Ah como é bom o movimento de
emancipação da mulher! Acho que vocês sabem por quê chamam o leão de rei dos
animais. Além de seu tamanho, ferocidade e imponência da juba, certamente ele
não é o mais feroz ou forte dos felinos. Um leão adulto mede até 3,3 m de
comprimento e um metro de altura; chega até 250 kg e corre até o limite de 58
k/h. Um tigre siberiano chega a 400 kg, 4,5 m de comprimento e metro e meio de
altura e certamente derrotaria o leão em uma luta caso pertencessem ao mesmo
continente. O mesmo aconteceria com Rinocerontes e Elefantes. Mas persiste a
dúvida: por quê o leão é chamado de rei dos animais? Outros elementos de seu
currículo desautorizam o aposto. Sabe você que ele não caça pois é lento e a
leoa, sua esposa, corre a 85 km/h. Ela vela por ele e, em contrapartida, ao
começar a envelhecer e antes de ser despachado do bando, o macho Alfa escolhe
UMA ÚNICA LEOA e vai fiel com ela até a morte. Se ele morrer antes ela nunca
mais se deixa cobrir. Se ela morre primeiro ele nunca mais transa com outra
leoa. Que fato intrigante! Mas tem mais coisa incrível com esse nobre do topo
da realeza animal. Quando ele envelhece é expulso ou morto pelos machos mais
novos. Os leões chegantes brigam entre si (3 ou 4) e o Alfa é o mais valente.
Daí ele come todos os pequenos leões, filhotes ou mesmo taludinhos, das 5 ou 6
leoas do bando. Imediatamente todas as meninas entram no cio e são cobertas
para parir a posteridade. Isso, na verdade, muito me intriga no leão: a noção
exacerbada de proteção à família que esse felino transmite-nos. Desconhece-se,
no reino animal, quem preserve tanto essa instituição tão maltratada. Cisnes
são fiéis até a morte. Outras espécies possuem características de proteção à
prole mas certamente nenhum outro animal possui essa noção tão presente na vida
inteira, NEM O SER HUMANO. E é aí que morre o Neves! Humilhadas e anuladas
através dos tempos, desde a pré-história, as mulheres vêm lutando por um lugar
ao sol, reclamando igualdade plena em relação ao macho da espécie. Parece que,
com algumas exceções sobre certos preconceitos de mercado, finalmente a mulher
conseguiu o que queria: é maioria quantitativa no planeta; está sendo
considerada profissional mais cuidadosa e humana no trato com o semelhante,
aliás questão central na gestão das organizações; consegue já penetrar feudos
antes instransponíveis pelo culto à masculinidade; consegue reter mais
conhecimento útil que os machos e os distribui melhor e mais organizadamente,
mesmo possuindo menos neurônios que eles; levou para o mercado aquele charme
hoje indispensável no mundo profissional e do trabalho: afinal, quem dispensa
uma maravilhosa fêmea (em qualquer sentido, físico ou psicológico) por perto
para melhorar todos os astrais? Só louco ou quem não gosta do gênero. Mas tem
um problema que me angustia e me acompanha ferozmente nesta análise que ouso
fazer: as famílias estão sendo brutalmente atingidas pela ausência da mulher na
administração do lar! Por mais que elas se desdobrem (e olha que se desdobram
mesmo) cada vez fica muito mais difícil conciliar a condição de excelente
profissional, ousada e ambiciosa segundo as regras do mercado e conseguir ser
mãe de crianças pequenas, dialogar e distribuir carinho e atenção aos filhos
quando eles mais precisam. As novelas da Globo pululam de exemplos de famílias
desestruturadas; aliás, você já viu alguma família bem estruturada em qualquer
novela da Globo? Cada vez mais sou tentado a imaginar que o descontrole das
drogas, a violência nas escolas, o fechamento nos quartos, a proliferação
desenfreada de celulares e computadores, tudo isso que desordena o princípio da
família, possui um pedaço muito grande de suas raízes na ausência da mulher dos
lares, repito, quando ela é mais requisitada. De certa forma distante,
acompanho a vida de filha, sobrinhas, primas, outras parentes e amigas e
constato o quanto é difícil lutar pela vida e desempenhar o papel que as leoas
fazem em suas famílias. Tive o prazer de, mesmo descasado há anos, ter visto que minha ex-mulher só trabalhou
quando nosso último filho já tinha feito dois anos e um mês de vida. Todos
foram cercados do carinho e da presença marcante que aquela então minha leoa
lhes dedicava e dedica até hoje. Sem creches, essenciais mas desumanas. Com
tempo para cuidar dos filhotes de leão se preparando para a dureza que se
avizinhava. Evidente que jamais serei um empecilho ao andamento da vida, mas
sempre me assoma uma ideia desgastante que as leoas cuidam melhor de suas
famílias que as mulheres contemporâneas. Não fugirei das porradas que tomarei
decerto, por essa altamente polêmica posição. Não possuo certeza mas me assomam
e entopem dúvidas brutais nesse campo. Como o Canal Futura, não são minhas
respostas que me ajudam e aos que me leem, SÃO AS MINHAS PERGUNTAS. Será que
estou certo? Será que essas ondas de bullying, violência estúpida e
desenfreada, separações e desestruturação da família, desamor e inconsequência,
drogas e quejandas não serão causadas pela ausência das leoas em volta de suas
crias? Como eu gostaria de estar errado nessa minha inquietação, ainda que
constate que os filhos da atualidade são educados por babás, acariciados por
professoras, alimentados por atendentes de creche, comunicados com facebook e
celulares. Não leem mais nada. Não se conversa. As portas dos quartos são
trancadas a chave para preservar a intimidade, inviolabilidade e privacidade
dos filhos da Malhação, enquanto as leoas estão disputando com os leões nichos
de mercado com toda a ferocidade que lhes é peculiar. Vou morrer sem saber onde
vai dar essa celeuma. Mas o problema vai piorar e quem estiver vivo verá. A
propósito, existem teorias que dizem que os leões são considerados reis pela
potência de seus urros. Um pastor evangélico amigo meu que morou na África do
Sul, foi àquelas Reservas de Vida Selvagem e constatou, segundo informes dos
guias e por observação participante, que o urro de um macho adulto chega a 351
Kb (não sei quanto isso dá em decibéis) e é o mais grandioso e aterrador dos
sons emitidos por qualquer animal na natureza. Pode ser ouvido a nove km de distância
e, num raio menor, o chão treme com num pequeno terremoto. Rugem ao anoitecer
para avisar a todos os outros animais que o território está ocupado. Nós, pobres
machos acuados de hoje, rugimos como leões na quaresma:
miiaaaaaaaaaaauuuuuuuuuu! Simples assim!
Pois é...
ResponderExcluirTeremos que esperar alguns séculos para saber a resposta das suas perguntas...