quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bom dia para a Rede Globo


Ah a personalidade dos seres humanos! Segundo pesquisas e teorias científicas especulativas, a personalidade de um ser humano se forma em torno dos quatro ou cinco anos de idade (Piaget defende que entre oito e 12 anos). A diferença é pequena e não parece perturbar o que se pretende entender: muito cedo, os seres humanos cristalizam esse conjunto de princípios, valores, ideias, conhecimentos e comportamentos que os distingue entre si. É isso mesmo! A personalidade é como uma digital psicológica que faz cada indivíduo ser diferente de todos os demais, como se fosse um número primo, divisível por si mesmo ou pela unidade. Ao longo das eras essa característica individualizante era transferida pela própria família, já que tem origem muito mais cultural que hereditária. Contudo, a partir da Revolução Industrial, no quarto final do século XVIII, crianças menos favorecidas, a esmagadora maioria no meio social, passaram a trabalhar, muitas vezes desde os dois anos de idade. Tal fato parece ter causado uma ruptura que só vem sendo aprofundada com a ausência cada vez maior de famílias estruturadas e bem formadas na transmissão desses valores para a posteridade. O conhecimento mais refinado sempre foi apanágio das classes mais abastadas e, nos dias atuais, tudo continua como antes fruto de uma brutal inversão de valores onde a educação pública é dirigida aos mais pobres e a particular, de melhor qualidade e muito cara, aos filhos das elites. Com a expansão do cinema, a partir do final da segunda grande guerra, Hollywood passou a figurar como o mais importante formador de personalidades no mundo conhecido e onde o cinema era facilmente transmitido a todas as classes sociais. Eu sou resultante desse tempo. Hábitos como o fumo e a bebida alcoólica desde a adolescência, foram sendo congelados na personalidade de todos os jovens do mundo. Traições no casamento, famílias desestruturadas e muito, mas muito crime foi esmiuçado para os futuros praticantes de delito. Após a virada dos anos 40 para os 50, outro importante vetor de formação de personalidade em idade tenra veio se aboletar nos lares e para ficar: a televisão. Com isso se somou, como afirmei em crônica passada, a exacerbação da luta pela vida e a entrada fulminante da mulher no mercado de trabalho. Rareiam as antigas profissionais domésticas que guardavam valores adquiridos em um mundo pacífico, nos interiores brasileiros. A escola passa a ser uma mera instrutora de questões objetivas, respondidas com um mero x, e anti-pegadinhas vestibulandas; não ensina mais a pensar!  A televisão assume a condição de transferidora desses mesmos valores e formadora de opinião. Nesse ponto entra a grande vilã desta história: a Rede Globo de Televisão! Como uma serpente infiltrada no forro das casas, em silêncio e sem alardes, a Globo vai assumindo o posto de maior formadora de valores humanos no seio das famílias brasileiras e nada parece ser feito para deter esse absurdo. Prepara as crianças para, ao atingir a pré-adolescência e a adolescência em si, considerarem normal tudo o que é, desde o berço (e que, certamente, fluirá também até o túmulo), inculcado na formação do caráter e do próprio conhecimento, desde o senso comum até a Universidade. Muitas vezes não se percebe que, diferente de outrora, não existem mais horários para os programas: tudo depende da grade da Rede e ninguém mais estranha o futebol começar às 22 horas e qualquer outra atração ser anunciada como “após a novela Avenida Brasil”. Paira no ar uma insanidade de que todos os brasileiros assistem a citada novela que assume foros de medidora do tempo, substituindo o ultrapassado relógio. Os simples e maniqueístas desenhos animados de outrora, aqueles que faziam rir como Tom & Jerry, Popeye, Pica Pau e Gato Felix (para os mais antiguinhos), foram substituídos por feras extraterrestres, batalhas intergalácticas, monstros inimagináveis. Isso forma a personalidade de nossos anjinhos que só fazem completar a coisa nos vídeo games insanos de mortandade e sangue, jogados nos baratíssimos celulares que substituem, com vantagem física e imensa desvantagem psicológica, a presença humana. Na Malhação, ícone da juventude, as