sábado, 30 de junho de 2012

Bom dia para a cordialidade do povo brasileiro


Ah a cordialidade dos povos! Muito me interessou um artigo que li, escrito por um excelente jornalista esportivo, ao que me parece sem vinculações clubísticas, bairrismos, interesses econômicos escusos e submissão à rede Globo. Só essas qualidades já o credenciam como excelente leitura. Falava ele, com muita propriedade, sobre a diferença entre a Euro Copa, por exemplo, e a nossa Copa América. Lá eles não só se digladiam no campo esportivo. Há ódios eternos encravados no peito daqueles povos de onde, na verdade, vicejou a civilização ocidental. Nobres poloneses, quando iam estudar na Rússia tzarista, eram convidados a entrar, na Universidade, por uma porta lateral onde se lia: Entrada exclusiva para porcos e poloneses. A própria formação da União Soviética e os chamados países satélites da Europa Oriental, foi um vilipendio de quase um século sobre a soberania de lituanos, letões, estonianos, bielo russos, ucranianos, georgianos, todos aqueles “quistões”, tchecos, eslovacos, armênios, romenos, húngaros, polacos, os balcanianos amarrados em uma única Iugoslávia que nada queria dizer exceto sete etnias manietadas pela ditadura de Tito. Isso, por óbvio, sem falar no pangermanismo e expansionismo nacionalista alemão que levou o mundo a duas carnificinas impensáveis. Dinamarqueses sempre formaram a “França escandinava” enquanto Suecos passavam fome e para lá migravam. Enfrentavam placa idêntica quando chegavam, pelo mar, à Dinamarca: porcos e suecos pela direita. França e Inglaterra tiveram mais tempo de guerra do que de paz. Só duas guerras famosas duraram mais de 30 e mais de cem anos. Espanha e Portugal se detestam. Portugal sempre buscando expandir seu território para a Espanha e esta buscando anexar aquela pontinha da península Ibérica. Holanda e Alemanha, no futebol, repetem Brasil e Argentina. Alemanha contra todos! Claro que, por processos educativos mais aprofundados que os nossos; culturas como a etrusca, helênica e romana, eles não se engolem nos gramados, com pouco sal e sem gordura. Mas a fama de cordiais permanece conosco. O pai do Chico Buarque de Holanda, o sociólogo Sérgio, teve uma laureada tese sobre o “brasileiro cordial”. E essa cordialidade, além da mistura amável das etnias europeia, ameríndia e africana, gerou este nosso povo baiano na alma. Aquele preguiçoso que não joga basquete pois arremessa a bola na cesta e ela só cai no sábado. Nossos ascendentes diretos portugueses adoram uma miscigenação. Um tanto diferente dos espanhóis, o que gerou nossos gaúchos muito mais portenhos que brasileiros e, vez por outra, amam um separatismo. Somos covardes. Não morremos nas ruas por nada e quando enfrentamos uma Ditadura como a de 68 (aí começaram as barbaridades com o fechamento do regime pelo AI5 dos três patetas), nos desmanchamos e refastelamos com as Bolsas Tortura que fizeram Millor afirmar que na luta armada não havia heroísmo e sim investimento, hoje sacadas das burras da Viúva sem dó nem piedade. Nada fazemos contra a corrupção. Convivemos com uma vergonhosa CPI que mais blinda que investiga. Todos sabemos que Sérgio Cabral, Perillo e o Agnelo estão metidos até o pescoço. Partidos protegem seus membros ainda que escandalosamente ladrões. Até transferiram o Cachoeira para Papuda talvez para repetir os carinhos feitos em Toninho do PT e Celso Daniel ou as ternuras perpetradas do outro lado contra Chico Mendes e a freira Dorothy. Continuaremos cordiais diante dos desmandos que se praticam diariamente no Brasil. A CPI vai dar em pizza como todas na época de FHC que hoje pousa de homem sério. Lula ameaça ministros do Supremo e nada se faz. Muda-se o cálculo da Poupança mas se mantém os altos impostos sobre todo o resto.  