sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dicazinha do Dia

Beber para comemorar é tudo de bom quando não se mistura, a esse raro prazer, a estupidez humana. Certamente você já sabe disso mas esquece ou continua dando murro em ponta de faca. Cerveja demais empapuça e perde todo o sabor; tem fraco teor alcoólico mas, tomada em excesso, incha! Quando você perceber o primeiro sinal de que a lua está saindo do seu lugar cativo, sua cadeira parece girar ou o mundo está se movendo, pode parar imediatamente, pois, caso contrário, estará chamando o huuuuuuuugooooo daqui a pouco! Misturar bebidas é uma bomba de efeito retardado; coisas como aquele bico na cachaça de Salinas ou o gole no Stonehenge (ou seria Stonehegen?), é nitroglicerina pura, quando acompanham uma inocente cervejinha. Bebidas adocicadas ou açucaradas sobem como foguete russo em direção ao espaço sideral. As bolinhas do Champã passam da taça ao cérebro em minutos. Ressaca é desidratação pura e simples; tomar litros de água durante ou após beber pode, talvez, livrá-lo desse incômodo. Skol pra todos!

Pensamento do Dia

Pela ordem, desejo saúde, paz e dinheiro para todos. Todavia, por experiência própria, sei que isso tudo nunca vem junto. Se você estiver convivendo com esses três valores, eventualmente, saiba que você é muito feliz e nem está sabendo, talvez procurando chifre em cabeça de égua ou pelo em ovo. Afinal, nós é que sempre acabamos estragando tudo, né?

Perguntinha do Dia

Toc, toc, toc? Se você ouvir alguém falar sim, oi ou entra, é sinal que, realmente, o mundo não acabou, ainda!

Bom dia para Nosso Guia.


