Ah as
mazelas do poder. Tenho escrito por demais, ultimamente, sobre assuntos
relacionados com a política econômica atualmente em vigor no país. Essa insistência
seria enfadonha se não fosse coisa pior. Estou vendo o Brasil se aproximar,
perigosamente, de uma trajetória nítida de estagflação, o pior dos males
detectados pela atual Teoria Econômica. Esse monstro apresenta dois lados: o
que aparenta ser o mais fácil de intervir e que é a recessão econômica,
agravada por um processo já instalado de inflação. Por trás disso tudo surge a
figura de Guido Mantega, nosso Ministro da Fazenda, capitaneando uma nau em
calmaria, ou seja, não consegue sair do lugar, não tem vento para movimentá-la
mas, mesmo que houvesse, nunca se saberia se a levaria a um porto seguro pois,
para quem não conhece seu destino, nenhum vento será favorável. FHC passou os
dois últimos anos de seu governo em vertiginosa queda, também ocasionada por
uma conjuntura internacional absolutamente desfavorável e que durou do ano 2000
até a metade do primeiro ano do Governo Lula. Todos se lembram do propalado
“espetáculo do crescimento a partir de setembro de 2002” e que se mostrou uma
piada de mau gosto. A marolinha profetizada pelo Nosso Guia, na verdade,
consubstanciava a maior crise internacional de ausência de crédito, diminuição
drástica do comércio internacional, recessão por toda a comunidade europeia, além da redução do crescimento antes
vertiginosos de Índia e China. Enquanto isso nosso estimado Mantega, há dez
anos, segura a peteca virtual de um crescimento que nunca vem. Suas previsões
mandrakeanas já começam a perturbar a comunidade econômica internacional, a
ponto do The Economist ter sugerido sua saída do cargo. Não era preciso tanto.
Mantega está sob processo de fritura desde a assunção ao poder, da Presidenta.
Ela pode até parecer meia turrona, briguenta, machona mas, certamente, nunca
foi nem nunca será burra. Tem dado ao “profeta” da Fazenda todas as chances
possíveis, a corda imaginável com a qual ele está se enforcando. Algo me diz
que o atual Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, há muito está engordando
o olho pelo cargo. Desde os tempos de Lula que Mantega engendrou uma saída
inteligente para a crise, mas muito conjuntural: a renúncia fiscal. Evidente
que ela só poderia dar certo em um país que detona a classe produtiva, os
assalariados, aposentados e quejandos, com a maior carga tributária do mundo.
Só então a gentalha percebe que se pode diminuir IPI de muitos produtos da
cesta de consumo da classe média. Da mesma forma é possível abater 20% do valor
bruto das contas de luz e outras medidas. Para um país que arrecada algo em
torno de três trilhões de reais anuais só com tributos, uma renúncia com data
marcada tende a atingir seus efeitos e empurrar o consumo. Mas essas medidas
não podem se eternizar por várias razões. Elas não têm o poder de dar ao país a
infraestrutura necessária para suportar um período de crescimento real, além de
estimularem um consumo exagerado criando bolsas artificiais e inflacionárias. O
tal do custo Brasil existe mesmo e não adianta esses remedinhos caseiros para
diminuí-lo. Quando a América do Norte entrou em depressão profunda, nos anos
30, Roossevelt chamou Lord Keynes para dar um jeito na locomotiva do mundo,
então fazendo água. Ele determinou, imediatamente, a abertura dos cofres de
Fort Knox, não para incentivar a compra de carros ou produtos da linha branca;
ele criou um processo inflacionário dirigido e usou a grana toda para construir
e reforçar a imensa infraestrutura que ainda segura aquele país até os dias de
hoje. Estradas de ferro, de rodagem, eclusas e vias internas navegáveis;
indústrias de base, muita construção civil, portos modernizados, silos,
armazéns, estradas vicinais enfim, preparou a nação americana para ter um
invejável parque de sustentação no momento em que o crescimento normal da
economia precisasse dessas obras e a inflação pré-fabricada fosse engolida pelo
desenvolvimento (não apenas crescimento) e suas benesses, enquanto a economia
avançava rumo ao pleno emprego. Tudo o que NÃO É FEITO NO BRASIL! Evidente que