Nascemos cordiais e morreremos cordiais. Por isso na Copa América não se cantam os hinos bélicos (adiante meninos da pátria que o dia de glória já chegou, da França; os berros de às aaarmas, às aaaarmas... e contra os canhões marchar, marchar, de Portugal etc.) pois, tirando o Norte Americano que é um poema de patriotismo, o resto não passa de operetas de segunda, tarantelas, fados e quejandas. Umas vergonhas cordiais. Medos de botar pra correr essas máfias que já se aprontam para assaltar os poderes municipais nas próximas eleições. Pavor de correr para a Praça dos Três Poderes e exigir vergonha séria. Todos são cordiais, jogam na Mega e na Tele Sena do SS, são loucos mas  pelo Timão. E se ganharem a batalha contra aqueles caras da bombonera, pode crer que a cordialidade aumentará, os bois bumbarão em todo nordeste e norte petistas e o carnaval começará bem mais cedo para deleite das elites direitistas e feroz-capitalistas. Com muita cordialidade. Simples assim! 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Bom dia para os modernismos


Ah os processos educativos perdidos no tempo! Dias atrás li um PPT de Walcyr Carrasco sobre as coisas que mudam com o tempo, no campo da alimentação humana, junto com seu protesto sobre as dietas as quais foi obrigado a fazer em função do que a ciência maldizia e depois resgatava. Isso me excitou o espírito crítico para este artigo. Caso minha mãe fosse viva hoje, ao tempo de minha primeira infância, estaria na cadeia por maus tratos aos filhos. Na verdade era muita porrada mas era o que ela sabia fazer. Não tinha educação formal e criava (termo em voga à época) a mim e a meu irmão pelos padrões da aldeia de Portugal onde vivera seu pai. Coisa quase medieval! Contudo, há elementos que me intrigam e vejo certas vantagens, não nas cacetadas, mas nos seus valores (de minha mãe, claro!). Em casa não entrava refrigerante; só tomávamos sucos naturais e leite. Gibis eram proibidos no período de aulas e permitidos nas férias escolares. Descobertos, eram sumariamente rasgados mesmo sob pedidos de piedade se pertencessem a colegas. Cinema, só no sábado à tarde. Nossa dieta era frugal mas rica em nutrientes e sabores: fora o arroz, feijão, macarrão, batata frita e salada diários, tínhamos, praticamente toda a semana, peixe, camarão, filé mignon, cozidões, bacalhau, paneladas (mocotó, bucho, coalheira, casa-de-caba, livro), coração frito, rim no espeto, miolo a milanesa, bobó (estômago de boi), linguiça, chouriço, paio português, feijoada e rabada, isso sem falar nas, então permitidas, tartarugadas, tracajás, muçuãs, muito caranguejo com farofa, ostras, lulas, polvos, mexilhões e tudo que o mar fornecia. Mamãe fazia nosso prato com tudo, logo, não tínhamos direito de escolha. Isso serviu para algo? Para mim, claro que sim! Hoje como e gosto até de sopa de pedras. Acordávamos muito cedo, íamos e voltávamos a pé para o colégio. Só fui ter carro, usado, (desculpem, hoje chama seminovo) aos 21 anos mesmo nossos pais tendo um ótimo padrão de vida. Tínhamos horário para tudo: almoço de 12 às 13, repouso de 13 às 14; estudo diário de 14 às 16; bandalha livre na rua, de 16 às 18; lanche da noite (em Belém, pelo menos naquele tempo, não se jantava por causa do calor. Era sopa: caldo verde, grão de bico, cevadinha, lentilha, ervilha, creme de feijão preto, feijão descascado, canja etc.) seguida de café com leite e pão saído há pouco do forno da padaria Palmeira, às 18:30. 21 h era rede (o calor sem ar condicionado nem ventilador, que fazia mal para o pulmão, dificultava dormir em cama) e nu pois só vim colocar pijama no frio de Brasília, aos 17 anos. Acordava pontualmente às cinco horas, tudo escuro. Aprendi a ter disciplina nos horários além de me acostumar a ter prazer em estudar. Existe coisa melhor que isso? Você gostar dos estudos sem ser preciso lhe forçar? O silêncio ao nos movermos era sepulcral, pois mamãe sofria de enxaquecas quase diárias e tinha sono leve. Minha educação psicológica e politicamente incorreta me legou isso.  