Não existe assunto mais atual, porém extremamente batido, do que Lula. Entrar nessa seara, geralmente, é para descer o malho indistintamente ou defender apaixonadamente, ambos os casos carentes de descortino e razão, além de sobejos em sentimentos. Esse debate, na verdade, recua no tempo, desde a formação do caldo cultural elitista no Brasil. Nosso país nasceu sob a égide das elites e da apartação econômica, política e social. Desde a colonização portuguesa, passando pela vinda da Coroa ao Brasil, primeiro e segundo impérios e até a República, fixou-se a ideia “original”, assim como o pecado, de que o dono do solo é o dono do país. Nossas instituições sociais e políticas, nosso arcabouço jurídico, nossa formação econômica, tudo sempre nos direcionou a aceitar sem debate uma elite governante (barões da cana, do ouro, do gado, do café etc.) sobre uma massa governada, absolutamente despreparada, formada primordialmente por castas e estratos que vieram se acumulando ao longo do tempo, assim expostas na cronologia: descendentes diretos e pósteros das prostitutas e degredados, população primordial nas primeiras migrações coloniais; índios escravizados e desde então tachados de preguiçosos, dada a impossibilidade analítica de identificar os enormes choques culturais com os valores exógenos, trazidos pelos colonos; negros africanos igualmente arrancados de suas raízes, também identificados como indolentes e nostálgicos, como se fosse possível conviver-se em uma terra distante e diferente, muitos dos quais pertencentes a famílias da alta nobreza tribal e agora igualados numa camada inferior de “coisa”ou “peça”, onde lhes foi roubado o sentido de humanidade; europeus e seus descendentes, vindos para fixar residência no Brasil, portugueses, franceses, holandeses; aventureiros, piratas, corsários, ladrões das coisas pública e privada, gênese distante da massa corrupta que viceja em nossos governos, DESDE ENTÃO! Num local onde não há educação, conhecimento, inovação, ciência, afinal, o poder se define pelo direito da força e não pela força do direito e assim fomos nós acostumando-nos a esse status quo de onde foram geradas as “geniais” criações da cultura genuinamente brasileira: o corporativismo, o pensamento cartorial, os quebra-galhos, o jeitinho, o “sabe com quem está falando?”, o extremamente danoso convívio com a impunidade, com o “rouba mas faz”, com as gestões patrimonialistas (tanto dos bens públicos quanto privados) onde não existe uma fronteira definida entre o meu, o teu, o nosso e o INDISPONÍVEL! Fomos sendo dominados por esse ente invisível, combustível da plutocracia, perdendo completamente a capacidade de nos irarmos contra as injustiças e, o que parece bem mais grave, não perceber sequer que elas existiam (e existem). O núcleo da elite, sua periferia, suas crias e filhotes corporificados na classe média, na verdade, dirigiram as instituições nacionais ao seu bel prazer até que os militares percebessem que tinham armas e elas, se usadas, matam! E assim viemos, desde a República Velha, passando por Vargas (um episódio fascista-caudilhista em nossa história, só para não negar os dominós que se espraiavam desde o Prata até o Caribe), o pós-guerra e seu curto surto democrático de fachada, passando pela Redentora que durou o tempo de uma maioridade até chegarmos à Nova República de triste lembrança. Já naquele tempo, o mundo capitalista passava por sérios solavancos causados, de um lado, pelas notáveis conquistas da ciência sino-soviética e, do outro, pelos choques do petróleo de 1973 e principalmente, de 1979. Para quem sabia pensar, tinha sólidas bases intelectuais, possuía um diploma universitário honesto e bem merecido, era um livre pensador ou um autodidata (essas duas classes quase em extinção nos dias de hoje), não era difícil perceber que o mundo estava diante de convulsões tão sérias, daquele tipo que trazem mudanças inusitadas, aquelas que desenham um novo presente e não conseguem traçar, pelo menos, uma estrada visível para o futuro. Todos percebiam uma coisa e muito firmemente: como estava não podia continuar. E não continuou mesmo! Atingido em seu lado mais sensível e mortal, o capitalismo, COMO SEMPRE, reagiu rápido, marca registrada de um sistema político, social e econômico sem rosto mas UNIDO! Criou o Consenso de Washington, em 1989, fincando uma estaca na parte mais vulnerável do mundo socialista: a certeza que a base da economia do capital, o petróleo, lhe faltaria e, por inanição, estaria aberto o mundo inteiro ao chamado coletivista de Marx “Operários de todo o mundo, uni-vos!”