quarta-feira, 24 de julho de 2013

PROFECIAS OU CAPACIDADE DE ANÁLISE?

Claro que nunca fui nem serei um profeta. Mas, em 1998, usando dados de 1997, escrevi um livro, como sempre, nunca publicado (depois farei uma crônica apenas sobre a dificuldade de publicar um livro como autor inédito), fazendo minha análise sobre os macroambientes existentes no mundo naquele ano, com bases históricas, e culminei meu trabalho expondo 12 macro-tendências onde pintei um quadro expondo como eu acho que ficaria o mundo na passagem para o século XXI. Quando aconteceu o fato de 11 de setembro de 2001, muitos dos meus alunos foram ler minhas previsões sobre o terrorismo no mundo, nessa mesma virada de tempo, encontrando previsões reais que fiz sobre as possibilidades de eventos terroristas em território americano e destacava Osama Bin-Laden como o mais destacado elemento buscado pela guerra anti-terror americana. Mostraram o trabalho para a Makron Books, Atlas, Pioneira e outros gigantes da edição e os analistas, que sequer tinham lido os arquivos originais, ficaram desesperados falando coisas do tipo "porra por que não nos mostraram isso"? Agora é tarde e o trabalho fica no limbo como registro histórico. Aproveito para postar neste espaço o pequeno capítulo de minhas previsões para o terrorismo no mundo! Curtam ou critiquem!

8º macrotendência: o recrudescimento do Terrorismo.

