas impossíveis de concretizar na realidade. Na verdade é brutal, mas os sonhos geram as ânsias (de poder, força, comando e conquista). Não me aprofundo nisso pois nunca entendi a razão que movia esses povos a agirem desta ou daquela maneira, mas uma coisa eu sei: sua perfeita vida harmônica foi dizimada pelo estilo de vida europeu com suas regras e burocracias. E hoje penso no que estavam imaginando os Algonquinos quando rezavam a seu Deus uno e desconhecido: Pai, homem de cima, nós te agradecemos
por nos permitires viver nesta terra. Que nossos pensamentos e orações possam chegar até sua morada, no céu. Que a fumaça dos nossos cachimbos suba a ti.Ó Senhor, que reinas acima das montanhas, das árvores e das águas, nós te agradecemos por todas as coisas que nos deste: os frutos, a caça, o peixe, a gordura do urso. Foste bom para nós, estamos contentes contigo. Nós te agradecemos por sermos numerosos e podermos nos reunir para te invocar. Quanta diferença entre o quê pediam os Algonquinos a seu Deus e o que se pede a Deus nos dias de hoje. Simples assim!

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