Existiam três empregadas em casa (cozinheira, arrumadeira e lavadeira/passadeira) fora a índia que cuidava de minha bisavó e morreu com mais de cem anos e a menina que vinha do interior para ser mucama de minha mãe e também servia para iniciar os machos da casa ainda imberbes,  nas primeiras aventuras sexuais. Tem uma, de quem me lembro com extremo carinho, que me ligou há uns anos para me dizer que era Condessa na Itália. Casara com um nobre Italiano milionário e tinha dois filhos. Quer dizer que me internacionalizei, né? Mas tinha uma regra de ouro ditada por meu pai: Se emprenhar, casa! E endossada pela minha mãe. Mesmo com esse séquito, não podíamos pedir um mísero favor a qualquer dessas bravas empreguetes. Mesmo sentados à mesa, caso vacilássemos e pedíssemos uma garrafa d’água da geladeira, papai vociferava (mesmo com o carinho de sempre): - Levante-se e pegue. Empregados de nós somos nós mesmos! Eu tinha um par de sapatos Neolite comprados na Clark (feitos para chutar pedra e sair incólume) e um bicolor para a ir à igreja no domingo. Uma calça boa e duas camisas também domingueiras de “Jersey”. Era gago, quase mudo, e nunca acho que sofri “bullying”. Retornava apelidos e, se tomava porrada, como sempre fui e sou fisicamente muito covarde, ia chorando pra meu irmão mais velho que metia o cacete no meu agressor e o imbróglio terminava ali mesmo, sem ir para o Jornal Nacional. Em Belém, convivia com duas primas lindas, encantadoras, pouco mais velhas que eu, as irmãs que nunca tive. Jamais vi qualquer delas acordar com TPM. Mesmo estando de bode ou prestes a entrar nele, eram só sorrisos quando eu chegava na casa da minha tia para passar temporadas (aliás, a coisa mais feliz para mim naqueles tempos); brincavam comigo de gol a gol com bola de seringa de borracha e eu ajudava na comidinha de capim nas panelinhas para as bonecas. Meu tempo não era preenchido com aulas de judô, karatê, inglês ou essas malditas academias. Aprendi a falar duas línguas pelas ruas. Curtia o malho nas aulas de educação física no colégio. Brincava de bola no asfalto; pira maromba; garrafão; queimada e macaca. Nas festas, mesmo com sete, oito anos, fazíamos ciranda-cirandinhas; cantávamos, com as meninas, as modinhas de roda; chicotinho queimado e, a mais maravilhosa de todas as brincadeiras: largo, estreito ou estreitinho, quando ganhávamos, apertos de mão, abraços ou beijos na bochecha, rubros de vergonha e tesão infanto-juvenil. Nem sabíamos que existia pedofilia e olha que as tentação era sempre ditada pelos meninos mais velhos: - Pra ser macho tem de dar a bunda três vezes!. Parece que uma certa inocência sincera pairava no ar. Meu irmão saiu de casa para estudar em Itajubá (MG) aos 15 anos. Estive lá passando férias aos 14. Conheci jovens-adultos, com 16 anos, a milhares de quilômetros de casa, livres para fazer qualquer merda, mas estudando, namorando, brincando, vivendo absolutamente felizes. Não me consta que usavam sua plenas liberdades para se entupir de drogas, exceto um cigarro ou as cachaçadas pois ninguém era de ferro. Todos os que conheço ainda hoje, são pessoas absolutamente felizes e exitosas. Evidente que não faço apologias ao passado. Mas certamente não me agrada este presente com tantas novidades que só servem para agonizar a felicidade. Ah, ia esquecendo: não tinha a série Malhação e os pais podiam abrir as portas de nossos quartos sem bater pois  nem criança nem adolescente  tinham privacidade, até para não usá-la nas loucuras atuais. Por final, muito devo da minha formação moral aos princípios que em mim se instalaram nas Escolas Dominicais, assim como nos Catecismos de meus irmãos católicos. Éramos, realmente, muito felizes e não sabíamos, mesmo tomando, algumas vezes, café com muitas porradas. Simples assim!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Bom dia para a hipocrisia social velada