portas dos quartos são fechadas à chave e não há direito dos pais em quebrar a “intimidade” dos adolescentes. Ai meu Deus se você ousar essa bravura. Certamente levará porrada de seu filho! Ali também surge no ar a normalidade de comportamentos homossexuais e ninguém chega aos 15 com cabaço. Namorar é ficar e ficar é transar o tempo todo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Desse comportamento não só derivam os riscos de transmissão de DST’s, AIDS inclusa, ou a gravidez precoce; também a desagregação moral acompanha o pacote. Casamento formal é uma instituição falida e se vier acompanhado de um adendo moral ou religioso, tipo ser uma união divinamente abençoada, aí é porrada livre! Casamento gay é notícia de Jornal Nacional em qualquer rincão do mundo. Comportamentos condenáveis como bullying (criação recente) e luta livre nos colégios; agressão a professores, armas em sala de aula, homicídios na escola, tudo tende a ser, cada vez, mais socialmente aceito mesmo que  eventualmente combatidao na Globo. O desrespeito ao telespectador é tão patente que até as recentes lutas de MMA nas madrugadas da vida são editadas e ditas como apresentadas ao vivo, só para não ferir a Grade e obrigar os tresnoitados a assistirem a “vida inteligente na madrugada” do picolé de chuchu Serginho Groisman (acho que só o Geraldo Alckmim é mais ensosso). A Globo não emite opiniões mas só transmite o que condiz com seu catecismo: sexo livre, casamento inútil, família desestruturada. Mas o resultado disso não explode dentro da emissora mas em nossos lares. É ali que se trava a batalha diuturna contra as drogas, lícitas e ilícitas; contra o fumo que ainda se expande (em velocidade menor, é claro) no mundo; contra a desagregação moral; contra o excessivo controle de natalidade que faz nossas mulheres, cada vez mais, parirem NETOS ao invés de filhos, enfrentando gravidez de risco após os 40: é a moda! Aliás, nada mais a serviço da Moda do que a Globo: “isso pode vestir mas isso não pode usar!”. Cacete! Por quê não usar o que você quer ou lhe faz sentir melhor? Por quê acompanhar a imbecilização sob forma de comportamento? A Globo alimenta a geração Shopping & Academia. Não se compra mais nada por necessidade mas por demonstração e impulso; as sossegadas ruas de minha cidade, Belém, com sua mangueiras que geram muita sombra, são desprezadas para caminhadas: a Academia é indispensável! Tudo começa na Malhação e prossegue nas novelas das seis, sete, nove e agora, das onze com o nu frontal da Juliana para excitar os casais pois ninguém é de ferro, né? Vocês fazem sexo com a TV ligada? Hum, hum! A Som Livre, na verdade, abateu a música brasileira de qualidade: e tome axé, sertanejo, brega, rap, pagode e tchu, tchu, tchá! Nossos domingos são imortalizados com uma Fórmula Um revitalizada com a qualidade de carroceiros como Massa e Senna (aliás, que indecência esse garoto usar o nome do tio tão indevidamente) mas ainda resistindo por uma repaginação nas transmissões; as de futebol são escolhidas pelas pesquisas fabricadas que, afinal, estão conseguindo dizer que o Corinthians já é o clube mais querido do Brasil no lugar do Flamengo, detentor do posto por quilômetros de vantagem (e olha que sou vascaíno). Faustão nos idiotiza e o Fantástico conclui a tristeza do show de nossa vida. Canais de TV são concessões do Estado, isto é, podem ser cancelados inaudita altera pars (sem a exigência de motivos). Por quê será que nunca ninguém mexeu com a Globo? Seria ela um títere a serviço do poder reinante: é FHC? Então vivas a ele! É PT? então hurra! Só não pode mexer muito com os interesses dominantes. Aí quebra as pernas do Bonner tirando sua mulher para uma ridícula “atração” num horário morto e coloca-se a Poeta, casada com um censor disfarçado e  lá infiltrado. Simples assim!      

Um comentário:

  1. O ser humano é um fiasco, o país é um fracasso e a Globo é o nosso ícone maior, santificado seja o nome dela!!!

    Fiquei pensando ao ler o seu texto: Boni, Alice Maria, Walter Clark, Armando Nogueira...era todos GENIAIS, né?

    Sim, porque conseguiram o que queriam...hoje a turma já usa o "piloto automático", uma vez que ela já anda meio que sozinha...concordas?

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