sábado, 3 de novembro de 2012

Bom dia para a segurança pública.


Ah a segurança pública nas megalópoles brasileiras. Decididamente o problema da segurança pública é a mais grave questão a ser enfrentada por todas as esferas governamentais no Brasil. FHC é um poço de vaidade mas, cerca de dois anos após haver largado o osso, ouvi nitidamente um comentário feito por ele em uma entrevista para o Roberto d’Ávilla acerca de uma pergunta sobre o que teria deixado de fazer durante seus oito anos de governo e se isso lhe trazia arrependimento. A resposta foi clara e forte: Me arrependo por não haver dado à questão da segurança pública a importância que ela merecia! Nove anos se passaram desde o fim de sua administração e me parece que as coisas só estão piorando. Nada me afasta da ideia de que a política de “pacificação”, em que pese uma completa inadequação do termo ao problema, só aconteceu no Rio por duas razões básicas: a internacionalização diária das críticas e os eventos da Copa e das Olimpíadas. Não fosse a existência do NY Times, Washington Post, Time, France Soir, Zedeutsch Zeitung, BBC e outros, e certamente a coisa não teria tomado esse rumo. O mesmo se pode dizer dos dois eventos internacionais para fixar definitivamente o Brasil como “potência” mundial. O vergonhoso ataque ao Hotel em São Conrado, os arrastões constantes nas linhas vermelha e amarela e outros feitos desassombrados da bandidagem, no Rio, provocaram uma reação internacional a ponto da então Cidade Maravilhosa ter perdido a posição de grande destaque como primeira cidade em número de turistas, lugar logo ocupado por São Paulo. As invasões massificadas, com uso de tropas e blindados militares, retomaram grandes partes da cidade do Rio de Janeiro, para o controle da soberania estatal. A fixação de Fortes Apache no alto das favelas, ponto estratégico para a ocupação militar, na verdade expulsou a criminalidade para outros bolsões geograficamente menos vulneráveis, na própria cidade, nos municípios do Grande Rio e nos interiores próximos na trilogia Rio, SP e Minas. Evidente que o problema em São Paulo tem configuração diferente. São Paulo não é uma cidade com topografia acidentada nem possui morros altos onde os meliantes possam se aquartelar ou distribuir-se estrategicamente a ponto de vislumbrarem a chegada de grandes contingentes policiais e escaparem rápido. Heliópolis e Paraisópolis, além da pletora de “Jardins”, são quase planos, espalhados em enormes territórios entrecortados por  pequenas vielas e becos, sem pontos de referência para a defesa ou para o ataque. A teia é gigantesca e a invasão seguida da instalação de UPP’s me parece impraticável, até para o efetivo de 30.000 homens da PM paulista. Para fazer isso o efetivo teria que dobrar o custo desses homens aquartelados seria inviável, até para São Paulo. Obviamente que a isso se soma a deslavada corrupção policial, civil ou militar, infiltrada por X-9s ao melhor estilo Mata Hari. Além de um eficiente serviço de inteligência militar, do tipo SNI, CENIMAR, ABIN (digamos, DO BEM!) e uma limpeza profilática em seu corpo, a PM paulista não pode prescindir da ajuda da Polícia Federal, dos presídios federais para “guardar” os chefes do crime, da inteligência da Marinha que, por ser uma força militar quase inoperante, pela anemia das verbas federais, tem se especializado em relevantes serviços prestados à sociedade e ao progresso da ciência no Brasil, como o Projeto Tamar, a construção do primeiro reator nuclear efetivamente brasileiro assim como o projeto do protótipo de um submarino nuclear. Da mesma forma beira a loucura continuar sem proibir todos os celulares, de bandidos ou de mocinhos, nos presídios. Em São Paulo a hora não é de buscar combater causas mediatas remotas do problema. O tempo é de atacar as causas visíveis: desbaratar e prender as lideranças, afastando-as do território paulista; despolitizar o recebimento de auxílio federal que, em qualquer circunstância,  não deve ser entendido, como tibieza do governo tucano face ao PT. Assisto diariamente à guerra entre Dilma, o Ministro da Justiça e o da Defesa, de um lado, e Alckmim e o Secretário de Segurança de São Paulo, do outro. Esse conflito não tem vencedores; todos são derrotados de antemão. As ridículas declarações diárias do Secretário e também do Governador, afirmando que a morte de mais de cem policiais e bandidos, em cerca de um mês, decorre de briga entre gangues rivais ou luta pelo controle do tráfico de entorpecentes, beira o absurdo. Enquanto isso, a guerra sem fronteiras da vendetta prossegue: matam policiais, a polícia vai pra rua em massa e mata marginais, tudo completando um círculo vicioso sempiterno. Isso é um moto perpétuo e não vai parar. Será que esses insanos estão calculando a coisa pela ótica do mercado, ou seja, por cálculo de custo e benefício? Eu indago: que benefício, cara pálida e que custo? Ainda não conseguiram criar uma equação eficiente para calcular o preço de uma vida humana. E sobre isto prosseguem discutindo os opositores políticos. Por muito menos que isso Israel criou sistemas de combate nos quais busca proteger, a ferro e fogo, a vida de seus valiosíssimos soldados: engenheiros, cientistas, profissionais liberais, pensadores e religiosos. Nessa estúpida guerra das cidades brasileiras, mais que nunca é hora de perderem-se todos os anéis e salvarem-se todos os dedos. Simples assim!

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