Em uns lugares mais e em outros menos, parece ser muito difícil as pessoas, obviamente no meio social (em contraposição, por exemplo, ao ambiente familiar ou ao própria recesso da intimidade) exibirem comportamentos e emitirem opiniões sobre assuntos complexos, polêmicos, não pacíficos  e “perigosos”. Há uma espécie de sentimento ubíquo, um inconsciente coletivo óbvio (de C. Jung?), um tipo de pathos metafisico, de Alvim Gouldner, pairando sobre a dificuldade que os seres sociais têm de expressar em público opiniões que guardam para si mesmos ou, no máximo, para um seletíssimo grupo de privilegiados que merecem a verdade. Por ser uma pessoa prolixa, um professor que adora dar aulas presenciais, sem geringonças eletrônicas, inclusive microfones, muitas vezes sinto que rompi aquele tênue tecido onde a sinceridade, o politicamente correto e a hipocrisia se confundem, possuem fronteiras não muito delimitadas. Percebo que há alunos, como de resto pessoas em lares e bares, que fecham a cara e, mesmo não tendo o desassombro de emitirem críticas no ato, passam a me tratar com certa reserva. Penso que já estou muito velho para conviver com estas coisas e não gostaria de deixar de me pronunciar publicamente sobre elas. Os exemplos falam melhor: você lembra, tendo sido de classe média como fui um dia, no ensino básico (no meu tempo chamava primário), mesmo em escolas públicas como frequentei, um certo desconforto no ar quando raramente você tinha na sala um aluno negro? Hoje já parece vencido esse maldito preconceito, mas cresci ouvindo minha avó dizer coisas como: eu tenho pavor, na volta da igreja (no caso, a Assembleia de Deus, centenário e pioneiro templo da fé pentecostal no Brasil) à noite, de cruzar com um negro! Pano rápido! Você tem ou teve um amigo ou amiga que é (ou é pai ou mãe de um) homossexual de ambos os sexos? Você sabia lidar bem com isso? Você já teve próximo a si um amigo homossexual que nunca saiu do armário e teve ou tem que fingir pra ele(a) que tem certeza que ele(a) é hétero, que não sabe que ele é homo? Sou advogado e professor mas, em certas regiões do país, me é proibido, nessas condições, andar de ônibus ou morar em locais humildes sob pena de ser considerado um pária. Conviver com comportamentos sociais desviados é terrível e já senti isso na pele. Há certas patologias que mais explodem no ambiente social, mesmo tendo origem genética. Os vícios do jogo e do alcoolismo, por exemplo! Dois tios meus morreram em mesas de jogo e eu nasci com esse gene. Por anos, depois que se manifestou o prazer da adrenalina dos cassinos clandestinos, sofri amargamente o peso dessa maldição. Muito tempo antes da morte de minha mãe, já em Fortaleza, consegui me afastar desse comportamento mas sei que não estou curado dele pois ele não tem cura. A vigilância é a mesma do que a do combate ao alcoolismo: não posso “tomar o primeiro gole” pois sei que tudo desanda e o inferno recomeça. O pior é enfrentar a desconfiança dos que me são caros. Mas só eu sei o que fiz para me livrar disso. Hoje parece uma tempestade que desapareceu mas sei que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Tenho certeza que se vacilar vou morrer mais cedo pois, no jogo, você bebe e fuma e meu estado de enfisematoso controlado não me permitiria isso. Tenho visto o craque Adriano e sua luta ainda inglória. Todo mundo sabe que ele é alcoólatra e que suas