. Não foi o que aconteceu e o gigante do norte conseguiu cooptar 69 nações emergentes, plenas de riquezas naturais (aquelas que valem o que nunca conseguirá valer um pedaço de papel pintado de verde), para abrirem seus comércios à pirataria universal, sangrando-os até que voltassem à dependência da vaca de tetas então hoje não tão gordas. União Soviética, mesmo possuidora das maiores reservas petrolíferas do mundo, nos Urais, não suportou o baque e feneceu, levando consigo o ideal socialista e, com exceção da China, legando ao mundo uma onipresença capitalista que pode perdurar por mais mil anos. Globalização foi a senha que permitiu a salvação dos Estados Unidos e Europa, ainda que permaneçam em estado de quarentena. O importante disso tudo é ressaltar que a luta entre a esquerda e a direita no Brasil, cristianizou figuras combatentes heroicas como Lula, Brizola, Dirceu e Genoíno que passaram a simbolizar, a pessoas comuns como eu, por exemplo, uma esperança, uma enorme esperança de que, algum dia, assumiriam o poder e, trazendo consigo as marcas lategadas de tanta dominação inconsequente das elites, levantariam um novo archote, pelo menos uma chama diferente, mais brilhante e pura. Convivi com isso desde 1964. Vi colegas de ensino médio desaparecerem. Assisti à prisão de Honestino Monteiro Guimarães, numa tarde de terça-feira (ou quarta, já nem me lembro) e seus gritos ainda ecoam nos meus ouvidos: “colegas, colegas, reajam! Eles vão me matar!”. Como reagir contra umas vinte metralhadoras engatilhadas e em posição de tiro. O pai de Honestino era sócio do meu falecido sogro (não o chamo de ex porque nunca o considerei assim, até por não ter tido outro). Nunca mais ele foi visto. Nunca tive coragem de me filiar a uma organização clandestina mas, morando em Brasília, um dos centros pulsantes dos ideais revolucionários, convivi com a turma do PCB, PCdoB, POLOP, AP, MR-8, VAL-PALMARES e outras siglas que me excitavam a imaginação, portando estandartes imaginários de salvação da humanidade, em que pesem as profundas diferenças até ideológicas entre elas, mais sulcadas que o próprio espaço que as separava do hediondo capitalismo cruel. Acho que minha presença e até colaboração financeira com essas entidades e guerrilheiros, urbanos e rurais, que comigo estudavam e/ou trabalhavam, acabaram me premiando com meu nome incluído nas fichas do antigo SNI. Ainda assim e podendo ter forjado uma farsa que me garantisse vantagens, nunca me apropriei das benesses do Bolsa Tortura, que transformaram ideais revolucionários em polpudos e vantajosos investimentos capitalistas. Importante lembrar que era assim que meus colegas e amigos se apresentavam: não só salvadores da pátria mas de todo o resto do mundo. Me arrepiava a figura lendária de Prestes, o Cavaleiro da Esperança; ler os discursos de Lenin, acompanhar o fim da grande Marcha de Mao, me empolgar com as vitórias de Tito sobre a camarilha nazista. Me emocionava ouvir, pelo Transglobe Philco portátil, de meu pai, com oito pilhas grandes, as notícias diárias da Rádio Central de Moscou e da Agência Nova China, em português escorreito. Estudei Marx e Engels como um celerado e apaixonado jovem. Fui mais longe, buscando nos Idealistas, desde Platão, Descartes e Hegel as bases para um mundo melhor. Passeei até pelos Socialistas Utópicos tão odiados por Marx. Ninguém imagina quanto me empolguei quando Lula apareceu como candidato à Presidência. Votei nele com volúpia. Chorei as derrotas. Não dei trela à experiência desastrada de Lech Walessa, o primeiro operário a atingir a presidência de uma república pelo voto. O Sindicato Solidariedade foi apoiado inclusive pelo Papa João Paulo II como um esteio na luta contra o Comunismo Internacional, aquele mesmo que come criancinhas. Ninguém parece ter notado, depois, os desmandos advindos dessa desastrada experiência política e administrativa sindicalista de direita. Em 2002 mudei-me de Brasília para Anápolis, eu e minha mãe, fomos morar em Anápolis, na casa do meu irmão André, com o qual sempre me alinhei politicamente. Dois pôsteres de Lula, em tamanho natural, ornavam a varanda da casa, mesmo sob os protestos de minha velha mãe, apaixonada pela postura de dândi de FHC. Aliás, eu, André e a maioria do povo brasileiro como nós, criada e educada em meio a esse caldo que descrevi, já estava fatigada dos oito anos de desmando da gestão de Fernando Henrique: a absurda privataria (não a filosofia do combate ao déficit fiscal, mas o modo como foi feita), a ausência de informações, as liberdades pisoteadas, a troca de lado de um homem que mandou esquecerem o que ele tinha escrito, um colega professor que nos encheu de orgulho na primeira hora; a compra do Congresso Nacional para todas as “Reformas”; a ausência de CPIs; a definitiva “abertura de nossos portos”, agora veias e artérias, à deslavada invasão do capital internacional. Sim, todos estávamos absolutamente cansados de tantos desmandos. Nem bem tínhamos saído dos cinco anos de cofres assaltados na gestão Sarney e pisoteio da ética por Collor, agora enfrentávamos o maior roubo aos direitos adquiridos presenciados pelo Brasil. Paralização dos reajustes salariais do serviço público; estávamos, literalmente, à míngua e isso carregou nossos anseios ao pico do Everest das ilusões. Choramos juntos, de emoção explodida, eu e meu irmão, todos os pelos do corpo eriçados, quando a voz grave de Lula estrugiu: “A esperança venceu o medo!”