a repetição dessas medidas, sempre
conjunturais, não criam uma estrutura
duradoura que incentive o empresário a investir em sua planta. Sem altas taxas
de investimento não há economia que resista e, muito menos, Ministro da Fazenda
que se eternize no cargo. Dilma deve saber que, ou pelo menos deveria, que
essas miragens que Mantega empurra goela abaixo do povo, mas também do Governo,
não seriam sustentáveis nem ao menos factíveis. Se a Índia cresce a altíssimas
taxas, é porque, logo após a morte de Gandhi e já sob o comando de Nehru,
gastou toda a arrecadação do país para mandar seus jovens para a Inglaterra,
onde se formou a maior plêiade de Mestres, Doutores e Pós-doutores que se tem
notícia na história recente do mundo. Essa catervinha apenas criou clusters de
desenvolvimento do CONHECIMENTO e a Índia, hoje, detém mais know-how em ciência
da computação que o Japão. Se a China cresce a níveis espantosos, é porque lá
não tem PT, CUT, Sindicatos nem CLT encarecendo os produtos. O custo da mão de
obra é simbólico, quase zero. Pelo menos 30% de toda a mão-de-obra chinesa não
é contratada; dela fazem parte os enormes contingentes de presos políticos que
trabalham em troca de comida, pouso e uniformes listados. Além disso, a
política fiscal desses países é subvalorizar artificialmente as moedas
nacionais frente ao dólar, fato que lhes permite inundar o mundo com
quinquilharias que lhes rendem trilhões de Yuanes, Rúpias o cacete a quatro!
Enquanto isso, no Brasil, tudo é sucateado e mais caro; não há infraestrutura.
Nossas Universidades têm pífia produção de saber, com raríssimas exceções. Como
podemos crescer se o alicerce do crescimento é podre? Mas aí vem o mágico de Oz
e fica jogando para um mercado saturado de merdas desse tipo, previsões de crescimento
de 4,5, 6 ou 8 por cento, quando todos sabem que chegaremos rateando a UM POR
CENTO este ano. Nosso centro de meta inflacionária é de 4,5% enquanto já atingimos
5,08. Mas aí tem a banda com dois pontos percentuais acima, só para prosseguir
salvando burocratas inconsequentes como o Mantega. Não acredito que Dilma não
perceba que não vamos resistir à passagem desta década com nossa infraestrutura
mambembe e capenga. Tirar Mantega é questão de tempo. Geralmente já está pronta
a velha Reforma Administrativa que, neste país, apenas significa troca de nomes
no primeiro escalão. Porra, você pode colocar o Margarena, o Crime de Leche, ou
o Iogurtom no lugar do Mantega que nada vai mudar estruturalmente. Poderíamos começar
a sair da draga pelas reformas que ainda faltam: Fiscal, na Educação, Política
e outras básicas para tornar o país competitivo. Mudar a mentalidade do múnus público
para o serviço ao invés de “servir-se” dele. Até hoje não entendo porque o Lula
manteve o sistema de câmbio flutuante, atendendo aos ditames do mercado,
estandarte da era FHC, para funcionar em um país onde nãos se consegue deter a
corrupção generalizada e melhorar nossa segurança, especialmente de fronteiras
para evitar o fluxo de entrada de contrabandos. Sempre armas e drogas serão a
pior coisa do mundo, mas não as púnicas. A sangria causada pela inundação de
nossos mercados pelos produtos pirateados parece ser a base de quase todos os
desmandos. Os Shoppings de produtos chineses a céu aberto; a benevolência com o
Paraguai; a postura de país líder da América Latina e das neo-colônias
africanas, parecem fazer o gosto da neo-esquerda mas arrebenta com muita coisa
aqui dentro. Será que todo o brasileiro, principalmente o que está morrendo de
fome e sede nos desertos nacionais, sabe o quanto gastamos para mantermos
países como São Tomé e Príncipe, Açores, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau? Bem
mais grana do que as verbas destinadas a deter essas desgraças climáticas
brasileiras. Mas, enquanto isso, posamos de Nova Cuba a exportar uma revolução
quixotesca aos menos favorecidos. Se Mantega for, já vai tarde. Quem entrar em
seu lugar, também já entra tarde e, certamente, não tem a chave dos milagres
que a Presidenta imagina depender dos outros. Depende de você, também, minha
gata! Simples assim!
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