frequentes “faltas” a treinos e tratamentos nada mais são que a ressaca intransponível. Nenhum veículo de comunicação fala do problema abertamente. Ninguém tem coragem de chama-lo de alcoólatra com medo das retaliações judiciais. Ele mesmo admite gostar de uma “cervejinha”. Esta era a palavra ou melhor , o sofisma usado por Sócrates (o “Doutor” não o filósofo) desde a primeira internação na UTI, já se acabando de cirrose. Sua mulher teve o desassombro de afirmar que, mesmo após a primeira internação ele já acordava tomando doses enormes de vodka, vencido por um vício tenebroso (a respeito disso penso que todos deveriam assistir ao filme com título em português de “Vício Maldito” e em inglês de “The day of wine and roses,” com interpretações antológicas de Jack Lemonn e Lee Remick)” Muito gostaria que Adriano lesse este meu depoimento e não se iludisse com o silêncio da hipocrisia social. Admitisse que é alcoólatra, frequentasse os AA e enfrentasse seu drama com desassombro e muito, mas muito, sacrifício. Penso que ele ainda pode voltar a ser um grande atleta. Eu detive o meu drama pessoal aos 62 anos (hoje tenho quase 65) já com enfisema, desempregado, com 107 kg, 400 mg de glicemia em jejum, pressão de 18 por 12 e respirando à custa de citrovent e berotec 4 vezes ao dia. Se ele me visse hoje, sobrevivendo às minhas custas e trabalhando até nos fins de semana e feriados, 82 mg de glicemia em jejum, pressão arterial 11 por 7, 94 kg e tendo feito uma espirometria, há dois meses, que deu meus pulmões como normais, certamente poderia parar sua autodestruição e voltar a ser o Imperador que tanto nos encantou nos gramados do mundo. Silenciar sobre os porres é se destruir muito jovem. Ninguém que hoje cala sobre sua situação, vai ajuda-lo amanhã. Como aconteceu com o “Doutor”. Como seria bom que pudéssemos explanar livremente nossas opiniões e análises sem medo de ser tachado de preconceituoso. Simples assim!  

terça-feira, 19 de junho de 2012

Bom dia para os casamentos longos e felizes

Bom dia, mesmo pisando em terreno pantanoso. A Ciência reconhece como o ancestral mais direto do homo sapiens, um hominídeo, bípede e ereto chamado Australopthecus Ghari que viveu na África entre 4 e 5 milhões de anos atrás, no período do Plioceno. Cultura de almanaque? Não!  Interessa saber que eles não falavam, praticavam o escambo e, o que é mais emblemático, viviam sob o sistema de matriarcado senil, isto é, mandava a mulher mais velha do grupo. Já nas cavernas, o gênero homo formava grupos de cerca de sete machos, mais que o dobro de fêmeas e crianças sobreviventes. Os velhos, como eu, quando apresentavam evidente fraqueza física eram sacrificados. As mulheres, desde o climatério levavam tacape na cabeça. Interessante que homens caçavam e mulheres cuidavam da prole comum. Sexo grupal, ninguém era de ninguém, até, ao que parece, uma mulher mais esperta (sempre as mulheres) conseguiu relacionar três variáveis: o fim do cio, a primeira transa depois disso e a situação da lua nesse dia. Rudimentarmente conseguiu, penso que após três gestações, verificar as formas da lua que levavam da suspensão do sangramento até o parto. Imagino a surpresa do cara, ao chegar em “casa” e encontrar uma fêmea segurando um bebê lindo, mais para chimpanzé do que gente, dizendo: UUUUUHHHHHAAAAA MUUUUUU FIIIIIIIAAAAA. Que quer dizer: Toma que o filho é teu! Ato contínuo, após tomar uma surra, foi trazendo o melhor filé, o mais gostoso e quentinho sangue de mamute, a maçã mais brilhosa e ganhou o primeiro marido apaixonado. A família só se solidificou como célula básica da sociedade e instituição cívico-ético-religiosa quando a Igreja decidiu proibir o casamento entre parentes até a sétima geração (sobrinhos à moda da Bretanha) instituindo a