. E nós acreditamos! Uns quinze dias depois, com o pacto de apoio às políticas neoliberais, a escolha do ministério harmonizado com a banca internacional e outras medidas desse tipo, fomos tirando os estandartes, abaixando as bandeiras, trazendo na boca um leve sabor acre de que tínhamos sido enganados. Pipocavam as notícias sobre o abandono do barco por velhos petistas, amigos de primeira hora, no caminho do PSOL de Sabá, Luciana Genro e Heloísa Helena e outras fugas estratégicas, quiçá antevendo os escândalos que viriam. O governo foi se aprofundando na mesmice da direita misturada com gastanças “sociais” de  falsa esquerda, perpetradas pelas ONG’s, OCIP’s, MST, Bolsas de todo o tipo e ornadas pela ausência de planejamento, inchaço dos gastos públicos e, principalmente, a politização de bolsões de excelência (nos quais nem FHC tivera coragem de mexer) como a Petrobrás, Eletrobrás, Embrapa, BB, CEF, IPEA, e outros campos minados, que começaram a destruir pela base uma gestão sem princípios. Daí ao descalabro do Mensalão foi um pulo. Sou um homem pobre, um sem-terra, sem emprego, quase sem esperança. Ainda nada ganho das riquezas que amealhei para os inúmeros governos aos quais servi, pois minha aposentadoria está marcada para início de janeiro de 2013. Nada ganhei da nação exceto a contrapartida financeira mensal aviltante  pelos trabalhos relevantes que a ela prestei em inúmeras passagens pelo serviço público. Não sonego tributos. Nunca roubei um centavo do meu país e jamais ingressei em esquemas de corrupção mesmo que tenham tentado me cooptar para tal, inúmeras vezes. Não tenho propriedade da terra nem sobre meu eventual túmulo. Baseado nisso, possuo isenção, estudo e conhecimento para não aceitar, com facilidade, as teses que avultam, pró e contra Lula. Sei o que as elites pretendem, mas também sei que Lula enriqueceu a seus laranjas e filhos até a última geração dos Lula da Silva. Não preciso citar fontes ao reconhecer que mensalões existem no Brasil, pelo menos a partira da aprovação de uma Constituição parlamentarista, desde 1988. A hipótese da governabilidade, em que pese seu realismo, não pode possuir o condão de justificar bandalheiras de toda a jaez. Repilo as teses de que Lula é um santo, que o Mensalão nunca existiu e, mesmo tendo existido, é justificável por ajudar a manter no poder uma esquerda que tirou milhões de brasileiros da miséria absoluta, aumentou o tamanho da classe média e ajudou os perseguidos ao redor do mundo inteiro. Lula não pode ser justificado pelo seu passado. Homem público nenhum só pode e deve possuir o passado como base invariável de defesa de sua intocabilidade histórica. O presente julga os homens públicos, TAMBÉM E PRINCIPALMENTE. O fato de Lula ter passado pouco menos de um mês numa cadeia onde foi tratado a pão de ló e, como um novo Hitler, idealizou sua luta de persecução ao poder, base de sua “kampf” de assalto aos cofres da nação, não pode explicar uma eventual impunidade atual. Se FHC praticou Mensalões, deve ser julgado e punido pela mesma Corte que expôs Lula e seus asseclas, descarnados, em praça pública. Aos que o odeiam por ter pouca cultura e não possuir o mesmo it de FHC, minha misericórdia por sua ignorância e do mesmo tamanho dos que hoje ainda colocam este último em um altar, apenas por ser culto, bonitão e bem falante. Para mim ambos são exatamente farinha do mesmo saco, vindos de classes sociais distintas, aliás, a única diferença que viceja real entre eles. Levantar a tese esdrúxula de que o Mensalão é produto da mídia direitista hidrófoba, joga na mesma cova rasa os índices de analfabetismo e a alta cultura jurídica brasileira, espelhada por uma suprema corte quase toda ela escolhida e empossada justamente por Lula e Dilma. Achismo não é ciência. Não existe opinião formada sobre quimeras: sim, o Mensalão existe e ainda está faltando punir seu genial idealizador: o ex-Presidente Lula, o Grande Irmão, salvador da pátria, Nosso Guia, o segundo e maior cavaleiro da esperança, o blefe da História. Evidente que esse julgamento e a eventual punição ocorrerão sob a égide das elites intelectualizadas do Brasil, da mesma forma que o era no tempo das Capitanias Hereditárias. Perdão, QUASE DA MESMA FORMA. Afinal, fosse naquele tempo, Lula, Dirceu, Genoíno e outros gênios da lâmpada teriam sentido o gosto da corda num cadafalso qualquer em Vila Rica. E com direito a ter seus corpos esquartejados, salgados e colocados ao longo das estradas mal cuidadas que demandam à Ilha da Fantasia de todos eles: Brasília, também a Capital da Esperança. Portanto, sinto nojo todas as vezes que separam Lula e FHC em vasilhames distintos. Asco quando vêm defender o indefensável e repugnância pela blindagem que talvez salve esses bandidos de uma punição exemplar. Tenho Direito, com D maiúsculo, a julgá-los usando meu padrão e meu exemplo. Simples assim!. 


