sábado, 15 de junho de 2013

Luis Almeida Marins Filho - PhD em Antropologia Organizacional

Esta crônica é dedicada a Cássio Seixas que conhece o Professor e a história melhor que eu!
Marins é um gênio no encontro de soluções para melhorar o desempenho das organizações através da motivação das pessoas e da definição de objetivos prioritários. Fez seu Mestrado usando o método de Observação Participante, no meio dos Xavantes da Ilha do Bananal. Como é baixo, moreno e de cabelos lisos, foi aceito pelos indígenas sem muitos problemas de adaptação. Resolveu fazer seu Doutorado buscando, com o mesmo método, o que motiva seres pré-históricos como os bosquímanos na África do Sul e os Aborígenes na Austrália, a viverem em ambientes desérticos e intensamente inóspitos, sem a tentação de se deslocarem para o litoral, onde tudo é mais fácil. Embrenhou-se pelos desertos na região central da Austrália onde escasseia a água e os alimentos. Na verdade, tirando cangurus, dingos, gatos selvagens, só resta um animal dócil para fornecer a proteína necessária: o emu, primo distante das emas e dos avestruzes. Marins, primeiro, aclimatou-se mostrando fotos do Bananal e dos Xavantes. A aparência de tamanho e cor da pele mais uma vez aproximou os aborígenes dele. O emu é morto duas vezes por ano em grandes caçadas onde tudo é preparado com muita antecedência para a viagem que pode levar meses. Depois de mortos, as carnes são conservadas em sal mineral e outras ervas só deles conhecidas. A caça consiste em abrir um imenso meio círculo de alguns quilômetros, com um caçador (com lanças e flechas) a cada 300 metros, mais ou menos. Vão fazendo barulho, acossando o bando em direção a uma  montanha ou precipício onde fiquem cercados, virando presas fáceis. Na noite anterior eles vestem trajes cerimoniais e um deles é escolhido para personificar o emu. Bebem sua mescalina (bebida alcoólica forte, tirada de cactos), colam as penas no dançarino-emu e bebem e dançam a noite inteira. Ao final do ritual, eles fingem matar o emu. Nesse exato instante, todos riem muito alto, se abraçam e comemoram. Afinal, eles acabaram de matar o emu. Fica apenas faltando ir buscá-los na caçada. A certeza de que o emu já está morto, segundo Marins, chega a chocar. Nas instruções prévias e sendo baixo e míope (que enxerga muito melhor de perto), foi escolhido como batedor de frente. Ensinaram-no como eram as pegadas do emu: três riscos no chão, sob forma de raios. Deixaram bem claro para ele que seu único objetivo era ENCONTRAR PEGADAS DE EMU. Em meio da caminhada Marins percebeu que, bem no seu caminho tinha um enorme diamante incrustado em uma pedra e total à superfície da terra. Deu um berro de susto que foi seguindo, imediatamente, de centenas de aborígenes correndo em sua direção, desmontando a formação original, gritando emu, emu? Ele diz que não mas era um baita diamante. Tomou um senhor esculacho do cacique e foi advertido que não estava ali para procurar diamantes mas as pegadas do emu. Diamantes não se comem, Emus sim! Já pela tarde viu um tipo raríssimo de besouro gigante e alvoroçou sua descoberta aos berros. Desmancha toda a formação e lá vem a leva de aborígenes gargalhando e gritando emu, emu, emuuuuuuuu! Verificado que ele perturbara os objetivos do grupo com mais uma descoberta que nada interessava, o cacique o destituiu e o deserdou para trás do círculo. Já ia escurecendo quando ecoou o grito de EEEEEEEEEEEEEEMMMMMMMMMMMMUUUUUUUUUUUUUUUUUU! Era um enorme bando. Cercado e encantonado na beira de um monte de pedra, eles colocam um sonífero feito naturalmente por seus ancestrais, na ponta das flechas e lanças. Aproximam-se dos emus e começaram a conversar com eles, chorando copiosamente pela matança que iriam realizar dentro de minutos e pedindo perdão. Explicando que a sobrevivência do grupo só existia porque eles, emus, a garantiam, mas que só iriam matar os estritamente necessários para serem salgados, armazenados, durando seis meses até a próxima calçada. Dopavam os animais e, só depois, os sacrificavam. Voltavam em grande algazarra, conversando muito sobre o ritual de prévia caçada, como se confirmassem que os emus já estavam mortos quando ocorrera a dança. Autorizado pelo Governo da Austrália para aquela única pesquisa e mais nada, Marins nunca mais os viu nem voltou às suas terras. Mas aprendeu a importância na realização de objetivos na vida, classificados por importância, um de cada vez. E como você pode motivar seus colaboradores a darem o melhor de si mesmo se desviar desse norte. Isso gerou sua tese de Doutoramento na London School of Economics, sendo um dos primeiros profissionais no mundo e o primeiro do Brasil a conseguir o grau de Doutor em Antropologia Organizacional. Simples assim!

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