monogamia. Apesar dos seres humanos serem, umbilicalmente, poligâmicos como seus ancestrais cavernosos, a verdade parece ser que casamentos por amor e longevos fazem bem à vida mental e física das pessoas; basta ir às praças do interior, às ruas de Copacabana, aos almoços de domingo no Braz abraçando o espaguete da mama, para se certificar de quão bela é uma união duradoura. Quem a tem, preserve-a! Quem não, busque-a antes da velhice solitária. Vejam Tarcísio e Glória, Glorinha Pires e Orlando Moraes, Tony Ramos e Lidiane. “Celebridades” que têm valores mais profundos que a efêmera paixão e que “seguram” a união até que a morte os separe. Venturosos anos futuros para Araripe e Biga, Cássio e Zê, Luiz e Jussara, Alair e Rachel (onde quer que estejam, certamente estarão juntos), Cláudio e Teté, André e Esther e tantos outros que conseguiram vencer as nuvens passageiras das efêmeras paixões que nada são além disso mesmo: efêmeras, pueris, idiotas e imbecis, simples assi

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Bomk dia para as picuinhas do cotidiano


Bom dia, com minhas picuinhas do cotidiano. Sei que você nasceu, vive ou, como eu, transferiu-se para um mundo muito diferente no falar e no sentir. Nós, mais gastos, fomos educados para respeitar o vernáculo, não falar muitas gírias e, se possível, ler e conversar muito, especialmente com os mais velhos e sábios. Com a tecnologia vigente isso transformou-se em quimera. De qualquer forma, deixo aqui registrados alguns incômodos e insatisfações que, penso, muito minhas. As vogais sempre foram a,e,i,o,u. Por que agora elas são a,ê,i,ô,u? Será preconceito contra nordestinos que abrem o ééé ao falar? Penso que de nenhuma maneira você deveria permitir seus filhos falarem algo como: (o)brigado, gratuíííto, exprimentar, um óvos frito, dois ôvo, meurrrrmão, merrrrmo(?), a multidão foram, pérolas desse gênero. Mandar “beijos no coração” me parece biologicamente incorreto e fazer coraçãozinho com as mãos em concha tá meio démodé, né? Colar em provas presenciais, principalmente em cursos de pós-graduação, lembra o avestruz que esconde a cabeça num buraco na hora do perigo. “Moda fashion” e “tendência trend” são pleonasmos, sabiam? Aliás, consultora de moda na televisão dizendo que isso “PODE USAR” mas isso “NÃO PODE”, me parece um imperativo inútil apenas feito para girar como um moto perpétuo: neste verão “voltou” o tubinho; a tendência no inverno vai ser sair nu/nua na rua. Encara? Mas é moda, pô! Moçoilas descarnadas, como prisioneiras de Auschwitz (com todo respeito a meus amigos hebreus), não são condizentes com as formas brasileiras: robustas, redondas, faceiras (não posso falar “gostosas” pois é politicamente incorreto como me falou uma amiga). O império das plásticas e lipos terminará no dia em que nossas amadas mulheres brasileiras acreditarem que celulite, estrias, culotes, barrigas salientes, quadris (que saudade de quadris largos) e quejandas, são o “mórrrrrrr tesão”. Claro que não comemoro o Dia Internacional da Cultura Negra, o Dia Internacional da Mulher e o Dia Nacional do Orgulho Gay. Mas farei isso com o maior prazer no dia em que criarem o Dia Internacional da Cultura Branca, o Dia Internacional do Homem e o Dia Nacional do Orgulho Hétero. Postar frases feitas no Facebook é ruíííím mas não é rúúúúim. Como dizia Monsieur Binot, um Manto Amarelo do Himalaia, nascido no Brasil e filho da teatróloga e radialista Yara Amaral, em música de Joyce: bom é não fumar; beber só pelo paladar; comer de tudo que for bem natural e só fazer muito amor, que amor não faz mal; a energia tá no ar e o resto nunca se espera, o resto é a próxima esfera, o resto é outra encarnação. Por final, alguém me explica por quê INICIALIZAR? Simples (ou complicado) assim! 