sábado, 15 de dezembro de 2012

Mau dia para a violência inexplicável.


Ah a violência inexplicável. Tem sido difícil entender o que está se passando nos Estados Unidos com esses constantes e brutais ataques a escolas fundamentais, high schools, universidades, parques, lanchonetes, postos de gasolina e outros locais públicos. Me lembro que esse funério modismo começou em 1º de agosto de 1966, quando 14 pessoas foram mortas e 31 feridas quando um ex-Major dos Marines, Charles Whitman, subiu na torre mais alta da Universidade do Texas, em Austin, e se serviu com a mira telescópica de um potente fuzil. Antes já havia matado sua mãe em casa a facadas. Então tinha 16 anos e me lembro que fiquei estupefato com o ocorrido, principalmente com os detalhes sobre o armamento e a incalculável quantidade de munição encontrados em sua posse, após ser morto por policiais. Desde então penso que não se passam um ano sem que enfrentemos episódios assemelhados e no mesmo país. A coisa cada vez toma aspectos mais grotescos. Quando comecei a pensar seriamente sobre o assunto, ainda o fiz sob a lógica maniqueísta sob a qual fui educado. A eterna luta do bem contra o mal. Na Carta de S. Paulo aos Romanos está bem clara a luta permanente do homem contra os principados e as potestades do ar, muito em razão da carne militar contra o espírito e o espírito contra a carne. Santo Agostinho, um ex-maniqueu declarado (Ordem da qual faziam parte os maniqueístas), só se alfabetizou aos 33 anos e logo leu justamente a Carta aos Romanos. Sua pregação, já que diferentemente de Santo Agostinho (um intelectual do Alto Clero) era um vibrante orador para as massas incultas e membro do Baixo Clero, possuía o arroubo do medo e da ira contra Satanás e os Infernos, muita vez sobrepujando o amor a Deus, criador de todas as coisas e que, teologicamente, teria gerado ou pelo menos permitido a proliferação do mal, conforme o Versículo sete, do Capítulo 45, do Livro do Profeta Isaías, que diz: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. Ora, como pelo meu finito e falho conhecimento não consigo explicar essas coisas e muito menos possuo sabedoria espiritual para entender a permanência do mal num mesmo ambiente com o Deus onipotente, abandonei de propósito essa parte da minha análise. Passei para a segunda razão mais plausível e criticada muito pela minoria espalhafatosa dos antiarmamentistas norte-americanos, corporificada na facilidade da compra legal de armamentos, constitucionalmente permitida naquela Nação. Na verdade a maioria silenciosa daquele país possui armas e, muitas vezes, muitas armas em casa. Caçam com os pais desde bem novos; praticam tiro ao alvo em zilhões de clubes especializados; desde a segunda guerra mundial já devem ter invadido uns cinquenta territórios estrangeiros. Na verdade basta ir lá, frequentar um lar americano, para se perceber a belicosidade imanente ao povo americano. Parece óbvio que a proibição de venda de armas seria tapar o sol com uma peneira de poros bem largos. Quando aqueles lunáticos decidem praticar essas asneiras não precisam usar armas específicas. Três bombas caseiras ou bananas de dinamite fariam o mesmo efeito; além disso eles têm fácil acesso a produtos e gases mortais. Em última análise, teriam esquecido o episódio da Lei Seca, aquela que proibiu o fabrico e comercialização de bebidas alcoólicas. Na verdade jamais se bebeu tanto na América. Tudo proibido excita a clandestinidade e já imaginaram a proibição de armas lícitas nos Estados Unidos a hecatombe que criaria no tráfico de armas? Quem alimentaria a indústria armamentista norte-americana, incentivadora do uso dessas máquinas mortíferas? Se eles mal conseguem resolver a proliferação de drogas ilícitas e os problemas com o terrorismo local, imagina incluir mais esse item na agenda de pavores e ilicitudes americanas. Também abandonei esse diapasão! Não me parece que a presença de armas seja causa estrutural de tamanha violência, quando muita, uma das causas conjunturais, algo como a ocasião fazer o ladrão. Passei então a perscrutar os intricados labirintos da