Ah que judiação.....
Quantas vezes você já ouviu a frase que dá título a este artigo. Muitas vezes. Provavelmente isso jamais lhe incomodou e, é até possível, que você tenha essa expressão no seu vocabulário corriqueiro. Desde muito cedo, meus avós, pais e tios usavam essa expressão com a maior tranquilidade. No nordeste ela é muito usual. Mas, esteja, certo, praticamente em todo o Brasil o verbo judiar é utilizado como sinônimo de mau trato, tortura, ofensa. Acho, do fundo de meu coração, que você, se o usa, JAMAIS se deu conta da brutal carga de racismo e intolerância que ele encerra. Esse termo nasceu, nas línguas neo-latinas (italiano, francês, espanhol, português e até romeno) além de dialetos derivados, coincidentemente com o nascimento e rápida expansão pela Europa, tendo seu apogeu justamente nos países católicos romanos, da vergonha chamada de Santo Ofício da Inquisição, movimento que durou mais de um século, mas que vicejou na intolerância dos mosteiros jesuítas de Santo Inácio de Loyola. Milhares de judeus que habitavam a Europa ocidental foram banidos para a parte oriental do continente, especialmente a Rússia, para escapar do verdadeiro morticínio que se instalou em meio ao povo hebreu; ou então tiveram que abjurar e apostatar de sua fé milenar, "aceitando" o cristianismo através do sacramento do batismo e consequente troca de seus nomes (coisa que, na prática jamais aconteceu, no recôndito dos lares judeus, onde o judaísmo SEMPRE FOI CULTUADO MESMO ÀS ESCONDIDAS). Como não havia tantos nomes para abrigar milhões de judeus, chamados de cristãos novos, os jablonski, levih, streissman e outros que tais foram substituídos por nomes dos santos ou da sagrada família cristã e os padres incentivaram, como sobrenomes, as denominações de objetos ou animais existentes na natureza. Daí a proliferação de carneiros, lobos, oliveiras, parreiras, leões, barros enfim, tudo o que não era nome cativo de utilização do povo católico. Todos esses nomes, e você poderá fazer um exercício de memória, teve berço nos judeus obrigados a abraçar a fé cristã ou morrer na fogueira. Essa intolerância tem sua origem na forma de interpretação das chamadas sagradas escrituras, especialmente no Novo Testamento, originariamente escrito em Grego e depois traduzido para a Vulgata de São Jerônimo, em latim. A colocação de Jesus como vítima dos judeus; o ódio concentrado e espalhado pelo mundo cristão sobre o papel do povo de Jerusalém, que O recebeu um domingo antes, em glória, pela páscoa judaica, e já na sexta-feira teria protagonizado a ignomínia de sua paixão e morte cruel. Nada menos teologicamente correto que essa estúpida interpretação. Se você é cristão e conhece a Bíblia e o Novo Testamento, sabe que Jesus veio ao mundo para morrer trazendo em seus ombros TODOS OS PECADOS DO MUNDO DESDE SUA CRIAÇÃO. Sua morte na cruz romana, em total agonia, já estava comunicada a Ele, se você acredita que Ele é Filho de Deus e o próprio Deus feito homem, tendo ressuscitado e hoje sentado no trono de glória à direita do Pai. Pois bem, Jesus, desde os céus, já sabia disso. Tanto sabia que suou de tanta angústia, o suor de sangue do temor de sua parte HUMANA, sobre a dor que sofreria, quando orou no Jardim do Getsêmani, em Jerusalém. Além disso, Jesus poderia ter vindo no seio de outro povo que não o de Israel. Poderia ter sido romano, grego ou oriental, MAS NÃO ERA! Era judeu. E como judeu praticou e respeitou sua religião de nascença e tradição até ter se afastado para o deserto e se declarar pronto para enfrentar sua dolorosíssima missão, iniciando seu ministério três anos antes de seu sacrifício. Não abjurou o povo de Israel, sua gloriosa nação de nascença, tendo pedido ao Pai, em uma das últimas intervenções antes de entregar seu espírito ao Criador, que perdoassem a romanos e judeus porque não sabiam o que faziam. E eles não sabiam mesmo! Quem conhece um judeu e respeita o povo e a fé como eu, desde criança, sabe que aquele povo combativo e valente, JAMAIS PODERIA TER TOMADO OUTRA MEDIDA, perante o que lhe parecia uma enorme heresia, senão matar um irmão que afirmava ser o Messias anunciado pelos cinco grandes profetas (Elias, Daniel, Ezequiel, Isaías e Zacarias), apenas dando como prova sua própria afirmação que era o Filho de Jeovah anunciado por esses grandes profetas. Para os judeus Jesus era um louco e para os romanos um revolucionário que tinha vindo afrontar a grandeza de César, o único crime "inafiançável". Apesar de tradição engraçada, a mesma coisa se dá com a malhação de Judas. Judas Iscariotes nada fez que Jesus já não soubesse, tendo anunciado sua "traição" na Santa Ceia e quando recebeu o beijo dele. Judas não traiu a ninguém! Serviu de flagelo de Deus para entregar Jesus a seus matadores PORQUE ALGUÉM NO MUNDO TERIA QUE FAZÊ-LO SE NÃO A MISSÃO DO SALVADOR NÃO SE TINHA COMPLETADO . Se Judas não tivesse aceito os trinta dinheiros para entregar a localização de Jesus, certamente Deus-Pai teria designado outro ser humano para cumprir seu papel, ainda que terrível, no esquema de salvação do homem da condenação eterna, segundo a nossa fé e as Escrituras. Quando eu era criança, não sei explicar bem a razão, nunca me senti bem em usar as expressões JUDIAR E JUDIAÇÃO, em lugar de perseguição, tortura e maus tratos, como já afirmei acima. Por causa dessa estupidez que se mantém por dois milênios, o povo de Israel sofre as consequências de tanto preconceito e intolerância, ao redor de todo o mundo, especialmente do mundo cristão. Shalom, vó Esther Levy, onde quer que você esteja. Shema Israel! Ouve minha voz de protesto e solidariedade. Simples assim!
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