Bom dia para os idosos


Bom dia, para os idosos, como eu. Nasci em 1947. Quando tinha uns sete anos (1954) comecei a tomar conhecimento da finitude da vida e fiz meus cálculos. Os mais interessantes eram saber quantos anos eu teria na virada do século XXI, 2000/2001. Dava entre 53 e 54 anos. Pensava então: claro que estarei morto nesse tempo! Nos anos 50 partiram, de uma penada só, meus avós maternos com 64 e 67 anos. Meu avô paterno, de Manaus, já tinha ido no dia em que completou 50 anos. Meus dois tios mais queridos foram aos 44 e aos 51 (em 1963 e 1971, respectivamente). Isso tudo, somado ao fato de morar em uma cidade com esgotos a céu aberto e num dos Estados mais pobres da Federação, além da cultura vigente, me faziam imaginar que a velhice começava por volta de 40 anos. Minha mente começou a se preparar para meu envelhecimento físico muito cedo. Além disso, meus conhecimentos em História me diziam que o passado realmente condenava. A expectativa de vida de um ser humano, ao nascer era, no Paleolítico, de 19 anos; no Neolítico, 22; em 4.000 a.C., 25; entre os séculos XV e XVIII, 30; entre 1750 e 1950, 55; entre 1950 e 1993, 80 anos e, a projeção para o final deste século é que tenhamos, em média, uma vida de 115 anos. Claro que esses números valem para o sítio exemplar da História que é a Europa Ocidental (Cotrim, 1996). No Brasil, por volta do meu tempo de vida, segundo dados de 2003, do IBGE, em 1900 os brasileiros tinham uma expectativa, ao nascer, de viver 33,7 anos em 1900; 43,2 em 1950; 71,3 em 2003; 75,3 em 2025 (se eu viver até lá, terei 77/78). Claro que a questão que busco analisar não é meramente estatística. Idosos têm sido vistos já como um problema, notadamente na visão de mercado capitalista voraz, pois gerariam déficits enormes e quebra das Previdências ao redor do mundo. Em todos os países “sob ataque especulativo”, a primeira coisa a se fazer é cortar aposentadorias ou, o que me parece evidente e necessário, atrasar o inícios desses benefícios que, no Brasil, sempre foram marcados para muito cedo. Há gente aposentada entre 40 e 50 anos. Evidente que é válido que nós, idosos, já contribuímos com nossa parte do sacrifício para manter gerações futuras. Ocorre que, na verdade, as condições de sobrevida estão melhorando e ESTAMOS VIVENDO MAIS QUE O DESEJADO.....pelos outros! Confirmadas as projeções estatísticas (e nesse campo elas tendem sempre a acertar), em 2015 (logo daqui a três anos), seremos 15% da população mundial ou, pasmem, UM BILHÃO DE PESSOAS! No Brasil, que possui seus dados próprios, nossos números saltaram de 2 milhões, em 1950, para seis em 75, 14,5 em 2.000. Porra, isso significa que, a cada ano, 650.000 NOVOS SEXAGENÁRIOS são incorporados à população geral. O problema que aqui trato diz respeito a que somos consumidores, comemos, vestimos, ainda nos divertimos mas escasseiam as oportunidades de trabalho para nossa faixa etária. O Brasil, o país das idiotas cotas segregacionais para negros, pardos e índios; outras justificáveis para portadores de deficiências, não respeita os seus velhos. Não precisamos de cotas só de um mínimo de respeito e inteligência no trato da questão. Apesar de eu possuir um razoável currículo de 69 páginas no Sistema Lattes, do CNPq, com exatos 45 anos de experiência em trabalhos diversos, três graduações e um mestrado na Universidade de Brasília, sou seguidamente humilhado em minha