Já se afirmou em outra parte deste ensaio que o processo de globalização tem contribuído para a fragmentação dos Estados-Nação e consequentemente perda de suas identidades culturais, exacerbando conflitos étnicos, religiosos e políticos, tudo potencializado pela extrema rapidez das comunicações. Áreas até então intocadas como o território dos EUA já foram sacudidas por atentados como o do prédio de Oklahoma, nas olimpíadas de Atlanta, ao World Trade Center e, mais recentemente, às embaixadas americanas –consideradas território norte-americano – em Dar-es-Salan (Tanzânia) e Kinshasa (Congo). As áreas consideradas endêmicas continuam produzindo seus rastros de sangue e todas as análises apontam para um recrudescimento da atividade terrorista em todo o mundo:
a - O conflito político-religioso entre unionistas protestantes e republicanos católicos na Irlanda no Norte (Ulster), após uma alvissareira onda de paz e aproximação, recrudesceu nos últimos meses e não dá sinais de esgotamento, com o IRA prometendo novas ações e os protestantes e forças britânicas, pesadas retaliações.
a - a questão étnico-política do país Basco - região ao norte da Espanha e sul da França – parece longe de uma solução pacífica, com o ETA (Exército Separatista Basco) realizando incursões intermitentes contra a polícia e o exército espanhol;
b - constante estado de beligerância nos Balcãs volta a se agravar com as tentativas separatistas dos albaneses de Kosovo, da República Iugoslava;
c - após décadas da ditadura de Mobuto Sese Seku, no Congo (ex-Zaire) e ascensão no poder do chefe dos rebeldes, Lawrence Kabilla, o país volta a ser sacudido por violentos combates que possuem, subjacentemente, motivação étnica, com a maioria Tutsi praticando verdadeiro genocídio contra a minoria Hutu;
d - jamais cessou a luta separatista dos curdos, habitantes do noroeste do Iraque e sudeste da Turquia, a despeito das sucessivas limpezas étnicas realizadas na região, pelas tropas de Saddan Hussein;
e - prossegue a matança desenfreada de separatistas no Sri-lanka;
f - os movimentos guerrilheiros na América Latina, notadamente no Peru (Tupac Amaru), Colômbia (inúmeros movimentos e siglas), e os Zapatistas de Chiapas, no México mantém sob o seu controle vastas porções do território desses países, consubstanciando verdadeiras nações apartadas dos governos federais;
g - conflito religioso da Argélia, de inspiração muçulmana fundamentalista, continua praticando atrocidades sem precedentes, com a degola de aldeias inteiras, incluindo velhos, mulheres, crianças;
h - o movimento separatista dos Singhs, na Índia, nunca esmoreceu;
i - a recente liberação por Muahmmar Khadaffi, de dois guerrilheiros acusados de participar da derrubada de um boeing 747 da Pan-Am, em 1983, em Lockerbee, na Escócia, para serem julgados pelo Tribunal de Haia, dá mostras de que a Líbia prossegue sendo um centro irradiador do terrorismo mundial.
Mas nada se compara à força, truculência, fanatismo e estado de constante beligerância do JIHAD ISLÂMICO (guerra santa) iniciada por Maomé no ano 630 da era cristã. Desde então os povos muçulmanos, em seu processo de miscigenação de religião-política-ideologia e filosofia vivem sua Idade Média contra inimigos de toda a ordem: colonialistas (otomanos e britânicos) neo-colonialistas (norte-americanos) e a principal rixa milenar contra os judeus. Nessa guerra sem trégua e quartel os números e a organização chegam a impressionar. Existem sete grandes grupos tronculares de organizações terroristas islâmicas, a saber: HAMAS (Movimento de Resistência Islâmica), luta por um estado palestino e contra Israel; tem sede na faixa de Gaza e, dentre suas principais ações contabilizam-se atentados suicidas realizados entre 25 de fevereiro e 4 de março de 1996, matando 62 pessoas em Israel. IRMANDADE MUÇULMANA, organização extremista que atua no Egito sendo seu feito mais marcante o assassinato, em 1981, do presidente egípcio Anwar al Sadat. JIHAD ISLÂMICA, grupo palestino extremista que luta contra o domínio israelense sobre o território palestino, com ataque de dois terroristas suicidas, em 22 de Janeiro de 1995, matando 21 Israelenses em Beit Lid (Israel). HIZBOLLAH (partido de Deus), quer implantar uma República Islâmica no Líbano, responsável por ataques contra Israel; patrocinado pelo Irã, combate a ocupação israelense no sul do Líbano, realizou ataques contra o norte de Israel em 1996, matando soldados israelenses e causando conflitos retaliativos onde morreram cerca de 170 pessoas. OSAMA BIN LADEN, refugiado saudita acusado de patrocinar diversos atos terroristas no mundo, vivendo atualmente no Afeganistão; teria fornecido dinheiro para ataque a uma base militar americana em Dhaharam, Arábia Saudita, em 25 de junho de 1996, onde morreram 19 militares do EUA; também responsável pelas explosões nas embaixadas americanas na Tanzânia e Congo onde cerca de 400 pessoas perderam a vida. GAMA’A AL ISLAMIA (Grupo Islâmico), fundado em 1970, quer instalar governo islâmico no Egito, atacando alvos do governo desde 1992; um ataque do grupo deixou 67 mortos em templo faraônico de Luxor, no sul do Egito, no dia 17 de Novembro de 1997. ABU SAIAF, movimento islâmico extremista que atua no sudeste das Filipinas, com cerca de 200 membros e que em 4 de abril de 1995, promoveu um ataque onde morreram 53 civis filipinos.
O fantástico de isso tudo é que, segundo um dossiê preparado por Steve Emerson (BLANCO, 1998: p.25), ex-correspondente da TV CNN, cerca de 14 organizações com sede nos Estados Unidos arrecadam dezenas de milhares de dólares para enviar ao Oriente Médio, financiando o terrorismo, além de recrutar jovens para ações terroristas. As principais organizações catalogadas são a Islamic Association for Palestine – IAP, Holly Land Foundation – HLF, United Association for Studies and Research – UASR, Council of American-Islamic Relations – CAIR, Islamic Committee for Palestine – ICP, World Islamic Studies Enterprise – WISE e Islamic American Group – IAG, atuando em todos os quadrantes do território americano, a partir de cidades do porte de San Francisco, Los Angeles, Oklahoma City, Dallas, Houston, Detroit, Cleveland, Chicago, Indianapolis, Kansas City, Columbus, Raleigh, Tampa, Washington e New York.
Partindo do próprio quintal americano, o que se esperar do terrorismo nas próximas décadas?

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