segunda-feira, 8 de julho de 2013
PANIS ET CIRCENSES!
Táticas diversionistas. Parece um palavrão mas é muito fácil de entender. Quando existe uma concentração de problemas e consequentes cobranças, geralmente os governos usam essa tática, antes apenas usada nas guerras, para distrair a atenção do inimigo (aqui, a opinião pública) criando um fato ou factoide ou ainda re quentando uma notícia que desloque o eixo do debate para bem longe da raiz dos problemas em discussão. Gregos usaram um cavalo nas portas de Troia, após exatos dez anos de cerco, fazendo com que os troianos pensassem que estavam recebendo um presente por sua bravura e a persistência de sua resistência à invasão, aí relaxaram e o resto da história você já conhece. Quando faltava o pão, em Roma, os Imperadores enchiam o Coliseu de espetáculos macabros e o povo esquecia a fome. É drible do elástico, inventado pelo grande Roberto Rivelino; grudava a bola no pé esquerdo e a movimentava para longe. Quando o adversário dava o bote para tomá-la, Rivelino a puxava para trás escondendo uma espécie de elástico que a mantinha presa a seus pés. Coisa de gênio. Iniesta, Xavi e Davi Villa nem sabem o que é isso. Leopoldo Galtieri, tirano argentino, ao perceber a verga se aproximando de seu traseiro, criou uma guerra pela posse das Malvinas, contra uma potência atômica, no caso a Inglaterra, para afastar a opinião pública dos hermanos sobre a falta de liberdade. Usou um valor de patriotismo muito caro aos porteños. Jango fez o mesmo em 1963, ao quase declarar guerra à França atômica de De Gaulle, por causa de barcos lagosteiros franceses que estavam pescando o crustáceo em nosso mar territorial, fato que teria motivado ao lendário estadista francês a cunhar sua célebre frase: Le Brésil ce n'est pas un paix serieux! O Brasil não é um país sério! Jango sentiu a iminência do golpe (ao que ele não reagiu para, segundo disse, não derramar o sangue de seus irmãos) e buscou a tática diversionista de levantar o pífio patriotismo brasileiro: quase deu certo. Deslocou toda a força de nossa Marinha de Guerra para o teatro de operações, junto com aviões armados da FAB e colocou o II Exército aquartelado em Recife e comandado pelo Mal. Humberto de Alencar Castelo Branco para entrar em ação. Deu em nada e o mesmo Castelo viria a, insidiosamente, traí-lo meses depois chefiando o país após uma vil quartelada e acabar com nossa frágil democracia por exatos 21 anos. Como a história é um romance que aconteceu e se repete, nosso desgoverno, acuado pela chamada "voz das ruas", adorou e faturou a vitória de nosso futebol na Copa das Confederações. Como não foi o bastante, requentou um fato óbvio de que, se os americanos espionam o mundo desde 1945 e o Brasil faz parte do mundo, lógico que somos espionados e bem, desde então. Está criada a tática e parece que povo e a mídia compraram o pacote e não se fala de outra coisa. As ruas estão caladas; o foco mudou. Agora só falta declarar guerra aos Estados Unidos da América do Norte e, ao invés de hospitais, escolas, saneamento, eficácia e ética, vamos gritar juntos, como no hino português: às aaaaarmas, às aaaaaaaaaarmas! Simples assim!
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