terra, Belém do Pará, onde parece que professores velhos, os mais procurados nas nações desenvolvidas, por seus conhecimentos e vasta experiência, simbolizam restolho do “mercado” e incapazes de competir com os mais jovens e INEXPERIENTES, como fui um dia. Claro que não vou desistir, até por uma questão “simples” de sobrevivência, mas sinto que chegará o dia em que as forças, ainda abundantes em mim, poderão começar a faltar e, aí sim, temo passar à categoria de peso morto. Bom seria continuar no Mercado até porque prossigo contribuindo para a Previdência e pagando tributos Até lá, gostaria de dividir com meus poucos e mui eventuais leitores, uma velha frase dita por um professor meu, ainda do antigo Ginasial, que foi chamado de velho por um jovem colega: Filho, minha velhice é definitiva mas sua juventude é passageira. Simples assim!

sábado, 16 de junho de 2012

Para as profecias


Bom dia, sem complexo de profeta. No dia em que mataram Kennedy, 22 de novembro de 1963, eu acabara de fazer 16 anos e sofri um desmaio inexplicável, no Colégio. Como eu morava só com meu avô e uma empregada, pois meus pais se mudaram para Capanema, no interior do Pará, onde meu pai foi gerenciar a primeira indústria pesada do Estado (uma fábrica de cimento), eles decidiram me mudar, em janeiro de 1964, para a casa de um casal de tios muito amados por mim: Celestino e Idalina. Ele, hoje morto e ela, com a graça de Deus, ainda a curto em Belém aos 92 anos. Tia Lili, como a chamamos com muito carinho, ajudava na renda da família, além de costurar muito bem, fazendo almoço para uns poucos comerciários, bancários e funcionários que trabalhavam perto da casa. Sempre muito curioso, aproximei-me de um jovem engenheiro agrônomo que contava histórias da China Continental, onde fora estudar por ser egresso de uma família comunista de carteirinha. Esqueci o nome do narrador de histórias mas uma delas me intriga até hoje. Disse-me ele que, viajando às expensas da Polop, movimento operário de cunho Maoísta, conseguia conversar com os trabalhadores e camponeses chineses daquela época, enfim, entrava no espírito do povo. Certo dia, visitando uma escola primária na zona rural, percebeu que as crianças estavam estudando PORTUGUÊS. Intrigado, perguntou a razão, sendo informado pelo Comissário do Partido que, no último Congresso do PCC, o Grande Timoneiro discursara informando que, a partir daquela data a língua portuguesa seria ensinada nas escolas fundamentais pois a China disputaria a hegemonia do mundo, no final do século XX, com o Brasil. Mao foi um líder sanguinário de uma ditadura fechadíssima e em um país de mais de um bilhão de habitantes, que servira de quintal do mundo sendo dominado, seguidamente, por Portugueses, Espanhóis, Ingleses e Japoneses. Mas, confesso que sua previsão, à época, me soou como uma piada de mau gosto. Mas o camarada Mao era visionário e percebeu as possibilidades de países gigantescos, como a própria China, a Rússia, a Índia, o Brasil e os Estados Unidos, notadamente com potencial populacional incalculável, tomariam a dianteira do mundo pela força de suas riquezas naturais e não por papel pintado de verde. A China é a 2ª e o Brasil a 7ª economia do mundo, caminhando para a 5ª posição. Mao não acertou a mosca pois pensava que a corrupção aqui seria combatida como lá: processos sumaríssimos e um tiro na nuca. Aí errou o velho camarada! Simples assim!