sábado, 4 de maio de 2013
Uma jornada inesquecível!
Meu sobrinho Luiz Claudio Nunes mexeu com minha já ouriçada memória quando mostrou aquele C-47 da FAB. Em 1957 fui acometido, aqui em Belém, por uma hepatite seguida de insuficiência hepática severa. Essas coisas não têm muito tratamento até hoje, que dirá há 56 anos. Lembro que minha mãe me levou para o sul de Minas aonde fizemos uma, como se chamava àquele tempo, "estação de águas" em Lambari. Foram 15 dias de sonho. Muita água própria pro fígado, ferrosa e não sulfurosa. Voltamos pelo Rio e pouco tempo depois, após uma parada no Aptº de minha Tia Lucy, em Copacabana, meu tio Edmundo, Chefe de Gabinete do sexto Ministro da Aeronáutica consecutivo, nos despachou de volta em um avião do Gabinete do Ministro. GABAER, como eles diziam. Era um Lockheed L-18 Loadstar, o modelo mais moderno C-60A, feito em 1942, para 21 passageiros, com dois motores à explosão Pratt&Whitney Twin Wasp. Era um avião longilíneo e que não deu certo como o DC-3, justamente por não deslocar tanto peso. Em compensação tinha uma velocidade impensável para a época, atingindo, com vento de cauda, 410 km[h, (330 em cruzeiro) quando um Catalina chegava a 170 e o DC-3, 280. Era todo luxuoso, poltronas, ao invés do costumeiro banco corrido para tropas que eu estava acostumado. Tinha até Taifeiro de bordo pra servir sanduíches e refrigerantes. Alertado pra não me alongar se não ninguém me lê, sintetizo dizendo que saímos do Rio e, de pane em pane, pernoitamos no destacamento de Caravelas, na Bahia, ficamos dois dias em Salvador, mais três em Recife, dois em Natal, três em Fortaleza. Apesar de ficarmos nas Bases Aéreas, mamãe me levava pra passear e conhecer as cidades. Fizemos escala em São Luís e, na vinda de lá até Belém, o avião não conseguiu ganhar altura, e eu assistindo o espetáculo dos babaçuais balançando no vento logo abaixo do avião. Quando a gente é criança é absolutamente irresponsável. Todo mundo em pânico e eu me divertindo. Dava pra ver nossa sombra se deslocando na praia pois ele veio pelo litoral, pronto pra se escanchar em qualquer praia mais em condições. Chegamos a Belém cerca de meio-dia. O avião rolou pela pista em direção à Base mas não chegou ao terminal. Parou na pista de taxiamento. Descemos ali mesmo com nossas malas andando debaixo do nosso querido sol equatorial. No outro dia papai nos levou para vermos nosso pássaro prateado em cima de tambores de combustível vazios, já sendo canibalizado. Quando saí de Belém em 1964, ele ainda podia ser visto lá. Hoje só mora em minhas lembranças, simples assim!
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