mente humana, aqueles onde habitam os medos, pavores, taras, iras, neuras, psicoses, neuroses,  bullyings mal resolvidos e quejandas. Desconfio que fiquei ainda mais distanciado de uma resposta que apascentasse minha alma. Também por aqui e em todos os países do mundo essas coisas acontecem e, quando explodem nessas imbecilidades pragmáticas de sair abatendo criancinhas como cachorros hidrófobos, contam-se os casos: aquele na França; aquele outro na Noruega (ou terá sido Finlândia?); um outro na Alemanha, talvez dois na Inglaterra e acabou! Pouco para cotejar com as centenas de exemplos na América do Norte. Quase sem outros elementos de análise, senti que algo incomodava lá de longe; coisa do tipo do grão de ervilha colocado sob vinte colchões onde dormiria uma princesa, para ser testada, no conhecido conto de Hans Christian Andersen “A Princesa e o Grão de Ervilha”! Será que essa insanidade tem algo a ver com os valores da modernidade? Aí fui lembrando da propalada, mas evidente, degradação moral da América. Aqueles valores fundamentais (sem ser, necessariamente, fundamentalistas) que criaram esse gigante, há muito estão se esfacelando ou já esfacelados pelas posturas atuais. Lá começaram as crises na adolescência; os quartos fechados e os direitos à privacidade de meninos e meninas despreparados para a vida; a facilidade da “ficação, da banalização da perda do cabaço, de meninos e meninas; a fuga às escolas dominicais; a vergonha até dos pais irem buscar filhos na porta dos colégios; o descaso para com a moral; a proliferação do homossexualismo de ambos os sexos; a convivência promíscua com as drogas e, principalmente lá, a pior delas: o álcool! As armações ilimitadas e as malhações; as baladas, raves, hip hops, nets, redes e tudo o mais que, de uma forma ou de outra, aparta os adolescentes da vida em família, aquela que lhes transmitiria princípios, práticas, culturas e valores partilhados por todos em um ambiente sadio. A aversão a Deus e a qualquer freio de ordem ética. A cultura do imediatismo; o abandono dos pais aos lares, para a labuta diária em um mercado autofágico. A educação informal através da televisão e das babás semianalfabetas. A substituição dos brinquedos de madeira, educativos por videogames de monstros e assassinos intergalácticos e, notadamente, perseguições nos becos, vielas e nas guerras imaginárias. Os pontos contam-se pela quantidade de cadáveres deixados no chão. Exatamente como os neo-Charles Whitman fazem: mortes desenfreadas; assassinatos sem ódio; abate de inimigos que nada fizeram para merecer tal qualificação. Sei não, mas algo me diz que, aos 49 do segundo tempo, afinal estou trilhando um caminho lógico, não para explicar mas, pelo menos, para entender o que movimenta uma mente tão doentia. E, como tudo que viceja por lá se transforma em objetivo imediato aqui, temo por demais que também esse produto seja incluído em nossa cesta de importados americanos. Simples assim!

Dicazinha do Dia


Ao ler uma comunicação formal de um chefe ou colega de trabalho dizendo: Desejo receber sua ficha de informações, bem como um relatório acerca de sua atividade laboral do último tríduo. Valho-me do ensejo que esta me oferece para apresentar-lhe meus sinceros protestos de distinto apreço e elevada consideração, subscrevendo-me atenciosamente, Fulano de Tal. Saiba que ele poderia ter dito isso tudo num texto conciso, como o exemplo adiante: Solicito remeter sua ficha de informações e relatório de sua atividade nos últimos três dias. Sds, Fulano de Tal.

Pensamento do Dia


A vida ainda é um projeto bom, mesmo com tanta maldade que se pratica durante uma existência. Ainda que seja difícil acreditar nisso, há que preservar, para sempre, um humilde cravo de defunto para que cumpra sua finalidade. Enquanto houver um casamento numa igreja, com véu e grinalda; uma família com pai homem, mãe mulher e filhos; um batizado com toda a pompa e circunstância; um noivado com aliança na mão direita e, principalmente, consternação pela quebra dos laços que mantêm vivas essas tradições, a terra prosseguirá com sua finalidade!