Marx é o único pensador que se
renova mesmo depois de morto. Renova-se pela atualidade constante das análises,
sendo a de Hobsbbawn a mais atual. É permitido rever seu pensamento desde que respeitada sua essência. Também renova-se
no fato incontestável de prosseguir sendo a única alternativa pragmática ao
capitalismo desumano que se pratica no mundo, ainda hoje. Renova-se, ainda, por
uma razão muito interessante: muito poucos o leram pacientemente. Muitos de
seus detratores e seguidores apenas leram o que outros pensadores disseram
sobre suas teorias e isso segue sendo um risco em sua continuidade. Afinal,
acautelai-vos contra os apóstolos e discípulos. Eles nem sempre sabem o que
fazem. Mas o que queria dizer sobre ele, ainda que telegraficamente pois já
devo ter escrito umas quatro longas crônicas sobre o inigualável filósofo,
sociólogo, ensaísta, jornalista e grande pensador, é que Marx foi profundamente
falho em sua aplicação pragmática apenas por um intrigante fato: ele escreveu
pensando em ser implantado na Alemanha, sua Pan-Germânia, berço das maiores
produções do espírito humano das quais a sua seria uma das mais destacadas. Por
essas ironias do destino ele veio a ser aplicado em um gigantesco país, gelado
e pouco habitado, ainda no sistema feudal, sem passar sequer por uma
experiência pré-capitalista. A Rússia era e é um imenso gigante, com um
operariado e campesinato absolutamente ignorante e analfabeto (real, funcional
e, principalmente, político). Marx só daria certo em um país dividido e
dilacerado por constante luta de classes como era a Alemanha, e lá seria
possível implantar-se sua mais importante criação teórica que era a ditadura do
proletariado, cambiando o eixo do poder social, político e econômico para o
operariado organizado no rumo de formar o primeiro exemplo do Estado Comunista
Internacional com Liberdade Organizada. Na estúpida Rússia isso não foi
possível. Cedo Lenin percebeu que o proletariado de lá não sabia dirigir nem
suas próprias vidas e criou o que seria possível: a ditadura da nomenclatura, do stablishment soviético,
simbolizado no Presidium do Soviet Supremo. Morreu cedo e não teve tempo de
apontar as saídas reais para a gradual transferência do poder para os proletários,
como foi o caso da moeda brasileira, o real, passando pelo estágio das URV’s. Béria,
Stalin, Kruschev e outros menos votados terminaram por gozar das delícias do
superpoder sem amarras ou controles. Deu no que deu. E Marx ainda espera um
país sério e de representatividade mundial, para aplicar suas teorias sem tirar
nem por. Humanismo puro! Que pena! Simples assim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário