quinta-feira, 9 de maio de 2013
O longe é um lugar que não existe! (Fernão Capelo Gaivota)
Apesar dessa verdade sempre curti um medo gutural da ideia de morar longe de meu país. As poucas vezes que me ausentei do Brasil, claro que tinha o fascínio de uma terra nova, novo idioma, novo clima, novas coisas. Mas sempre me perguntava: e quando o charme virar rotina? Passear em Paris, Istambul, Nova Iorque e outros lugares charmosíssimos ou exóticos, ao redor do mundo, é muito excitante. Mas, quando a névoa do glamour se dissipa e você começa a morar nessas cidades, quando se dá conta, já visitou todos os destinos turísticos e lugares que lhe agradam e só resta voltar do trabalho pra casa, curtir a mesma vida difícil com ou sem família, acordar cedo, dar duro e.............começar tudo de novo amanhã! Parece visão pessimista mas sei que é assim. Pensando nisso me vem a ideia dos imigrantes da virada do século XIX para o XX, principalmente incultos, jovens ou velhos demais, expulsos de suas terras pelas guerras infames, surtos terríveis de fome e outras mazelas que os empurraram a ir pra longe, mesmo que seja um lugar que não existe. Lembro da saga dos italianos em São Paulo. Os portugueses, sírios, libaneses e judeus, aqui no Pará. Nunca perderam o sotaque; nunca se desligaram de seus costumes como a tentar manter vivo o sangue de seus antepassados em país tão distante e diferente. Aqui praticamente TODOS trabalhavam duríssimo e só tinham uma mercadoria pra vender no mercado de fatores: a força de seus braços, músculos e, algumas vezes, o conhecimento em alguma arte ou ofício, como meu avô, Celestino da Silva Cativo e seu irmão Belarmino Cativo que aqui aportaram e se tornaram, trabalhando de sol à lua, donos da maior alfaiataria de Belém. Me encanta lembrar os japoneses do Kashi Maru. Nunca aprenderam a falar português ou sequer o nome do país onde moravam: BA-RA-JI-RU! Cruzaram mais de um oceano, não só de água salgada mas de diferenças culturais. Todos venceram. São respeitados e abriram o caminho para um país que sempre aceitará a diversidade. Salve os Levy, Obadia, Cativo, Abreu, Frahia, Bechara, Maiorana, Matarazzo, Omura, Sato que povoaram minha infância e ainda passeiam na minha saudade. Para eles o longe sempre foi um lugar que nunca existiu nem existirá. Simples assim!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário